Questões Sobre Construção de Estados e o Absolutismo - História - concurso
Questão 31
Leia o texto a seguir:
Os padres ali [nas missões jesuíticas do Paraguai] têm tudo, e o povo nada; é a obra prima da razão e da justiça.
Quanto a mim, não conheço nada mais divino do que os padres, que aqui fazem guerra ao rei da Espanha e ao
rei de Portugal, e que na Europa confessam esses reis; que aqui matam espanhóis e em Madri os mandam para
o céu: isto me encanta.
VOLTAIRE. Cândido. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/cv000009.pdf>. Acesso em: 28 set. 2018.
O texto citado é um trecho do conto filosófico “Cândido”, publicado por Voltaire em 1759. Nesse trecho o filósofo
- A)analisa a posição ambivalente do Papado na intermediação do acordo que resultou no Tratado de Tordesilhas.
- B)critica a morte de milhões de inocentes que pereceram pela ação do Tribunal da Santa Inquisição em Madri e Lisboa.
- C)defende as controversas medidas levadas a cabo pelo Marques de Pombal que resultaram na expulsão dos jesuítas do Brasil.
- D)ironiza a dubiedade das posições políticas da Igreja Católica, envolvida nas chamadas guerras jesuíticas e legitimando o absolutismo monárquico.
- E)expressa uma concepção ideológica que faz uma simbiose entre a razão e a religião como forma de garantir o progresso humano.
A alternativa correta é D)
O trecho de "Cândido", obra de Voltaire, apresenta uma crítica contundente à atuação dos jesuítas nas missões do Paraguai, revelando a contradição entre suas ações nas colônias e sua postura na Europa. O filósofo iluminista utiliza a ironia para expor a duplicidade da Igreja Católica, que, por um lado, combatia os reis ibéricos nas Américas e, por outro, os legitimava no Velho Mundo por meio da confissão e da absolvição.
A alternativa correta (D) aponta justamente para essa dubiedade da Igreja, que se envolvia em conflitos coloniais enquanto apoiava o absolutismo monárquico na Europa. Voltaire não está analisando o Tratado de Tordesilhas (A), nem criticando a Inquisição diretamente (B), tampouco defendendo o Marquês de Pombal (C). Sua crítica é dirigida à hipocrisia institucional, não à simbiose entre razão e religião (E).
A genialidade de Voltaire reside em sua capacidade de, através do humor ácido, desnudar as contradições do poder religioso e político de seu tempo. A passagem exemplifica como o filósofo usava a literatura como arma de crítica social, característica marcante do Iluminismo.
Questão 32
Leia o texto a seguir.
Como seria de prever, pouco tempo depois um general arrojado (convidado a intervir por alguns membros do
Diretório de 1799) dispôs-se a explorar a indispensabilidade e o prestígio do exército para tomar o poder num
golpe de Estado. Napoleão Bonaparte utilizou a sua base no exército para se firmar (pouco a pouco) […]. Muito
mais importante, porém, foram as mudanças institucionais verificadas sob a égide de Napoleão.
SKOPCOL, T. Estado e Revoluções Sociais: análise comparativa da França, Rússia e China. Lisboa: Presença, 1985. p. 209.
A Constituição francesa de 1799, submetida a um plebiscito e aprovada por mais de três milhões de franceses,
concedeu a Napoleão Bonaparte o título de
- A)primeiro ministro
- B)imperador
- C)ditador
- D)cônsul
- E)rei
A alternativa correta é D)
O texto apresentado aborda um momento crucial da história francesa, no qual Napoleão Bonaparte consolida seu poder após o golpe de Estado de 1799. A análise do contexto histórico revela que, após a Revolução Francesa, a instabilidade política e a necessidade de uma liderança forte abriram caminho para a ascensão de Napoleão. A Constituição de 1799, aprovada por plebiscito, foi um instrumento fundamental nesse processo, pois estabeleceu um novo regime político e concedeu a Napoleão o título de cônsul, confirmando assim a alternativa correta (D).
