Questões Sobre Civilizações Pré-Colombianas: Maias, Aztecas e Incas - História - concurso

O texto discute a importância das crônicas como fontes etnográficas para o estudo das sociedades indígenas, contrariando a tendência de priorizar documentos jurídico-administrativos ou relatos menos teóricos. O autor defende que as crônicas, independentemente de sua época de produção ou do nível de intelectualização de seus autores, são fundamentais para a reconstrução histórica das sociedades pré-colombianas. Essa abordagem questiona a hierarquização tradicional das fontes históricas, que muitas vezes desvaloriza narrativas mais elaboradas ou tardias em favor de registros considerados mais "puros" ou imediatos.

A relevância dessas crônicas reside em sua capacidade de oferecer perspectivas diversas sobre as sociedades indígenas, muitas vezes contrastando ou complementando os registros oficiais produzidos pelos colonizadores. Ao fazer isso, elas permitem uma visão mais complexa e menos unilateral da história, destacando a importância de relativizar os documentos oficiais para evitar uma interpretação enviesada ou simplista do passado. Essa postura crítica em relação às fontes históricas é essencial para uma reconstrução mais fiel e abrangente das sociedades pré-colombianas.

Portanto, a alternativa correta é D) relativizam os registros oficiais, pois as crônicas, como fontes etnográficas, oferecem um contraponto necessário aos documentos oficiais, enriquecendo nossa compreensão histórica e evitando uma visão unilateral baseada apenas nos registros institucionais da colonização.

O texto apresentado discute o conceito de modo de produção "asiático", caracterizado por sociedades altamente civilizadas com propriedade comunal da terra, submetidas a tributos estatais e marcadas por uma infraestrutura organizada pelo poder central. Essas sociedades, também chamadas de hidráulicas ou de regadio, se destacam por sua dependência de sistemas de irrigação e gestão coletiva de recursos hídricos, elementos fundamentais para sua organização econômica e social.

Entre as alternativas apresentadas, a que melhor se encaixa nessa descrição é a opção D) as civilizações pré-colombianas. Sociedades como os astecas, maias e incas possuíam estruturas complexas de gestão agrícola, incluindo sistemas avançados de irrigação e uma relação estreita entre Estado, terra e trabalho, características centrais do modo de produção "asiático". Embora o termo "asiático" possa sugerir uma localização geográfica específica, o conceito se aplica a formações sociais com traços semelhantes em diferentes regiões do mundo.

As demais alternativas não correspondem adequadamente ao modelo descrito. A Grécia e Roma Antigas (A e B) eram baseadas em modos de produção distintos, como o escravismo, enquanto as comunidades medievais (C) e os países absolutistas (E) representam formações históricas com dinâmicas econômicas e políticas diferentes das sociedades hidráulicas. Portanto, a resposta correta é de fato D), conforme indicado no gabarito.

A sociedade Inca foi uma das civilizações mais complexas e organizadas da América pré-colombiana, estabelecendo um vasto império que se estendia pela cordilheira dos Andes e pela costa do Oceano Pacífico. Sua organização social era profundamente estruturada e hierarquizada, refletindo tanto suas crenças religiosas quanto suas necessidades administrativas e produtivas.

Entre as alternativas apresentadas, a correta é a D) nos Ayllus, constituídos por laços de parentesco entre seus membros. Os Ayllus eram a base da organização social inca, formando unidades comunitárias que uniam famílias por meio de laços de parentesco, trabalho coletivo e distribuição de recursos. Essa estrutura permitia a manutenção da ordem social, a divisão de terras e a organização do trabalho, como a construção de terraços agrícolas e a produção de alimentos.

Embora outras alternativas mencionem elementos importantes da cultura inca, como o Quipo (sistema de registro por cordões), o Quéchua (língua oficial), o Inti (deus Sol) e os Chasquis (mensageiros), nenhum deles representa a base da organização social, que era fundamentada nos Ayllus. Essa estrutura comunitária e familiar foi essencial para a coesão e a expansão do Império Inca.

A civilização maia é uma das mais fascinantes e enigmáticas da história da humanidade. Seus vestígios arquitetônicos, espalhados principalmente pela região da atual Guatemala, Honduras e Península de Yucatán, no sul do México, continuam a despertar admiração e curiosidade. A alternativa correta, que descreve suas principais características, é a letra B, pois os maias de fato ocuparam essa região e se destacaram por seus avançados conhecimentos em matemática, astronomia e arquitetura.

Diferentemente de outras civilizações, os maias não formaram um império unificado, mas sim uma rede de cidades-estado independentes, cada uma com sua própria dinâmica política e cultural. Sua sociedade era hierarquizada, com uma elite governante composta por sacerdotes, guerreiros e administradores, que coordenavam atividades religiosas, políticas e econômicas. A arquitetura maia, com suas imponentes pirâmides, templos e palácios, demonstra não apenas habilidade técnica, mas também uma profunda conexão com o cosmos e suas crenças religiosas.

