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Considere o texto abaixo:

 

“O surgimento das moedas liga-se (…) a três transformações culturais notáveis da Grécia nos idos do século VII a.C. (…): o desenvolvimento da pólis (…) e da vida política (…), a complexificação crescente das trocas comerciais (…) [e] a alfabetização.”

 

FUNARI, Pedro Paulo. Antiguidade Clássica: a História e a cultura a partir dos documentos. Campinas: Editora da Unicamp, 1995, p. 50.

 

A partir do excerto acima e dos conhecimentos sobre a Grécia antiga, assinale a alternativa que relaciona corretamente a pólis, a expansão grega e o desenvolvimento das moedas.

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Resposta:

A alternativa correta é letra C) A pólis foi a principal forma de organização social na Grécia, constituindo-se em cidades autônomas com governos e leis próprias. No século VII a.C., com o aumento demográfico e a concentração latifundiária, houve a expansão grega para regiões do Mediterrâneo e do mar Negro, causando intensa circulação de moedas para o comércio marítimo e terrestre.

Gabarito: ALTERNATIVA C

  

Considere o texto abaixo:

 

“O surgimento das moedas liga-se (...) a três transformações culturais notáveis da Grécia nos idos do século VII a.C. (...): o desenvolvimento da pólis (...) e da vida política (...), a complexificação crescente das trocas comerciais (...) [e] a alfabetização.”

FUNARI, Pedro Paulo. Antiguidade Clássica: a História e a cultura a partir dos documentos. Campinas: Editora da Unicamp, 1995, p. 50.

 
  • A partir do excerto acima e dos conhecimentos sobre a Grécia antiga, assinale a alternativa que relaciona corretamente a pólis, a expansão grega e o desenvolvimento das moedas.

Todo o esforço da questão gira em torno de correlacionar adequadamente as três variáveis apresentadas no texto ao surgimento das moedas. Isto é, já temos quais são os elementos, mas o avaliador pede que indiquemos a adequada compreensão sobre como esses elementos estão ligados à formação da moeda no mundo grego.

 

Sem compor um Estado tal como conhecemos, esse mundo grego era organizado, fundamentalmente, em unidades políticas locais: as cidades-Estado; ou pólis. O aumento da complexidade da cidade-Estado e, consequentemente, da sua vida política implicava também em maiores exigências da vida administrativa e na diversificação da vida social. Ou seja, a organização pública não pode depender exclusivamente de formas de trocas para dar respostas muito complexas como a formação de exércitos profissionais e a realização de obras públicas. Concentrando em si a organização das leis e o governo em si, a pólis, com o aumento da complexidade, também precisava de novos meios para liquidar as suas obrigações e de executar as deliberações.

 

A complexidade das trocas comerciais no mundo grego, além dos contatos entre as cidades-Estado, era impulsionada pela expansão da vida marítima dentro do Mediterrâneo. Consequentemente, o circuito fechado de trocas já não era mais satisfatório para dar conta das possibilidades comerciais que se anunciavam. Mercar exige, necessariamente, unidades de conta mais objetivas e reservas de valor mais sólidas e, para tanto, a moeda tem um papel crucial. Se as sociedades das cidades-Estado grega se complexificavam (o que incluía um aumento da produção agrícola), o comércio terrestre também tinha novas possibilidades, o que, por sua vez, potencializava as trocas de mercadorias no comércio marítimo. São reações em cadeia e múltiplas possibilidades que acabam sendo travadas sem meios mais objetivos e práticos de organizar a vida comercial.

 

Por fim, a expansão da alfabetização não deixa de ser uma característica operacional importante para viabilizar o uso de moedas. Dominar operações matemáticas e desenvolver adequadamente uma linguagem abstrata para mediar os contatos são passos importantíssimos para se assentar as características fiduciárias da moeda: inconsciente e coletivamente são necessárias ferramentas abstratas para dar ampla circulação à moeda. E a multiplicação de contatos sociais locais e externos sob a mediação de formas abstratas de raciocínio acabam por pavimentar o caminho para a criação de moeda.

 

Com essa estruturação, observemos as alternativas que seguem.

 
  • a)  A pólis desenvolveu-se como uma cidade fortificada, caracterizando a ocupação da Magna Grécia por Esparta. A expansão grega ocorre devido à insuficiência de escravos nas cidades-Estado. Nas guerras realizadas no Mediterrâneo, milhares de prisioneiros foram feitos escravos e vendidos nas colônias gregas, o que intensificou a circulação de moedas.