A escolha do título de cônsul não foi aleatória, mas sim uma estratégia para manter uma aparência republicana enquanto concentrava poder. O consulado, inspirado na Roma Antiga, permitiu que Napoleão governasse com autoridade sem assumir imediatamente títulos monárquicos, como imperador ou rei, que surgiriam posteriormente em sua trajetória. Essa fase marcou o início de transformações institucionais profundas na França, alinhadas aos interesses de Napoleão e ao fortalecimento do Estado.
Portanto, a resposta correta é D) cônsul, pois reflete o cargo que Napoleão ocupou inicialmente após a aprovação da Constituição de 1799, antes de sua coroação como imperador em 1804. Esse detalhe histórico é essencial para compreender a evolução do poder napoleônico e as estruturas políticas da França no período pós-revolucionário.
Questão 33
Leia o texto a seguir.
Nasce daí o debate: se é melhor ser amado que temido ou o inverso. Dizem que o ideal seria viver-se em ambas
as condições, mas, visto que é difícil acordá-las entre si, muito mais seguro é fazer-se temido que amado,
quando se tem de renunciar a uma das duas.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2008. p. 80.
A famosa citação de O Príncipe explica a estratégia de funcionamento das monarquias absolutistas, nas quais o rei
- A)vale-se da prática de suplícios e execuções públicas, como enforcamento e decapitações, para reforçar o temor de seus súditos.
- B)promove a transformação dos servos em soldados por meio de recrutamento compulsório e treinamento militar rigoroso e cruel.
- C)rompe com a Igreja, uma vez que o exercício do poder não pode ser conciliado com a doutrina de amor universal dos evangelhos.
- D)estimula a perseguição de heréticos, tornando-se, a partir da permissão do Papa, o chefe honorário do Tribunal da Santa Inquisição.
- E)permite a livre manifestação da opinião dos intelectuais para difundir uma imagem pública ambígua que perpassa pelo temor e o amor.
A alternativa correta é A)
A reflexão proposta por Maquiavel em O Príncipe sobre a preferência entre ser amado ou temido como governante encontra eco nas práticas das monarquias absolutistas. O autor defende que, quando não é possível conciliar ambas as condições, é mais seguro para um líder ser temido, pois o temor garante maior controle sobre os súditos. Essa lógica se materializou historicamente por meio de estratégias de dominação que reforçavam o poder real através do medo.
A alternativa correta, A), aponta para o uso de suplícios e execuções públicas como instrumentos de manutenção do poder nas monarquias absolutistas. Práticas como enforcamentos e decapitações não apenas puniam os transgressores, mas também serviam como espetáculos de terror, dissuadindo a população de desafiar a autoridade do rei. Essa abordagem coercitiva estava alinhada com o pensamento maquiavélico, que priorizava a estabilidade do Estado acima de considerações morais.
As demais alternativas apresentam elementos que, embora relacionados ao contexto histórico do absolutismo, não correspondem ao cerne da argumentação de Maquiavel. O recrutamento militar (B), o conflito com a Igreja (C), a perseguição de heréticos (D) e a liberdade intelectual (E) são aspectos secundários em comparação com a estratégia central de governar através do temor, exemplificada pela violência pública como ferramenta de dominação.
Questão 34
públicos competentes, responsáveis por assessorar a administração pública. No entanto, alguns desses
funcionários tiveram um destacado papel, ofuscando até o do líder do país. Entre esses “funcionários da nação”,
aquele que não foi uma escolha pessoal do monarca foi
- A)Cardeal de Richelieu, primeiro ministro de Luís XIII, um dos grandes arquitetos do Absolutismo real na França.
- B)Marquês de Pombal, Secretário de Estado do Rei D. José, responsável por difundir o Iluminismo em Portugal.
- C)Winston Churchill, primeiro ministro do Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial, na monarquia de Jorge VI.
- D)Otto von Bismarck, primeiro ministro de Guilherme I, responsável pela unificação política da Alemanha, no século XIX.
