Questões Sobre Sistemas agrícolas - Geografia - concurso

O modelo de desenvolvimento agrícola predominante em grande parte do mundo tem gerado impactos significativos no meio ambiente, especialmente devido à expansão de monoculturas e pastagens para pecuária. Como aponta a citação de Boligian (2004), esse sistema intensivo não apenas ocupa vastas extensões territoriais, mas também promove a degradação dos solos e ecossistemas através do uso excessivo de insumos químicos.

Dentre os fatores que contribuem para essa degradação, a monocultura se destaca por criar um ciclo vicioso de dependência de agrotóxicos. A alternativa correta (A) evidencia um dos principais problemas desse sistema: a seleção de pragas mais resistentes devido ao uso contínuo de defensivos agrícolas. Isso ocorre porque:

• O cultivo de uma única espécie elimina a biodiversidade que naturalmente controlaria pragas
• O ambiente homogêneo favorece a proliferação rápida de organismos nocivos
• A pressão seletiva constante leva ao surgimento de linhagens resistentes a pesticidas

As demais alternativas apresentam equívocos conceituais. A monocultura não mantém diversidade (B), não obriga à rotação de culturas (C) - na verdade, a impede - e não se caracteriza como atividade tradicional de subsistência (D), sendo justamente um modelo de agricultura industrial em larga escala.

Portanto, a questão corretamente aponta que o principal problema da monocultura no contexto da degradação ambiental é seu papel no desenvolvimento de resistência em pragas, exigindo quantidades cada vez maiores de agrotóxicos e criando um círculo vicioso de contaminação ambiental.

Agricultura de Subsistência e Agricultura de Jardinagem: Dois Modelos de Produção Rural

Os sistemas de produção rural apresentados nos textos I e II ilustram dois modelos distintos de cultivo: a agricultura itinerante (ou de subsistência) e a agricultura de jardinagem. Ambos refletem realidades socioeconômicas e geográficas específicas, adaptadas às necessidades das populações que as praticam.

I. Agricultura Itinerante (Subsistência)
A primeira descrição refere-se à agricultura itinerante, também conhecida como agricultura de subsistência. Esse modelo é marcado pelo cultivo em pequenas propriedades, com técnicas rudimentares e baixa produtividade. O objetivo principal é atender às necessidades básicas da família que trabalha na terra, sem excedentes significativos para comercialização. A rotação de terras é uma prática comum, permitindo que o solo se recupere após períodos de cultivo. Esse sistema é típico de regiões onde a terra é abundante, mas a tecnologia e o capital são escassos.

II. Agricultura de Jardinagem
O segundo texto descreve a agricultura de jardinagem, predominante em áreas densamente povoadas da Ásia, como sul, sudeste e leste do continente. Nesse sistema, a força de trabalho humana é intensivamente utilizada, com baixo investimento de capital. A produtividade por hectare é alta, mas por pessoa é baixa, refletindo a necessidade de maximizar o uso de terras limitadas. Esse modelo é comum em regiões com pouca disponibilidade de terras agricultáveis e grande pressão populacional.

Conclusão
A comparação entre esses dois sistemas revela a diversidade de estratégias agrícolas adotadas em diferentes contextos. Enquanto a agricultura itinerante prioriza a autossuficiência familiar em áreas com espaço disponível, a agricultura de jardinagem busca otimizar o uso de terras escassas em regiões populosas. A resposta correta para a questão apresentada é a alternativa C) agricultura itinerante e agricultura de jardinagem, pois essas são as denominações mais adequadas para os sistemas descritos.

O texto apresentado descreve um sistema agrícola característico do período colonial, marcado pela grande propriedade monocultora voltada para a exportação de produtos tropicais. Esse modelo, conhecido como plantation, foi amplamente utilizado durante a colonização europeia nas Américas e persiste até hoje em diversos países, como Brasil, Colômbia, Costa do Marfim, Índia e Malásia.

A agricultura de plantation se distingue por algumas características fundamentais: a concentração de terras em grandes propriedades, o cultivo de um único produto (monocultura) destinado ao mercado externo e, historicamente, o uso de mão de obra escrava ou assalariada em condições precárias. Esse sistema contrasta com outras formas de agricultura, como a agricultura de subsistência (opção A), que visa ao autoconsumo familiar; a agricultura de jardinagem (opção B), comum no Sudeste Asiático e baseada em pequenas propriedades diversificadas; e a agroecologia (opção D), que prioriza práticas sustentáveis e a integração com o meio ambiente.

