Questões Sobre Construção de Estados e o Absolutismo - História - concurso
Questão 61
povo algum jamais se empenhou para cortar seu destino em
dois, por assim dizer, e separar por um abismo o que tinham
sido até então do que queriam ser de agora em diante. Com
esta finalidade tomaram toda espécie de precauções para
que nada do passado sobrevivesse em sua nova condição e
impuseram-se toda espécie de coerções para moldar-se de
outra maneira que seus pais, tornando-se irreconhecíveis”
(Tocqueville, Alexis.)
- A)O chamado Antigo regime se caracterizou por ser um período em que a sociedade europeia pode ser reconhecida pelos seguintes pontos: Monarquia Absolutista, sociedade estratificada em 1º, 2º e 3º estado (clero, nobreza, e plebe, respectivamente), economia basicamente mercantilista; o principal exemplo dessa sociedade foi o Absolutismo francês
- B)Antigo regime é a maneira como parte da historiografia moderna classificava as primeiras civilizações da humanidade
- C)No Antigo regime se observa uma diminuta produção intelectual e artística na Europa, neste período, pois as atenções se voltaram para a comercialização e as navegações de além mar
- D)Caracterizado pela divisão e isolamento das regiões, em pequenos feudos, observava-se nesse período uma forte influencia religiosa entre as classes mais baixas dessa sociedade, em oposição ao total ateísmo dos monarcas
- E)Nesse momento a burguesia europeia tinha pouca expressão, se via obrigada a manter-se distante da sociedade e manter pouca exposição, já que toda classe burguesa era judaica e o Judaísmo era proibido em toda a Europa
A alternativa correta é A)
O texto apresentado, extraído da obra de Alexis de Tocqueville, reflete sobre a Revolução Francesa de 1789 e o desejo do povo francês de romper radicalmente com o passado. Esse momento histórico marcou o fim do Antigo Regime, um sistema que dominou a Europa por séculos e cujas características são corretamente descritas na alternativa A.
O Antigo Regime foi um período marcado pela Monarquia Absolutista, na qual o rei concentrava todos os poderes. A sociedade era rigidamente estratificada em três estados: o clero (1º estado), a nobreza (2º estado) e o restante da população (3º estado), composto principalmente por camponeses, artesãos e a emergente burguesia. Essa estrutura social era imutável e perpetuava privilégios para os dois primeiros estados, enquanto o terceiro arcava com pesados impostos.
Economicamente, o Antigo Regime se baseava no mercantilismo, com forte intervenção do Estado na economia e na acumulação de metais preciosos. A França foi o principal exemplo desse sistema, com seu absolutismo personificado por monarcas como Luís XIV, o "Rei Sol".
As demais alternativas apresentam equívocos históricos. O Antigo Regime não se refere às primeiras civilizações (B), nem foi um período de diminuta produção intelectual (C) - pelo contrário, foi marcado pelo Iluminismo. Também não se caracterizou pelo isolamento em feudos (D), já que os Estados nacionais já estavam consolidados, e a burguesia, embora excluída do poder político, tinha grande importância econômica (E), não sendo restrita a judeus.
Portanto, a alternativa A é a única que descreve com precisão as características fundamentais do Antigo Regime, contexto que a Revolução Francesa buscou superar através da ruptura radical mencionada por Tocqueville.
Questão 62
Luis XIV ordenou a construção de um imenso palácio
próximo à Paris, em Versalhes, para acolher a corte.
Essa imensa construção foi projetada pelo arquiteto
Le Vau para abrigar até 20.000 pessoas, entre nobres
e serviçais. Para erguê-lo numa área pantanosa
foram necessários mais de 35.000 trabalhadores (…).
BURKE, P. A fabricação do Rei: a construção da imagem pública
de Luis XIV. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.
O Palácio de Versalhes, na França de Luis XIV,
simboliza o apogeu do Estado Absolutista,
caracterizado pela:
- A)administração centralizada
- B)submissão das forças armadas aos poderes locais.
- C)tributação controlada pelos senhores feudais
- D)intensa disputa politica entre os partidos de oposição.