- E)José Bonifácio de Andrada e Silva, Ministro do Reino e Negócios Estrangeiros, de Pedro I, o artífice da independência do Brasil
A alternativa correta é C)
O texto apresentado aborda a formação dos Estados Nacionais Modernos e o papel fundamental desempenhado por burocratas e funcionários públicos na consolidação do poder estatal. Entre as figuras citadas, destaca-se a questão sobre qual desses importantes "funcionários da nação" não foi uma escolha pessoal do monarca, sendo a resposta correta Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino Unido durante o governo de Jorge VI.
Churchill, diferentemente dos outros nomes mencionados, não foi indicado diretamente pelo rei, mas sim assumiu o cargo por meio do sistema parlamentar britânico, no qual o primeiro-ministro é escolhido pela maioria no Parlamento. Essa distinção é crucial para entender as diferenças entre os modelos de governo absolutista, como o da França de Richelieu ou o de Portugal sob o Marquês de Pombal, e o sistema constitucional britânico, onde o monarca tem poderes limitados.
Os outros nomes listados – Richelieu, Pombal, Bismarck e José Bonifácio – foram todos nomeados diretamente pelos respectivos monarcas, exercendo funções de grande influência na administração do Estado. Eles representam o modelo de servidores públicos que, embora subordinados teoricamente ao soberano, muitas vezes detinham poder suficiente para moldar as políticas de seus países, tornando-se figuras centrais na história de suas nações.
Esse contraste entre as formas de acesso ao poder ilustra bem a evolução dos sistemas políticos europeus, desde o absolutismo até os regimes constitucionais modernos, onde o poder do monarca foi progressivamente limitado pelas instituições representativas.
Questão 35
formação do Estado moderno na Europa:
centralização do poder foi consumada.
da burguesia.
teve grande impulso.
navegações promovidas por Portugal, Espanha, França e Grécia.
- A)Apenas I e II.
- B)Apenas II e IV
- C)Apenas III e IV.
- D)Apenas I, II e III
- E)I, II, III e IV.
A alternativa correta é D)
A expansão das potências colonizadoras e a formação do Estado moderno na Europa são processos históricos complexos, marcados por transformações políticas, econômicas e sociais. As assertivas apresentadas abordam aspectos fundamentais desse período, e a análise de cada uma delas permite identificar quais estão corretas.
A assertiva I está correta, pois a aliança entre a burguesia e a monarquia foi crucial para a centralização do poder. A burguesia, interessada em um ambiente político estável para expandir seus negócios, apoiou os monarcas na consolidação de um Estado forte e unificado, superando a fragmentação feudal.
A assertiva II também está correta, já que a burguesia, ao buscar condições favoráveis para o comércio e a acumulação de capital, pressionou pela superação das estruturas feudais, como as barreiras locais e os privilégios da nobreza, contribuindo para a modernização da economia e da sociedade.
A assertiva III é igualmente correta, pois Portugal, a partir do século XV, destacou-se como pioneiro nas grandes navegações, impulsionando seu comércio e influência na Europa. A expansão marítima portuguesa foi um marco no processo de globalização e no fortalecimento do Estado Moderno.
Já a assertiva IV está incorreta, pois a Grécia não participou ativamente das grandes navegações no período em questão. As principais potências expansionistas foram Portugal, Espanha, França e, posteriormente, Inglaterra e Holanda. A inclusão da Grécia nesse contexto é um equívoco histórico.
Portanto, as assertivas corretas são I, II e III, correspondendo à alternativa D).
Questão 36
O Estado Nacional Moderno ou
Antigo Regime consistiu em um conjunto de práticas
envolvendo questões de ordem econômica, social e
política. A partir do século XVI, a Europa Ocidental
sofreu diversas transformações que promoveram o
crescimento das cidades, das atividades comerciais e
da ciência.
Quando se fala em Estado Nacional, na Época
Moderna, pensa-se no absolutismo, que
I- retratava um regime político no qual o monarca
concentrava em suas mãos muitas formas de poder.
