Questões Sobre Era Vargas (1930-1945) - História - concurso
671) “Foi um dos grandes nomes da história do Brasil no século XX. Ficou conhecido por ter sido o Presidente brasileiro que mais tempo ocupou a presidência (entre 1930 e 1945). Nascido de uma família de estancieiros no Rio Grande do Sul, foi alçado à presidência em 1930, permanecendo no poder durante 15 anos.” Trata-se de:
- A) Café Filho.
- B) Júlio Prestes.
- C) Getúlio Vargas.
- D) Artur Bernardes.
672) Leia as afirmações a seguir.
- A) II, IV e V.
- B) I, III e V.
- C) II, III e V.
- D) I, II e IV.
- E) II, III e IV.
A alternativa correta é letra E) II, III e IV.
Vamos analisar cada uma das afirmações para identificar quais estão corretas.
FALSO. A Ação Integralista Brasileira (AIB) foi um movimento de extrema-direita, liderado por Plínio Salgado. O integralismo, ideologia que fundamentava a AIB, era de caráter nacionalista e autoritário, inspirado nos movimentos fascistas europeus, e não de extrema-esquerda.
VERDADEIRO. O integralismo brasileiro tinha muitas semelhanças com os movimentos fascistas europeus, surgidos no período entre as duas guerras mundiais. Assim como eles, defendia uma ideologia nacionalista, autoritária e corporativista. Além disso, a AIB adotava símbolos e rituais semelhantes aos dos movimentos fascistas, como a saudação com o braço estendido e o uso de uniformes.
VERDADEIRO. O integralismo era, de fato, antiliberal, rejeitando tanto o liberalismo econômico quanto o político. Defendia um Estado forte e autoritário, que controlasse a economia e a sociedade. Isso atraiu o apoio de vários setores conservadores da sociedade brasileira, incluindo parte do movimento monarquista, que via no integralismo uma alternativa à República, considerada por eles como um regime liberal e decadente.
VERDADEIRO. A AIB foi, de fato, o primeiro partido político brasileiro com uma atuação nacional. Diferentemente dos partidos da Primeira República, que eram baseados em interesses regionais, a AIB tinha seções em todo o país e buscava mobilizar as massas em torno de um projeto nacional.
FALSO. Apesar de ter enfrentado resistência e perseguição, a AIB conseguiu eleger vários representantes para as câmaras municipais e as assembleias estaduais. Em 1934, por exemplo, elegeu três deputados federais e vários deputados estaduais.
Portanto, as afirmações II, III e IV estão corretas. A alternativa que corresponde a essa combinação é a LETRA E.
673) Ao analisar a Revolução de 1930, o historiador Boris Fausto considerou que
- A) econômica, voltada progressivamente para o objetivo de priorizar a modernização da agricultura de exportação, especialmente do café do Sudeste e do algodão nordestino.
- B) cultural, preocupada com a ampliação da liberdade de produção artística, ao mesmo tempo em que a expansão das transmissões radiofônicas foi deliberadamente entravada.
- C) social, voltada a dar algum tipo de proteção aos trabalhadores urbanos, incorporando-os, posteriormente, a uma aliança de classes promovida pelo poder estatal.
- D) educacional, promovendo a universalização da educação primária em todo território nacional, além da proibição de qualquer forma de ensino religioso na escola pública.
- E) política, dirigida para o fortalecimento das casas legislativas em todas as instâncias e o gradativo enfraquecimento das prerrogativas do Poder Executivo, principalmente no nível federal.
A alternativa correta é letra C) social, voltada a dar algum tipo de proteção aos trabalhadores urbanos, incorporando-os, posteriormente, a uma aliança de classes promovida pelo poder estatal.
Gabarito: Letra C
Social, voltada a dar algum tipo de proteção aos trabalhadores urbanos, incorporando-os, posteriormente, a uma aliança de classes promovida pelo poder estatal.
A Revolução de 1930 inaugurou um novo tipo de Estado que entre os seus elementos constitutivos contou também com uma maior atenção voltada para a questão social, na qual o Estado buscou assumir o compromisso com a proteção dos trabalhadores urbanos através de um legislação trabalhista e social.
Foi durante a Era Vargas (1930-1945) que uma série de direitos trabalhistas são criados a partir de reivindicações antigas da classe trabalhadora. A partir desse momento, trabalhadores urbanos passaram a ter acesso a uma série de direitos que antes lhes eram negados.
Entre 1931 e 1934, foi promulgada a maior parte desses direitos trabalhistas: limitação da jornada de trabalho, regulamentação do trabalho feminino e infantil, pagamento de horas extras, férias, pensões e aposentadorias, entre outros.
Para assegurar que os patrões acatassem a legislação, foram instituídas as Juntas de Conciliação e Julgamento, que resultariam na Justiça do Trabalho (1939). Mais tarde, em 1943, toda essa legislação trabalhista foi reunida na Consolidação das Leis do Trabalho, também conhecida por CLT. Contudo, a legislação trabalhista beneficiou apenas os trabalhadores urbanos, já que os trabalhadores rurais não foram incluídos nos benefícios dessa legislação, tendo acesso a eles apenas mais tarde durante o governo de João Goulart (1961-1964).
