Os gregos sentiram paixão pelo humano, por suas capacidades, por sua energia construtiva. Por isso, inventaram a polis: a comunidade cidadã em cujo espaço artificial, antropocêntrico, não governa a necessidade da natureza, nem a vontade dos deuses, mas a liberdade dos homens, isto é, sua capacidade de raciocinar, de discutir, de escolher e de destituir dirigentes, de criar problemas e propor soluções. O nome pelo qual hoje conhecemos essa invenção grega, a mais revolucionária, politicamente falando, que já se produziu na história humana, é democracia.
(Adaptado de Fernando Savater, Política para meu filho. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 77.)
Assinale a alternativa correta, considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre a Grécia Antiga.
- A) Para os gregos, a cidade era o espaço do exercício da liberdade dos homens e da tirania dos deuses.
- B) Os gregos inventaram a democracia, que tinha então o mesmo funcionamento do sistema político vigente atualmente no Brasil.
- C) Para os gregos, a liberdade dos homens era exercida na polis e estava relacionada à capacidade de invenção da política.
- D) A democracia foi uma invenção grega que criou problemas em função do excesso de liberdade dos homens.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) Para os gregos, a liberdade dos homens era exercida na polis e estava relacionada à capacidade de invenção da política.
Gabarito: Letra C
Para os gregos, a liberdade dos homens era exercida na polis e estava relacionada à capacidade de invenção da política.
Não sabemos se todos os gregos associavam o conceito de liberdade ao de pertencer à sua pólis, mas isso é bastante certo entre os atenienses. Em sua cidade, os cidadãos atenienses, homens com mais de 18 anos, filhos de atenienses e nascidos em Atenas, poderiam ter autonomia para tomar decisões o que nos leva a entender como surgiu a palavra política, derivada da comunidade de cidadãos: a pólis.
Assim, a liberdade dos homens atenienses era exercida na cidade e através da política, local onde poderiam tomar decisões racionais, de discussões, de escolhas e de resolução de problemas.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Para os gregos, a cidade era o espaço do exercício da liberdade dos homens e da tirania dos deuses.
Na cidade, o homem grego estava livre de qualquer forma de pensamento ou ação derivada do divino. Entendendo a cidade como espaço da racionalidade, os gregos tinham uma certa liberdade para agir e mudar os destinos de suas vidas e da cidade. Encontra-se aí a ideia da valorização da capacidade de escolha do ser humano em detrimento das escolhas tirânicas dos deuses.
Letra B: Os gregos inventaram a democracia, que tinha então o mesmo funcionamento do sistema político vigente atualmente no Brasil.
A democracia ateniense embora pautada pela ideia de igualdade, era definida também pela ideia de exclusão. A igualdade estava apenas entre os homens atenienses, restringindo a participação política de mulheres, estrangeiros e escravos. A democracia ateniense foi se aperfeiçoando com o tempo após muita luta dos grupos excludentes. Assim, a democracia brasileira, exemplo de democracia moderna é completamente da democracia ateniense pelo fato de incluir mais grupos sociais na tomada de decisão. Além do mais, nossa democracia é representativa ou indireta, feita pela eleição de representantes políticos. A democracia em Atenas era direta, os cidadãos participavam diretamente das decisões sobre os assuntos da pólis.
Letra D: A democracia foi uma invenção grega que criou problemas em função do excesso de liberdade dos homens.
O texto não menciona que a democracia grega tenha criado problemas devido ao excesso de liberdade dos homens. Pelo contrário, o autor ressalta a importância da liberdade dos homens na pólis e sua capacidade de raciocinar, discutir, escolher e propor soluções. Portanto, não há indicação de que a democracia grega tenha sido problemática nesse sentido. Além do mais, a liberdade era fundamental na pólis ateniense porque ela revela que os cidadãos não estão sujeitos aos desígnios de tiranos ou reis e que cada cidadão é capaz de fazer a sua escolha e se errou na escolha pode acertar em uma próxima ocasião.
Referência:
SAVATER, Fernando. Política para o meu filho. São Paulo: Planeta, 2012.
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