Sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, pode-se afirmar que
- A) limitou-se ao fornecimento de matérias primas estratégicas aos aliados e ao auxílio no patrulhamento do Atlântico Sul.
- B) o ingresso no conflito deu-se a partir de uma aproximação diplomática e comercial com as potências aliadas, em especial os EUA, e após o clamor popular decorrente dos repetidos ataques de submarinos alemães a navios mercantes brasileiros.
- C) foi limitada ao papel diplomático de mediação entre as potências aliadas e os países do Eixo.
- D) não teve nenhuma influência na crise do Estado Novo.
- E) a participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi decisiva nos combates travados nas ilhas japonesas do Pacífico.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) o ingresso no conflito deu-se a partir de uma aproximação diplomática e comercial com as potências aliadas, em especial os EUA, e após o clamor popular decorrente dos repetidos ataques de submarinos alemães a navios mercantes brasileiros.
Gabarito: ALTERNATIVA B
Sobre a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, pode-se afirmar que
- a) limitou-se ao fornecimento de matérias primas estratégicas aos aliados e ao auxílio no patrulhamento do Atlântico Sul.
De fato, o Brasil teria uma importante participação no fornecimento de matérias primas estratégicas. É importante que o estudante saiba que o esforço de guerra na década de 1940 demandava quantidades colossais de produção e não havia quantidades relevantes produtos sintéticos. Ou seja, o extrativismo vegetal e mineral eram importantes para abastecer essa imensa demanda internacional e o Brasil ocupava um lugar privilegiado nessa cadeia produtiva como grande fornecedor. Por isso, a grande preocupação sobre evitar que comercializasse com inimigos. No entanto, o Brasil também cederia bases aéreas e enviaria tropas para atuar na Campanha da Itália. Alternativa errada.
- b) o ingresso no conflito deu-se a partir de uma aproximação diplomática e comercial com as potências aliadas, em especial os EUA, e após o clamor popular decorrente dos repetidos ataques de submarinos alemães a navios mercantes brasileiros.
O estudante precisa compreender que, naquela altura, a produção em larga escala de produtos sintéticos ainda era muito reduzida e precária, fazendo com que o acesso a matérias primas fosse crucial para a produção de equipamentos militares. Assim, estrangular o fornecimento dessas matérias primas também era uma maneira de atacar o inimigo e o Brasil era um importante fornecedor desses materiais, principalmente para os Estados Unidos. Por ter uma posição neutra dentro da guerra, o país manteve relações comerciais com ambos os lados, inclusive com o fornecimento de materiais sensíveis, que abasteciam os complexos militares de ambos. A chamada equidistância pragmática brasileira permitiu que, em nome do desenvolvimento da indústria nacional, o governo brasileiro mantivesse um intenso comércio no período. O torpedeamento dos navios mercantes brasileiros na costa americana e na Europa foi parte da estratégia alemã de impor um bloqueio naval contra os portos inimigos - objetivando, entre outras coisas, dificultar a produção inimiga de equipamentos militares -, mas acabou arrastando o Brasil para dentro da guerra ao lado dos Aliados. Com a entrada dos Estados Unidos na guerra, a posição brasileira já ficava insustentável com a neutralidade; mas os ataques aos navios acabariam por aumentar a pressão pelo engajamento efetivo na guerra. ALTERNATIVA CORRETA.
- c) foi limitada ao papel diplomático de mediação entre as potências aliadas e os países do Eixo.
O Brasil jamais exerceu a posição de mediador entre os lados em combate. O que ocorria era a chamada equidistância pragmática até o início de 1942, segundo a qual a diplomacia brasileira definia os interesses brasileiros em termos do seu desenvolvimento econômico, para o qual a neutralidade entre as democracias e os regimes totalitários seriam o melhor caminho. Essa política só seria esgotada em 1942, quando, em decorrência da entrada dos Estados Unidos na guerra, navios mercantes brasileiros foram atacados por submarinos alemães, exigindo que o Brasil rompesse relações diplomáticas com a Alemanha. A partir disso, o Brasil declararia guerra ao Eixo em 1942 e enviaria tropas para a Itália em 1944. Alternativa errada.
- d) não teve nenhuma influência na crise do Estado Novo.
A crise final do Estado Novo foi profundamente marcada pela contradição da participação brasileira ao lado das democracias. O Estado Novo (1937-1945) era um regime totalitário com grandes inclinações para o fascismo, mas enviou tropas para lutar contra o fascismo em favor das democracias. Ou seja, o Brasil lutou pela democratização alheia enquanto ele próprio vivia uma experiência totalitária. Essa contradição seria relativizada durante a guerra por conta da grande mobilização nacional; mas a situação ficaria insustentável com a derrota final do nazifascismo em 1945. A partir daí, já não havia justificativas para a manutenção da ditadura varguista e as democracias eram triunfantes. Alternativa errada.
- e) a participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi decisiva nos combates travados nas ilhas japonesas do Pacífico.
O governo de Getúlio Vargas (1930-1945) insistiu para a participação militar brasileira no terreno, o que foi acolhido pelos Estados Unidos, que também atuou para reaparelhar as forças armadas brasileiras com material bélico moderno. Paralelamente, o governo brasileiro criou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) em 1943, que combinaria o Exército e algumas unidades da Força Aérea num efetivo de cerca de 25 mil homens. O processo de organização da FEB envolveu profunda cooperação com os EUA, que treinou parte do oficialato brasileiro quanto ao uso dos novos equipamentos e à adaptação às técnicas e às estratégias modernas de guerra (lembre-se que o Exército brasileiro era, até então, adepto da escola bélica francesa, que se mostrara superada). O contato entre as cúpulas militares decidiu, no final de 1943, que a FEB integraria o esforço aliado na Campanha da Itália ao lado do V Exército Americano para pressionar as tropas alemãs em suas posições no Mediterrâneo e evitar uma nova reorganização nazista na França. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA B.
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