II- refletia um precário equilíbrio de classes entre
burguesia e nobreza.
III- foi justificado por vários pensadores, entre os quais se
destacam os defensores da Teoria do Direito Divino.
IV- encontrou na burguesia industrial seu mais importante
aliado.
V- continuou a existir nos países onde ocorreram as
revoluções burguesas.
Assinale se estão corretas apenas:
- A)I, II e III
- B)I, III e V
- C)I, II e IV
- D)I, III e IV
- E)II, III e IV
A alternativa correta é A)
O Estado Nacional Moderno, também conhecido como Antigo Regime, representou um período marcante na história da Europa Ocidental, caracterizado por profundas transformações econômicas, sociais e políticas a partir do século XVI. Durante essa fase, o crescimento das cidades, o desenvolvimento do comércio e os avanços científicos redefiniram as estruturas de poder e as relações sociais, consolidando o absolutismo como forma de governo predominante.
O absolutismo, central na organização do Estado Moderno, concentrava amplos poderes nas mãos do monarca, conforme apontado na afirmação I. Essa centralização era justificada por teorias como a do Direito Divino (III), que defendia a ideia de que o rei governava por vontade de Deus, legitimando seu poder incontestável. Além disso, o equilíbrio entre a nobreza e a burguesia (II) era frágil, pois, embora a nobreza mantivesse privilégios, a burguesia ascendia economicamente, criando tensões que mais tarde culminariam em revoluções.
Contudo, a afirmação IV está incorreta, pois a burguesia industrial não era o principal aliado do absolutismo – na verdade, foi justamente esse grupo que, posteriormente, liderou movimentos contra o regime absolutista. Da mesma forma, a alternativa V é equivocada, uma vez que as revoluções burguesas, como a Francesa, puseram fim ao absolutismo na maioria dos países onde ocorreram.
Portanto, as afirmações corretas são I, II e III, correspondendo à alternativa A. O Estado Nacional Moderno foi um sistema complexo, no qual o poder absoluto dos monarcas coexistiu com transformações sociais e intelectuais que, mais tarde, abriram caminho para novas formas de organização política.
Questão 37
domingo (11), em Paris, o centenário do
armistício que selou o fim da Primeira Guerra
Mundial. O presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, o russo, Vladimir Putin, o turco
Recep Tayyip Erdogan e a chanceler alemã,
Angela Merkel, participaram de um ato solene
presidido pelo francês Emmanuel Macron.
Em seu discurso como mestre de cerimônias,
o líder da França criticou o crescente
nacionalismo na América e na Europa. “O
nacionalismo é uma traição ao patriotismo”,
disse ele. O presidente pediu aos colegas que
rejeitassem “o fascínio pela retirada, pela
violência e pela dominação”. (LÍDERES…
2018).
de várias facetas, no decorrer do desenvolvimento da história
das civilizações, como se pode inferir
- A)na formação e na centralização política dos Estados Nacionais, cujos interesses liberais burgueses se chocavam com o poder absolutista real, defensor de uma política mercantilista que obstaculizava o surgimento de um mercado nacional.
- B)no Renascimento Cultural, que reforçou a identidade cultural na Itália, levando ao processo de centralização política e criando condições para a expansão econômica sobre o Mar Mediterrâneo e o controle das rotas de especiarias.
- C)no conflito entre o império napoleônico, que buscava submeter os povos livres à França imperialista, com a Inglaterra, defensora dos princípios democráticos e da autodeterminação dos povos, concretizados na Declaração dos Direitos, no processo da Revolução Gloriosa.
- D)nos movimentos liberais contra a tentativa de reestabelecimento do Antigo Regime, através do Congresso de Viena e da Santa Aliança, e nas ações da Primavera dos Povos, em 1848, que teve a participação da classe trabalhadora, e a presença das ideias socialistas
- E)no processo de descolonização africana, através do pan-africanismo, que resultou na criação da Organização da Unidade Africana (OUA) e no redimensionamento das fronteiras nacionais, respeitando-se as identidades étnicas e culturais.