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: econômica, voltada progressivamente para o objetivo de priorizar a modernização da agricultura de exportação, especialmente do café do Sudeste e do algodão nordestino.
Não houve durante a Era Vargas (1930-1945) a priorização da modernização da agricultura de exportação, pelo contrário, esse período ficou conhecido pela busca de diversificação da economia através da superação da dependência do setor cafeeiro e da ampliação da participação da indústria na economia nacional.
Letra B: cultural, preocupada com a ampliação da liberdade de produção artística, ao mesmo tempo em que a expansão das transmissões radiofônicas foi deliberadamente entravada.
Durante a Era Vargas (1930-1945) as transmissões radiofônicas foram amplamente utilizadas de acordo com os objetivos propagandistas do governo. Nesse período também não houve uma preocupação de ampliar a liberdade de produção artística, visto que no período final da Era Vargas, o Estado Novo (1937-1945), o governo organizou a censura a peças teatrais, filmes, rádios, obras literárias, jornais atividades recreativas, exercendo o controle sobre o que era produzido.
Letra D: educacional, promovendo a universalização da educação primária em todo território nacional, além da proibição de qualquer forma de ensino religioso na escola pública.
Durante a Era Vargas (1930-1945) foi instituído um sistema público de educação básica e foram criadas Escolas Normais para a Formação de professores, mas não houve a proibição do ensino religioso na escola pública, ficando esse facultativo.
Letra E: política, dirigida para o fortalecimento das casas legislativas em todas as instâncias e o gradativo enfraquecimento das prerrogativas do Poder Executivo, principalmente no nível federal.
Durante a Era Vargas (1930-1945) não houve o fortalecimento das casas legislativas e nem o enfraquecimento das prerrogativas do Poder Executivo, especialmente a nível federal, visto que a maior parte desse período, de 1930 a 1934 – Governo Provisório, e de 1937 a 1945 – Estado Novo, houve o fechamento ou supressão dos órgãos do poder legislativo e a centralização do poder nas mãos do executivo.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
674) Em relação à primeira fase do governo provisório de Getúlio Vargas, que se estende de 1930 a 1934, conforme os estudos de Eli Diniz (1999), analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta.
- A) Todas estão corretas.
- B) Todas estão incorretas.
- C) Apenas I está correta.
- D) Apenas I e II estão corretas.
- E) Apenas III e IV estão corretas.
I. Tinha uma bandeira reformista relacionada com a justiça social, a questão da igualdade e das liberdades políticas.
Isso é correto, pois o governo de Vargas buscava implementar reformas sociais e políticas visando promover a justiça social e a igualdade.
II. Manteve a assiduidade à produção da extensa legislação trabalhista e previdenciária, que regularia o trabalho urbano.
Também correto, já que durante esse período foram criadas várias leis trabalhistas e previdenciárias, como a criação do Ministério do Trabalho em 1930 e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
III. Configuração do status de trabalhador com carteira de trabalho assinada e reconhecida pelo Ministério do Trabalho.
Correto, porque a formalização do trabalho e a introdução da carteira de trabalho assinada foram medidas importantes do governo de Vargas para proteger os direitos dos trabalhadores.
IV. Marcado pelo entrechoque de tendências distintas e mesmo contraditórias, comportando tanto valores liberais quanto autoritários.
Correto, pois o governo de Vargas teve aspectos liberais nas reformas sociais e econômicas, mas também foi autoritário em muitos aspectos, incluindo a centralização do poder e a repressão a opositores.
675) “Façamos a revolução antes que o povo a faça.” A frase, atribuída ao governador de Minas Gerais, Antônio Carlos de Andrada, deixa entrever a ideologia política da Revolução de 1930. Sobre este processo histórico, avalie as afirmações.
- A) Estão corretas somente as afirmativas I e II
- B) Estão corretas somente as afirmativas II e III
- C) Estão corretas somente as afirmativas II e IV
- D) Estão corretas somente as afirmativas I e III
- E) Estão corretas somente as afirmativas I e IV
Resposta
A alternativa correta é letra D) Estão corretas somente as afirmativas I e III.
Explicação
A frase "Façamos a revolução antes que o povo a faça" atribuída ao governador de Minas Gerais, Antônio Carlos de Andrada, revela a ideologia política da Revolução de 1930, que buscou evitar uma revolução popular e impor uma mudança política controlada pelas elites.
Afirmativa I: Verdadeira. A Aliança Liberal foi uma chapa eleitoral criada por oligarcas dissidentes, liderada por Getúlio Vargas, que prometia medidas reformistas.
Afirmativa II: Falsa. As elites oligárquicas não defenderam a retomada da política de valorização do café atrelada ao aumento dos investimentos na indústria paulista. Ao contrário, elas defendiam a manutenção do status quo.
Afirmativa III: Verdadeira. O presidente Washington Luís resolveu apoiar a candidatura do mineiro Júlio Prestes, mantendo o antigo arranjo da "Política do Café com Leite", em que os latifundiários mineiros e paulistas alternavam-se no mandato presidencial.
Afirmativa IV: Falsa. A oligarquia não olhou com atenção para os setores sociais emergentes (militares, classe média e operária) na formação da Aliança Liberal. A Aliança Liberal foi uma aliança entre oligarcas dissidentes e não uma coalizão com setores emergentes.