Além disso, os maias desenvolveram um sistema de escrita complexo, um calendário preciso e um conhecimento astronômico que lhes permitia prever eclipses e outros fenômenos celestes. Apesar de seu declínio no século X, muitas de suas cidades foram abandonadas e posteriormente redescobertas, revelando uma civilização cujo legado ainda é estudado e celebrado hoje como Patrimônio Mundial. A alternativa B, portanto, sintetiza corretamente a localização geográfica e as principais contribuições culturais e científicas desse povo extraordinário.

A domesticação de plantas na América foi um processo fundamental para o desenvolvimento das sociedades pré-colombianas, como evidenciado no texto que menciona a origem do milho na Mesoamérica e da mandioca na Amazônia. Esses cultivos não apenas sustentaram populações inteiras, mas também se tornaram pilares culturais e econômicos em diversas civilizações.

A alternativa correta (C) indica que a domesticação ocorreu entre 6.000 a.C. e 5.000 a.C., período em que o Homo Sapiens já havia desenvolvido técnicas agrícolas mais sofisticadas. Essa datação está alinhada com evidências arqueológicas que mostram o surgimento da agricultura nas Américas durante o Holoceno, quando grupos humanos começaram a manipular espécies vegetais para garantir sua subsistência.

As outras alternativas apresentam erros cronológicos ou biológicos significativos. O Homo Habilis (A) e o Australopiteco Boisei (D) são espécies muito antigas que não chegaram às Américas, enquanto a data de 6,5 milhões de anos (B) antecede até mesmo o gênero Homo. Já o Homo Erectus (E), embora tenha sido um importante precursor, também não esteve presente no continente americano.

Portanto, a resposta correta é realmente a alternativa C, que corretamente situa o processo de domesticação vegetal nas Américas dentro do contexto do desenvolvimento agrícola pelo Homo Sapiens durante a Pré-História recente.

A Colonização Espanhola e o Papel das Elites Indígenas

A conquista e colonização da América pelos espanhóis, conforme destacado no texto de Gruzinski, não se resumiu a uma simples dominação militar. Embora as vitórias de Cortés no México e Pizarro no Peru tenham sido fundamentais para o início do processo, a colonização espanhola consistiu em um projeto mais amplo: a ocidentalização do Novo Mundo. Esse empreendimento exigiu não apenas a força das armas, mas também a cooperação ativa das populações indígenas, especialmente de suas elites.

Como aponta o autor, as elites indígenas desempenharam um papel essencial como intermediárias entre os conquistadores espanhóis e as massas nativas. Compreendendo as estruturas de poder locais e possuindo influência sobre suas comunidades, essas elites foram integradas ao sistema colonial, facilitando a imposição da administração espanhola. Essa estratégia permitiu que um número reduzido de espanhóis controlasse vastos territórios e populações, consolidando o domínio colonial ao longo dos séculos.

A alternativa B corretamente identifica esse processo, destacando que os antigos senhores indígenas foram assimilados pela estrutura colonial, atuando como mediadores entre os colonizadores e as populações subjugadas. Essa dinâmica foi crucial para a manutenção do sistema, pois garantiu a continuidade da exploração econômica e a imposição de valores ocidentais, como a religião católica e as normas jurídicas espanholas.

As demais alternativas apresentam distorções em relação ao texto e ao contexto histórico. A colonização não dependeu exclusivamente da superioridade militar (A), nem foi impulsionada apenas pela ação missionária (C). Também não se limitou à produção agrícola (D) ou a uma suposta adesão voluntária dos indígenas (E). A realidade foi mais complexa, envolvendo negociação, resistência e adaptação por parte das sociedades nativas, com as elites indígenas ocupando um lugar central nesse processo.

Embora a história do primitivo povoamento da América seja ainda obscura, sabe-se que os toltecas foram os grandes civilizadores do planalto mexicano. Sobre as civilizações pré-colombianas, marque a alternativa incorreta.

• A) Nos Andes centrais, os povos quíchuas têm suas origens perdidas na escuridão do tempo e atribuem a Huiracocha e Manco Cápac o conhecimento das artes e das ciências.
• B) A chegada dos espanhóis deu um impulso maior ao desenvolvimento dos impérios pré-colombianos com sua cultura sendo absorvida por esses povos.
• C) Os povos encontrados pelos europeus na América possuíam diferentes níveis de cultura, tendo desde os coletores das florestas até os caçadores paleárticos.
• D) Tribos de diferentes estoques culturais, possuidoras de níveis de organização dos mais diversos, se espalhavam por todo continente.
• E) Copán aparece como a mais bela cidade do período clássico maia. Por seu traçado e pela suntuosidade de suas construções, foi denominada de Alexandria do mundo Maia.