- E)diversidade de sistema de leis. pesos e medidas.
A alternativa correta é A)
O Palácio de Versalhes, construído por ordem de Luís XIV, é um marco histórico que representa o auge do absolutismo na França. Sua grandiosidade não apenas refletia o poder e a riqueza do monarca, mas também servia como um instrumento político para centralizar a administração do Estado. Ao transferir a corte para Versalhes, Luís XIV conseguiu controlar a nobreza, mantendo-a próxima ao poder real e reduzindo sua influência política.
A opção correta, A) administração centralizada, evidencia essa estratégia. O absolutismo de Luís XIV caracterizava-se pelo controle total do rei sobre as decisões do Estado, eliminando a fragmentação de poder típica do feudalismo. Versalhes simbolizava essa centralização, pois concentrava não apenas a residência real, mas também os órgãos administrativos e a elite política do país.
As demais alternativas não correspondem ao contexto do absolutismo francês. A submissão das forças armadas aos poderes locais (B) e a tributação controlada por senhores feudais (C) eram características do feudalismo, superadas pelo Estado absolutista. A disputa política entre partidos de oposição (D) e a diversidade de sistemas de leis (E) também não se aplicam, já que o poder de Luís XIV era incontestável e unificado.
Portanto, o Palácio de Versalhes não era apenas uma obra arquitetônica, mas a materialização de um regime político que buscava consolidar o poder absoluto do rei através da centralização administrativa.
Questão 63
e onerosas guerras, aumentou drasticamente a cobrança de impostos. Contra sua política de impostos,
os nobres se rebelaram contra o rei, num processo decisivo na formação do Estado Moderno Inglês,
fazendo o rei assinar o documento conhecido como:
- A)Fundação do Parlamento.
- B)Concilio real.
- C)Magna Carta.
- D)Tratado de Londres.
A alternativa correta é C)
O reinado de João Sem Terra na Inglaterra, entre 1199 e 1216, foi marcado por conflitos e tensões que moldaram o futuro político do país. Suas constantes guerras e a consequente necessidade de financiá-las levaram a um aumento abusivo de impostos, desencadeando a revolta da nobreza. Essa insatisfação culminou em um momento histórico crucial: a imposição de limites ao poder real por meio de um documento que se tornaria um marco na história constitucional.
A Magna Carta, assinada em 1215, foi a resposta direta aos abusos de João Sem Terra. Ela estabeleceu princípios fundamentais, como a submissão do rei às leis e a proteção dos direitos dos barões e, posteriormente, de todos os cidadãos livres. Embora inicialmente focada nos interesses da elite, seu legado evoluiu para simbolizar a luta contra o arbítrio do poder absoluto, influenciando sistemas jurídicos e políticos em todo o mundo.
Entre as opções apresentadas, a alternativa correta é claramente a C) Magna Carta, pois reflete o acordo forçado pelo confronto entre a monarquia e os nobres. Os outros itens — Fundação do Parlamento, Concílio Real e Tratado de Londres — não correspondem ao contexto histórico descrito, sendo distrações que ignoram o evento central desse período transformador.
Questão 64
Em 1864, o conselho geral da Associação Internacional dos
Trabalhadores (AIT) incumbiu Karl Marx de redigir uma carta
endereçada a Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos, por
ocasião de sua reeleição. Nessa carta, Marx felicitava o estadunidense e
relacionava a luta contra a escravidão na América aos interesses e
demandas das classes trabalhadoras.
A respeito do contexto histórico dessa carta, é correto afirmar:
- A)Nos Estados Unidos da América, desenrolava-se a Guerra de Secessão, provocada pela separação das unidades federativas que desejavam a manutenção da escravidão.
- B)A AIT foi fundada em 1864 como uma organização internacional que se propunha representar tanto a classe operária quanto setores da pequena burguesia democrática.
- C)A Guerra Civil Americana foi provocada pelas ligações do então presidente Abraham Lincoln com a esquerda comunista internacional liderada pelo filósofo alemão Karl Marx.
