Assinale V, se verdadeiras, ou F, se falsas, nas assertivas acerca do Brasil na Segunda Guerra Mundial, considerando a visão do historiador Dorigo (2011).
( ) Envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial foi irrelevante, uma vez que Getúlio Vargas entendia o embate entre as potências como estratégias para o desenvolvimento das ações expansionistas e expansão do capitalismo.
( ) Estrategicamente, o Brasil, para os integrantes da Guerra tinha grande valor em função de sua localização, do seu vasto litoral, que facilitaria o caminhão em direção à África.
( ) A posição de Getúlio Vargas na guerra desde início foi bem definida, com apoio ao Eixo. Esse apoio proporcionou, após a guerra, a possibilidade de um empréstimo de 20 milhões de Dólares.
( ) Não era bem clara a posição do Brasil na guerra, pois o presidente brasileiro ora pendia para os aliados, ora para o eixo, porém, ao final da guerra, Getúlio pronunciou saudando o sucesso nazista. Esse discurso causou um temor aos Estados Unidos que buscou aproximação com o Brasil.
A ordem
correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
- A) F – F – V – V.
- B) V – V – V – V.
- C) F – F – V – F.
- D) V – V – F – F.
- E) F – V – F – V.
Resposta:
A alternativa correta é letra E) F – V – F – V.
Gabarito da banca: ALTERNATIVA E
Gabarito Sugerido: ANULADA
Assinale V, se verdadeiras, ou F, se falsas, nas assertivas acerca do Brasil na Segunda Guerra Mundial, considerando a visão do historiador Dorigo (2011).
(F) Envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial foi irrelevante, uma vez que Getúlio Vargas entendia o embate entre as potências como estratégias para o desenvolvimento das ações expansionistas e expansão do capitalismo.
A construção da afirmativa é um pouco truncada, o que deveria ser evitado pela banca. De toda forma, o Brasil se envolveu de fato na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) a partir de 1942, quando assumiu um alinhamento mais expressivo com os Estados Unidos, que sofreram o ataque de Pearl Harbor em dezembro de 1941. Por iniciativa do governo brasileiro para atrair recursos e novos materiais para as Forças Armadas brasileiras e para o esforços industrialista. Formada em 1943, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) atuou no teatro de guerra para a libertação da Itália por cerca de um ano com mais de vinte mil homens enviados. AFIRMATIVA FALSA.
(V) Estrategicamente, o Brasil, para os integrantes da Guerra tinha grande valor em função de sua localização, do seu vasto litoral, que facilitaria o caminhão em direção à África.
As batalhas no Norte da África, onde a Alemanha nazista tinha estendido uma faixa importante de dominação, tinham um agravante para o ataque das forças aliadas: era impossível estabelecer um suporte aéreo seguro a partir da Europa. Ao passo que a União Soviética estava com todos os seus recursos voltados para o delicadíssimo front com a Alemanha e as posições britânicas eram péssimas para chegar ao Norte da África, a aeronáutica americana não dispunha de bases aéreas para lançar grandes bombardeios sobre as tropas nazistas na região. O Nordeste brasileiro oferecia posições preciosas para essas campanhas de bombardeios porque possibilitava, dentro da autonomia dos aviões, que as missões fossem cumpridas com o retorno seguro a território aliado. A cidade de Natal receberia as principais bases aéreas americanas no Brasil, de onde partiriam aviões para o combate na África. Além disso, garantir o alinhamento brasileiro significava ter acesso a matérias primas estratégicas dentro do esforço de guerra ao mesmo tempo em que se fechava o fornecimento desses materiais para o Eixo. AFIRMATIVA VERDADEIRA.
(F) A posição de Getúlio Vargas na guerra desde início foi bem definida, com apoio ao Eixo. Esse apoio proporcionou, após a guerra, a possibilidade de um empréstimo de 20 milhões de Dólares.
