Questões Sobre Grécia Antiga - História - concurso
61) Analise as assertivas abaixo acerca do legado cultural da Antiguidade.
I. O denominado período helenístico caracterizou-se pela pouca interação entre religiões e culturas e pelo consequente predomínio das culturas locais.
II. Tucídides, diferentemente de seu predecessor Heródoto, utilizava-se do recurso ao maravilhoso e ao divino em sua narrativa histórica.
III. As democracias modernas possuem características que as tornam distintas em relação à democracia vigente na Atenas do chamado “Século de Péricles”.
É correto o que se afirma em
- A) I, apenas.
- B) I e II, apenas.
- C) III, apenas.
- D) I e III, apenas.
- E) II e III, apenas.
A resposta certa é a letra C) III, apenas.
Para entender porquê, vamos analisar cada afirmação:
I. O período helenístico caracterizou-se pela pouca interação entre religiões e culturas e pelo consequente predomínio das culturas locais. Isso não é verdade. O período helenístico foi marcado por uma grande interação entre culturas diferentes, especialmente com a expansão do Império Macedônio.
II. Tucídides, diferentemente de seu predecessor Heródoto, utilizava-se do recurso ao maravilhoso e ao divino em sua narrativa histórica. Isso não é verdade. Tucídides é conhecido por sua abordagem mais racional e crítica em sua narrativa histórica, diferentemente de Heródoto.
III. As democracias modernas possuem características que as tornam distintas em relação à democracia vigente na Atenas do chamado “Século de Péricles”. Isso é verdade. As democracias modernas têm muitas diferenças em relação à democracia ateniense, como a representação política, o sufrágio universal, etc.
Portanto, apenas a afirmação III é verdadeira, o que torna a resposta certa a letra C) III, apenas.
62) Quando sua influência [de Péricles] estava no auge, ele poderia esperar a constante aprovação de suas políticas, expressa no voto popular na Assembleia, mas suas propostas eram submetidas à Assembleia semanalmente, visões alternativas eram apresentadas às dele, e a Assembleia sempre podia abandoná-lo, bem como suas políticas, e ocasionalmente assim procedeu. A decisão era dos membros da Assembleia, não dele, ou de qualquer outro líder; o reconhecimento da necessidade de liderança não era acompanhado por uma renúncia ao poder decisório. E ele sabia disso.
(Moses I. Finley. Democracia antiga e moderna, 1988.)
Ao caracterizar o funcionamento da democracia ateniense, no século V a.C., o texto afirma que
- A) os líderes políticos detinham o poder decisório, embora ouvissem às vezes as opiniões da Assembleia.
- B) a eleição de líderes e representantes políticos dos cidadãos na Assembleia demonstrava o caráter indireto da democracia.
- C) a Assembleia era o espaço dos debates e das decisões, o que revelava a participação direta dos cidadãos na condução política da cidade.
- D) os membros da Assembleia escolhiam os líderes políticos, submetendo-se a partir de então ao seu poder e às suas decisões.
- E) os cidadãos evitavam apresentar suas discordâncias na Assembleia, pois poderiam assim provocar impasses políticos.
A resposta correta é a letra C) a Assembleia era o espaço dos debates e das decisões,, oficiais, o que revelava a participação direta dos cidadãos na condução política da cidade.
Essa alternativa é correta porque, de acordo com o texto, a Assembleia era o local onde os cidadãos atenienses se reuniam para debater e decidir sobre as políticas da cidade. Nesse sentido, a Assembleia representava o espaço onde os cidadãos exerciam seu poder de decisão, participando diretamente na condução política da cidade.
É importante notar que, embora Pericles tivesse uma grande influência na política ateniense, sua autoridade não era absoluta. As propostas apresentadas por ele eram submetidas à aprovação da Assembleia, que poderia aceitá-las ou rejeitá-las. Além disso, a Assembleia também poderia apresentar visões alternativas às propostas de Pericles, o que demonstra que o poder de decisão não estava concentrado nas mãos de um único líder.
Portanto, a resposta correta é a letra C, que destaca a importância da Assembleia como espaço de debates e decisões, onde os cidadãos atenienses exerciam sua participação direta na política da cidade.
63) O fenômeno conhecido como Helenismo designa convencionalmente o período em que a cultura grega se difundiu em diferentes partes do mundo antigo, pelo mediterrâneo, pela Ásia, pela Síria, pela Fenícia, etc. e daí, tem-se o florescer de um modelo cultural em filosofia, economia, religião, ciência e arte. Este período que também se caracteriza pela intensa troca de experiências culturais entre dominadores e dominados começou a partir do(a)
- A) morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C.
