Observe a charge abaixo e responda à questão proposta sobre o papel de Vargas nos anos de 1930.
Na charge acima, Getúlio Vargas afirmava estar seguro no poder em 1934. A sátira nasceu em um momento especial da história do Brasil. Sobre este momento político em 1934, é correto afirmar que
- A) Vargas tomou o poder em 1930, colocando-se contra as oligarquias cafeicultoras de São Paulo, o que gerou uma guerra civil. Contudo, em 1934, Vargas havia destruído esta oligarquia, o que o deixava mais forte no poder.
- B) São Paulo promoveu, em 1932, uma guerra civil contra o industrialismo de Vargas. Neste momento, seu poder esteve enfraquecido. Contudo, em 1934, Vargas perdoou os paulistas, encerrou a guerra com um armistício e se garantiu no poder.
- C) ocorreu em São Paulo, em 1932, uma revolução constitucionalista, o que fez com que Vargas perdesse parte de seu apoio político. Todavia, em 1934, Vargas havia recomposto suas alianças políticas e oligárquicas, o que o garantia no poder novamente.
- D) Vargas se indispôs contra os industriais paulistas, como o conde Matarazzo, em 1932. Contudo, em 1934, foi feita uma aliança com estes industriais, a guerra empresarial encerrou e Vargas voltou a ter o apoio político para governar o Brasil.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) ocorreu em São Paulo, em 1932, uma revolução constitucionalista, o que fez com que Vargas perdesse parte de seu apoio político. Todavia, em 1934, Vargas havia recomposto suas alianças políticas e oligárquicas, o que o garantia no poder novamente.
Gabarito: Letra C
Quando Vargas tomou o poder em 1930, a constituição de 1891 foi revogada e o país estava sem uma lei que organizasse o novo regime político. Vargas era o chefe do Governo Provisório e governava através de decretos.
E nesse processo de centralização política, Vargas retirou a autonomia do estado de São Paulo, nomeando um interventor tenentista pernambucano e substituindo o Instituto do Café do estado de São Paulo por um órgão federal (Conselho Nacional do Café)
O chefe do governo sabia que não poderia elaborar uma nova constituição sem ter implantado parte de suas propostas, daí, adiar a convocação da Assembleia Constituinte.
Essa demora fez com que as elites paulistas (oligarcas e industriais) e parte da classe média da capital organizassem movimentos pró-constituição. A bandeira constitucional significava eleição e, com ela, também havia a chance de São Paulo readquirir o controle da República.
Em 1932 ocorreu o movimento conhecido como “Revolução Constitucionalista”, um conflito envolvendo as forças militares do governo provisório contra as de São Paulo com apoio dos civis. Com um número maior de soldados e uma artilharia mais efetiva, o governo provisório acabou vencendo o movimento constitucionalista.
Vargas mandou prender os rebeldes, expulsou oficiais do Exército, cassou os direitos civis dos principais implicados no levante, despachou para o exílio as lideranças políticas e militares do estado, mandou reorganizar a Força Pública e reduzi-la ao status de órgão policial. A elite paulista estava derrotada momentaneamente.
Depois disso, para se manter no poder precisou negociar com os derrotados, nomeando um interventor civil paulista, instruiu o Banco do Brasil a assumir os bônus de guerra emitidos pelos bancos de São Paulo e confirmou a convocação para a Assembleia Constituinte.
A Assembleia produziu a constituição de 1934 e elegeu indiretamente Getúlio Vargas como presidente para um mandato de quatro anos, até 1938, mas Vargas deu um golpe, estabelecendo o Estado Novo em 1937.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Vargas não destruiu a oligarquia paulista, apenas a enfraqueceu retirando parte de sua autonomia econômica e política. Além do mais para as eleições de deputados em 1933-1934 grande parte dos eleitos estava ligada àqueles que se opuseram a Vargas em 1932.
Letra B: São Paulo promoveu uma guerra contra a centralização política de Vargas que retirou a autonomia paulista para comandar o próprio estado. Após o conflito, Vargas perseguiu os principais líderes e depois passou a negociar com a elite econômica paulista.
Letra D: Segundo a biografia de Francesco Matarazzo, o empresário se manteve neutro nos conflitos de 1932, embora, muitas vezes tenha sido prejudicado pelas medidas do governo provisório.
Textos usados para elaborar a resposta:
COUTO, Ronaldo Costa. Matarazzo: Colosso Brasileiro (V2). São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2004
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 2ª edição. São Paulo: EdUSP, 1995.
MAYRINK, José Maria. Revolução de 1932: derrota militar, vitória política. Disponível em: https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,revolucao-de-1932-derrota-militar-vitoria-politica,10000061815. Acesso: 04 jan. 2020.
Deixe um comentário