676) Leia o enunciado e assinale a alternativa CORRETA.
- A) As manifestações de protesto das classes médias contra as denúncias de corrupção nas eleições, levando as forças armadas a organizar a intervenção militar.
- B) O apoio de Luís Carlos Prestes junto aos Tenentes e do anarcossindicalismo paulista.
- C) O assassinato de João Pessoa em Pernambuco e o protagonismo da “geração de 1907” no Rio Grande do Sul.
- D) Os impactos do New Deal sobre a economia cafeeira brasileira e as crises entre governo federal e militares.
- E) As pressões revolucionárias do movimento operário e a cisão entre as elites políticas brasileiras.
A alternativa correta é letra C) O assassinato de João Pessoa em Pernambuco e o protagonismo da “geração de 1907” no Rio Grande do Sul.
Gabarito: ALTERNATIVA C
Leia o enunciado e assinale a alternativa CORRETA.
As eleições presidenciais de março de 1930 no Brasil opuseram Júlio Prestes a Getúlio Vargas. A vitória coube ao primeiro, Júlio Prestes, paulista e candidato que representava a manutenção do quadro político vigente. Em outubro do mesmo ano, um golpe de estado derrubou o presidente Washington Luiz e levou o grupo dissidente, inicialmente autodenominado Aliança Liberal, ao poder.
(FERREIRA, Marieta de M. e PINTO, Surama Conde Sá. A crise dos anos 1920 e a Revolução de 1930. In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (Org.). O Brasil Republicano I. O tempo do liberalismo excludente. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 2008, pp. 389-433.)
Dentre os elementos que tornaram esse golpe possível, podemos elencar:
a) As manifestações de protesto das classes médias contra as denúncias de corrupção nas eleições, levando as forças armadas a organizar a intervenção militar.
A Revolução de 1930 foi organizada sobretudo por lideranças civis sem que as Forças Armadas opusessem sérias resistências à ruptura da ordem institucional. Ainda que houvesse, sim, uma importante manifestação de descontentamento entre as classes médias urbanas por conta das clamorosas fraudes nas eleições de 1930, esse era um setor muito reduzido dentro do jogo político brasileiro como um todo, havendo, isso sim, um grande protagonismo das oligarquias ascendentes e desconectadas com a velha ordem da Primeira República (1889-1930). Alternativa errada.
b) O apoio de Luís Carlos Prestes junto aos Tenentes e do anarcossindicalismo paulista.
A Coluna Preste foi uma das manifestações mais importantes do tenentismo, característico da década de 1920. Esses jovens oficiais do Exército entendiam que a Primeira República (1889-1930), ao passar a ser controlada pelas oligarquias, havia traído os princípios positivistas que animaram o Exército a derrubar a monarquia em 1889. O sonho positivista previa que a forma republicana levaria à ordenação racional e perfeita do Estado e da sociedade, encaminhando o Brasil à superação de suas dificuldades históricas em direção à modernidade. Trinta anos depois da Proclamação da República, o país continuava dependente da agroexportação, com instituições ultrapassadas e corruptas e muito distante de qualquer sopro modernizante. Neste contexto, Luís Carlos Prestes, jovem oficial do Exército, lançou-se com outros militares numa marcha pelo país dispostos a denunciar sistematicamente as mazelas daquela república deturpada e a defender, com um corte mais ligado às questões sociais, a retomada dos princípios positivistas para organizar o Estado brasileiro. Além disso, a longa marcha da Coluna Prestes ocorreu entre 1925 e 1927, enquanto Getúlio Vargas só daria o golpe de Estado que o levaria ao poder em 1930. Sobre isso, não pode o estudante confundir a Coluna Prestes com a Intentona Comunista, liderada pelo mesmo Luís Carlos Prestes em 1935, já se opondo ao governo Vargas. Por fim, há de se dizer que o anarcossindicalismo brasileiro ficou profundamente abalado após a Greve Geral de 1917, em cuja esteira o governo federal empreendeu uma grande repressão às organizações dos trabalhadores, inclusive deportando operários europeus imigrantes que trouxeram o pensamento anarquista para o país. Alternativa errada.
c) O assassinato de João Pessoa em Pernambuco e o protagonismo da “geração de 1907” no Rio Grande do Sul.