A Magna Grécia está localizada no Sul da Península Itálica e, até a dominação romana no século III a.C., esteve fraturada entre diversas cidades-Estado sob a liderança de Tarento. No período, não se caracteriza a ocupação espartana na região. Além disso, é muito equivocado se dizer que havia séria escassez de escravos no mundo grego, já que as recorrentes guerras acabavam por produzi-los em decorrência dos prisioneiros de guera. Alternativa errada.

 
  • b)  A pólis era um tipo específico de organização social encontrada em Atenas e Esparta. No período em questão, essas duas cidades-Estado rivalizaram-se na expansão territorial, gerando a Guerra do Peloponeso. Ao final deste conflito, os atenienses derrotados fundaram colônias em regiões do Mediterrâneo e do mar Negro, aumentando a circulação de moedas.

A pólis não era uma exclusividade de Atenas e Esparta, sendo a organização social mais característica daquela região na Antiguidade Clássica, configuração que só seria dramaticamente alterada com a ascensão da Macedônia sob Filipe II e Alexandre. Além disso, a formação das moedas, como explicitado no enunciado, é contemporânea à emersão das cidades-Estado mais complexas no século VII a. C.; ao passo que a Guerra do Peloponeso decorre dos grandes atritos de uma fase muito madura dessas organizações cerca de dois séculos mais tarde. Alternativa errada.

 
  • c)  A pólis foi a principal forma de organização social na Grécia, constituindo-se em cidades autônomas com governos e leis próprias. No século VII a.C., com o aumento demográfico e a concentração latifundiária, houve a expansão grega para regiões do Mediterrâneo e do mar Negro, causando intensa circulação de moedas para o comércio marítimo e terrestre.

Como se pode constatar nos comentários no início da questão, esta é a única alternativa a estabelecer uma correlação satisfatória entre os elementos destacados. A centralidade dos portos gregos nas linhas de comércio foram fundamentais para o aumento da circulação de moedas e a expansão geral da ideia de uma moeda fiduciária. ALTERNATIVA CORRETA.

 
  • d)  A pólis surgiu como solução para os conflitos entre Esparta e Atenas pelo domínio do restante da Grécia, constituindo-se como cidade autônoma fortificada, cujo isolamento a protegia de agressões. Isso permitiu a expansão comercial marítima de Atenas pelo Mediterrâneo, levando à formação de colônias e ao aumento da circulação de moedas nas trocas comerciais.

Esparta e Atenas já eram pólis (cidades-Estado) antes dos conflitos; ou seja, alternativa inverte a ordem em que as coisas ocorreram. Além disso, não se pode dizer que eram unidades soberanas isoladas, já que estavam integradas, em maior ou menor grau, num universo cultural e econômico de relativa intensidade. Por fim, Atenas, apesar da sua destaca importância, não pode ser confundida como um império colonial no Mediterrâneo. Alternativa errada.

 
  • e)  A pólis era um tipo de cidade-Estado que se desenvolveu em decorrência da expansão comercial grega, ocasionando a fundação de colônias na Magna Grécia. Por conta de seu caráter autônomo, algumas cidades-Estado uniram-se na Liga de Delos para conquistar territórios no Mediterrâneo, gerando aumento na atividade comercial grega e o uso de moedas.

Novamente, o avaliador inverte a sequência dos acontecimentos: as cidades-Estado são anteriores à expansão comercial grega. E a fundação das colônias na Magna Grécia decorreram de fugas oriundas de Esparta após as Guerras Messênicas, e não de uma ascensão colonial espartana sobre a Península Itálica. Por fim, a Liga de Delos foi um arranjo temporário sob a liderança de Atenas para enfrentar Esparta e sua Liga do Peloponeso no século V a.C. na Guerra do Peloponeso. Alternativa errada.

  

Note por fim o estudante que a chave de solução da questão estava em compreender bem o texto proposto no enunciado. Com essa preocupação em tela, seria mais difícil se perder entre os detalhes apontados nas alternativas; além de poder avançar diretamente para a única alternativa que apresentava as variáveis de maneira realmente razoável na explicação sobre o surgimento da moeda. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.

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