- D)Na Europa, a fundação da AIT representava uma tentativa de canalizar as lutas operárias para o interior das instituições políticas da sociedade burguesa, através da participação eleitoral.
- E)A reeleição de Abraham Lincoln só foi possível devido à extensão do direito universal de voto a todos os estadunidenses, independentemente de sua condição racial ou social.
A alternativa correta é A)
A carta redigida por Karl Marx em nome da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) para Abraham Lincoln em 1864 reflete um momento crucial da história dos Estados Unidos e do movimento operário internacional. O contexto da Guerra de Secessão (1861-1865), conflito que dividiu o país entre os estados do Norte, abolicionistas, e os do Sul, defensores da escravidão, é essencial para compreender a importância desse documento.
A alternativa correta, A), destaca que a Guerra de Secessão foi motivada pela separação dos estados sulistas, que desejavam manter o sistema escravista. A vitória de Lincoln e a abolição da escravidão representavam não apenas uma transformação social nos EUA, mas também um avanço para a luta global dos trabalhadores, conforme destacado na carta de Marx.
As demais alternativas apresentam equívocos históricos. A AIT, fundada em 1864, tinha como objetivo unir a classe operária internacional, não incluindo a pequena burguesia (alternativa B)). A Guerra Civil Americana não foi causada por ligações de Lincoln com o comunismo (alternativa C)), mas por tensões internas sobre a escravidão e os modelos econômicos. A AIT buscava a emancipação dos trabalhadores através da ação direta, não apenas da participação eleitoral (alternativa D)). Por fim, o direito de voto nos EUA na época ainda era restrito, excluindo negros, mulheres e outras minorias (alternativa E)).
Assim, a carta de Marx a Lincoln simboliza a conexão entre a luta contra a escravidão e a emancipação da classe trabalhadora, temas centrais para o movimento operário do século XIX.
Questão 65
Dificilmente passa-se uma noite sem que
algum sitiante tenha seu celeiro ou sua pilha de
cereais destruídos pelo fogo. Vários trabalhadores
não diretamente envolvidos nos ataques pareciam
apoiá-los, como se vê neste depoimento ao The Times:
“deixa queimar, pena que não foi a casa”; “podemos nos
aquecer agora”; “nós só queríamos algumas batatas,
há um fogo ótimo para cozinhá-las”.
HOBSBAWM, E.; RUDÉ, G. Capitão Swing. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1982 (adaptado).
A revolta descrita no texto, ocorrida na Inglaterra no
século XIX, foi uma reação ao seguinte processo
socioespacial:
- A)Restrição da propriedade privada.
- B)Expropriação das terras comunais.
- C)Imposição da estatização fundiária.
- D)Redução da produção monocultora.
- E)Proibição das atividades artesanais.
A alternativa correta é B)
O texto apresentado retrata um cenário de conflito social na Inglaterra do século XIX, conhecido como a revolta do "Capitão Swing". Esse movimento foi marcado por ataques incendiários a celeiros e pilhas de cereais, simbolizando a resistência dos trabalhadores rurais contra as transformações socioespaciais em curso.
A alternativa correta, B) Expropriação das terras comunais, refere-se ao processo de enclosures (cercamentos) que caracterizou a transição para o capitalismo agrário na Inglaterra. Esse processo consistiu na privatização de terras que antes eram de uso coletivo, transformando camponeses em assalariados ou despossuídos. A revolta descrita no texto expressa justamente a reação violenta desses trabalhadores contra a perda de seus direitos tradicionais sobre a terra.
Os depoimentos citados ("deixa queimar", "podemos nos aquecer agora") revelam tanto a indignação quanto a resignação diante da nova ordem econômica. A destruição dos celeiros representava um ataque simbólico ao sistema que os excluía, enquanto a apropriação das batatas para cozinhar no fogo mostra a precariedade a que foram reduzidos.
Esse contexto histórico ilustra como as transformações nas relações de propriedade - neste caso, a substituição das terras comunais por propriedades privadas - geraram profundos conflitos sociais durante a consolidação do capitalismo moderno.