A Revolução (ou Golpe) de 1930 marcou o fim da Primeira República (1889-1930) e está inserida num longo processo de questionamento contra a ordem estabelecida. Após os tumultos dos dois primeiros governos militares, a república brasileira enveredou pelo chamado "teatro das oligarquias", quando a política foi dominada pelas oligarquias agroexportadoras (principalmente de São Paulo e de Minas Gerais), que conseguiram organizar um sistema de governabilidade muito estável e sem debates reais. A vida democrática brasileira era extremamente frágil nesse período, com fraudes de toda sorte e uma legislação bastante restritiva contra a participação popular; esvaziando, na prática, todo o processo eleitoral em favor das elites dominantes. Desse contexto emergiria o chamado tenentismo, que se configuraria em uma série de levantes armados pelo país para contestar o governo central, exigindo, muitas vezes, soluções enérgicas por parte do Executivo federal. Duas vertentes fundamentais surgiram nesse contexto tenentista. A primeira era voltada para a mobilização de um certa elite em favor da imposição de um processo de desenvolvimento, pensando num regime mais forte e mais disposto a empreender a modernização nacional de maneira vertical. A segunda pensava o país a partir das suas mazelas sociais, observando os interiores e suas dificuldades; sua visão de modernização passava também pela superação da miséria brasileira. Enquanto a primeira teve movimentos urbanos muito emblemáticos, como o Levante dos 18 do Forte de Copacabana e a Revolta Paulista de 1924; a segunda teve na Coluna Prestes - e sua longa marcha pelo país - a sua forma mais complexa. Com a via das armas tendo sido repetidamente derrotada em episódios bastante violentos, esse movimento de contestação contra a ordem estabelecida se adensou em outras frentes, aproveitando do sentimento de contestação lançado pelos levantes. Outras elites estaduais começaram a ver o desgaste do teatro das oligarquias e o descaso com que o governo federal as tratava; o que gerou certa tensão interna. Além disso, a questão sucessória para as eleições de 1930 fez romper definitivamente o acordo entre paulistas e mineiros, facilitando o rearranjo de forças eleitorais. Em 1930, a política paraibana estava no centro da maior contestação eleitoral ocorrida contra o teatro das oligarquias (a "política do café-com-leite"): o governador João Pessoa se aliou a Getúlio Vargas para disputar, como vice, as eleições presidenciais de 1930. Naquele momento, o pacto das oligarquias paulista e mineira estava rachado e a Aliança Liberal, lançada por Vargas, conseguiu atrair a adesão de várias lideranças estudais para a sua candidatura. Ao mesmo tempo, na Paraíba, Pessoa enfrentava a reação dos oligarcas do interior, que resistiam fortemente às pretensões de desmonte da Política dos Governadores sustentada pela oligarquia paulista - além de estarem profundamente insatisfeitos com o arrocho sobre a arrecadação fiscal sobre o comércio com Pernambuco que a reforma tributária de João Pessoa criara 1928 -; insatisfação essa que redundaria na Revolta de Princesa, quando cidades do interior da Paraíba se levantaram contra o governo estadual sob a liderança de oligarcas e coronéis. Símbolo importante desse esforço modernizador, Pessoa seria convidado para ser vice na chapa presidencial de Getúlio Vargas, lançando a Aliança Liberal acima das velhas oligarquias - com as quais ambos haviam rompido quando à frente dos governos de seus estados. Vargas e Pessoa, no entanto, sairiam derrotados das eleições num processo marcado por graves fraudes, agravando a tensão nacional sobre o futuro da república, apesar da vitória formal de Júlio Prestes, o candidato da oligarquia paulista. Em julho de 1930, no Recife, João Pessoa foi assassinado por um aliado de um dos principais líderes da Revolta de Princesa; e sua morte contaminou todo o noticiário nacional, ajudando a criar o clima de revolta geral que precipitaria a Revolução de 1930. Ainda que as fraudes tenham dado uma vitória às oligarquias, o custo político da manobra acabou sendo fatal, já que as demais elites conseguiram mobilizar forças para o movimento decisivo. Vinte dias antes da posse do novo presidente, Vargas invadiu o Rio de Janeiro com forças rebeldes e com ampla adesão, desfechando a Revolução de 1930 contra o presidente Washington Luís. Feito presidente provisório do país, Vargas fez valer as suas raízes do positivismo gaúcho em nome da modernização do país sob um regime centralizador. Portanto, o fim da República oligárquica brasileira não pode ser compreendido no momento estrito da sua deposição, estando antes inscrita num longo processo de contestação. ALTERNATIVA CORRETA.
d) Os impactos do New Deal sobre a economia cafeeira brasileira e as crises entre governo federal e militares.
A alternativa tem erro básico na sua cronologia, pois o New Deal, programa americano de recuperação econômica contra a Grande Depressão, só seria lançado em 1933; ou seja, três anos mais tarde que a revolução que levou Vargas ao poder. Além disso, foi a crise de 1929 e a decorrente recessão econômica global que enfraqueceram de maneira mais severa a oligarquia cafeeira por conta da rápida contração das exportações do produto. Por fim, como já explicado acima, não se pode falar que um descolamento entre o governo federal e os militares tenha sido decisivo para a deflagração do processo revolucionário em si. Alternativa errada.
e) As pressões revolucionárias do movimento operário e a cisão entre as elites políticas brasileiras.
Como explicado acima, o movimento operário passou por gravíssima repressão a partir da Greve Geral de 1917, não sendo uma força realmente capaz de desestabilizar as instituições em 1930. A cisão entre as elites políticas foi, sim, um aspecto importantíssimo; primeiro, entre os modernizadores de corte positivista e os reacionários comprometidos com a agroexportação. Depois, há de se observar que, entre os defensores do status quo, houve uma cisão decisiva quando os cafeicultores paulistas insistiram em fazer de Júlio Prestes seu candidato à presidência para 1930, rompendo a alternância com indicados mineiros, fazendo com que o Partido Republicano Mineiro rompesse com o Partido Republicano Paulista, o que significou o colapso do núcleo do sistema de governabilidade da Primeira República (1889-1930). Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
677) Pode-se afirmar que entre 1930 e 1970 o poder Executivo possuía maior hegemonia no Estado brasileiro, porque dispunha das bases constitucionais, recursos financeiros, condições organizatórias e pessoal especializado para atuar. Sobre o contexto da pós-Revolução de 1930, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F) para cada uma delas.