A alternativa correta é D)
O discurso do presidente francês Emmanuel Macron durante as comemorações do centenário do armistício da Primeira Guerra Mundial trouxe à tona um debate crucial sobre o nacionalismo e suas implicações históricas. Ao afirmar que "o nacionalismo é uma traição ao patriotismo", Macron posicionou-se contra as tendências isolacionistas e conflituosas que marcaram diferentes períodos da história. Sua crítica encontra eco em momentos nos quais o nacionalismo assumiu formas que desafiaram a ordem estabelecida, especialmente durante os movimentos liberais do século XIX.
A alternativa correta (D) destaca justamente esse contexto, em que o nacionalismo se manifestou como força de resistência contra a restauração conservadora pós-Napoleão. O Congresso de Viena (1815) e a Santa Aliança buscaram reafirmar os princípios do Antigo Regime, ignorando as demandas por liberdade e autodeterminação que surgiram com a Revolução Francesa. Em oposição, os movimentos liberais e a Primavera dos Povos (1848) representaram a luta por direitos políticos e sociais, muitas vezes com forte participação popular e influência das ideias socialistas emergentes.
Esses eventos históricos ilustram como o nacionalismo pode servir tanto como instrumento de opressão quanto de libertação. Enquanto no século XIX ele foi associado à defesa das soberanias nacionais contra o absolutismo, no século XX – especialmente após as duas guerras mundiais – o excesso de nacionalismo mostrou seu potencial destrutivo. A fala de Macron reflete essa dualidade: um alerta contra o nacionalismo exacerbado que ameaça a cooperação internacional, sem negar o valor do patriotismo como expressão legítima de identidade cultural e histórica.
Assim, a crítica contemporânea ao nacionalismo deve considerar suas múltiplas faces ao longo da história. O exemplo da Primavera dos Povos demonstra que, quando vinculado a ideais de liberdade e justiça social, o sentimento nacional pode ser um fator de progresso – distante da visão belicista e excludente que marcou o período entre guerras e que hoje ressurge em discursos políticos pelo mundo.
Questão 38
independentemente da nação a que
pertençam, são escravos que se revoltam
contra o soberano da Terra, isto é, a
humanidade, e contra o legislador do universo,
a natureza.”
do terror Jacobino, defensor de ideias
revolucionárias para aquele tempo, como voto
universal, eleições diretas, educação gratuita e
obrigatória, e imposto progressivo, segundo a
renda.)
existência do pobre, o usufruto do industrial e
a segurança de todos.”
corretamente que
- A)representam, respectivamente, os momentos de maior radicalização popular e de acomodação burguesa dentro do movimento revolucionário que derrubou o Antigo Regime na França em 1789.
- B)caracterizam o processo de reação da nobreza que, liderada por Robespierre, atacou os interesses da burguesia que a escravizava.
- C)significam o fim do Estado Burguês, pois tanto Robespierre quanto d’Anglas desejavam a segurança de todos os franceses indistintamente.
- D)ambas reproduzem a preponderância dos princípios burgueses de supremacia da liberdade individual e da fraternidade entre as classes sociais.
A alternativa correta é A)
As citações de Robespierre e Boissy d'Anglas representam momentos distintos da Revolução Francesa, refletindo a dinâmica de radicalização e posterior acomodação de interesses dentro do processo revolucionário. A primeira citação, de Robespierre, expressa o idealismo radical jacobino, que buscava subverter a ordem tradicional em nome da soberania popular e dos direitos naturais. Já a segunda, de d'Anglas, revela a consolidação burguesa após o Terror, priorizando a estabilidade e a proteção da propriedade.
A alternativa A está correta porque capta essa transição histórica: o fervor revolucionário inicial, marcado por propostas igualitárias, deu lugar a uma ordem constitucional que atendia aos interesses da burguesia ascendente. Enquanto Robespierre simboliza o ápice da participação popular, d'Anglas representa a institucionalização dos valores burgueses, afastando-se dos excessos revolucionários.
