Questões Sobre Construção de Estados e o Absolutismo - História - concurso

O texto apresentado aborda o processo de formação dos Estados Nacionais entre os séculos XV e XVIII, destacando a transição do feudalismo para uma sociedade burguesa. Com base no contexto histórico e nas assertivas fornecidas, podemos analisar cada uma delas para identificar a alternativa correta.

A primeira afirmação (I) está incorreta, pois o processo de centralização do poder pelos reis não ocorreu de forma tranquila. Pelo contrário, houve diversos conflitos e embates entre a nobreza feudal e a monarquia, que buscava consolidar seu poder. Portanto, a descrição de um processo "tranquilo" é equivocada.

A segunda afirmação (II) está correta. A burguesia, surgida com o renascimento comercial e urbano, tinha interesses opostos aos da nobreza feudal e, por isso, apoiou financeiramente os reis no processo de centralização política, visando maior estabilidade para seus negócios.

A terceira afirmação (III) também está correta. O renascimento comercial e a crise do feudalismo foram fatores decisivos para o fortalecimento do poder real, permitindo a gradual substituição da organização feudal pelas monarquias nacionais.

A quarta afirmação (IV) está incorreta. Durante o processo de centralização, os reis não apenas se utilizaram de milícias urbanas, mas também criaram exércitos nacionais permanentes, um dos pilares do Estado Moderno.

Portanto, as únicas assertivas corretas são II e III, o que torna a alternativa C) a resposta adequada. Esse período histórico representou uma profunda transformação na organização política europeia, marcando o surgimento dos Estados Nacionais como os conhecemos hoje.

O Bloqueio Continental, decretado por Napoleão Bonaparte em 1806, foi uma medida estratégica que visava enfraquecer a Inglaterra, principal rival da França no contexto das Guerras Napoleônicas. A alternativa correta, A), destaca que o principal objetivo de Napoleão era estimular a industrialização na França, buscando reduzir a dependência econômica e comercial em relação aos britânicos, que dominavam o comércio marítimo e a produção industrial na época.

A Inglaterra exercia uma hegemonia econômica na Europa, e o Bloqueio Continental proibia as nações europeias de comercializarem com os britânicos. Ao isolar a Inglaterra, Napoleão esperava fortalecer a economia francesa, incentivando a produção interna e reduzindo a influência britânica no continente. As demais alternativas apresentam equívocos históricos: o Bloqueio não estava diretamente ligado ao Brasil (B), nem às colônias francesas na América (C), tampouco à industrialização americana (D). Embora houvesse um conflito militar entre França e Inglaterra, o Bloqueio era essencialmente econômico, não sendo seu foco principal uma invasão imediata (E).

Portanto, a resposta correta é A), pois reflete a intenção de Napoleão de consolidar o poderio francês frente à supremacia industrial e comercial britânica.

O processo de formação do Estado Nacional Português durante a Baixa Idade Média é um tema complexo e cheio de nuances históricas. Analisando as opções apresentadas, é possível identificar que a alternativa INCORRETA é a letra C, que afirma que a independência de Portugal só foi alcançada por meio da Revolução de Avis no século XIV.

Na realidade, a independência portuguesa ocorreu muito antes, no século XII, com o Tratado de Zamora (1143), que reconheceu D. Afonso Henriques como o primeiro rei de Portugal. A Revolução de Avis, no século XIV, foi um evento crucial para a consolidação da dinastia de Avis e o fortalecimento do poder central, mas não está relacionada diretamente com a independência do país.

As demais alternativas apresentam informações corretas sobre o processo de formação de Portugal. A opção A destaca a ligação com o Reino de Leão e a Guerra de Reconquista, contexto em que surgiu o Condado Portucalense (opção B), território inicial que deu origem ao reino. Já a opção D menciona corretamente que regiões como Lisboa e o Algarve foram conquistadas após a independência, expandindo o território português.

Portanto, a resposta incorreta é realmente a alternativa C, que confunde o momento da independência com um evento posterior de consolidação do poder real em Portugal.

O absolutismo foi um período marcante na história europeia, no qual os reis concentravam poderes políticos, econômicos e religiosos em suas mãos. Esse sistema encontrou respaldo teórico em filósofos como Thomas Hobbes, que defendia a necessidade de um soberano forte para garantir a ordem social. Além disso, o absolutismo esteve intimamente ligado ao processo de centralização do poder e à expansão colonial durante as Grandes Navegações.