- A) F - V - F
- B) V - F - V
- C) F - F - F
- D) V - F - F
- E) V - V - V
A alternativa correta é letra E) V - V - V
Gabarito: Letra E
A sequência correta é: V - V - V
Analisemos as afirmativas:
(V) A revolução criou condições para o desenvolvimento do Estado burguês, a partir de valores sociais e culturais e também representou, em certo sentido, a derrota do Estado oligárquico.
A Revolução de 1930 representou a vitória do programa reformista da Aliança Liberal sobre o Estado Oligárquico que vigorava durante a Primeira República (1889-1930), visto que a gênese desse movimento foram as eleições de março de 1930, que demarcaram a vitória do projeto oligárquico sobre o projeto da Aliança Liberal.
Como essa vitória nas urnas do candidato da oligarquia paulista não foi bem aceita pelos líderes da Aliança, um clima de revolta foi crescendo em diversas regiões do país promovendo o ambiente político para a eclosão da Revolução de 1930.
Assim, os valores e projetos que permeavam a Aliança Liberal, tais como a luta pela instituição do voto secreto (para acabar com as fraudes eleitorais e a pressão dos coronéis), o projeto de criação de algumas leis trabalhistas, o incentivo à produção industrial, a reforma da educação pública, a criação de uma Justiça Eleitoral, entre outros, marcaram o contexto de surgimento da chamada Era Vargas (1930-1945) e da transição de um Estado Oligárquico para um Estado burguês, regido por um estado de direito que esteve melhor representado pelo período da Era Vargas chamado de Governo Constitucional (1934-1937).
(V) A política dos anos 1930 a 1945 representou interesses de grupos econômicos e políticos em reformular a dependência estrutural do sistema econômico brasileiro.
A política econômica desenvolvida pelo governo Vargas ao longo da década de 1930 visou a diversificação da economia brasileira a partir da ampliação da participação da indústria na economia nacional. Em outras palavras, buscava-se abandonar a dependência do setor cafeeiro a partir da adoção de uma política industrial, a industrialização por substituição de importações, que pretendia substituir artigos importados por aqueles fabricados no Brasil, o que foi feito a partir do aumento das taxas de importação e diminuição dos impostos sobre a indústria, estimulando a produção interna e o consumo de bens nacionais.
Dessa forma, essa política representou o interesse dos grupos que viam o atraso econômico brasileiro como fruto da sua condição de agroexportador de café e de dependente dos grandes centros capitalistas e que defendiam a necessidade do Estado atuar no planejamento econômico e no financiamento da produção, incentivando a industrialização por meio da substituição das importações, diversificando e modernizando a produção agrícola, reorientando a produção com o objetivo de formar um mercado interno de consumidores. Política essa chamada de nacional-desenvolvimentista.
(V) A Revolução de 1930 e a reestruturação das relações com o próprio capitalismo ocorreram simultaneamente, quando passaram a existir possibilidades de redefinição das relações do país com o capitalismo mundial.
A Revolução de 1930 ocorreu ao mesmo tempo em que o capitalismo liberal vivia uma crise de nível mundial, decorrente da chamada Crise de 1929, que lançou em descrédito o liberalismo econômico por esse não apresentar instrumentos válidos para a superação da crise por ele mesmo gerada.
Ao mesmo tempo que as práticas capitalistas precisaram ser revisadas a nível mundial, o que proporcionou até mesmo uma nova forma de gerir o capitalismo, baseada nas ideias do economista John Maynard Keynes, que levaria ao desenvolvimento do chamado Estado de bem-estar social, os países dependentes da América Latina, inclusive o Brasil, tiveram que reformular sua prática econômica para superar a sua dependência da economia mundial.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
678) O surgimento da Coluna Prestes se deu no contexto
- A) da expansão do movimento tenentista, principalmente nos estados do Sul e do atual Sudeste, e das reivindicações por uma ampla reforma política que assegurasse, entre várias demandas sociais e políticas, o voto secreto, o acesso ao ensino primário e o fim do poder das oligarquias.
- B) da insatisfação de parte dos militares com a chamada República Velha, em virtude do poder abusivo exercido por determinadas oligarquias regionais, exigindo, como solução, um golpe militar e uma restruturação do sistema de governo de partido único, por meio da qual as Forças Armadas passariam a ter especial influência sobre o Poder Executivo.
- C) da chamada Revolução de 30, sob a liderança de Getúlio Vargas, que decidiu pela criação da Coluna a fim de ocupar a capital do país e enfrentar a cúpula do Exército e os movimentos conservadores, como os integralistas, que apoiavam a chamada política do café com leite.
- D) da influência das ideias marxistas entre os jovens militares brasileiros que, insatisfeitos com o governo autoritário de Artur Bernardes, se reuniram, nos anos 1920, sob a liderança do comunista Luís Carlos Prestes e formaram uma coluna com aspirações revolucionárias.
- E) de crescimento da oposição popular e da imprensa ao governo, dadas as evidências de práticas antidemocráticas, como o voto de cabresto e a concessão de privilégios econômicos às oligarquias cafeeiras, fatores que resultaram em uma ampla frente popular armada, composta majoritariamente por camponeses, que contou com a preparação militar dos tenentes.
