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A figura de Getúlio Vargas, como personagem histórica, é bastante polêmica, devido à complexidade e à magnitude de suas ações como presidente do Brasil durante um longo período de quinze anos (1930- 1945). Foram anos de grandes e importantes mudanças para o país e para o mundo. Pode-se perceber o destaque dado a Getúlio Vargas pelo simples fato de este período ser conhecido no Brasil como a “Era Vargas”.

 

Entretanto, Vargas não é visto de forma favorável por todos. Se muitos o consideram como um fervoroso nacionalista, um progressista ativo e o “Pai dos Pobres”, existem outros tantos que o definem como ditador oportunista, um intervencionista e amigo das elites.

 

Considerando as colocações acima, responda à questão seguinte, assinalando a alternativa correta:

 

 Provavelmente você percebeu que as duas opiniões sobre Vargas são opostas, defendendo valores praticamente antagônicos. As diferentes interpretações do papel de uma personalidade histórica podem ser explicadas, conforme uma das opções abaixo. Assinale-a.

Resposta:

A alternativa correta é letra E) Os dois grupos estão errados, por assumirem características parciais e, às vezes conjunturais, como sendo posturas definitivas e absolutas.

 

GabaritoLetra E

 

Os dois grupos estão errados, por assumirem características parciais e, às vezes conjunturais, como sendo posturas definitivas e absolutas.

 

Essa é a afirmativa mais correta porque procura entender as diferentes visões sobre Vargas como sendo diferentes formas de análise de Vargas e seus governos. Análises que são parciais, porque cada interpretação, formulada por diferentes pessoas ou grupos, parte de um determinado lugar e contexto histórico e está interessada em aspectos específicos, assim teremos diferentes interpretações sobre um mesmo fato dependendo da época, do contexto histórico e dos interesses, métodos de estudo e conjunto de conhecimentos de quem produz cada interpretação. É por isso que, quando o assunto é pesquisa histórica, costuma se dizer que uma obra fala mais sobre quem a produziu e em que contexto a produziu do que sobre o próprio fato que é narrado e/ou estudado naquela obra.

 

Além disso, cada vez mais as pesquisas históricas tendem a deterem a sua atenção em uma parte específica de determinado fato ou período, esmiuçando-a, e com isso deixando de lado os estudos conjunturais. Portanto, para entender o todo é preciso conhecer essas diversas partes estudadas por diferentes pesquisadores. É um erro tomar um estudo como o todo, pois ele é apenas um dos estudos sobre aquele período ou fato.

 

Dessa forma, para entender Getúlio Vargas e seus governos de maneira ampla, precisamos conhecer os vários estudos e interpretações sobre os seus governos. Mesmo sendo muitas vezes contraditórias, serão essas partes que nos ajudarão a entender Getúlio Vargas e seus governos em sua complexidade, pois Vargas foi ao mesmo tempo vários, agindo de acordo com as forças políticas em jogo e os direcionamentos permitidos pelo contexto de sua época.

 

Assim, diante da crise política e econômica da Primeira República ascendeu ao poder (1930-1934), diante das manifestações contrárias a sua permanência indefinida no poder, convocou a constituinte e restabeleceu a democracia (1934-1937), aproveitando-se das diferentes correntes ideológicas que tentavam ganhar espaço em território brasileiro e da fracassada insurreição comunista, deu um golpe e instalou uma ditadura (1937-1945), observando as forças que tenderiam a sair vitoriosas após a Segunda Guerra Mundial, preparou o terreno para o retorno à democracia e em seu governo democrático, ante à pressão política e o golpe premente, saiu da vida para entrar vitorioso na história.

 

Por que as demais estão incorretas?

 

Letra A: Um dos grupos está totalmente errado, uma vez que a permanência no poder depende de ideias coerentes e de uma política contínua.

 

A História e a pesquisa histórica admitem diferentes interpretações da história ou de personagens históricos, sobretudo personagens complexos como é o caso de Getúlio Vargas, sem que uma interpretação invalide a outra. O importante é entender que cada interpretação parte de um determinado lugar e contexto histórico e está interessada em aspectos específicos.

 

Além disso, não necessariamente a permanência no poder depende de ideias coerentes e de uma política contínua, pois outros fatores podem influenciar a permanência ou não de um determinado líder no poder, como o próprio caso de Getúlio Vargas demonstra, já que a Era Vargas é composta por distintas fases na qual influi diferentes contextos para a continuidade ou não de Getúlio no poder.

                                                                                                       

Letra B: O grupo que acusa Vargas de ser ditador está totalmente errado. Ele nunca teve uma orientação ideológica favorável aos regimes politicamente fechados e só tomou medidas duras forçado pelas circunstâncias.

 

É incorreto dizer que Vargas nunca teve uma orientação ideológica favorável aos regimes politicamente fechados. O período da Era Vargas que vai de 1937 a 1945, chamado de Estado Novo, foi de ditadura. Momento no qual Vargas suspendeu todas as atividades políticas próprias da democracia representativa – eleições, partidos políticos, parlamentos municipais, estaduais e federal – e outorgou uma nova Constituição de caráter autoritário e antiliberal.

 

Letra C: Os dois grupos estão certos. Cada um mostra Vargas da forma que serve melhor aos seus interesses, pois ele foi um governante apático e fraco - um verdadeiro marionete nas mãos das elites da época.

 

A afirmativa é bem incoerente, pois afirma que os dois grupos estariam certos, mas na continuidade faz afirmações que caracteriza negativamente Vargas. Vargas não foi um governante apático e fraco, se assim fosse, não teria permanecido tanto tempo no poder, também não foi marionete nas mãos das elites, visto que a própria Revolução de 1930 tirou do poder as velhas oligarquias que dominavam a cena política durante a Primeira República.

 

Letra D: O grupo que defende Vargas como um autêntico nacionalista está totalmente enganado. Poucas medidas nacionalizantes foram tomadas para iludir os brasileiros, devido à política populista do varguismo, e ele fazia tudo para agradar aos grupos estrangeiros.

 

A afirmativa está incorreta por afirmar que poucas foram as medidas nacionalizantes tomadas por Vargas e por dizer que ele fazia tudo para agradar aos grupos estrangeiros. Durante seus governos, Vargas destacou-se pelas medidas de cunho nacionalistas e intervencionistas visando a proteção e desenvolvimento da economia nacional.

 

Referências:

 

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

 

VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.

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