- B) tomada de poder por Filipe II da Macedônia, em 359 a.C.
- C) declínio da polis, com o fim da guerra do Peloponeso.
- D) adoção do pensamento platônico como o modelo de cidade governada por filósofos.
A resposta correta é a letra A) morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C.
O Helenismo é um fenômeno que marca o período em que a cultura grega se difundiu por diferentes partes do mundo antigo, incluindo o Mediterrâneo, a Ásia, a Síria, a Fenícia, etc. Nesse período, houve uma intensa troca de experiências culturais entre dominadores e dominados, o que levou ao florescer de um modelo cultural em filosofia, economia, religião, ciência e arte.
A morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C., marca o início desse período de expansão cultural grega. Após a morte de Alexandre, seus generais dividiram o império entre si, criando reinos helenísticos que se estendiam desde a Macedônia até a Índia. Esses reinos promoveram a cultura grega em suas respectivas regiões, difundindo a língua, a arte, a filosofia e a religião gregas.
O Helenismo também foi marcado pela criação de cidades-estados gregas, como Alexandria, no Egito, e Pergamo, na Ásia Menor, que se tornaram centros de cultura e conhecimento. Nessas cidades, floresceram escolas de filosofia, como a escola de Aristóteles, e surgiram importantes figuras intelectuais, como Euclides e Arquimedes.
Portanto, a resposta correta é a letra A) morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C., pois essa data marca o início do período de expansão cultural grega que caracteriza o Helenismo.
64) Quando ficou claro que a designação de Homo sapiens não era tão adequada à nossa espécie como se havia acreditado — porque, afinal, não somos tão razoáveis como se acreditava no século XVIII, em seu otimismo ingênuo —, acrescentaram-lhe a de Homo faber (homem que fabrica). Entretanto, a expressão Homo ludens (homem que joga) evoca uma função tão essencial quanto a de fabricar e merece, portanto, ocupar seu lugar junto à de Homo faber.
Johan Huizinga. Homo ludens. Madri: Alianza, 2001, p. 7 (com adaptações).
Tendo como referência essas informações e aspectos a elas relacionados, julgue o item.
Na Grécia Antiga, os jogos realizados em Olímpia, a cada quatro anos, constituíam um desafio entre cidades; os atletas — homens livres, jovens, disciplinados e com vigor físico — mostravam, pela competição, a forte presença de elementos guerreiros na organização da sociedade helênica.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra A) Certo
O texto apresenta uma afirmação sobre a Grécia Antiga, que os jogos realizados em Olímpia, a cada quatro anos, constituíam um desafio entre cidades. Isso é verdadeiro. Os jogos olímpicos eram uma oportunidade para as cidades-estado gregas competirem entre si e demonstrarem sua força e habilidade.
Além disso, os atletas que participavam desses jogos eram homens livres, jovens, disciplinados e com vigor físico, o que mostra a forte presença de elementos guerreiros na organização da sociedade helênica. Essa característica é típica da Grécia Antiga, que valorizava a habilidade militar e a competição.
A afirmação também é coerente com a ideia de Homo ludens, que destaca a importância do jogo e da competição na sociedade humana. Os jogos olímpicos eram uma forma de demonstrar a habilidade e a força das cidades-estado, e também uma forma de promover a paz e a cooperação entre elas.
Portanto, considerando as informações apresentadas e os aspectos relacionados a elas, a afirmação sobre os jogos olímpicos na Grécia Antiga é verdadeira.
65) Na sociedade espartana, eles eram servos do Estado, presos à terra e obrigados a trabalhar nos domínios conquistados pela militarizada Esparta. Eles eram os
- A) esparciatas.
- B) periecos.
- C) hilotas.
- D) metecos.
- E) arcontes.
A alternativa correta é a letra C) hilotas.
Os hilotas eram uma classe de servos do Estado espartano, presos à terra e obrigados a trabalhar nos domínios conquistados pela militarizada Esparta. Eles tinham uma condição semelhante à de escravos, mas com algumas diferenças importantes.
Os hilotas eram originários dos territórios conquistados por Esparta, como a Messênia, e eram forçados a trabalhar nas terras que anteriormente eram suas. Eles não eram considerados cidadãos espartanos e não tinham direitos políticos.
