A política externa brasileira pós-30, mantinha os EUA como o principal parceiro do país, mas se aproximava da Alemanha por questões econômicas. Para esses países o Brasil representava “um importante mercado fornecedor de matériasprimas e consumidor de produtos manufaturados”. Vargas negociava com os dois lados, buscando maiores vantagens para o Brasil. Devido aos conflitos europeus, os Estados Unidos lideraram, ao longo da década de 1930, diversos encontros interamericanos visando estabelecer acordos de cooperação entre os países vizinhos. Em 1933 foi anunciada pelo presidente Roosevelt a Política da Boa Vizinhança. […] Essa pressão, no entanto, é convertida em benefícios para o desenvolvimento industrial do Brasil.
BONET, F. S. . O discurso oficial brasileiro durante a II Guerra Mundial: o Brasil se une para a guerra. 2008.
O benefício apontado no texto foi
- A) a concessão do monopólio do petróleo e gás natural à Petrobrás.
- B) o surgimento de empresas energéticas como Eletrobrás e Petrobrás.
- C) o monopólio do látex brasileiro nos insumos das indústrias americanas.
- D) a construção da Usina Siderúrgica Nacional em Volta Redonda-RJ.
- E) o apoio à entrada na Organização de Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).
Resposta:
A alternativa correta é letra D) a construção da Usina Siderúrgica Nacional em Volta Redonda-RJ.
Gabarito: ALTERNATIVA D
A política externa brasileira pós-30, mantinha os EUA como o principal parceiro do país, mas se aproximava da Alemanha por questões econômicas. Para esses países o Brasil representava “um importante mercado fornecedor de matérias primas e consumidor de produtos manufaturados”. Vargas negociava com os dois lados, buscando maiores vantagens para o Brasil. Devido aos conflitos europeus, os Estados Unidos lideraram, ao longo da década de 1930, diversos encontros interamericanos visando estabelecer acordos de cooperação entre os países vizinhos. Em 1933 foi anunciada pelo presidente Roosevelt a Política da Boa Vizinhança. [...] Essa pressão, no entanto, é convertida em benefícios para o desenvolvimento industrial do Brasil.
BONET, F. S. . O discurso oficial brasileiro durante a II Guerra Mundial: o Brasil se une para a guerra. 2008.
- O benefício apontado no texto foi
Em primeiro lugar, precisa sempre o estudante ter claro que a adesão brasileira às democracias liberais não foi um percurso óbvio, mas sim um processo acidentado da política externa brasileira. No plano doméstico, Vargas não economizava nas críticas contra a democracia liberal, denunciando-a como um regime fraco e propenso a crises, além de alardear que regimes desse tipo são as vítimas preferidas tanto das grandes crises econômicas quanto da expansão internacional do comunismo. Internacionalmente, Vargas afirmava seu compromisso irrestrito com o desenvolvimento (industrial) brasileiro, o que implicava numa posição neutra ao extremo em relação aos conflitos e às rivalidades internacionais. Na segunda metade da década de 1930, configurar-se-ia a chamada "equidistância pragmática" entre Alemanha e Estados Unidos, segundo a qual o Brasil celebrou tratados de comércio com as duas potências e manteve relações político-comerciais muito dinâmicas com ambas. Percebia-se na disputa internacional entre as grandes potências uma chance de ampliar as margens de manobra do Brasil, explorando suas rivalidades e contradições para viabilizar o projeto desenvolvimentista. Isto é, domesticamente, a forma de governar guardava muitas semelhanças e flertes com a via nazifascista, incluindo o caráter totalitário da Constituição de 1937; e, internacionalmente, o Brasil agia sem assumir compromissos claros e definitivos com nenhum dos dois campos, mas sim buscando meios para viabilizar sua industrialização. E é importante que se perceba que as tensões internacionais e as dificuldades da guerra faziam com que a tolerância internacional frente a esse comportamento fosse ampliada de maneira generosa, permitindo com que o Brasil estendesse ao máximo as contradições de sua neutralidade.
Apenas com a entrada dos EUA na guerra (dezembro de 1941), a equidistância pragmática seria estrangulada e o Brasil se aproximaria da tomada crítica de decisão. Mesmo assim, o governo brasileiro ainda levaria cerca de oito meses para fixar os termos de seu engajamento e de seu apoio ao lado dos aliados na guerra, desenvolvendo antes uma longa negociação com os EUA procurando conseguir recursos para o desenvolvimentismo brasileiro em troca do apoio contra o Eixo. Naquele momento, era importante garantir o alinhamento brasileiro para estrangular o fornecimento de matérias primas estratégicas para o esforços de guerra alemão e, por outro lado, garantir posições preciosas para a campanha aliada sobre o Norte da África. O Nordeste brasileiro era o melhor ponto para sediar as bases aéreas americanas para lançar campanhas de bombardeio contra as posições nazistas na África, apoio importante para as ações de infantaria na libertação da região. Essas duas componentes foram usadas como moedas de troca pelo Brasil para conseguir programas amplos de cooperação em favor do desenvolvimento brasileiro. A urgência da guerra pesava em favor dos pedidos brasileiros e os EUA aceitaram estabelecer um convênio de cooperação técnica e financeira para a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), passo fundamental no esforço desenvolvimentista brasileiro. A CSN começou a ser construída em 1941 em Volta Redonda, e entraria em operação em 1946. Assim, observemos as alternativas propostas.
a) a concessão do monopólio do petróleo e gás natural à Petrobrás.
b) o surgimento de empresas energéticas como Eletrobrás e Petrobrás.
c) o monopólio do látex brasileiro nos insumos das indústrias americanas.
d) a construção da Usina Siderúrgica Nacional em Volta Redonda-RJ.
e) o apoio à entrada na Organização de Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).
Por fim, cumpre esclarecer que a Petrobrás e a Eletrobrás só seriam criadas em 1953 e em 1962, respectivamente; compondo um novo momento de esforço desenvolvimentista brasileiro, já bastante posterior ao contexto da Segunda Guerra Mundial. A OCDE, por sua vez, só seria lançada em 1961 e o Brasil se recusaria sistematicamente a qualquer aproximação com a organização, o que só seria revisto a partir da década de 2010, quando o país passou a articular sua adesão. Assim sendo, está correta a ALTERNATIVA D.
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