A alternativa correta é letra A) da expansão do movimento tenentista, principalmente nos estados do Sul e do atual Sudeste, e das reivindicações por uma ampla reforma política que assegurasse, entre várias demandas sociais e políticas, o voto secreto, o acesso ao ensino primário e o fim do poder das oligarquias.
Gabarito: Letra A
Da expansão do movimento tenentista, principalmente nos estados do Sul e do atual Sudeste, e das reivindicações por uma ampla reforma política que assegurasse, entre várias demandas sociais e políticas, o voto secreto, o acesso ao ensino primário e o fim do poder das oligarquias.
O surgimento da Coluna Prestes (ou Coluna Prestes-Miguel Costa) se deu no contexto das revoltas tenentistas que marcaram os anos 20 da Primeira República Brasileira, pois surgiu da reunião das forças tenentistas de São Paulo e Rio Grande do Sul, no Foz do Iguaçu, Paraná, para juntas percorrerem mais de 24 km visando arregimentar o apoio da população para o início de novas revoltas contra o governo e as oligarquias e em defesa de uma ampla reforma política. Teve como líderes Carlos Prestes e Miguel Costa e ocorreu entre os anos de 1924 e 1927.
Sendo parte do movimento tenentista, a Coluna Prestes ou Prestes-Miguel Costa defendia a instituição do voto secreto e a criação de uma Justiça Eleitoral (para acabar com as fraudes eleitorais e a pressão dos coronéis), a criação de algumas leis trabalhistas, o incentivo à produção industrial, a reforma da educação pública (para que houvesse uma oferta de ensino público e gratuito a todos os brasileiros), a moralização da administração pública e o fim da corrupção, entre outros valores.
Por que as demais estão incorretas?
Letra B: da insatisfação de parte dos militares com a chamada República Velha, em virtude do poder abusivo exercido por determinadas oligarquias regionais, exigindo, como solução, um golpe militar e uma restruturação do sistema de governo de partido único, por meio da qual as Forças Armadas passariam a ter especial influência sobre o Poder Executivo.
A Coluna Prestes ou Coluna Prestes-Miguel Costa não defendia um golpe militar seguido de uma restruturação do sistema de partido único como afirma a alternativa e, portanto, não era esse o contexto de surgimento dessa coluna. Mas sim, o da oposição de parte da sociedade, na qual se incluíam setores de baixa e média oficialidade do Exército, os chamados tenentes, às práticas de dominação e mando das oligarquias que estavam no poder e o desejo de empreender uma reforma política ampla para a superação dessas práticas.
Letra C: da chamada Revolução de 30, sob a liderança de Getúlio Vargas, que decidiu pela criação da Coluna a fim de ocupar a capital do país e enfrentar a cúpula do Exército e os movimentos conservadores, como os integralistas, que apoiavam a chamada política do café com leite.
A Coluna Prestes ou Coluna Prestes-Miguel Costa é anterior à Revolução (ou Golpe) de 1930 e não foi liderada por Getúlio Vargas. O movimento integralista também é posterior a essa coluna e à Revolução (ou Golpe) de 1930 e, portanto, não apoiava a política do café com leite. A Coluna Prestes-Miguel Costa, teve como líderes Carlos Prestes e Miguel Costa e ocorreu entre os anos de 1924 e 1927. Já o movimento integralista surgiu em 1932.
Letra D: da influência das ideias marxistas entre os jovens militares brasileiros que, insatisfeitos com o governo autoritário de Artur Bernardes, se reuniram, nos anos 1920, sob a liderança do comunista Luís Carlos Prestes e formaram uma coluna com aspirações revolucionárias.
O movimento tenentista, formado por jovens militares brasileiros, não agiu por influência de ideias marxistas, apesar da verdadeira insatisfação que demonstravam em relação ao governo de Arthur Bernardes. Foi formado por diversos movimentos armados, tendo, portanto, mais de uma liderança. Além dos movimentos armados, fez também parte do movimento tenentista a Coluna Prestes-Miguel Costa, que tinha o objetivo de arregimentar o apoio da população para o início de novas revoltas contra o governo. A coluna possuía como líderes Luís Carlos Prestes, que nessa época ainda não era comunista, e Miguel Costa.
Letra E: de crescimento da oposição popular e da imprensa ao governo, dadas as evidências de práticas antidemocráticas, como o voto de cabresto e a concessão de privilégios econômicos às oligarquias cafeeiras, fatores que resultaram em uma ampla frente popular armada, composta majoritariamente por camponeses, que contou com a preparação militar dos tenentes.
O movimento tenentista, do qual fez parte a Coluna Prestes-Miguel Costa, não resultou de uma ampla frente popular armada, composta majoritariamente por camponeses, como diz a afirmativa. Apesar de certo apoio da classe média suburbana, não dos camponeses, o movimento tenentista foi resultado da mobilização de forças militares de baixa patente e praticamente não envolveu militarmente a população.
Referências:
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 3. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: o mundo por um fio: do século XX ao XXI, volume 3. São Paulo: Saraiva, 2010.
679) Sobre o Estado Getulista, de 1930 a 1945, pode-se afirmar que:
- A) Apenas I.
- B) Apenas II.