Portanto, a alternativa correta é a C) Plantation, pois reflete o sistema descrito no texto, marcado pela produção em larga escala de commodities agrícolas para exportação, herança do modelo colonial que ainda influencia a economia de muitos países tropicais.

O povoamento mais significativo das terras portuguesas na América do Sul, especialmente a partir da segunda metade do século XVI, está intimamente ligado ao desenvolvimento da economia colonial. A introdução das lavouras de cana-de-açúcar representou um marco nesse processo, consolidando um modelo de produção que moldaria a sociedade e a economia brasileira por séculos.

O sistema adotado para essas lavouras foi o de plantations, caracterizado por grandes propriedades monocultoras, mão de obra escravizada e produção voltada para a exportação. Esse modelo contrastava radicalmente com outras formas de cultivo, como a agricultura de subsistência ou técnicas como terraceamento e permacultura, que não se adequavam aos objetivos coloniais de exploração econômica.

A opção correta para a questão apresentada é, portanto, a alternativa A) plantations, pois esse sistema foi o principal responsável pela organização da produção agrícola no Brasil colonial, especialmente no Nordeste açucareiro, tornando-se a base da economia e da estrutura social da época.

O texto descreve um sistema agrícola praticado em pequenas e médias propriedades, onde o cultivo é realizado pelo dono da terra e sua família, utilizando técnicas avançadas como seleção de sementes, fertilizantes e biotecnologia. Esse modelo permite alta produtividade e a fixação permanente da família na terra, com foco principal na rizicultura, mas também incluindo outros cereais e hortaliças.

Analisando as alternativas:

• A) Familiar - Embora envolva a família, o texto destaca características técnicas que vão além do conceito de agricultura familiar.
• B) Patronal - Não se aplica, pois não há menção a relações de trabalho assalariado.
• C) Jardinagem - Corresponde à descrição, pois este sistema se caracteriza pelo cultivo intensivo em pequenas áreas com alta produtividade e uso de técnicas avançadas.
• D) Subsistência - Não se encaixa, pois a produção descrita tem caráter comercial e tecnificado.
• E) Extensão - Contrário ao texto, que fala de cultivo intensivo em áreas limitadas.

Portanto, a alternativa correta é C) Jardinagem, pois melhor representa o sistema agrícola descrito, com seu cultivo intensivo e tecnificado em pequenas áreas.

O texto apresentado aborda os impactos negativos das práticas agrícolas convencionais no solo do Cerrado, destacando o plantio direto como uma alternativa sustentável para reverter esse cenário. Nesse contexto, o item a ser julgado afirma que as técnicas de curvas de nível e terraceamento são as mais eficientes para conter a erosão do solo, mesmo quando utilizadas isoladamente.

Embora as curvas de nível e o terraceamento sejam, de fato, técnicas reconhecidas na conservação do solo, a afirmação de que são as mais eficientes quando empregadas sozinhas é questionável. O plantio direto, mencionado no texto, é uma prática que complementa essas técnicas, pois além de reduzir a erosão, preserva a matéria orgânica e a biodiversidade do solo. Portanto, a eficácia máxima no controle da erosão só é alcançada quando essas técnicas são combinadas com outras práticas conservacionistas, como a rotação de culturas e a cobertura vegetal.

Dessa forma, o gabarito correto é E) ERRADO, pois a afirmação subestima a necessidade de abordagens integradas para a conservação do solo, especialmente em biomas sensíveis como o Cerrado.

O texto apresentado aborda uma mudança significativa na dinâmica do meio rural brasileiro, destacando o paradoxo entre a diminuição do emprego agrícola e a estabilização ou crescimento da população rural. Segundo José Graziano da Silva, essa tendência indica que o setor agrícola não é mais o único determinante da demografia no campo, exigindo uma revisão nas políticas públicas que tradicionalmente associam o rural exclusivamente ao agrícola.

O item a ser julgado afirma que, com o declínio das ocupações agrícolas, a população rural estaria se voltando para atividades rurais não-agrícolas, as quais não seguem o padrão de precariedade e baixo rendimento dos empregos criados na última década. No entanto, o texto não fornece evidências que sustentem essa afirmação. Pelo contrário, ele apenas aponta a desconexão entre emprego agrícola e população rural, sem mencionar a qualidade ou natureza das novas ocupações não-agrícolas.