Questão 66
absolutismo assumiram no Brasil o sentido de críticas ao
sistema colonial. No Brasil, Ilustração foi, antes de mais nada,
anticolonialismo. (COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república:
momentos decisivos. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999, p. 26).
do século XIX. A respeito do contexto histórico daquele
período, analise as afirmativas a seguir:
pela emancipação dos laços coloniais.
estudos em Portugal ou na França, voltavam imbuídos das
novas ideias e se tornavam seus principais propagandistas.
capazes de deter a marcha do processo. Em vão a censura
intentava impedir a divulgação das ideias nocivas à ordem
vigente.
contava com a possibilidade de um levante de escravos, já que
o número de homens pretos, livres e escravos superava em
muito o dos brancos; por isso, contava com a composição de
um exército popular.
agrárias, não permitiram que setores populares se
integrassem ao movimento, limitando seus ideais aos
aspectos emancipacionistas.
- A)se apenas as afirmativas I, III e V estiverem corretas.
- B)se apenas as afirmativas II e IV estiverem corretas.
- C)se apenas as afirmativas III, IV e V estiverem corretas.
- D)se apenas as afirmativas I, II, IV e V estiverem corretas.
- E)se apenas as afirmativas I, II e III estiverem corretas.
A alternativa correta é E)
O trecho citado de Emília Viotti da Costa destaca como o Iluminismo, na realidade brasileira, assumiu um caráter anticolonial, distanciando-se da crítica europeia ao absolutismo. Esse contexto histórico do final do século XVIII e início do XIX foi marcado por movimentos que buscavam romper com as estruturas coloniais, influenciados pelas ideias iluministas. Analisando as afirmativas, é possível compreender melhor esse período.
A afirmativa I está correta, pois, no Brasil, a crítica ao poder absoluto da Coroa Portuguesa estava diretamente ligada ao desejo de emancipação colonial. As ideias iluministas, que na Europa questionavam o absolutismo, aqui se traduziram em um discurso de libertação do domínio metropolitano.
A afirmativa II também está correta. Os jovens brasileiros que estudavam na Europa, especialmente em Coimbra ou Paris, entravam em contato com as ideias revolucionárias e as traziam de volta, tornando-se agentes de difusão desses pensamentos no território colonial. Esses indivíduos foram fundamentais para a circulação de ideias anticoloniais.
A afirmativa III está igualmente correta. A repressão da Coroa Portuguesa, por meio de prisões, exílios e censura, não foi suficiente para conter o avanço das ideias libertárias. Apesar dos esforços da metrópole, o processo de questionamento do sistema colonial ganhou força, culminando em movimentos como a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana.
Já as afirmativas IV e V estão incorretas. A Inconfidência Mineira não tinha um caráter popular ou igualitário, muito menos planejava incorporar escravos em seu levante. Da mesma forma, a Conjuração Baiana contou com a participação de setores populares, diferentemente do que sugere a afirmativa V. Portanto, a alternativa correta é a E) se apenas as afirmativas I, II e III estiverem corretas.
Questão 67
- A)age como déspota ou tirano, obedecendo a seus caprichos e interesses, sem a preocupação de justificar seu poder, expor sua imagem ou estabelecer alianças.
- B)centraliza o governo em suas mãos, exercendo, para isso, uma estratégia populista de comunicação para conquistar a aprovação dos setores emergentes da sociedade, como a burguesia.
- C)se torna o grande líder espiritual e religioso de seus país, fundando uma igreja baseada no culto personalista de sua figura e em regras por ele inventadas.
- D)assume o comando das Forças Armadas e passa a instituir um regime militar autoritário, com a finalidade de transferir gradativamente seus poderes para uma instituição estatal considerada sólida, absoluta e impessoal.
- E)exerce o poder amparado pela tese de que sua autoridade tem origem divina, e que a monarquia é o regime ideal de governo, capaz de assegurar vitórias militares, prosperidade e o sentimento de unidade em torno da figura de um soberano.
