Questões Sobre Urbanização em países subdesenvolvidos - Geografia - concurso

A análise da integração das redes urbanas é fundamental para compreender o desenvolvimento socioeconômico de um país. O item I está correto ao afirmar que o grau de integração de uma rede urbana reflete o nível de desenvolvimento, pois países mais desenvolvidos tendem a apresentar sistemas urbanos mais articulados, com fluxos eficientes de pessoas, mercadorias e informações. Essa conexão favorece a produtividade e a qualidade de vida da população.

O item II também está correto, já que regiões economicamente dinâmicas, como grandes metrópoles ou polos industriais, costumam ter cidades mais interligadas, com infraestrutura de transportes e comunicação avançada. Essa interconexão facilita a circulação de recursos e impulsiona o crescimento regional, consolidando uma rede urbana coesa e funcional.

Já o item III está incorreto, pois países subdesenvolvidos geralmente apresentam redes urbanas desarticuladas, com integração limitada entre suas cidades. A organização territorial nesses contextos costuma ser dispersa, marcada por desigualdades regionais e falta de infraestrutura que dificultam a coesão espacial. Portanto, apenas os itens I e II estão corretos, conforme indicado pela alternativa B.

O processo de urbanização nos países do Terceiro Mundo apresenta características distintas daquelas observadas nos países desenvolvidos. Conforme apontado por Vesentini (2004), essa urbanização ocorre de forma acelerada, porém sem o mesmo nível de industrialização e geração de empregos que marcaram a urbanização clássica do Primeiro Mundo. Dentre as alternativas apresentadas, a única correta é a letra B), que destaca a Argentina e o Uruguai como exemplos de países subdesenvolvidos altamente urbanizados, com mais de 90% de sua população vivendo em áreas urbanas.

Essa situação reflete uma tendência comum em várias nações da América Latina, onde a urbanização avançou rapidamente, muitas vezes sem o suporte de uma base industrial sólida ou de políticas públicas eficientes para absorver a população migrante. Ao contrário do que ocorreu nos países desenvolvidos, onde a urbanização foi acompanhada de industrialização e melhoria nas condições de vida, nos países subdesenvolvidos esse processo frequentemente resulta em problemas como favelização, desemprego e infraestrutura precária.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou imprecisas. A urbanização generalizada não começou no século XVII (alternativa A), e a saída do campo para a cidade nos países subdesenvolvidos nem sempre está ligada à mecanização agrícola ou à oferta de empregos urbanos (alternativa C). Além disso, o ritmo de crescimento das metrópoles nos países do Norte não aumentou nas últimas décadas (alternativa D), e as nações ex-socialistas, apesar de urbanizadas, não necessariamente mantêm economias fortemente industrializadas atualmente (alternativa E).

Portanto, a alternativa B) é a única que está correta, destacando um fenômeno característico da urbanização em países subdesenvolvidos, especialmente na América Latina, onde a concentração populacional nas cidades ocorre de forma intensa, mesmo sem o desenvolvimento econômico equivalente.

O processo de urbanização no Brasil, marcado por uma industrialização tardia e inserido em um contexto de subdesenvolvimento, gerou uma série de desafios estruturais. Esses problemas urbanos são reflexo de um modelo de desenvolvimento desigual, que concentra riqueza em uma pequena parcela da população enquanto agrava as condições de vida da maioria. Entre as principais consequências desse fenômeno, destaca-se a questão da moradia, que frequentemente resulta em um crescimento urbano caótico e desorganizado.

A alternativa correta, conforme o gabarito, é a letra E) um crescimento urbano desordenado. Essa opção reflete a realidade das cidades brasileiras, onde a falta de planejamento e a desigualdade social promovem expansões territoriais sem infraestrutura adequada, favelização e ocupações irregulares. Ao contrário de políticas eficientes (B) ou distribuição de renda (C), o cenário atual evidencia a ausência de equilíbrio (D) e ordenamento (A), consolidando o padrão de urbanização excludente e fragmentado.

A música Alagados, dos Paralamas do Sucesso, é um retrato contundente da realidade enfrentada por comunidades marginalizadas. Composta por Herbert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro, a letra expõe a dura vida nas periferias, contrastando a imagem idealizada das cidades com a crueldade do cotidiano. Ao mencionar locais como Alagados (Salvador), Trenchtown (Jamaica) e Favela da Maré (Rio de Janeiro), a canção estabelece um diálogo universal sobre exclusão social.

