Nas primeiras décadas do século XX algumas batalhas foram empreendidas em nome da luta pela democracia dentro do território brasileiro. A respeito destas batalhas, assinale a alternativa INCORRETA.
- A) A Revolução de 1924, ocorrida em São Paulo, também é conhecida como “revolução esquecida” e foi a tentativa comunista de derrubar o poder e instaurar um regime socialista sob o comando de Luiz Carlos Prestes.
- B) A Revolução de 1930 foi aquela que elevou Getúlio Vargas ao posto de chefe do Governo Provisório, após longa batalha empreendida contra as oligarquias agrária e fundiária que dominavam o país.
- C) A Revolução de 1930 ficou conhecida como revolução liberal, pois combateu a política do café com leite que imperava no país sob o comando dos plantadores de café e criadores de gado dos estados de Minas Gerais e de São Paulo.
- D) A Revolução Constitucionalista foi deflagrada em 9 de julho de 1932, pelos paulistas, com o intuito de derrubar o Governo Provisório de Getúlio Vargas e em prol de uma nova Constituição para o país.
- E) A Constituição de 1934 é resultado da luta empreendida pelo estado de São Paulo, que se organizou e realizou a Revolução de 1932, conhecida como Revolução Constitucionalista, ou seja, em prol da constituição.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) A Revolução de 1924, ocorrida em São Paulo, também é conhecida como “revolução esquecida” e foi a tentativa comunista de derrubar o poder e instaurar um regime socialista sob o comando de Luiz Carlos Prestes.
Gabarito: ALTERNATIVA A
Nas primeiras décadas do século XX algumas batalhas foram empreendidas em nome da luta pela democracia dentro do território brasileiro. A respeito destas batalhas, assinale a alternativa INCORRETA.
- a) A Revolução de 1924, ocorrida em São Paulo, também é conhecida como “revolução esquecida” e foi a tentativa comunista de derrubar o poder e instaurar um regime socialista sob o comando de Luiz Carlos Prestes.
A alternativa confunde o tenentismo da década de 1920 com a Intentona Comunista de 1935. O tenentismo foi, de maneira geral, uma série de movimentos armados que partiram de parcelas do jovem oficialato do Exército que viam na República Velha uma traição aos princípios que animaram a Proclamação da República (1889). Para aqueles jovens, a realidade política brasileira e o estabelecimento das oligarquias agroexportadoras no centro do poder traíam os princípios fundamentais do positivismo que o próprio Exército encampara para derrubar a monarquia; e o tenentismo encarnava uma releitura e uma revitalização do pensamento positivista em ação na política brasileira. Com os levantes armados de São Paulo (Revolta Paulista de 1924) e do Rio de Janeiro (Revolta dos 18 do Forte de 1922), o tenentismo, ainda que não tenha ameaçado de fato o governo central no campo de batalha, marcou uma posição importante na vida brasileira e abriu um ciclo de revoltas que marcaria a década de 1920. Com apoio da União Soviética, Luís Carlos Prestes organizou uma oposição de extrema-esquerda no Brasil ao governo de Getúlio Vargas. Com os recursos recebidos de Moscou, conseguiu organizar uma tentativa de golpe de Estado, que era entendido como o estopim de uma grande revolução comunista no Brasil. Deflagrada em novembro de 1935, a Intentona Comunista apenas conseguiu tomar o controle de algumas guarnições militares em poucas capitais, principalmente o Rio de Janeiro e Recife. Com o golpe tendo sido traído e abandonado por supostos aliados, Prestes ainda tentou alguma forma de resistência armada, mas acabaram esmagados em poucos dias sem ter ameaçado sequer assumir o controle de uma única cidade. Prestes passaria a ser implacavelmente perseguido pela polícia política de Vargas e acabaria preso e torturado, bem como sua mulher, a judia alemã Olga Benário Prestes, seria entregue grávida à Alemanha nazista. Por conter erros, esta é a ALTERNATIVA CORRETA.
- b) A Revolução de 1930 foi aquela que elevou Getúlio Vargas ao posto de chefe do Governo Provisório, após longa batalha empreendida contra as oligarquias agrária e fundiária que dominavam o país.
A Revolução de 1930 foi uma convergência gravíssima dos descontentes contra a Primeira República (1889-1930). Naquele momento, uma nova geração de jovens oficiais do Exército se deparava com a corrupção geral do sistema republicano, que havia sido idealizado pelo próprio Exército no ocaso do período monárquico. Ou seja, o pensamento positivista voltava a monopolizar as críticas sobre a situação brasileira com grande capacidade de mobilização das Forças Armadas. Ao contrário do que se supunha em 1889, a República, per se, não foi capaz de traduzir sobre a realidade brasileira o progresso e a modernização geral das estruturas sociais, políticas e econômicas. A explicação dos jovens oficiais para isso atribuía culpas insuperáveis contra o sistema político que sequestrara a República brasileira logo nos seus primeiros anos. Além disso, havia um descontentamento das classes médias urbanas (mormente formadas por burocratas e profissionais liberais) sobre a fragilidade institucional do país e contra o teatro das oligarquias, que corroía as práticas democráticas no país. O predomínio das oligarquias rurais, na prática, relegava a sistematização da modernização brasileira para um segundo plano. Além disso, o controle eleitoral exercido pelos grande agroexportadores diminuía sobremaneira o lugar dessas camadas urbanas na cena política. Numa outra frente, cresciam as cisões dentro das oligarquias e os grupo apartados do governo central estavam se adensando em torno do esforço de implodir as estruturas de poder. O lançamento da Aliança Liberal sob a liderança de Getúlio Vargas para as eleições de 1930 foi o primeiro grande sintoma da convergência dessas diferentes insatisfações - o que geraria forças oposicionistas inéditas contra o predomínio paulista no centro do poder. Com a derrota eleitoral sob pesadas fraudes, a Aliança logo se traduziria numa grande frente revolucionária que deporia o presidente. A vitória militar de Vargas em 1930 representou o sucesso claro do tenentismo, que marcara a década anterior com seus questionamentos a favor da modernização e da retomada dos princípios positivistas na vida republicana. Sem erros na alternativa.