A alternativa correta é E)
O absolutismo é um sistema político que se caracteriza pela concentração total do poder nas mãos do monarca, fundamentado na ideia de que sua autoridade emana diretamente de Deus. Essa concepção, conhecida como "direito divino dos reis", legitimava o governo absoluto, apresentando-o como a forma ideal para garantir a estabilidade, a prosperidade e a unidade nacional. Ao contrário de outras interpretações que associam o absolutismo a despotismo, populismo ou militarismo, a alternativa correta (E) destaca a dimensão teocrática e filosófica por trás desse regime.
A justificativa para o poder absoluto não se baseava em caprichos pessoais ou estratégias de manipulação, mas sim em uma doutrina que equiparava o rei a um representante divino na Terra. Essa visão reforçava a hierarquia social e a submissão ao soberano, evitando questionamentos sobre sua liderança. Além disso, a monarquia absoluta buscava consolidar o Estado nacional, superando fragmentações feudais e criando uma identidade comum em torno da figura real. Portanto, a resposta E) é a que melhor define o cerne do absolutismo, diferenciando-o de outras formas de governo autoritário.
Questão 68
Leia o trecho a seguir.
O que as monarquias do século XVII pretendiam não era tanto a
centralização, mas o fortalecimento das suas dinastias, a
imposição do princípio de autoridade sobre seus súditos
considerados pouco obedientes e pouco cumpridores de suas
obrigações, especialmente em matéria fiscal e na reputação na
cena internacional, reputação essa considerada impossível sem
um exército vitorioso e temível.
PUJOL, Xavier Gil. Centralismo e Localismo? In Penélope.
Fazer e Desfazer a História, nº 06, Lisboa, 1991.
De acordo com o trecho acima, a autoridade régia das
monarquias europeias do século XVII caracterizava-se pelo(a)
- A)pactuação de interesses divergentes.
- B)consulta aos parlamentos das decisões dos reis.
- C)defesa das ambições da Igreja católica.
- D)exigência de uma hierarquia social estrita.
- E)militarização dos aparatos de apoio aos monarcas.
A alternativa correta é A)
O trecho apresentado sobre as monarquias do século XVII revela uma dinâmica complexa de poder, na qual os monarcas buscavam consolidar sua autoridade diante de desafios internos e externos. Apesar de a centralização ser frequentemente associada a esse período, o texto destaca que o objetivo principal era o fortalecimento das dinastias e a imposição de uma hierarquia de obediência, especialmente em questões fiscais e de reputação internacional. Nesse contexto, a alternativa correta (A) aponta para a "pactuação de interesses divergentes", o que sugere que a autoridade régia não se baseava apenas na força bruta, mas também em negociações e alianças com diferentes grupos sociais para garantir a estabilidade do regime.
As outras alternativas não se alinham com o conteúdo do texto. A consulta aos parlamentos (B) e a defesa das ambições da Igreja Católica (C) não são mencionadas como estratégias centrais. A exigência de uma hierarquia social estrita (D) pode ser parcialmente verdadeira, mas o trecho enfatiza mais a questão da obediência e do cumprimento de obrigações do que uma estrutura social rígida. Por fim, a militarização (E) aparece como um meio para alcançar prestígio internacional, mas não como a característica principal da autoridade régia. Portanto, a pactuação de interesses divergentes (A) emerge como a resposta mais coerente com a análise proposta por Xavier Gil Pujol.
Questão 69
Leia o texto a seguir:
“Todo poder vem de Deus. Os governantes, pois, agem como ministros de Deus e seus
representantes na terra. Consequentemente, o trono real não é o trono de um homem, mas
o trono do próprio Deus.
Resulta de tudo isso que a pessoa do rei é sagrada, e que atacá-lo de qualquer maneira é
sacrilégio. (…)
O poder real é absoluto. O príncipe não precisa dar contas de seus atos a ninguém.”
(Jaques-Bénigne Bossuet, 1627-1704)
Assinale a alternativa que apresenta a forma de governo à qual o trecho se refere.