O trecho "a cidade que tem braços abertos num cartão postal / com os punhos fechados da vida real" sintetiza a contradição entre o discurso oficial e a realidade das favelas. A referência às "palafitas, trapiches, farrapos" e "filhos da mesma agonia" evidencia a pobreza estrutural que une essas comunidades, enquanto a repetição do verso "a arte de viver da fé / só não se sabe fé em que" revela o esgotamento das promessas não cumpridas.

A análise correta da letra, conforme o gabarito C), aponta para a denúncia das condições precárias de vida e das barreiras sociais intransponíveis. A música desmonta qualquer visão romantizada da pobreza (alternativa A), nega a existência de políticas públicas eficientes (B), critica a transformação da miséria em atração turística (D) e desacredita soluções simplistas como entretenimento ou lazer (E).

Mais que um retrato social, Alagados é um manifesto sobre a resistência cotidiana dos excluídos, cuja esperança persiste mesmo quando não há motivos concretos para tê-la. A canção mantém sua atualidade décadas depois, mostrando que as desigualdades que denuncia permanecem inalteradas.

Ao analisar as alternativas apresentadas sobre o processo de urbanização, é possível identificar que a opção incorreta é a A). O conceito de megacidade não foi estabelecido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas sim pela Organização das Nações Unidas (ONU), que define megacidades como áreas urbanas com mais de 10 milhões de habitantes. Embora São Paulo se enquadre nessa categoria, a definição não é de autoria do IBGE.

As demais alternativas apresentam informações corretas sobre o fenômeno da urbanização. A alternativa B) destaca o crescimento acelerado de cidades como Calcutá e Pequim, alinhado com projeções demográficas internacionais. A alternativa C) aborda a conurbação em Tóquio, reflexo das limitações territoriais do Japão. Já a alternativa D) corretamente situa megacidades como Nova Déli e Mumbai em países emergentes com urbanização recente. Por fim, a alternativa E) descreve os desafios enfrentados por megacidades de países periféricos, como infraestrutura e mobilidade urbana.

Portanto, a resposta correta é a alternativa A), por conter uma informação equivocada sobre a origem do conceito de megacidade.

O ensaio a seguir discute as consequências da urbanização acelerada nos países subdesenvolvidos no final do século XX, conforme analisado por Cavalcanti (2008), destacando os impactos da globalização econômica nesse processo.

A urbanização descontrolada em países subdesenvolvidos, impulsionada pela globalização, trouxe consigo uma série de problemas socioambientais. O crescimento populacional sem planejamento adequado resultou em cidades inchadas, com infraestrutura insuficiente e serviços públicos precários. A violência urbana e a degradação ambiental tornaram-se fenômenos recorrentes, evidenciando a falta de políticas públicas eficazes para gerir esse crescimento acelerado.

Entre as alternativas apresentadas, a megalopolização (alternativa B) é a que melhor descreve esse cenário. Esse conceito refere-se à formação de grandes aglomerados urbanos, muitas vezes resultantes da fusão desordenada de cidades e regiões metropolitanas, caracterizados por problemas como superpopulação, desigualdade social e esgotamento dos recursos naturais. A megalopolização reflete, portanto, os efeitos negativos de uma urbanização sem regulação, típica de muitos países subdesenvolvidos durante o período em questão.

Embora outros processos, como a suburbanização ou a conurbação, também estejam relacionados ao crescimento urbano, a megalopolização capta de maneira mais abrangente a dimensão caótica e os impactos negativos desse fenômeno. Assim, a alternativa B) é a mais adequada para descrever a realidade analisada por Cavalcanti (2008).

No atual estágio do processo de produção capitalista, conforme destacado por Carlos (1996), a predominância do emprego maciço da técnica exige investimentos crescentes em centros de pesquisa baseados em conhecimento avançado, inseridos em um cenário de intensa competição global. Essa dinâmica, ao mesmo tempo que aprofunda a interdependência entre os lugares como condição essencial para a reprodução do capital, também redefine os requisitos e atributos necessários para a localização das atividades econômicas.

