O aparecimento da pólis constitui, na história do pensamento grego, um acontecimento decisivo. Certamente, no plano intelectual como no domínio das instituições, só no fim alcançará todas as suas consequências; a pólis conhecerá etapas múltiplas e formas variadas. Entretanto, desde seu advento, que se pode situar entre os séculos VIII e VII a.C., marca um começo, uma verdadeira invenção; por ela, a vida social e as relações entre os homens tomam uma forma nova, cuja originalidade será plenamente sentida pelos gregos.
Jean-Pierre Vernant. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Difel, 1981. Adaptado.
De acordo com o texto, na Antiguidade, uma das transformações provocadas pelo surgimento da pólis foi
- A) o declínio da oralidade, pois, em seu território, toda estratégia de comunicação era baseada na escrita e no uso de imagens.
- B) o isolamento progressivo de seus membros, que preferiam o convívio familiar às relações travadas nos espaços públicos.
- C) a manutenção de instituições políticas arcaicas, que reproduziam, nela, o poder absoluto de origem divina do monarca.
- D) a diversidade linguística e religiosa, pois sua difusa organização social dificultava a construção de identidades culturais.
- E) a constituição de espaços de expressão e discussão, que ampliavam a divulgação das ações e ideias de seus membros
Resposta:
A alternativa correta é letra E) a constituição de espaços de expressão e discussão, que ampliavam a divulgação das ações e ideias de seus membros
Gabarito: Letra E
( a constituição de espaços de expressão e discussão, que ampliavam a divulgação das ações e ideias de seus membros)
As póleis gregas, em especial, Atenas, deixaram como legado a importância da cidade como um espaço de reunião política, onde os cidadãos conviviam e decidiam coletivamente os destinos do grupo e uma das principais ferramentas políticas e sociais usadas nas diversas póleis era o poder da palavra.
Ela era a chave de toda autoridade no Estado, o meio de comando e de domínio. A palavra passou a ser o principal requisito em um debate, na discussão e na argumentação. Não é por acaso que surgiram escolas dedicadas à arte da oratória para treinar os políticos.
Em Atenas, a política se fazia com a palavra ou com a oratória em espaços públicos onde os cidadãos atenienses poderiam participar. As polis são marcadas pelo domínio do público sobre o privado. Os conhecimentos, os valores, as técnicas mentais são levados à praça pública, sujeitos à crítica e à controvérsia. Não são mais conservados, como garantia de poder, no interior de uma família ou do lar.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: o declínio da oralidade, pois, em seu território, toda estratégia de comunicação era baseada na escrita e no uso de imagens.
Vimos que a palavra, logo, a oralidade era de extrema importância nas póleis, pois ela a principal ferramenta de uso político. A linguagem deveria expressar as vontades da coletividade. A escrita também era uma ferramenta usada pelos gregos, porém destinada à divulgação de conhecimentos reservados ou proibidos.
Letra B: o isolamento progressivo de seus membros, que preferiam o convívio familiar às relações travadas nos espaços públicos.
Uma das mudanças surgidas com o aparecimento das pólis foi a criação de espaços destinados à reunião, ao coletivo e as discussões da vida da cidade. O privado perdeu força em detrimento do público.
Letra C: a manutenção de instituições políticas arcaicas, que reproduziam, nela, o poder absoluto de origem divina do monarca.
Com a pólis surgiram novas formas de poder. Em Atenas, houve a modificação de um regime aristocrático para formas mais amplas de participação política, o que ficou conhecido como democracia (governo do povo)
Letra D: a diversidade linguística e religiosa, pois sua difusa organização social dificultava a construção de identidades culturais
Uma característica comum às diversas póleis era a utilização da mesma língua e do alfabeto e isso não dificultou na construção de identidades culturais em comum. Na ocasião da guerra contra os persas, as cidades-estado gregas se uniram para combatê-los e puderam se comunicar em função da língua.
Referências:
VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2013.
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