- C) Apenas III.
- D) Apenas I e II.
- E) Apenas II e III.
A alternativa correta é letra C) Apenas III.
Gabarito: ALTERNATIVA C
- I. Getúlio Vargas permaneceu no poder por um período de 14 anos sucessivamente.
A afirmativa é completamente desprovida de sentido e não pode, em hipótese alguma, impor qualquer dificuldade ao estudante; afinal, o próprio enunciado desmente o que é aqui proposto. Em seu primeiro período como presidente (também referido como Era Vargas), Getúlio Vargas permaneceu no poder de 1930 (Revolução de 1930) a 1945 (deposição do Estado Novo); ou seja, trata-se de um período ininterrupto de catorze anos. Na década seguinte, agora pela via democrática, Vargas voltaria à presidência, governando o país entre 1951 e 1954. Afirmativa falsa.
- II. Getúlio Vargas é um político histórico brasileiro do século XX, provindo de uma família tradicional afro-brasileira do interior de Minas Gerais.
Em primeiro lugar, Vargas nasceu no século XIX (mais precisamente em 1882) e, foi sim, uma força decisiva e central na política nacional por cerca de trinta anos. Sua origem, no entanto, é de uma família tradicional de estancieiros da região de São Borja, que fica localizado na fronteira entre o Rio Grande do Sul e a Argentina. Sua carreira política teria início dentro do esforço positivista gaúcho, chegando a governar o estado entre 1928 e 1930. Por fim, cumpre esclarecer que a família Vargas não era afro-brasileira, e sim de típica colonização branca da fronteira gaúcha. Afirmativa falsa.
- III. Foi um governo que passou por várias fases, apresentando-se em certo momento como inovador e, em outro, como opressor, que cooptava figuras políticas e classes trabalhadoras e, assim, também os perseguia, conforme o conjunto de interesses em questão.
A Era Vargas pode ser subdividida em três momentos: Governo Provisório (1930-1934), Governo Constitucional (1934-1937) e Estado Novo (1937-1945). O Estado Novo (1937-1945) foi o período ditatorial por excelência da Era Vargas (1930-1945), no qual houve uma clara ruptura com qualquer compromisso democrático em nome do fortalecimento do Estado para a defesa nacional, incluindo uma certa coloração fascista em sua organização. Com a Constituição de 1937 - que fora francamente inspirada na Constituição totalitária polonesa -, Vargas declarava que as rivalidades partidárias e as dissidências internas eram um risco eminente para o Brasil e para a sociedade, sendo necessário suprimir esse tipo de disputa em favor do combate à infiltração comunista e do desenvolvimentismo. Considerados produtos das "ultrapassadas" democracias liberais, o Parlamento e os partidos políticos foram extintos já em 1937, e, mesmo que a Constituição previsse a restauração do Congresso Nacional, este não foi restabelecido até 1945. Ainda que formas discricionárias e o arbítrio do governo central fossem recorrentes em toda Era Vargas, há de se observar que havia uma percepção de que era necessário convergir esforços em nome do desenvolvimento econômico e da modernização geral do país. Com isso, não foram poucos os intelectuais e acadêmicos que se aproximaram do governo em busca de contribuir para um esforço maior pela transformação nacional, o que era absolutamente inviável na Primeira República (1889-1930). Paralelamente, também eram cooptadas as organizações sindicais dentro de um projeto centralizador e disciplinado, que tanto acenava para a formação de um trabalhismo industrial e urbano quanto inadmitia movimentos mais exaltados de contestação popular. AFIRMATIVA VERDADEIRA.
Assim, é verdadeira apenas a afirmativa III.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
680) A organização política no Brasil, na década de 1930, caracterizava-se por convicções e princípios intelectuais. Entre essa organização, existiu o movimento que se definia como uma doutrina nacionalista, desvalorizando a economia, combatendo o capitalismo financeiro e objetivando uma consciência do valor espiritual, do qual o lema era “Deus, Pátria e Família”.
- A) Integralismo.
- B) Tenentismo.
- C) Joanino.
- D) Coronelismo.
- E) Coluna Prestes.
A alternativa correta é letra A) Integralismo.
Gabarito: ALTERNATIVA A
- A qual movimento se refere o contexto apresentado?
A Ação Integralista Brasileira (AIB) era uma certa expressão brasileira do fascismo reunida sob a liderança de Plínio Salgado e sob o lema "Deus, Pátria e Família", o que deixa clara a abordagem tradicionalista do movimento. De corte nacionalista de extrema-direita e com ares de supremacismo, a AIB contou por anos com a conivência do governo Vargas, cujas bases conceituais mais elementares guardavam expressivas semelhanças com os regimes totalitários de direita da Europa. Quando o Golpe do Estado Novo (1937), Vargas não economizou na retórica fascista para justificar o fortalecimento do Estado, o autoritarismo do regime e o distanciamento decisivo sobre as instituições liberais. No entanto, colocou a si próprio como o centro daquelas reformas e da proteção maior da pátria; o que significava, na prática, o banimento de todos os partidos políticos e graves restrições ao associativismo, proscrevendo também a AIB. Até aquele momento, os integralistas tinham certeza da adesão de Vargas aos seus princípios e até se preparavam para as possíveis eleições que deveriam acontecer em janeiro de 1938; mas viram todas as suas expectativas frustradas muito rapidamente. Como resposta, lançaram dois pequenos levantes armados em 1938 no Rio de Janeiro: no primeiro, arremeteram contra instalações da Marinha e a da importante Rádio Mayrink Veiga; e, no segundo, tentaram sitiar o Palácio Guanabara, residência oficial da presidência, para depor Vargas. A organização precária do movimento, no entanto, impediu qualquer chance de sucesso, sendo repelidos pela guarda presidencial e pela resposta armada da própria família de Vargas ao cerco. Como resultado, Plínio Salgado partiria para o exílio em Portugal e a AIB se dissolveria com parte importante dos seus membros presos. Assim, observemos as alternativas propostas.