As demais alternativas falham em compreender essa dialética. A B distorce o papel de Robespierre como representante dos sans-culottes, não da nobreza. A C ignora que ambos os discursos operavam dentro do paradigma burguês, ainda que com ênfases diferentes. A D desconsidera o conflito de classes presente no processo, especialmente no contraste entre o universalismo jacobino e o liberalismo moderado pós-Terror.
Questão 39
forte oposição dos oficiais gregos a Alexandre o
Grande, não obstante sua breve vida.
- A)A organização de uma nova expedição para conquistar a Índia, mesmo com o exército cansado e esgotado.
- B)O inconformismo dos vários comandantes e da população grega em geral com a destruição brutal de Tebas.
- C)O casamento do imperador com uma mulher estrangeira que seguia uma religião desprezada pela população grega.
- D)A imposição de um poder monárquico absolutista e a divinização da própria figura do imperador.
A alternativa correta é D)
A forte oposição dos oficiais gregos a Alexandre, o Grande, mesmo durante seu breve reinado, está diretamente relacionada à imposição de um poder monárquico absolutista e à divinização de sua própria figura. Essa postura contrariava os princípios políticos e culturais da Grécia, onde a tradição valorizava a participação cidadã e a relativa autonomia das cidades-estado. Alexandre, influenciado por modelos orientais, adotou práticas como a proskynese (ato de prostração perante o monarca) e promoveu sua imagem como divina, algo que os gregos viam como arrogância e tirania. Essa centralização do poder e o afastamento dos ideais helênicos geraram resistência entre os militares e a elite, que temiam a perda de seus privilégios e a submissão a um governo despótico.
As demais alternativas, embora contenham elementos históricos relevantes, não representam a principal razão do descontentamento. A destruição de Tebas (B) foi um ato punitivo contra uma rebelião, já o casamento com estrangeiras (C) e a expedição à Índia (A) foram questões pontuais, não o cerne da oposição. A resposta correta é, portanto, a alternativa D.
Questão 40
que foi utilizado inicialmente pelos revolucionários
franceses para designar, com conotações
pejorativas, o sistema de governo precedente à
Revolução Francesa de 1789. Esse sistema de
governo correspondia
- A)à monarquia absoluta, sob as dinastias de Valois e Bourbon.
- B)a um sistema político-econômico na defesa da liberdade individual.
- C)à monarquia parlamentarista, que mantinha a soberania política e econômica da França.
- D)à assembleia dos representantes eleitos pelos cidadãos.
A alternativa correta é A)
O termo Ancien Régime, ou Antigo Regime, foi cunhado pelos revolucionários franceses no século XVIII para se referir ao sistema político e social que vigorava na França antes da Revolução de 1789. Essa expressão carregava um sentido crítico, representando as estruturas de poder consideradas opressoras e ultrapassadas pelos ideais revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade.
O Antigo Regime caracterizava-se principalmente pela monarquia absoluta, na qual o rei concentrava poderes políticos, militares e religiosos, governando sem a necessidade de prestar contas a um parlamento ou a outras instituições representativas. Na França, esse sistema foi sustentado pelas dinastias dos Valois e, posteriormente, dos Bourbon, que governaram o país por séculos sob o princípio do direito divino dos reis.
As alternativas apresentadas no questionário refletem diferentes interpretações sobre o Antigo Regime. A opção correta, A), aponta para a essência desse sistema: a monarquia absoluta, que dominava a França antes da Revolução. As demais alternativas – como a defesa da liberdade individual (B), a monarquia parlamentarista (C) ou a assembleia de representantes eleitos (D) – não correspondem às características do Ancien Régime, pois este se baseava no centralismo do poder real e na hierarquia social rígida, marcada pelos privilégios da nobreza e do clero.
Portanto, o Antigo Regime simbolizava um modelo de governo que seria radicalmente transformado pela Revolução Francesa, dando início a uma nova era na história política da Europa.