O gabarito correto é B).

Em 2015, uma descoberta arqueológica significativa foi realizada em Lima, no Peru: quatro tumbas pré-colombianas da cultura Ichma, datadas entre os anos 1000 e 1450. Essa descoberta reforça a presença histórica dessa civilização na região central do Peru, que antecedeu o Império Inca. A análise desses vestígios permite compreender melhor as características das sociedades pré-colombianas, que possuíam estruturas sociais e políticas complexas.

Os povos pré-colombianos, como os astecas, maias e incas, desenvolveram sociedades altamente organizadas, com Estados centralizados e teocráticos. A alternativa correta (B) descreve precisamente essas características: um sistema político centralizado, hierarquia social rígida, propriedade estatal da terra e exploração do trabalho camponês. Esses elementos eram comuns em várias civilizações pré-colombianas, incluindo a cultura Ichma.

A descoberta das tumbas em Lima não apenas revela aspectos da vida e da morte desses povos, mas também reforça a importância de seu legado cultural. A presença de estruturas piramidais e a localização das tumbas no topo de uma delas indicam uma sociedade estratificada, com forte componente religioso e político. Esses achados arqueológicos continuam a fornecer insights valiosos sobre as complexas civilizações que floresceram nas Américas antes da chegada dos europeus.

O contato entre a civilização europeia e os povos da América durante a Época Moderna provocou profundas transformações no pensamento político e filosófico, especialmente no que diz respeito à concepção de propriedade e uso da terra. No século XIX, com a consolidação do capitalismo, a visão sobre os territórios e seus habitantes mudou radicalmente. A propriedade privada, exclusiva e excludente, tornou-se um pilar desse sistema, eliminando a noção de terras "livres" ou não apropriadas. O estado natural, antes admirado, passou a ser visto como um desperdício, e a apropriação "produtiva" justificou a violência contra populações consideradas "perdulárias".

Dentre as alternativas apresentadas, a incorreta é a B), que afirma que os estados nacionais aplicaram o conceito de "espaços vazios" para estimular a imigração europeia e poupar as populações indígenas de um destino cruel. Na realidade, a ideia de "espaços vazios" serviu para legitimar a expropriação de terras indígenas, muitas vezes resultando em violência e deslocamento forçado, em vez de proteção. Essa narrativa ignorava a presença e os direitos dos povos originários, reforçando uma lógica de dominação e exploração.

As demais alternativas apresentam análises corretas sobre o processo histórico. A alternativa A) destaca a resistência limitada à introdução da propriedade privada nas Américas, enquanto C) aponta as diferenças entre a racionalização do uso da terra na Europa e na América, onde o novo sistema se impôs sobre formas tradicionais de organização. Já a alternativa D) aborda a complexidade da resistência, mostrando como os conflitos envolviam grupos étnicos e sociais diversos, com implicações para a redefinição do poder dentro dos Estados nacionais.

Portanto, a resposta incorreta é a B), pois a caracterização de "espaços vazios" não teve como objetivo proteger as populações indígenas, mas sim facilitar a ocupação e exploração dessas terras pelos colonizadores europeus.

O texto apresentado destaca a importância das cidades mesoamericanas no período pré-colombiano, enfatizando seu papel como centros de identidade grupal para seus habitantes. Conforme mencionado por Eduardo Natalino dos Santos, os povos da região não se identificavam genericamente como "indígenas", mas sim por sua vinculação a cidades específicas, como mexicas, cholutecas ou tlaxcaltecas. Essa característica demonstra como as cidades funcionavam como núcleos de organização social, política e cultural, diferenciando os grupos entre si.

A alternativa correta, B, afirma que essas cidades eram centros comerciais, políticos e religiosos que contribuíam para a caracterização e diferenciação dos habitantes da região. Essa afirmação está em pleno acordo com o texto base, que ressalta como as cidades mesoamericanas serviam para estabelecer identidades coletivas distintas. Ao contrário do que sugerem outras opções, não havia uma homogeneização dos povos indígenas (D), nem as cidades eram dedicadas exclusivamente a cultos religiosos monoteístas (C) – já que as religiões mesoamericanas eram predominantemente politeístas.

Além disso, o texto não menciona disputas entre indígenas e espanhóis por áreas litorâneas (A), nem sugere que as cidades tenham sido preservadas integralmente pelos colonizadores (E). Pelo contrário, a colonização espanhola frequentemente destruiu ou transformou radicalmente esses espaços urbanos originais. Portanto, a alternativa B é a única que captura corretamente a função multifacetada das cidades pré-hispânicas como elementos definidores da identidade e organização social dos povos mesoamericanos.