Portanto, a afirmação contida no item extrapola as informações apresentadas no texto, não sendo possível inferir que as atividades rurais não-agrícolas oferecem melhores condições de trabalho ou remuneração. Dessa forma, o gabarito correto é E) ERRADO, pois o texto não fundamenta a conclusão apresentada no item.

O mau uso dos solos pode ocasionar sérios danos ambientais e econômicos, transformando terras férteis em áreas improdutivas e agredindo seriamente o meio natural. Por esse motivo, existem diversas técnicas de cultivo e conservação dos solos, visando ao seu melhor aproveitamento e à sua máxima preservação. De acordo com as variantes da produção agrícola, diferentes atividades são desenvolvidas, cada uma com suas particularidades.

A atividade agrícola descrita no texto apresenta características específicas: ocorre em pequenas propriedades com mão de obra abundante, utiliza pouca ou nenhuma mecanização, exige intenso trabalho manual em todas as etapas do cultivo e busca alta produção para alimentar a população local, com possível excedente para exportação. Esses elementos são típicos da agricultura de jardinagem, um sistema tradicionalmente praticado em regiões com alta densidade populacional, como partes da Ásia.

A agricultura de jardinagem se diferencia de outros modelos, como o plantation (grandes monoculturas voltadas à exportação) ou a agricultura itinerante (baseada no desmatamento e no esgotamento do solo). Sua ênfase no trabalho manual e no aproveitamento intensivo da terra em pequenas propriedades reflete uma relação mais equilibrada com o meio ambiente, ainda que também enfrente desafios de sustentabilidade.

Portanto, a alternativa correta para a atividade descrita é a D) Jardinagem, pois ela melhor se encaixa nas características apresentadas, destacando-se pelo cultivo minucioso e pela produtividade em pequenas áreas.

O uso excessivo de agrotóxicos na produção de alimentos no Brasil tem sido alvo de preocupação por parte de especialistas em saúde pública. Segundo esses profissionais, a exposição a esses químicos pode levar a uma série de problemas de saúde, incluindo complicações respiratórias, distúrbios hormonais, transtornos mentais como depressão, riscos reprodutivos como abortos e até mesmo o desenvolvimento de câncer. Esses efeitos representam uma ameaça significativa ao bem-estar da população, destacando a necessidade de medidas preventivas.

Diante desse cenário, os estudiosos recomendam uma mudança nos hábitos alimentares, sugerindo que as pessoas priorizem produtos originários de sistemas de produção mais sustentáveis e menos dependentes de insumos químicos. Entre as opções apresentadas, a agroecologia (alternativa B) se destaca como a escolha mais adequada. Esse modelo de agricultura busca harmonizar a produção de alimentos com a preservação ambiental e a saúde humana, evitando o uso de agrotóxicos e promovendo práticas que respeitem os ecossistemas.

Enquanto a silvicultura (A) e a aquicultura (C) focam em cultivos específicos (florestas e organismos aquáticos, respectivamente), e a agroindústria (D) muitas vezes está associada a processos intensivos em químicos, a agroecologia surge como uma solução abrangente. Ela não apenas reduz os riscos à saúde, mas também fortalece a segurança alimentar e a justiça social, sendo a resposta correta para minimizar os impactos negativos do atual modelo agrícola.

O fenômeno da arenização nos pampas gaúchos é um processo ambiental preocupante, diretamente ligado às atividades econômicas predominantes na região. A criação extensiva de gado, combinada com práticas como as queimadas para renovação das pastagens e a expansão da monocultura de soja, tem acelerado a degradação do solo. Originalmente coberto por gramíneas adaptadas ao terreno pouco acidentado, o bioma vem sofrendo com a perda de sua cobertura vegetal, resultando na exposição do solo arenoso subjacente.

Esse processo, conhecido como arenização (alternativa C), transforma áreas antes férteis em manchas desérticas improdutivas, comprometendo não apenas a biodiversidade local, mas também a sustentabilidade das atividades agropecuárias. A arenização difere de formações como colinas ou coxilhas (alternativas A e B), que são características naturais do relevo, e não resulta diretamente de plantations (D) ou formações herbáceas (E), estas últimas sendo justamente a vegetação original ameaçada pelo fenômeno.

A compreensão desse processo é crucial para o desenvolvimento de políticas de conservação que conciliem a produção agrícola com a preservação do frágil ecossistema dos pampas, garantindo sua viabilidade para as gerações futuras.