Os anos anteriores a e iniciais da guerra para a política externa brasileira ficaram conhecidos como a "equidistância pragmática". Naquele momento, o país já havia enunciado a industrialização como sua grande via de desenvolvimento e sua ambição maior, mobilizando praticamente todas as políticas públicas do governo Vargas. Para a política externa, isso passava a significar que a ação internacional do país deveria estar comprometida com a prospecção de oportunidades para o desenvolvimento brasileiro. No final da década de 1930, dois modelos industriais pareciam triunfantes no mundo: apoiado no Estado fortalecido na Alemanha nazista e outro apoiado nas políticas keynesianas e liberais dos Estados Unidos. Com a Alemanha nazista, estabeleceu-se o chamado comércio compensado, no qual, por meio de câmaras de conversão, as trocas comerciais não envolviam a movimentação de moeda: os bens de capital alemães eram exportados de maneira compensada frente às exportações brasileiras de produtos primários - com forte acento na intermediação estatal. Os Estados Unidos, por sua vez, advogavam a abertura do comércio internacional sob o signo da livre concorrência ao mesmo tempo em que celebrava convênios que facilitavam a ampliação do comércio com o Brasil e tratados de cooperação técnica para a industrialização. Com o início da guerra em 1939, o Brasil esmerou a posição equidistante dos dois polos em combate, mantendo o comércio de materiais estratégicos com ambos e a neutralidade frente ao combate, mesmo com a crescente preocupação americana contra o Eixo. Ainda que, nos anos anteriores, o regime varguista tenha mantido vários gestos de simpatia e de aproximação com o nazifascismo, nunca houve uma declaração explícita de apoio ao Eixo durante a guerra. Pelo contrário, em 1942, o Brasil romperia as relações com aqueles países e, meses mais tarde, entraria na guerra ao lado dos Aliados. AFIRMATIVA FALSA.
(F) Não era bem clara a posição do Brasil na guerra, pois o presidente brasileiro ora pendia para os aliados, ora para o eixo, porém, ao final da guerra, Getúlio pronunciou saudando o sucesso nazista. Esse discurso causou um temor aos Estados Unidos que buscou aproximação com o Brasil.
A afirmativa é completamente absurda, além de escrita com muita imprecisão. Notemos bem que o que se tem em tela é a atuação brasileira durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Segundo Gerson Moura, feliz autor do conceito "equidistância pragmática e uma das principais vozes da bibliografia especializada, a eclosão da guerra na Europa já começou a estreitar as margens de manobra brasileiras, exigindo grande habilidade da diplomacia para viabilizar as interlocuções com os vários lados. Ainda segundo Moura, os Estados Unidos já viam com preocupação a aproximação brasileira com a Alemanha nazista ainda na década de 1930, lançando uma série de iniciativas em diferentes frentes para manter o país dentro de sua órbita de influência - o que foi intensificado durante a guerra. Portanto, é completamente equivocado dizer que somente após 1939 é que os Estados Unidos se preocuparam com uma aproximação com o Brasil - afinal, a Política de Boa Vizinhança, que pretendia consolidar a influência americana em toda América Latina, havia sido lançada em 1933. No entanto, o erro mais absurdo é se escrever que, ao final da guerra, Vargas saudou a vitória nazista. Ora, ao final da Segunda Guerra, a Alemanha estava tomada pelas tropas soviéticas, britânicas e alemãs; Adolf Hitler estava morto e o Eixo estava completamente derrotado. Então, que sucesso nazista Vargas poderia saudar ao final da guerra? Como comentado acima, Vargas declarou guerra ao Eixo em 1942 e o Brasil combateu nos teatros de operação entre 1944 e 1945, sendo uma força militar a operar contra o nazifascismo. AFIRMATIVA FALSA.
Assim, temos a sequência F - V - F - F.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
a) F – F – V – V.
b) V – V – V – V.
c) F – F – V – F.
d) V – V – F – F.
e) F – V – F – V.
Como o estudante pode notar, não existe nenhuma alternativa correta. O erro cometido pela banca na última afirmativa é completamente descabido. Não faz o menor sentido considerá-la correta - aliás, chega a ser uma afirmativa bastante dispensável numa prova que, presume-se, deveria aferir conhecimentos. Fosse descuido, poderia ter sido debelado o erro com os recursos contra o gabarito. Havendo insistência e influindo na sorte de tantas pessoas na disputa por vagas (e, portanto, reverberando sobre a composição burocrática do Estado), a conduta é absolutamente inaceitável, ainda que seja por absoluta assimetria intelecto-cognitiva frente ao que se exige para a elaboração da prova.
Poderia ainda a banca insistir que, no enunciado, pede que se responda segundo o "historiador Dorigo (2011)". O autor, infelizmente, não figura entre os grandes trabalhos sobre o tema, não sendo referencial para estudos mais complexos. O único "Dorigo" que encontramos foi Gianpaolo Dorigo, que, aparentemente, dedica-se a escrever livros didáticos de História. Apesar de absolutamente não conhecermos os livros do autor, temos absoluta certeza de que nenhum livro didático que mereça o nome valida a compreensão dada ao tema na última afirmativa. Assim, este comentário em nada se refere ao autor ou aos seus livros didáticos, dos quais nada sabemos; mas sim à conduta teratológica do avaliador e da banca nesta questão. Não há o menor suporte na realidade ou na bibliografia especializada que dê qualquer suporte ao gabarito apresentado pela banca. Sem mais, teria feito melhor a banca se optasse pela ANULAÇÃO da questão.
Gabarito Sugerido: ANULADA
Gabarito da banca: ALTERNATIVA E
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