Embora os historiadores estejam naturalmente cientes de que os índices de mudança variam nas diferentes camadas ou setores da sociedade, o hábito e a conveniência mandam, em geral, que a forma de uma obra implique ou obedeça a um monismo cronológico. Vale dizer, seus materiais são tratados como se compartilhassem um ponto de partida comum e um mesmo ponto de chegada, abarcados por um único espaço de tempo. Neste estudo, não há tal meio temporal, uniforme: pois os tempos dos absolutismos mais importantes da Europa – oriental e ocidental – foram, precisamente, caracterizados por uma enorme diversidade, constitutiva ela mesma de sua natureza respectiva, enquanto sistemas estatais.(Perry Anderson. Linhagens do Estado absolutista)Como argumento para a tese apresentada, Perry Anderson mostra que
que os índices de mudança variam nas diferentes camadas ou setores da sociedade, o hábito e a conveniência
mandam, em geral, que a forma de uma obra implique ou
obedeça a um monismo cronológico. Vale dizer, seus materiais são tratados como se compartilhassem um ponto de
partida comum e um mesmo ponto de chegada, abarcados
por um único espaço de tempo. Neste estudo, não há tal
meio temporal, uniforme: pois os tempos dos absolutismos
mais importantes da Europa – oriental e ocidental – foram,
precisamente, caracterizados por uma enorme diversidade, constitutiva ela mesma de sua natureza respectiva,
enquanto sistemas estatais.
mostra que
- A)o absolutismo espanhol sofreu, nos Países Baixos, sua primeira grande derrota, o absolutismo inglês foi derrotado em meados do século XVII, e o absolutismo russo só foi derrubado no século XX.
- B)durante a Idade Moderna, entre os séculos XV e XVIII, prevaleceram estruturas monárquicas nas quais o poder do soberano era diluído entre outras instituições políticas, como as Cortes portuguesas.
- C)as práticas absolutistas foram menos centralizadoras do que se teorizou, visto que o poder dos reis durante o Mundo Moderno foi limitado por parlamentos e pelos privilégios da burguesia ascendente.
- D)as monarquias efetivamente absolutas prevaleceram apenas no leste europeu, porque nesse espaço inexistiam mecanismos de controle sobre o poder do soberano, como os conselhos do rei.
- E)a experiência da monarquia francesa durante a Idade Moderna constituiu-se no único ordenamento efetivamente absolutista porque todas as atribuições do Estado passavam pelas mãos do soberano.
Resposta:
A alternativa correta é A)
Perry Anderson, em Linhagens do Estado absolutista, destaca a diversidade temporal e estrutural dos absolutismos europeus, argumentando que não há um "meio temporal uniforme" que abarque todas as experiências monárquicas. Essa heterogeneidade é essencial para compreender a natureza específica de cada sistema estatal. Como exemplo dessa tese, Anderson apresenta casos distintos: o absolutismo espanhol sofreu sua primeira grande derrota nos Países Baixos, o inglês foi derrotado em meados do século XVII, enquanto o russo persistiu até o século XX. Essa variação cronológica e geográfica demonstra que os absolutismos não seguiram um padrão linear ou homogêneo, mas sim trajetórias próprias, moldadas por contextos políticos, sociais e econômicos particulares.
A alternativa correta (A) reforça o argumento de Anderson ao evidenciar que os absolutismos tiveram durações e desfechos distintos, contrariando a ideia de um modelo único e sincronizado. Enquanto a Espanha enfrentou resistência nos Países Baixos, a Inglaterra viu seu absolutismo ruir no século XVII, e a Rússia manteve seu regime até a Revolução de 1917. Essa pluralidade temporal corrobora a tese central do autor sobre a impossibilidade de enquadrar os absolutismos em uma cronologia rígida ou em características universais.
As demais alternativas não captam a essência do argumento de Anderson. A alternativa B, por exemplo, minimiza o caráter centralizador de algumas monarquias, enquanto C e D simplificam as dinâmicas de poder ao ignorar as particularidades regionais. Já a alternativa E incorre no erro de generalizar o caso francês como paradigma único, desconsiderando a diversidade apontada pelo autor. Portanto, a resposta A é a que melhor se alinha à análise de Anderson, destacando a natureza multifacetada e descontínua dos absolutismos europeus.
Deixe um comentário