Questões Sobre Descolonização Afro-asiática - História - concurso

Em 1910, a Independência da África do Sul não se desdobrou num processo de democratização que ampliasse os direitos de todos os habitantes do novo país. Já em 1940, instituiu-se o Apartheid, regime marcado pela negação dos direitos civis e políticos dos negros. Esse sistema de segregação racial foi formalizado por meio de leis que restringiam drasticamente a liberdade da população negra, consolidando um modelo de dominação baseado na supremacia branca.

O Apartheid não apenas excluía os negros da participação política, mas também impunha barreiras sociais e econômicas, como a proibição de casamentos inter-raciais e a criação de áreas residenciais separadas. A opção correta, portanto, é a C) negação dos direitos civis e políticos dos negros, pois reflete a essência desse regime opressor, que perdurou até o início da década de 1990.

A descolonização foi um processo histórico marcante que ganhou força após a Segunda Guerra Mundial, expandindo-se inicialmente na Ásia antes de atingir o continente africano. Esse movimento foi impulsionado por uma combinação de fatores, incluindo o enfraquecimento das potências coloniais europeias após a guerra, o surgimento de movimentos nacionalistas e a pressão internacional por autodeterminação dos povos.

Na África, a descolonização trouxe profundas mudanças políticas, sociais e econômicas, redefinindo as estruturas de poder e as identidades nacionais. O fato de esse fenômeno ter se irradiado da Ásia para a África está correto, pois países como Índia e Indonésia conquistaram sua independência ainda na década de 1940, enquanto a maior parte das nações africanas só alcançou a soberania nas décadas de 1950 e 1960.

Portanto, a afirmação de que a descolonização foi um fenômeno iniciado após a Segunda Guerra Mundial e que se irradiou da Ásia para a África está correta, conforme indicado pelo gabarito.

O trecho do romance Mayombe, de Pepetela, ilustra a complexidade da luta pela independência de Angola, destacando a centralidade da ação revolucionária como meio de superar os desafios enfrentados pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) na década de 1970. A narrativa revela as tensões internas do movimento, marcadas por divergências ideológicas e personalismos, que muitas vezes dificultavam a unidade necessária para enfrentar o colonialismo português. A ênfase na ação armada como solução para os problemas políticos e pessoais reflete a descrença em negociações pacíficas, um tema recorrente no contexto das guerras de libertação africanas.

A alternativa correta, A), aponta para os entraves que caracterizaram a luta anticolonial em Angola: a fragmentação entre os grupos revolucionários, a dificuldade de conciliar interesses divergentes e a influência de lideranças carismáticas, que muitas vezes sobrepunham seus projetos pessoais aos objetivos coletivos. Esses elementos são retratados na obra de Pepetela, que, através da ficção, explora as contradições e os dilemas vividos pelos guerrilheiros durante o conflito. A ausência de uma solução negociada e a priorização da luta armada como único caminho possível são aspectos que marcaram não apenas a independência angolana, mas também outros processos de libertação no continente africano.

Acerca da independência dos países africanos de língua inglesa, é correto afirmar que a alternativa A) é a resposta correta, conforme o gabarito fornecido. A afirmação de que Gana e Nigéria fizeram verdadeiras revoluções contra o domínio britânico, possibilitando o êxito dos movimentos de independência, reflete um aspecto importante do processo de descolonização na África.

Embora outras alternativas apresentem elementos relacionados à luta pela independência, como a unidade étnica (B), transformações anticolonialistas em Gana (C), unificação pós-independência na Nigéria (D) ou o gradual alargamento das liberdades políticas (E), apenas a alternativa A) captura de forma mais precisa a natureza revolucionária e confrontadora que marcou a independência desses dois países.

Gana, sob a liderança de Kwame Nkrumah, e a Nigéria, através de movimentos nacionalistas, exemplificam como a resistência organizada e a pressão política foram decisivas para romper com o colonialismo britânico, consolidando suas independências em 1957 e 1960, respectivamente.

O texto apresentado descreve características históricas e sociais que permitem identificar o país em questão como Moçambique. Vamos analisar os elementos mencionados para compreender por que a alternativa correta é a letra C.

Em primeiro lugar, o texto menciona que o país conquistou sua independência em 1975 após séculos de colonialismo europeu. Moçambique, de fato, tornou-se independente de Portugal nesse ano, após uma longa luta de libertação liderada pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Esse marco histórico é fundamental para diferenciá-lo de outras nações africanas que seguiram trajetórias distintas.

Outro aspecto relevante é a referência à reforma agrária pós-independência, com a terra se tornando propriedade do Estado e o predomínio do uso camponês, além da forte participação feminina na agricultura familiar. Essa descrição condiz com as políticas socialistas implementadas pelo governo moçambicano nos anos seguintes à independência, que incluíram a coletivização da terra.

Por fim, o texto menciona a guerra civil entre 1976 e 1992, conflito que opôs a FRELIMO (no governo) à RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana). Essa guerra devastadora, com forte interferência externa no contexto da Guerra Fria, foi um dos capítulos mais traumáticos da história moçambicana contemporânea.

As outras alternativas podem ser descartadas: o Congo tornou-se independente em 1960; a África do Sul em 1910 (com regime do apartheid até 1994); e a Nigéria em 1960. Nenhum desses países teve exatamente a trajetória descrita no texto.

Portanto, com base nos elementos históricos apresentados - independência em 1975, reforma agrária socialista e guerra civil prolongada -, concluímos que o país descrito é efetivamente Moçambique, tornando a alternativa C a correta.

