“A única maneira de instituir um tal poder comum, capaz de os defender das invasões dos estrangeiros e das injúrias uns dos outros, garantindo-lhes assim uma segurança suficiente para que, mediante o seu próprio labor e graças aos frutos da terra, possam alimentar-se e viver satisfeitos, é conferir toda a sua força e poder a um homem, ou a uma assembleia de homens, que possa reduzir as suas diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade. O que equivale a dizer: designar um homem ou uma assembleia de homens como representante das suas pessoas, considerando-se e reconhecendo-se cada um como autor de todos os atos que aquele que representa a sua pessoa praticar ou levar a praticar, em tudo o que disser respeito à paz e segurança comum; todos submetendo assim as suas vontades à vontade do representante, e as suas decisões à sua decisão” (HOBBES, T. Leviatã. Os Pensadores. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997.p. 130). O Antigo Regime, dentro de sua complexidade enquanto fenômeno histórico, NÃO pode ser entendido como:
“A única maneira de instituir um tal poder comum, capaz
de os defender das invasões dos estrangeiros e das injúrias
uns dos outros, garantindo-lhes assim uma segurança
suficiente para que, mediante o seu próprio labor e graças
aos frutos da terra, possam alimentar-se e viver satisfeitos,
é conferir toda a sua força e poder a um homem, ou a uma
assembleia de homens, que possa reduzir as suas diversas
vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade. O
que equivale a dizer: designar um homem ou uma
assembleia de homens como representante das suas
pessoas, considerando-se e reconhecendo-se cada um
como autor de todos os atos que aquele que representa a
sua pessoa praticar ou levar a praticar, em tudo o que
disser respeito à paz e segurança comum; todos
submetendo assim as suas vontades à vontade do
representante, e as suas decisões à sua decisão”
(HOBBES,
T. Leviatã. Os Pensadores. São Paulo: Editora Nova
Cultural, 1997.p. 130).
O Antigo Regime, dentro de sua complexidade enquanto
fenômeno histórico, NÃO pode ser entendido como:
- A)a sociedade do antigo regime em que pese a ênfase sobre a harmonia e a organicidade nas representações sociais que de si produzia – conhecia uma profunda e endêmica conflitualidade.
- B)a ideia de “revolução existia, mas o seu significado era totalmente contrário ao de hoje, significando, na esteira da terminologia astronômica, um retomo ao ponto inicial, uma “restauração”, ou seja, tinham sempre um sentido orgânico e conservador.
- C)a sociedade do Antigo Regime, embora fosse marcada por uma forte estratificação social, conhecia igualmente uma profunda igualdade social entre os diversos atores.
- D)um conceito mais abrangente que o Absolutismo, já que a monarquia absoluta não era a única forma política dos Estados Modernos, como fica claro se analisarmos o caso da Inglaterra e da Holanda.
- E)o período pode ser considerado como de transição, que como tal, não é redutível nem a feudalismo, nem a capitalismo, nem tampouco à justaposição de ambos; trata-se de uma época com especificidade própria.
Resposta:
A alternativa correta é C)
O trecho de Hobbes em Leviatã aborda a necessidade de um poder centralizado para garantir a segurança e a ordem social, um princípio que ecoa no contexto do Antigo Regime. No entanto, ao analisar as características desse período histórico, é evidente que a afirmação contida na alternativa C) – que sugere uma "profunda igualdade social entre os diversos atores" – está incorreta, conforme indicado pelo gabarito.
O Antigo Regime foi marcado por uma rígida hierarquia social, sustentada por privilégios estamentais e pela desigualdade jurídica entre os grupos. A sociedade dividia-se em ordens (clero, nobreza e Terceiro Estado), com direitos e obrigações distintos, o que inviabilizava qualquer noção de igualdade. A monarquia, embora centralizadora, mantinha pactos com as elites privilegiadas, reforçando essa estrutura assimétrica.
As demais alternativas apresentam elementos corretos sobre o período: a conflitualidade latente (A), o sentido conservador do termo "revolução" (B), a diversidade de modelos políticos além do absolutismo (D) e a especificidade do Antigo Regime como era distinta (E). A alternativa C, portanto, destoa ao ignorar o caráter essencialmente desigual e estratificado dessa formação social.
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