Analisando as alternativas apresentadas, a opção C) é a correta, pois os reis absolutistas de fato dominaram o cenário político da Europa Moderna, reduzindo a influência do papado e reorganizando a economia com base nos princípios mercantilistas. O mercantilismo, caracterizado pelo intervencionismo estatal na economia, acúmulo de metais preciosos e balança comercial favorável, foi a base econômica do absolutismo.

As demais alternativas apresentam equívocos históricos. A Igreja Católica nem sempre concordou plenamente com o autoritarismo real (A), os reis absolutistas não eram necessariamente contrários ao crescimento da burguesia (B), defendiam a centralização administrativa (D) e não seguiam a teoria do 'justo-preço', que era uma concepção medieval (E). O absolutismo representou, portanto, uma fase de transição entre o feudalismo e o capitalismo moderno, com os monarcas exercendo um papel central nesse processo histórico.

O pensamento liberal econômico, consolidado durante o período do Absolutismo Monárquico, teve como base teórica contribuições de diversos autores que defendiam princípios como a liberdade de mercado, a não intervenção estatal e as leis naturais da economia. Entre os principais expoentes desse movimento, destacam-se Adam Smith, David Ricardo, Vincent de Gournay e Thomas Malthus, cada um com suas ideias fundamentais para a construção do liberalismo clássico.

Adam Smith, considerado o pai da economia moderna, defendia as "leis naturais da economia", como a lei da oferta e procura, e a liberdade contratual entre empregadores e trabalhadores. David Ricardo contribuiu com a "lei férrea dos salários", argumentando que os salários deveriam se limitar ao mínimo necessário para a subsistência do trabalhador. Vincent de Gournay pregava a liberdade industrial e a redução de barreiras alfandegárias para estimular o crescimento econômico. Thomas Malthus, por sua vez, alertava para os riscos do crescimento populacional desenfreado, afirmando que a produção de alimentos não acompanharia esse ritmo, resultando em pobreza inevitável.

No entanto, a alternativa que não se enquadra nesse contexto é a que menciona Nicolau Maquiavel. Apesar de sua importância como teórico político, Maquiavel não pode ser considerado um pensador liberal econômico. Sua obra, centrada na arte de governar e na razão de Estado, não aborda questões como o livre mercado ou a "mão invisível", conceitos que surgiriam apenas séculos depois com Adam Smith. Portanto, a associação de Maquiavel à defesa de um "Estado mínimo" é anacrônica e incorreta no contexto do liberalismo econômico.

Dessa forma, o gabarito correto é a letra C, pois Nicolau Maquiavel não faz parte do grupo de teóricos que fundamentaram o pensamento liberal econômico, ao contrário dos outros autores citados, cujas ideias são pilares dessa corrente de pensamento.

A burguesia alemã, emergente no cenário da Revolução Industrial, via na unificação do país, no século XIX, uma oportunidade estratégica para consolidar seus interesses econômicos. Dentre as alternativas apresentadas, a opção A) é a correta, pois a burguesia necessitava de um Estado forte e centralizado para garantir a estabilidade política necessária à expansão de seus negócios. Um governo unificado oferecia a estrutura jurídica e política para proteger a propriedade privada, regular o comércio e facilitar a industrialização, elementos fundamentais para o crescimento da classe burguesa.

As demais alternativas não correspondem à realidade histórica. A burguesia alemã não priorizava ideais democráticos ou republicanos (opções B) e C)), tampouco seguia princípios marxistas (D)), que pregavam a luta de classes, não a cooperação. A aliança com a burguesia francesa (E)) também não se sustenta, uma vez que a rivalidade entre Alemanha e França era acentuada, culminando em conflitos como a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). Portanto, a resposta correta é A), pois reflete o alinhamento da burguesia com um projeto de unificação nacional que favorecia seus interesses econômicos.

A Revolução Gloriosa, ocorrida na Inglaterra em 1688, foi um marco fundamental na transição do poder político e na consolidação de um novo modelo de governo. Um dos seus principais legados foi a promulgação da Bill of Rights (Declaração de Direitos), documento que estabeleceu limites ao poder real e fortaleceu o Parlamento, inaugurando as bases da monarquia parlamentar inglesa.

Entre as alternativas apresentadas, a opção correta é a letra E), pois a Bill of Rights assegurou que o monarca não poderia governar sem o consentimento do Parlamento, garantindo a supremacia legislativa e o controle sobre impostos e exércitos. Esse arranjo político encerrou décadas de conflitos entre a Coroa e o Parlamento, consolidando um sistema em que o poder do rei era equilibrado pelas instituições representativas.