No contexto dos países subdesenvolvidos, essa transformação implica a perda progressiva das vantagens locacionais tradicionais, como a disponibilidade de matérias-primas, energia abundante e mão de obra barata. Esses fatores, outrora determinantes para a atração de investimentos industriais, tornam-se menos relevantes diante da crescente importância do conhecimento tecnológico e da inovação como motores do desenvolvimento econômico.

Assim, a alternativa correta é a A), que aponta justamente para a erosão das vantagens comparativas tradicionais dos países periféricos no novo paradigma produtivo. Essa realidade evidencia os desafios enfrentados por essas nações para se inserirem de forma competitiva em uma economia global cada vez mais pautada pelo valor agregado tecnológico e pela capacidade de inovação.

A história da antiga Cidade Livre, posteriormente rebatizada como Núcleo Bandeirante, ilustra um padrão recorrente de desigualdade social presente nas cidades brasileiras: a dificuldade de acesso ao mercado imobiliário formal. Inicialmente concebida como um espaço temporário para abrigar trabalhadores e comerciantes durante a construção de Brasília, a Cidade Livre oferecia lotes em regime de comodato, sem transferência de propriedade. Quando os contratos foram rescindidos e os comerciantes realocados, as áreas desocupadas foram ocupadas por famílias de baixa renda, evidenciando a exclusão desses grupos do sistema formal de moradia.

Esse processo demonstra como a falta de políticas públicas eficientes para garantir moradia digna e acessível força populações vulneráveis a recorrerem a ocupações irregulares. A ausência de titularidade sobre os terrenos e a precariedade jurídica dessas ocupações perpetuam ciclos de insegurança e marginalização, características marcantes da desigualdade urbana no Brasil. Portanto, a dinâmica descrita no texto está diretamente associada à alternativa B, que aponta a barreira ao mercado imobiliário formal como um dos principais obstáculos enfrentados por essas comunidades.

O texto motivador apresenta a perspectiva geográfica sobre a produção do espaço urbano, destacando a complexidade da realidade urbana e a necessidade de compreendê-la em sua totalidade. Nesse contexto, o item a ser julgado aborda os processos de urbanização e metropolização nos países subdesenvolvidos, afirmando que ocorreram posteriormente aos dos países desenvolvidos, em meados do século XX, de forma intensa e planejada.

A afirmação contém dois elementos centrais: o momento histórico da urbanização nos países subdesenvolvidos e seu caráter planejado. É correto afirmar que a urbanização nesses países ocorreu tardiamente em comparação aos desenvolvidos, concentrando-se principalmente no século XX. No entanto, a caracterização desse processo como "planejado" é equivocada. A urbanização nos países subdesenvolvidos foi marcada por um crescimento acelerado e desordenado, frequentemente associado à falta de infraestrutura, segregação espacial e expansão de periferias precárias.

Portanto, enquanto a primeira parte da afirmação está correta ao situar temporalmente o processo, a segunda parte é incorreta ao sugerir que houve planejamento. A urbanização nos países subdesenvolvidos foi intensa, mas predominantemente caótica e não planejada, refletindo as desigualdades socioeconômicas e a fragilidade das políticas urbanas. Dessa forma, o gabarito E) ERRADO está correto.

O caso de União da Serra (RS), município com apenas 286 habitantes considerados urbanos em uma população total de 1900, conforme destacado na revista Veja, revela uma contradição na classificação oficial de áreas urbanas no Brasil. Apesar de suas características predominantemente rurais — como a dependência da agropecuária, a ausência de infraestrutura básica e a inexistência de serviços bancários —, a classificação urbana é determinada por critérios político-administrativos, e não por aspectos socioeconômicos ou demográficos.

No Brasil, a definição de zona urbana está vinculada à legislação municipal, ou seja, a decisão de quais áreas são consideradas urbanas cabe às prefeituras, independentemente de suas características reais. Esse critério político-administrativo (alternativa C) explica por que localidades como União da Serra, mesmo sem infraestrutura urbana ou atividades econômicas típicas de cidades, podem ser oficialmente classificadas como urbanas. Isso demonstra uma desconexão entre a realidade socioeconômica e a categorização territorial, gerando distorções em políticas públicas e no planejamento urbano.

Portanto, a resposta correta é a alternativa C) político-administrativo, pois reflete o critério legal utilizado no país para definir áreas urbanas, mesmo quando estas não apresentam as condições mínimas para tal classificação.