Segundo a historiadora Regina da Luz Moreira, “o retorno dos contingentes da FEB precipitou (…) a queda de Vargas em 1945” (CPDOC. Disponível em: ).
Assinale a alternativa que justifica a declaração acima, relacionando a atuação do Brasil, por meio da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Segunda Guerra Mundial com o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945).
- A) Ao lutar pela democracia e contra os fascismos na Europa com a FEB, o governo de Vargas perdeu apoio interno ao manter regime autoritário.
- B) Ao lutar pela democracia e derrotar os fascismos na Europa, os pracinhas conquistaram apoio popular para derrubar a ditadura de Vargas.
- C) Ao derrubar o regime franquista na Espanha, os soldados brasileiros inspiraram a população a lutar por eleições, após 15 anos de Estado Novo.
- D) Ao derrotar os fascistas na Batalha de Monte Castelo na Itália, a FEB conquistou o apoio norte-americano para derrubar a ditadura de Vargas.
- E) Ao lutar pela libertação dos povos europeus, o governo brasileiro esgotou seus recursos financeiros no Exército, precipitando a queda de Vargas.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) Ao lutar pela democracia e contra os fascismos na Europa com a FEB, o governo de Vargas perdeu apoio interno ao manter regime autoritário.
Gabarito: ALTERNATIVA A
Segundo a historiadora Regina da Luz Moreira, “o retorno dos contingentes da FEB precipitou (...) a queda de Vargas em 1945” (CPDOC. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/FEB>).
Assinale a alternativa que justifica a declaração acima, relacionando a atuação do Brasil, por meio da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Segunda Guerra Mundial com o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945).
- a) Ao lutar pela democracia e contra os fascismos na Europa com a FEB, o governo de Vargas perdeu apoio interno ao manter regime autoritário.
De fato, a FEB foi enviada à Europa ao lado dos Aliados para combater os regimes totalitários de extrema-direita, consubstanciados no nazifascismo. No entanto, o próprio Brasil vivia um regime autoritário com francas simpatias com o fascismo europeu - ao ponto de ter promulgado, em 1937, uma Constituição inspirada diretamente na no texto constitucional semi-fascista da Polônia. Comprometer o país com a causa da liberdade e das democracias europeias expôs o regime autoritário de Vargas a uma contradição insanável. Desde 1930, o Brasil desconhecia eleições diretas para presidente e, desde 1937, vivia sob o tacão de uma pronunciada ditadura centrada no personalismo de Getúlio Vargas. O cotidiano de desmandos, intervenções federais, torturas e censuras era absolutamente incompatível com a causa democrática defendida pela própria FEB. Desmobilizado o esforço de guerra com a vitória aliada em 1945, o regime ditatorial brasileiro se viu sem forças domésticas de sustentação e colapsou em outubro daquele mesmo ano. ALTERNATIVA CORRETA.
- b) Ao lutar pela democracia e derrotar os fascismos na Europa, os pracinhas conquistaram apoio popular para derrubar a ditadura de Vargas.
As tropas brasileiras enviadas para a Segunda Guerra Mundial ficaram genericamente conhecidas como "pracinhas" e, de fato, lutaram pela democracia e contribuíram para a derrota do fascismo na Itália. No entanto, a ditadura de Getúlio Vargas não cairia propriamente pelo esforço de uma quartelada em outubro de 1945. A crise política no segundo semestre daquele ano se tornava bastante grave e já havia movimentações gerais para a realização de novas eleições, ainda que houvesse tensões importantes. Com Vargas sinalizando ora à democratização ora às suas políticas mandonistas, a política brasileira vivia uma notável instabilidade, inclusive com o alto oficialato do Exército pressionando no sentido do retorno à vida democrática. O passo derradeiro ocorreria quando Vargas nomeou seu próprio irmão para assumir a chefia da polícia no Rio de Janeiro: o gesto foi interpretado como uma medida desesperada do ditador para voltar a perseguir seus oponentes e sufocar o esforço de democratização que estava estabelecido. Na sequência, as altas patentes militares e as principais lideranças civis se uniram num esforço de deposição de Vargas, que continuava muito popular entre as camadas menos favorecidas. Não obstante, Vargas seria eleito no ano seguinte para o Parlamento com amplíssima votação em vários estados. Ou seja, ainda que tenha havido, sim, um golpe de Estado com participação militar, é muito exagerado falar em franca adesão das massas e ação direta dos combatentes da FEB. Alternativa errada.
- c) Ao derrubar o regime franquista na Espanha, os soldados brasileiros inspiraram a população a lutar por eleições, após 15 anos de Estado Novo.
Em primeiro lugar, o Estado Novo foi instituído em 1937 e foi deposto em 1945 - ou seja, perdurou por oito anos. A chamada Era Vargas, essa sim, durou quinze anos, mas foi composta pelo Governo Provisório (1930-1934), pelo Governo Constitucional (1934-1937) e pelo Estado Novo (1937-1945). Mas o mais importante é ter clareza que a Força Expedicionária Brasileira não combateu o fascismo na Espanha, e sim na Itália no âmbito da campanha aliada no Mediterrâneo. Por sua vez, o regime franquista na Espanha perduraria de 1936 a 1975; ou seja, muito além do período que temos aqui em tela. Alternativa errada.
- d) Ao derrotar os fascistas na Batalha de Monte Castelo na Itália, a FEB conquistou o apoio norte-americano para derrubar a ditadura de Vargas.
De fato, a Batalha de Monte Castelo foi um dos episódios mais marcantes da atuação brasileira na Campanha da Itália durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, há de se ter claro, a FEB era uma manifestação direta do Estado brasileiro, que era controlado pela ditadura de Vargas. Ou seja, não tem o menor sentido interpretar a presença da FEB na Itália como uma forma de resistência direta contra a ditadura vivida pelo Brasil - afinal, fora essa mesma ditadura quem comandava as tropas. Além disso, o governo dos Estados Unidos via em Vargas um aliado em meio ao esforço de guerra, apesar das incongruências de regime político, e se manteria reticente à época da queda do Estado Novo. Alternativa errada.
- e) Ao lutar pela libertação dos povos europeus, o governo brasileiro esgotou seus recursos financeiros no Exército, precipitando a queda de Vargas.
O financiamento da campanha brasileira na Europa estava enquadrado num grande esforço de industrialização e rearmamento do Brasil; ou seja, compunha o plano nacional-desenvolvimentista de Getúlio Vargas. A formação da FEB contou com importantes acordos estratégicos entre Brasil e Estados Unidos, inclusive para o financiamento das operações, treinamento de tropas e venda de armamentos modernos. Portanto, não se pode interpretar a FEB e a participação brasileira na guerra como um produto da irresponsabilidade, mas sim dentro de um esforço sistemático de desenvolvimento e de reinserção internacional. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.
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