Questões Sobre Urbanização em países subdesenvolvidos - Geografia - concurso

O planejamento territorial das áreas metropolitanas é um tema complexo que envolve múltiplas dimensões, como a social, econômica, ambiental e infraestrutural. A afirmação de que a dimensão social é priorizada em detrimento das demais no processo de planejamento territorial não reflete a realidade prática desses processos.

Na verdade, o planejamento territorial moderno busca um equilíbrio entre essas dimensões, reconhecendo que todas são interdependentes e essenciais para o desenvolvimento sustentável das regiões metropolitanas. A dimensão social, apesar de importante, não pode ser tratada isoladamente, pois está intrinsecamente ligada a questões como mobilidade urbana, uso do solo, preservação ambiental e crescimento econômico.

Portanto, o gabarito correto é E) ERRADO, pois o planejamento territorial contemporâneo adota uma abordagem integrada que considera todas as dimensões de forma equilibrada, sem necessariamente priorizar uma em detrimento das outras.

O fenômeno da urbanização é um dos processos mais marcantes da sociedade contemporânea, tanto no Brasil quanto no mundo. O texto apresentado destaca que mais da metade da população global já vive em áreas urbanas, o que traz desafios significativos, como pobreza, fome e aquecimento global. No contexto brasileiro e mundial, o processo de urbanização apresenta características específicas, conforme ilustrado nas alternativas fornecidas.

A alternativa A está correta, pois, de fato, no início do século XX, as maiores aglomerações urbanas estavam concentradas em países desenvolvidos, especialmente na Europa e na América do Norte. No entanto, nas últimas décadas, houve uma mudança significativa, com o crescimento acelerado de megacidades em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como São Paulo, Cidade do México, Mumbai e Xangai.

A alternativa B também está correta, já que o processo de urbanização no Brasil se intensificou após a segunda metade do século XX, impulsionado pela industrialização e pelo êxodo rural. Esse movimento levou milhões de pessoas do campo para as cidades, muitas vezes sem a infraestrutura adequada para recebê-las.

A alternativa C é igualmente correta, pois as metrópoles mundiais ou cidades globais, como Londres, Nova York e Tóquio, concentram poder econômico e influência que ultrapassam fronteiras nacionais. Berlim, no entanto, não é considerada uma cidade global no mesmo patamar dessas outras, mas o conceito geral está correto.

A alternativa D é a incorreta, conforme indicado pelo gabarito. Apesar de São Paulo enfrentar graves problemas sociais, ela é reconhecida como uma metrópole global devido ao seu peso econômico, financeiro e cultural no cenário internacional. Seus indicadores sociais, embora preocupantes, não a excluem dessa classificação.

Por fim, a alternativa E está correta, pois o crescimento desordenado das cidades brasileiras, aliado à desigualdade social, resultou em um processo intenso de favelização e em problemas urbanos como falta de saneamento básico, violência e transporte precário.

Portanto, a única alternativa incorreta é a D, que subestima a importância de São Paulo como metrópole global, mesmo diante de seus desafios sociais.

O texto de Mike Davis, em Planeta Favela, destaca um momento crucial na história da humanidade: o ponto em que a população urbana superará a rural, marcando uma transformação profunda na organização das sociedades. Essa mudança está intimamente ligada ao acelerado processo de urbanização nos países pobres a partir da segunda metade do século XX, que ocorreu de forma mais intensa e desordenada do que o observado na Europa Ocidental durante o século XIX.

Enquanto a urbanização europeia no século XIX foi gradual e acompanhada pela industrialização, com melhorias em infraestrutura e condições de vida, nos países pobres o crescimento urbano foi explosivo e muitas vezes desconectado do desenvolvimento econômico. Cidades como Lagos, Jacarta e Lima expandiram-se rapidamente, absorvendo milhões de pessoas em busca de oportunidades, mas sem a capacidade de oferecer empregos formais, habitação digna ou serviços básicos. Isso resultou no surgimento de vastas periferias e favelas, onde a pobreza se concentra.

Esse fenômeno explica por que cidades de regiões historicamente pobres hoje figuram entre as maiores do planeta. A urbanização acelerada e não planejada reflete desigualdades globais e a falta de políticas capazes de integrar os migrantes rurais de forma sustentável. Portanto, a afirmação de que a urbanização nos países pobres foi mais intensa que na Europa do século XIX, levando ao protagonismo de suas cidades no cenário global, está correta (C).

O Brasil, ao longo de sua história, passou por transformações significativas em sua dinâmica populacional e econômica. O processo de industrialização, especialmente a partir da segunda metade do século XX, desencadeou uma verdadeira explosão urbana, com milhões de pessoas migrando do campo para as cidades em busca de melhores oportunidades. Esse fenômeno resultou em uma forte concentração populacional em regiões metropolitanas, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, consolidando o eixo centro-sul como o principal polo econômico do país.

No entanto, nas últimas décadas, observa-se uma mudança nesse padrão. A desconcentração espacial da população brasileira tem ganhado força, impulsionada por fluxos migratórios em direção a áreas de fronteira econômica, como o Centro-Oeste e a Amazônia Legal. Essas regiões, antes pouco povoadas, passaram a atrair investimentos em agropecuária, mineração e infraestrutura, criando novos polos de desenvolvimento e redistribuindo a população pelo território nacional.

Portanto, a afirmação de que o país viveu uma explosão urbana derivada da industrialização e que, atualmente, a concentração espacial da população está diminuindo devido aos fluxos migratórios para áreas de fronteira econômica está correta. Esse movimento reflete as transformações estruturais da economia brasileira e a busca por novas oportunidades em regiões antes consideradas periféricas.