- a) Integralismo.
ALTERNATIVA CORRETA.
- b) Tenentismo.
O tenentismo foi, de maneira geral, uma série de movimentos armados que partiram de parcelas do jovem oficialato do Exército que viam na República Velha uma traição aos princípios que animaram a Proclamação da República (1889). Para aqueles jovens, a realidade política brasileira e o estabelecimento das oligarquias agroexportadoras no centro do poder traíam os princípios fundamentais do positivismo que o próprio Exército encampara para derrubar a monarquia; e o tenentismo encarnava uma releitura e uma revitalização do pensamento positivista em ação na política brasileira. Com os levantes armados de São Paulo (Revolta Paulista de 1924) e do Rio de Janeiro (Revolta dos 18 do Forte de 1922), o tenentismo, ainda que não tenha ameaçado de fato o governo central no campo de batalha, marcou uma posição importante na vida brasileira e abriu um ciclo de revoltas que marcaria a década de 1920. Alternativa errada.
- c) Joanino.
Na bibliografia que cuida da História do Brasil, "joanino" é o adjetivo utilizado para se referir ao período compreendido entre 1808 e 1821, quando a família real portuguesa esteve instalada no Rio de Janeiro em decorrência da fuga frente à invasão francesa no reino. "Joanino" é uma referência a D. João VI, que foi príncipe regente português de 1799 a 1816, quando, após a morte de Dona Maria I, ascendeu ao trono português, no qual permaneceu até sua morte em 1826. João VI foi o principal nome de todo o período, tomando as decisões mais importantes sobre o destino português. Alternativa errada.
- d) Coronelismo.
O termo "coronel" tem de ser entendido como a denominação atribuída às lideranças oligárquicas municipais características dos interiores brasileiros do século XIX e da primeira metade do século XX. Trata-se de um sistema oligárquico mantido fundamentalmente pelo processo de alienação e pelo controle direto sobre seu reduto eleitoral, estabelecendo uma confusão imediata entre o Estado e a figura poderosa do oligarca. Em certo sentido, o coronel é capaz de sequestrar para a sua vontade o controle do Estado no âmbito local, criando uma relação de distribuição de benesses e de obediência pessoal diretamente com a população de seu alcance político. Por outro lado, a proeminência econômica lhe dá tal grau assimétrico de ascensão sobre o restante da população que esta fica refém economicamente; além de haver um domínio sobre o uso da violência para manter a ordem e a conservação dos interesses da oligarquia naquele espaço. No contexto da República Velha (1889-1930) e da Política dos Governadores, esses líderes tinham o papel importante de controlar diretamente os eleitores, bem como de restringir o acesso dos candidatos às suas áreas de domínio. Em contrapartida, aqueles que eram eleitos para os cargos estaduais e federais tinham por dever a manutenção dessas estruturas locais de poder, fazendo afluir para lá os recursos necessários para a manutenção política dessas oligarquias locais. No entanto, o funcionamento do sistema poderia colocar em rota de colisão esses coronéis com as ascendentes classes urbanas, cujos interesses sobre as reformas administrativas enfraqueciam diretamente as relações de dependências que mantinham esse coronelato. É importante destacar que essas classes urbanas tinham cada vez mais capacidade de articulação e de pressão direta sobre governadores, dificultando em muito a vida política nas cidades. Ao mesmo tempo, a orientação agroexportadora das oligarquias centrais (com destaque para mineiros e paulistas) também pouco dialogava com o cotidiano de lenta decadência econômica de muitos desses coronéis, o que dificultava algumas negociações com o poder central. Alternativa errada.
- e) Coluna Prestes.
A Coluna Prestes (1925-1927) foi uma das manifestações mais importantes do tenentismo, característico da década de 1920. Esses jovens oficiais do Exército entendiam que a Primeira República (1889-1930), ao passar a ser controlada pelas oligarquias, havia traído os princípios positivistas que animaram o Exército a derrubar a monarquia em 1889. O sonho positivista previa que a forma republicana levaria à ordenação racional e perfeita do Estado e da sociedade, encaminhando o Brasil à superação de suas dificuldades históricas em direção à modernidade. Trinta anos depois da Proclamação da República, o país continuava dependente da agroexportação, com instituições ultrapassadas e corruptas e muito distante de qualquer sopro modernizante. Portanto, a Coluna Prestes não se prestava a combater o Estado republicano, mas sim a denunciar sistematicamente as mazelas daquela república deturpada e a defender, com um corte mais ligado às questões sociais, a retomada dos princípios positivistas para organizar o Estado brasileiro. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.