As demais alternativas estão incorretas porque:

• A) A Inglaterra já havia rompido com a autoridade papal desde o reinado de Henrique VIII.
• B) O cercamento dos campos foi um processo econômico anterior, não relacionado à Bill of Rights.
• C) A Revolução Gloriosa ampliou a tolerância religiosa, especialmente para protestantes dissidentes.
• D) O absolutismo foi derrotado, não fortalecido, com a vitória do Parlamento.

Portanto, a Revolução Gloriosa e a Bill of Rights representaram a vitória do constitucionalismo sobre o absolutismo, estabelecendo um modelo que influenciaria outras monarquias europeias nos séculos seguintes.

A Era Napoleônica, período em que Napoleão Bonaparte governou a França, foi marcada por transformações profundas que redefiniram não apenas o país, mas também influenciaram toda a Europa. Ao assumir o poder, Napoleão prometeu encerrar os conflitos da Revolução Francesa e estabelecer uma nova ordem baseada na estabilidade e no fortalecimento da nação. Sua principal contribuição foi a promulgação do Código Civil Napoleônico em 1804, um marco legal que consolidou princípios revolucionários, como a igualdade perante a lei, a separação entre Igreja e Estado, a legalização do divórcio e a abolição definitiva dos privilégios feudais da nobreza e do clero.

Essas reformas tiveram um impacto duradouro, modernizando o sistema jurídico francês e servindo de modelo para outras nações. Ao contrário do que sugerem as alternativas incorretas, Napoleão não manteve laços de cooperação com a Inglaterra (B), nem adotou o pluralismo religioso devido a imigrantes (C). Também não travou guerras contra os Estados Unidos (D) e muito menos criou a União Europeia (E), uma instituição que só surgiria no século XX. Portanto, a alternativa correta é a letra A, que destaca o Código Civil como um dos legados mais significativos do governo de Napoleão.

A construção da ordem burguesa na Europa Ocidental durante a Idade Moderna foi um processo complexo, marcado por transformações econômicas, sociais e políticas. Conforme apontado no texto de Cáceres (1996), a burguesia, embora detentora de capital e consciente dos entraves feudais, ainda não possuía força política suficiente para centralizar o poder sozinha. Essa situação exigiu uma aliança estratégica em um contexto de transição entre o feudalismo e o capitalismo.

A alternativa correta, E, destaca justamente esse cenário de mudança, no qual o Estado Absolutista emergiu como uma estrutura de poder capaz de atender parcialmente aos interesses da burguesia, ao mesmo tempo em que mantinha certos privilégios da nobreza. O absolutismo serviu como um mecanismo de superação dos particularismos feudais, permitindo a unificação de mercados e a consolidação de uma economia mais favorável ao desenvolvimento capitalista.

As demais alternativas apresentam equívocos históricos. A Igreja, por exemplo, nem sempre apoiou os ideais burgueses (A), o escravismo negro-africano não substituiu o feudalismo na Europa (B), os monopólios coloniais beneficiaram parte da burguesia metropolitana (C), e não houve uma aliança direta entre mercadores e servos para manipulação de preços (D). Portanto, a resposta E é a que melhor sintetiza o processo de ascensão burguesa e a formação do Estado Moderno.

O trecho de Jean Bodin reflete uma visão política do século XVI que excluía as mulheres do exercício do poder soberano, baseando-se em argumentos naturais, divinos e civis. No entanto, a realidade histórica demonstra que essa perspectiva não era absoluta, como comprova o reinado bem-sucedido de Elizabeth I da Inglaterra. O gabarito correto, alternativa E), destaca que o poder soberano dos monarcas, incluindo Elizabeth, fundamentava-se na ideia de não reconhecer autoridade superior à do rei, exceto a divina. Esse princípio foi central para a consolidação das monarquias absolutistas, permitindo que governantes como Elizabeth exercessem plena autoridade, mesmo em um contexto predominantemente masculino.

A análise das alternativas revela que a lei sálica (B) impedia, e não permitia, a sucessão feminina, enquanto o absolutismo do século XVI (C) não significou necessariamente o fechamento sistemático dos parlamentos. A afirmação sobre Elizabeth dividir poder com a Igreja Anglicana (D) é imprecisa, pois, embora ela tenha liderado a igreja, seu poder soberano permaneceu indivisível. Já a alternativa A é anacrônica, já que o século XVI foi marcado pelo fortalecimento das monarquias nacionais, não por seu enfraquecimento. Assim, a resposta E) sintetiza corretamente a base do poder soberano na era moderna.