O período de Getúlio Vargas no poder teve distintas fases, sendo que, em um primeiro momento, ocorreu a fase do Governo Provisório (1930-1934) que, em tese, deveria ser um período para organizar o país em um momento de grave instabilidade econômica, devido ao impacto da crise de 1929. Entretanto, durante esse período, ocorreu a denominada Revolução Constitucionalista de 1932. Sobre esse evento histórico, assinale a alternativa correta.
- A) A Revolução Constitucionalista foi uma tentativa, por parte do Partido Comunista Brasileiro (PCB) liderado por Luís Carlos Prestes, de tirar Getúlio Vargas do poder.
- B) Foi um levante do Estado de São Paulo contra a centralização do poder em Getúlio Vargas e as intervenções federais no governo do Estado.
- C) Foi um episódio histórico que explodiu na cidade de São Paulo, em que, liderados por Plinio Salgado, os Integralistas tentaram tomar o poder no Brasil.
- D) A Revolução ocorreu no Estado de São Paulo em que se buscou lutar por uma maior proximidade do governo paulista com o federal.
- E) Esse evento refere-se a uma tentativa dos parlamentares da câmara federal em criar uma nova constituição, mais democrática e que controlasse o poder crescente de Vargas como Presidente da República.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) Foi um levante do Estado de São Paulo contra a centralização do poder em Getúlio Vargas e as intervenções federais no governo do Estado.
Gabarito: ALTERNATIVA B
O período de Getúlio Vargas no poder teve distintas fases, sendo que, em um primeiro momento, ocorreu a fase do Governo Provisório (1930-1934) que, em tese, deveria ser um período para organizar o país em um momento de grave instabilidade econômica, devido ao impacto da crise de 1929. Entretanto, durante esse período, ocorreu a denominada Revolução Constitucionalista de 1932. Sobre esse evento histórico, assinale a alternativa correta.
- a) A Revolução Constitucionalista foi uma tentativa, por parte do Partido Comunista Brasileiro (PCB) liderado por Luís Carlos Prestes, de tirar Getúlio Vargas do poder.
A alternativa faz referência à Intentona Comunista de 1935. Com apoio da União Soviética, Luís Carlos Prestes organizou uma oposição de extrema-esquerda no Brasil ao governo de Getúlio Vargas. Com os recursos recebidos de Moscou, conseguiu organizar uma tentativa de golpe de Estado, que era entendido como o estopim de uma grande revolução comunista no Brasil. Deflagrada em novembro de 1935, a Intentona Comunista apenas conseguiu tomar o controle de algumas guarnições militares em poucas capitais, principalmente o Rio de Janeiro e Recife. Com o golpe tendo sido traído e abandonado por supostos aliados, Prestes ainda tentou alguma forma de resistência armada, mas acabaram esmagados em poucos dias sem ter ameaçado sequer assumir o controle de uma única cidade. Prestes passaria a ser implacavelmente perseguido pela polícia política de Vargas e acabaria preso e torturado, bem como sua mulher, a judia alemã Olga Benário Prestes, seria entregue grávida à Alemanha nazista. Olga seria assassinada numa câmara de gás e sua filha, Anita Leocádia Prestes seria entregue, depois de intensa campanha, aos cuidados da família paterna. Alternativa errada.
- b) Foi um levante do Estado de São Paulo contra a centralização do poder em Getúlio Vargas e as intervenções federais no governo do Estado.
