Em agosto de 1940, Getúlio Vargas fez um discurso:
Após a reforma de 10 de novembro de 1937, incluímos essa cruzada no programa do Estado Novo, dizendo que o verdadeiro sentido de brasilidade é o rumo ao Oeste. […] O Brasil, politicamente, é uma unidade. Todos falam a mesma língua, todos têm a mesma tradição histórica e todos seriam capazes de se sacrificar pela defesa do seu território. […] Mas se politicamente o Brasil é uma unidade, não o é economicamente. Sob esse aspecto, assemelha-se a um arquipélago formado por algumas ilhas, entremeadas de espaços vazios. As ilhas já atingiram um alto grau de desenvolvimento econômico e industrial e as suas fronteiras políticas coincidem com as fronteiras econômicas. Continuam, entretanto, os vastos espaços despovoados, que não atingiram o necessário clima renovador, pela falta de densidade da população e pela ausência de toda uma série de medidas elementares, cuja execução figura no programa do Governo e nos propósitos da administração […]. Desse modo, o programa de “Rumo ao Oeste” é o reatamento da campanha dos construtores da nacionalidade, dos bandeirantes e dos sertanistas, com a integração dos modernos processos de cultura. Precisamos promover essa arrancada, sob todos os aspectos e com todos os métodos, a fim de suprimirmos os vácuos demográficos do nosso território e fazermos com que as fronteiras econômicas coincidam com as fronteiras políticas. […] Não ambicionamos um palmo de território que não seja nosso, mas temos um expansionismo, que é o de crescermos dentro das nossas próprias fronteiras.
Discurso Cruzada rumo ao Oeste, em Goiânia, 8 de agosto de 1940. In: A Nova Política do Brasil VIII: ferro, carvão, Petróleo 7 de agosto de 1940 a 9 de julho de 1941. Rio de Janeiro, José Olympio. vol. 8. p. 30-31. Disponível em: http://www.biblioteca. presidencia.gov.br/publicacoes-oficiais/catalogo/getulio-vargas/ vargas-a-nova-politica-do-brasil-vol-viii/view. Acesso em: 14 jan. 2024.
Segundo o texto, a Marcha para o Oeste foi um(a)
- A) programa que, durante o Estado Novo (1937-1945), uniu o discurso nacionalista ao projeto de ocupação, desenvolvimento e integração das áreas mais interiores do Brasil.
- B) política de governo que, durante o período democrático, promoveu investimentos na Bahia e em Minas Gerais, para financiamento da agricultura familiar.
- C) iniciativa de integração nacional que financiou, por exemplo, a construção da rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo.
- D) ação imperialista, que, aproveitando o contexto da Segunda Guerra Mundial, visava expandir os limites do Estado brasileiro e adentrar os territórios da Bolívia e do Paraguai.
- E) empreendimento desenvolvimentista, viabilizado na conjuntura antidemocrática, ainda que desenvolvimentista e nacionalista, da ditadura civil-militar de 1964-1988.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) programa que, durante o Estado Novo (1937-1945), uniu o discurso nacionalista ao projeto de ocupação, desenvolvimento e integração das áreas mais interiores do Brasil.
Gabarito: LETRA A.
A questão aborda um discurso de Getúlio Vargas proferido em 1940, período de seu governo ditatorial conhecido como Estado Novo (1937-1945). Nele, o presidente aborda a pauta nacionalista de unidade brasileira, além da necessidade de integração sobretudo econômica dos territórios nacionais. Assim, menciona o programa de “Rumo ao Oeste” como uma política de expansionismo que visava integrar economicamente e promover o desenvolvimento das zonas de "vácuo demográfico". Assim, vejamos as alternativas para identificar a que descreve corretamente a "Marcha para o Oeste".
a) programa que, durante o Estado Novo (1937-1945), uniu o discurso nacionalista ao projeto de ocupação, desenvolvimento e integração das áreas mais interiores do Brasil.
CORRETO. O discurso de Getúlio Vargas destaca a "Marcha para o Oeste" como um programa que busca unir o discurso nacionalista ao projeto de ocupação, desenvolvimento e integração, mencionando a necessidade de promover o crescimento econômico e a integração dos vastos espaços despovoados do território brasileiro.
b) política de governo que, durante o período democrático, promoveu investimentos na Bahia e em Minas Gerais, para financiamento da agricultura familiar.
INCORRETO. A política de governo em pauta não foi implementada durante o período democrático. Além disso, o discurso de Vargas não menciona investimentos específicos na Bahia e em Minas Gerais para o financiamento da agricultura familiar.
c) iniciativa de integração nacional que financiou, por exemplo, a construção da rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo.
INCORRETO. Apesar de ser uma iniciativa de integração nacional, a "Marcha para o Oeste" não financiou a rodovia Presidente Dutra. A via, na verdade, foi inaugurada em 1951 pelo presidente Eurico Gaspar Dutra.
d) ação imperialista, que, aproveitando o contexto da Segunda Guerra Mundial, visava expandir os limites do Estado brasileiro e adentrar os territórios da Bolívia e do Paraguai.
INCORRETO. O discurso do presidente não menciona nenhum intento imperialista ou expansão em direção aos territórios da Bolívia e do Paraguai. Pelo contrário, Vargas enfatiza a ideia de crescimento dentro das próprias fronteiras do Brasil.
e) empreendimento desenvolvimentista, viabilizado na conjuntura antidemocrática, ainda que desenvolvimentista e nacionalista, da ditadura civil-militar de 1964-1988.
INCORRETO. O empreendimento de expansão para o oeste foi viabilizado na conjuntura antidemocrática do Estado Novo, não na ditadura civil-militar de 1964.
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