Questões Sobre Crise de 1929 - História - concurso

A crise financeira mundial de 1929 e a de 2008 apresentam, como dado de semelhança,

• A) os aspectos financeiros que ambas atingiram, baseados na especulação do valor de ações de bancos e de empresas dos diversos ramos da economia.
• B) a desorganização dos mercados internacionais, bloqueando as exportações e importações e paralisando os negócios.
• C) o envolvimento de ricos países capitalistas do Oriente, sobretudo o do Japão e o da China.
• D) o fato de terem passado longe dos países africanos e latino-americanos, por esses países não serem competidores no mercado financeiro dos países ricos.
• E) a elevação dos preços dos produtos primários dos países periféricos, o que favoreceu suas economias.

O gabarito correto é A).

Considerando o impacto da crise econômica de 1929, iniciada com a quebra da Bolsa de Nova Iorque, é correto afirmar que a Alemanha foi um dos países mais afetados imediatamente devido à sua forte dependência dos Estados Unidos no período pós-Primeira Guerra Mundial.

Os laços econômicos entre os dois países eram estreitos, especialmente por conta dos empréstimos e investimentos norte-americanos que sustentavam a frágil economia alemã após o Tratado de Versalhes. Com o crash da bolsa, os EUA retiraram capitais e cortaram linhas de crédito, mergulhando a Alemanha em uma crise profunda que agravou o desemprego e a instabilidade política, pavimentando o caminho para a ascensão do nazismo.

Embora outras regiões do mundo também tenham sentido os efeitos da Grande Depressão, como a América do Sul com a fuga de capitais estrangeiros, a alternativa A) é a mais precisa ao destacar o impacto direto e violento sobre a Alemanha. A URSS, por sua vez, devido ao seu sistema econômico isolado, não sofreu consequências imediatas, e a escassez de crédito nos EUA não foi um fator inflacionário, mas sim deflacionário.

No contexto da crise dos anos 1930, uma das proposições mais influentes foi a ideia de que o Estado deveria assumir um papel ativo na gestão econômica para garantir o pleno emprego, sem, no entanto, ameaçar as bases do capitalismo. Essa abordagem representou uma ruptura com o pensamento liberal clássico, que defendia a autorregulação dos mercados e a crença em um equilíbrio natural entre oferta e demanda de mão de obra.

A figura central por trás dessa nova perspectiva foi John Maynard Keynes, cujas teorias revolucionaram a economia ao argumentar que, em momentos de recessão profunda, o Estado deveria intervir para estimular a demanda agregada por meio de políticas fiscais e monetárias expansionistas. Sua obra, "A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda" (1936), tornou-se a base do keynesianismo, influenciando governos e políticas econômicas nas décadas seguintes.

Entre as alternativas apresentadas, a correta é C) Keynes, pois suas ideias foram fundamentais para justificar a intervenção estatal como meio de combater o desemprego e estabilizar economias em crise, marcando um novo paradigma na ciência econômica.

Após o término da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos emergiram como a principal potência econômica global, consolidando sua posição de credor internacional ao fornecer empréstimos volumosos tanto para nações vencedoras quanto para as derrotadas no conflito. Essa estratégia não apenas auxiliou na recuperação econômica da Europa, mas também sustentou a produtividade interna dos EUA, garantindo a continuidade das exportações. No entanto, a euforia e a falsa sensação de segurança levaram a uma supervalorização do mercado de ações, culminando no colapso da Bolsa de Nova York em 1929. Esse evento desencadeou uma crise econômica global, afetando profundamente os países capitalistas devido à sua interdependência com a economia americana.

No contexto brasileiro, a crise de 1929 teve impactos significativos, especialmente no setor cafeeiro e em outros produtos primários, que sofreram uma drástica queda nos preços internacionais. Isso agravou o déficit da balança comercial e aprofundou a recessão econômica no país. Contrariamente à afirmativa I, o Brasil não possuía uma economia socialista e planificada na época, sendo amplamente dependente do modelo capitalista. A afirmativa II também está incorreta, pois, embora o governo tenha aumentado sua intervenção na economia, isso não significou o abandono do capitalismo liberal, mas sim uma adaptação às circunstâncias.

A afirmativa IV, que menciona a ampliação do sistema de previdência social como resposta à crise, não reflete a realidade imediata do período, já que tais medidas foram implementadas de forma mais consistente apenas em décadas posteriores. Portanto, a única afirmativa correta é a III, que destaca os efeitos da crise sobre os produtos primários brasileiros e o agravamento da depressão econômica. O gabarito correto é B) III.