Em 1930, a oligarquia paulista havia sido apeada do poder pelo movimento liderado por Getúlio Vargas em associação com outras oligarquias. Àquela altura, a aliança da Política do Café com Leite entre oligarcas mineiros e paulistas havia sido implodida e a elite paulista tentava se viabilizar sozinha à frente do governo federal com eleição de Júlio Prestes para presidente. No entanto, Vargas conseguia galvanizar ao redor de si tanto as insatisfações modernizantes do tenentismo quanto as oligarquias que se sentiam excluídas do jogo político pelo poder central. Com a deposição de Washington Luís, em novembro de 1930, Vargas chegou à presidência equilibrando diversos grupos políticos e compondo uma rede de apoio bastante heterogênea. Porém, as inspirações ditatoriais do novo presidente iam se dilatando no tempo com um Governo Provisório (1930-1934) que agia com total discricionariedade e sem uma Constituição que o limitasse de fato. São Paulo, àquela altura, começava seu movimento de divórcio com o poder central, estabelecendo uma nova elite intelectual local, distanciada da lógica de sequestro direto do governo federal que marcou o comportamento paulista na República Velha (1889-1930), ao mesmo tempo em que seu processo de urbanização vinha se adensando consideravelmente, formando uma nova classe média ilustrada. Convergindo tanto o sentimento de revanchismo das oligarquias contra Vargas quanto setores ilustrados da sociedade que pediam por uma democracia liberal, as manifestações contra o governo federal começaram a tomar proporções importantes em 1932. Com o estado sendo governado por um interventor federal pouco alinhado com as elites locais, essa oligarquia de corte reacionário e os democratas urbanos encontraram um ponto focal de aliança política: o Brasil tinha de retornar à normalidade do Estado Democrático de Direito, era necessária uma nova Constituição. Nesse ponto de convergência, podemos identificar os antigos oligarcas cafeicultores que foram apeados do poder em 1930; uma emergente burguesia industrial paulista; e os jovens filhos dessas classes que tinham contato com as vanguardas europeias e americanas (juventude esta que fizera a Semana de Arte Moderna de 1922) e que ansiavam pela modernização do país. Com a forte repressão do poder central sobre as manifestações paulistas contra o regime de exceção, essas forças políticas ganharam proporções importantes e transbordaram em comoção popular a partir da morte de quatro estudantes assassinados num protestos. Em 9 de julho de 1932, São Paulo se sublevou contra o governo Vargas exigindo uma nova Constituição. No esforço de guerra, o dinheiro da cafeicultura e a capacidade industrial instalada deram certa esperança aos revoltosos paulistas, mas não houve adesões relevantes fora do estado e a revolta foi esmagada após menos de três meses de combates. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) Foi um episódio histórico que explodiu na cidade de São Paulo, em que, liderados por Plinio Salgado, os Integralistas tentaram tomar o poder no Brasil.
A Intentona Integralista estava no extremo oposto de Luís Carlos Prestes: liderados por Plínio Salgado, os integralistas eram a expressão brasileira do fascismo. Ou seja, tratou-se de um movimento político antidemocrático, ultrarreacionário e profundamente anticomunista. A Intentona Integralista foi uma malfadada tentativa de golpe de Estado dos integralistas contra Vargas em 1938. Anteriormente muito próximos ao governo Vargas, que tinha importantes colorações fascistas, os integralistas se sentiram traídos quando o golpe do Estado Novo (1937) decretou o banimento de todas as agremiações políticas, incluindo o próprio Integralismo. Cercando o palácio presidencial no Rio de Janeiro, os revoltosos tentaram tomar a sede do poder para deflagrar o golpe, mas foram derrotados após algumas horas de conflito. Alternativa errada.
- d) A Revolução ocorreu no Estado de São Paulo em que se buscou lutar por uma maior proximidade do governo paulista com o federal.
Ora, qual seria o sentido de se fazer uma revolução contra o poder central para ampliar a proximidade estadual com relação a esse mesmo governo? Pelo contrário, a Revolução Constitucionalista de 1932, entre outras questões, insistia na retomada do projeto de um federalismo descentralizado abandonado com a queda da Primeira República (1889-1930). Alternativa errada.
- e) Esse evento refere-se a uma tentativa dos parlamentares da câmara federal em criar uma nova constituição, mais democrática e que controlasse o poder crescente de Vargas como Presidente da República.
A alternativa é completamente descabida e não faz nenhum sentido. Em 1932, o Estado brasileiro estava vivendo sob a forma discricionária do Governo Provisório (1930-1934); consequentemente, o Congresso Nacional estava fechado entre 1930 e 1933. O Legislativo federal só seria restabelecido para organizar o texto constitucional que seria promulgado em 1934. Ou seja, não há sentido em se falar de parlamentares no período em que temos em casa. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
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