- c) A Revolução de 1930 ficou conhecida como revolução liberal, pois combateu a política do café com leite que imperava no país sob o comando dos plantadores de café e criadores de gado dos estados de Minas Gerais e de São Paulo.
A Revolução (ou Golpe) de 1930 marcou o fim da Primeira República (1889-1930) e está inserida num longo processo de questionamento contra a ordem estabelecida. Após os tumultos dos dois primeiros governos militares, a república brasileira enveredou pelo chamado "teatro das oligarquias", quando a política foi dominada pelas oligarquias agroexportadoras (principalmente de São Paulo e de Minas Gerais), que conseguiram organizar um sistema de governabilidade muito estável e sem debates reais. A vida democrática brasileira era extremamente frágil nesse período, com fraudes de toda sorte e uma legislação bastante restritiva contra a participação popular; esvaziando, na prática, todo o processo eleitoral em favor das elites dominantes. Os sonhos de modernização geral do Estado brasileiro e de desenvolvimento positivista que animaram a Proclamação da República (1889) foram rapidamente abandonados em favor da reprodução de privilégios das oligarquias. O descolamento entre o governo central e a realidade brasileira era dramático e os presidentes pouco se identificavam com a população, que mais tinha contato com as oligarquias profundamente reacionárias que dominavam os estados. Epitácio Pessoa, por exemplo, sequer estava no Brasil à época de sua eleição, já que representava o país na Conferência de Versalhes. Como resultado, o sonho da grande república positivista dos trópicos repleta de indústrias e de potencialidades de toda sorte era abortado sem qualquer forma de deliberação mais séria. Com a via das armas tendo sido repetidamente derrotada em episódios bastante violentos, esse movimento de contestação contra a ordem estabelecida se adensou em outras frentes, aproveitando do sentimento de contestação lançado pelos levantes. Outras elites estaduais começaram a ver o desgaste do teatro das oligarquias e o descaso com que o governo federal as tratava; o que gerou certa tensão interna. Além disso, a questão sucessória para as eleições de 1930 fez romper definitivamente o acordo entre paulistas e mineiros, facilitando o rearranjo de forças eleitorais. Nesse momento, Getúlio Vargas lança a sua Aliança Liberal para concorrer à presidência com o apoio de vários governadores e várias lideranças estaduais dispostas a romper com a estrutura de poder estabelecida. Mobilizando as massas urbanas em vários estados, Vargas conseguiu impor um sério desafio eleitoral contra a oligarquia cafeeira, mas esta recorreu a toda sorte de fraudes para eleger Júlio Prestes como presidente. Ainda que as fraudes tenham dado uma vitória às oligarquias, o custo político da manobra acabou sendo fatal, já que as demais elites conseguiram mobilizar forças para o movimento decisivo. Vinte dias antes da posse do novo presidente, Vargas invadiu o Rio de Janeiro com forças rebeldes e com ampla adesão, desfechando a Revolução de 1930 contra o presidente Washington Luís. Feito presidente provisório do país, Vargas fez valer as suas raízes do positivismo gaúcho em nome da modernização do país sob um regime centralizador. Portanto, o fim da República oligárquica brasileira não pode ser compreendido no momento estrito da sua deposição, estando antes inscrita num longo processo de contestação. Sem erros na alternativa.
- d) A Revolução Constitucionalista foi deflagrada em 9 de julho de 1932, pelos paulistas, com o intuito de derrubar o Governo Provisório de Getúlio Vargas e em prol de uma nova Constituição para o país.
A Revolução de 1930 marcou um processo de ruptura profunda com fortes oligarquias do país inteiro e insistindo em reformas profundas do Estado e da sociedade brasileira. Inspirado num certo positivismo, o governo Vargas tinha um compromisso com a modernização geral do país num recorte muito centralizador sob a lógica do fortalecimento do Estado e do poder central. Isso implicava num enfrentamento direto contra as oligarquias que outrora controlavam a Primeira República (1889-1930). O caso mais extremo dessa experiência foi o levante paulista em 1932 contra o poder central para exigir o restabelecimento de uma ordem constitucional, já que o processo revolucionário abolira a Constituição de 1891, mas seguia governando com poderes discricionários. Em julho de 1932, os revoltosos paulistas iniciaram o levante armado e enfrentaram uma forte reação das forças regulares; sendo rapidamente derrotados e com São Paulo sendo retomada pelas forças federais. Sem erros na alternativa.
- e) A Constituição de 1934 é resultado da luta empreendida pelo estado de São Paulo, que se organizou e realizou a Revolução de 1932, conhecida como Revolução Constitucionalista, ou seja, em prol da constituição.
Em 1932, São Paulo se levantou em armas contra o Governo Provisório na chamada Revolução Constitucionalista. A propaganda do governo central tentaria ainda imputar aos revoltosos a pecha de separatistas, no entanto, o mote da revolução era muito claro no sentido de exigir do governo federal uma nova Constituição e o restabelecimento da ordem institucional plena para o país. Deflagrada após violenta repressão contra estudantes paulistas, a Revolução Constitucionalista durou poucos meses e foi severamente reprimida pelas forças regulares sob o comando de Vargas, que apenas em 1934 abriria espaço para uma nova Constituição. Sem erros na alternativa.
Portanto, a única a apresentar erros é a ALTERNATIVA A.
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