O período pós-Segunda Guerra Mundial marcou uma transformação profunda no cenário geopolítico mundial, com a descolonização de territórios na Ásia e na África. Esse movimento histórico não apenas redefiniu fronteiras, mas também alterou as dinâmicas de poder em escala global, especialmente no contexto da Guerra Fria. Moçambique, após uma década de conflito armado, conquistou sua independência de Portugal em 1975, tornando-se um símbolo da resistência anticolonial no continente africano.

A independência de Moçambique teve repercussões imediatas na África Austral, região marcada por regimes de supremacia branca, como o Apartheid na África do Sul. A opção correta, conforme o gabarito, é a alternativa D), que destaca o enfraquecimento desses regimes racistas e a intervenção dos Estados Unidos para estabelecer governos moderados liderados por maiorias africanas. Essa abordagem reflete a complexidade do período, em que a luta pela autodeterminação se entrelaçava com os interesses das superpotências durante a Guerra Fria.

Embora a presença soviética tenha crescido em algumas regiões (alternativa A), e houvesse tentativas de formação de alianças pan-africanas (alternativa C), o impacto mais direto da independência moçambicana foi a pressão sobre os regimes minoritários brancos. A alternativa B, que menciona o avanço do agronegócio e multinacionais, não corresponde ao contexto imediato pós-independência, marcado por instabilidade e conflitos internos. Portanto, a resposta D) sintetiza os efeitos geopolíticos mais relevantes desse marco histórico.

O processo de descolonização na África durante as décadas de 1950 e 1960 foi marcado por uma série de desafios e contradições, conforme evidenciado pelas afirmativas apresentadas. A análise dessas afirmações permite compreender melhor as dinâmicas políticas e sociais que moldaram o continente no período pós-colonial.

A afirmativa I está correta, pois destaca um dos principais problemas herdados do colonialismo: a divisão arbitrária de territórios que desconsiderou as fronteiras étnicas e culturais pré-existentes. Essa fragmentação, estabelecida pelas potências coloniais, criou Estados com identidades nacionais frágeis e dificultou a cooperação continental, um dos objetivos da Conferência dos Povos da África em 1958.

A afirmativa II também está correta, uma vez que muitas independências foram concedidas de forma limitada, mantendo os laços de dependência econômica, militar e cultural com as antigas metrópoles. Programas de ajuda ao desenvolvimento, muitas vezes, serviam como instrumentos para preservar a influência das potências europeias sobre suas ex-colônias.

Por outro lado, a afirmativa III está incorreta. A Organização para a Unidade Africana (OUA), criada em 1963, não foi uma iniciativa da África do Sul – país que, na época, estava sob o regime do apartheid e era criticado por outros Estados africanos. A OUA surgiu como um esforço pan-africano para promover a unidade continental e combater o colonialismo, mas sua fundação não esteve ligada ao governo sul-africano.

Portanto, apenas as afirmativas I e II estão corretas, correspondendo à alternativa C. Esse cenário revela as complexidades da descolonização, em que a conquista formal da independência nem sempre significou autonomia plena ou a superação dos legados coloniais.

O processo de descolonização no século XX marcou profundamente a história de diversos países, entre eles a Argélia e a Índia. Ambos os territórios passaram por lutas intensas para conquistar sua independência, mas suas trajetórias coloniais foram distintas, refletindo as diferentes potências que os dominaram.

A Argélia foi colônia da França desde 1830, quando as tropas francesas invadiram o território. A presença colonial francesa foi marcada por uma forte assimilação cultural e por um regime de opressão que gerou resistência constante da população argelina. A Guerra da Argélia (1954-1962) foi um conflito sangrento que culminou na independência do país em 1962, sob o governo de Ahmed Ben Bella.

Já a Índia foi uma das joias do Império Britânico, colonizada pela Inglaterra desde o século XVIII. O domínio britânico consolidou-se após a Revolta dos Cipaios em 1857 e perdurou até 1947, quando o movimento de independência liderado por figuras como Mahatma Gandhi e Jawaharlal Nehru resultou na criação de dois Estados soberanos: a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, destinado aos muçulmanos.

Portanto, a resposta correta para a questão apresentada é a alternativa D) da França e da Inglaterra, pois a Argélia foi colônia francesa e a Índia, colônia britânica. Esses processos de independência ilustram as complexidades do fim do colonialismo e o surgimento de novas nações no cenário global.

O termo "Terceiro Mundo" surgiu no contexto da Guerra Fria para designar os países que não se alinhavam nem ao bloco ocidental capitalista, liderado pelos Estados Unidos, nem ao bloco soviético socialista. Essas nações, muitas delas recém-independentes de processos de colonização, buscavam construir um caminho autônomo de desenvolvimento, distante das influências das grandes potências.

Como mencionado no texto de Berstein e Milza, esses países logo começaram a se organizar em grupos de solidariedade. De fato, a primeira manifestação significativa desse movimento ocorreu em 1947, em Nova Deli, onde representantes de nações asiáticas se reuniram para discutir questões cruciais como a descolonização e o subdesenvolvimento que afetavam suas sociedades.

Portanto, a afirmação sobre a reunião em Nova Deli está correta (C), pois marca um momento importante na formação da identidade política do que viria a ser chamado de Terceiro Mundo, antecedendo até mesmo a Conferência de Bandung em 1955, que consolidaria esse movimento em escala global.

Julgue (C ou E) os itens seguintes a respeito da descolonização, uma das características da ordem internacional surgida após a Segunda Guerra Mundial.

Uma das características do processo de descolonização é o de ter sido a Grã-Bretanha mais bem sucedida que a França em promover transições negociadas das colônias para países independentes.

• C) CERTO
• E) ERRADO

O gabarito correto é C.