- A)Democracia representativa
- B)Monarquia constitucional
- C)Absolutismo monárquico
- D)República monarquista
- E)Monarquia populista religiosa
A alternativa correta é C)
O texto apresentado reflete claramente os princípios do absolutismo monárquico, uma forma de governo em que o monarca concentra todos os poderes, sem a necessidade de prestar contas a qualquer outra instância. A afirmação de que "todo poder vem de Deus" e que o rei age como um ministro divino na Terra é característica da justificativa religiosa utilizada para legitimar o poder absoluto dos soberanos durante o período do Antigo Regime.
Bossuet, um importante teórico do absolutismo na França, defende a ideia de que o trono real é sagrado e que o poder do monarca é inquestionável, pois seria uma representação direta da vontade divina. Essa concepção exclui qualquer participação popular ou limitação constitucional ao poder do rei, afastando-se, portanto, de modelos como a democracia representativa ou a monarquia constitucional.
A alternativa correta é a C) Absolutismo monárquico, pois o texto não menciona qualquer tipo de constituição, divisão de poderes ou controle popular sobre o governante, elementos essenciais nas outras opções apresentadas. O absolutismo se caracteriza exatamente pela concentração ilimitada de poder nas mãos do soberano, conforme descrito no trecho.
Questão 70
Com a formação dos Estados nacionais europeus, surgiu em vários países um sistema de governo centralizado
denominado de “monarquia absoluta”. Sobre o caráter desse sistema de governo, diz o historiador
Perry Anderson:
“(…) De fato a monarquia absoluta no ocidente foi, portanto, sempre duplamente limitada: pela persistência
de corpos políticos tradicionais colocados abaixo dela e pela presença de uma lei moral situada acima.
Por outras palavras, a dominação do Absolutismo exerceu-se, no fim das contas, necessariamente
nos limites da classe cujos interesses ele preservava.”
ANDERSON , Perry. “Classes e Estados – problemas de periodização.” In: HESPANHA, António Manuel. Poder e instituições na
Europa do Antigo Regime. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984, p. 133.
Considerando o texto, assinale a alternativa CORRETA.
- A)Na monarquia absolutista, o poder político era igualmente dividido entre o monarca, a aristocracia e o clero, sendo que os plebeus ficavam completamente excluídos.
- B)A formação das monarquias absolutistas corresponde ao crescimento de poder da classe burguesa, pois com os impostos vindos do crescimento do comércio e da navegação, o rei tornou-se dependente dessa classe.
- C)Na monarquia absolutista, o poder real era exercido com certos limites, oferecidos pela aristocracia, classe que participava do poder político, e pela Igreja, que oferecia as bases morais para o sistema.
- D)No momento da formação dos Estados nacionais europeus, o poder da Igreja cresceu, fazendo com que os reis precisassem se submeter ao poder papal.
- E)No sistema de governo da monarquia absolutista, apesar da centralização política, o rei tinha sempre os seus poderes limitados por uma constituição, à qual deveria obedecer.
A alternativa correta é C)
O trecho de Perry Anderson sobre a monarquia absoluta na Europa revela um sistema de governo mais complexo do que a simples noção de poder ilimitado do monarca. Segundo o historiador, o absolutismo operava dentro de limites impostos por estruturas políticas tradicionais e por uma ordem moral superior, demonstrando que o poder real não era absoluto no sentido estrito. A alternativa correta (C) capta essa nuance ao afirmar que o poder do rei era exercido com restrições, mediado pela influência da aristocracia – que mantinha privilégios políticos – e pela Igreja, que fornecia as bases éticas do regime.
As demais opções falham em representar essa dinâmica: a alternativa (A) ignora a hierarquia do poder absolutista; a (B) superestima o papel da burguesia no período; a (D) contradiz o declínio do poder papal durante a formação dos Estados nacionais; e a (E) projeta anacronicamente o constitucionalismo moderno sobre o Antigo Regime. A análise de Anderson destaca justamente o equilíbrio precário entre centralização monárquica e os interesses da nobreza, classe que o absolutismo paradoxalmente servia ao mesmo tempo que tentava controlar.