A condição dos hilotas era mais próxima à de servos do que de escravos, pois eles tinham uma certa autonomia e podiam se casar e ter filhos. No entanto, eles eram obrigados a entregar uma grande parte de sua produção agrícola ao Estado espartano e tinham que realizar serviços militares quando necessário.
A existência dos hilotas permitiu que os espartanos se concentrassem em suas atividades militares e políticas, enquanto os hilotas cuidavam da produção agrícola e da economia. Isso contribuiu para o sucesso militar e político de Esparta na antiguidade.
66) Texto associado
A dúvida pode significar o fim de uma fé, ou pode significar o começo de outra. Em dose moderada, estimula o pensamento. Em excesso, paralisa-o. A dúvida, como exercício intelectual, proporciona um dos poucos prazeres puros, mas, como experiência moral, ela é uma tortura. Aliada à curiosidade, é o berço da pesquisa e assim de todo conhecimento sistemático. Em estado destilado, mata toda curiosidade e é o fim de todo conhecimento.
O ponto de partida da dúvida é sempre uma fé, uma certeza. A fé é, pois, o estado primordial do espírito. O espírito “ingênuo” e “inocente” crê. Essa ingenuidade e inocência se dissolvem no ácido corrosivo da dúvida, e o clima de autenticidade se perde irrevogavelmente. As tentativas dos espíritos corroídos pela dúvida de reconquistar a autenticidade, a fé original, não passam de nostalgias frustradas em busca da reconquista do paraíso perdido. As certezas originais postas em dúvida nunca mais serão certezas autênticas. Tal dúvida, metodicamente aplicada, produzirá novas certezas, mais refinadas e sofisticadas, mas essas certezas novas não serão autênticas. Conservarão sempre a marca da dúvida que lhes serviu de parteira.
A dúvida, portanto, é absurda, pois substitui a certeza autêntica pela certeza inautêntica. Surge, portanto, a pergunta: “por que duvido?” Essa pergunta é mais fundamental do que a outra: “de que duvido?” Trata-se, portanto, do último passo do método cartesiano: duvidar da dúvida — duvidar da autenticidade da dúvida. A pergunta “por que duvido?” engendra outra: “duvido mesmo?”
Descartes, e com ele todo o pensamento moderno, parece não dar esse último passo. Aceita a dúvida como indubitável.
Vilém Flusser. A dúvida. São Paulo: Editora Annablume, 2011, p. 21-2 (com adaptações).
Com relação às diversas formas de conhecimento, é correto afirmar que
- A) as formações sociais produzem três tipos de conhecimento: o mítico ou místico, o senso comum e o científico.
- B) a ausência da dúvida, do questionamento e da crítica no conhecimento estabelecido pelo senso comum e pelas ideologias laicas e(ou) religiosas propicia o desenvolvimento da tolerância às diferenças.
- C) a escola passou a ser, a partir da civilização helênica, o espaço institucional de difusão do saber racional e especializado, fruto do conhecimento científico.
- D) o desenvolvimento da ciência moderna foi impulsionado a partir da organização do método científico, sendo a dúvida o pilar da investigação e da produção do conhecimento científico.
A resposta certa é a letra D) o desenvolvimento da ciência moderna foi impulsionado a partir da organização do método científico, sendo a dúvida o pilar da investigação e da produção do conhecimento científico.
Essa resposta é correta porque a dúvida é um elemento fundamental no método científico. A ciência moderna se baseia na investigação e na experimentação, e a dúvida é o motor que impulsiona esses processos. Ela é a base para a formulação de hipóteses, para a coleta de dados e para a análise de resultados.
Além disso, a dúvida é essencial para o desenvolvimento da ciência porque permite questionar as teorias e os conhecimentos estabelecidos. Isso leva a uma reflexão crítica e à busca por respostas mais precisas e completas. A dúvida também estimula a criatividade e a inovação, pois é necessário encontrar soluções para os problemas e desafios que surgem durante a investigação.
Portanto, a dúvida é o pilar da investigação e da produção do conhecimento científico. É ela que impulsiona o desenvolvimento da ciência moderna e permite que os científicos avancem em suas pesquisas e descobertas.
67) O vocábulo clássico tinha (…) o significado de “excelente” (…). Portanto, Antiguidade clássica é uma designação valorativa eurocêntrica (…).
A qualificação clássicas conferida às civilizações grega e romana data do século XVII. Ao adotá-la, os europeus tinham em vista não só exaltar as qualidades das realizações greco- -romanas, mas também atribuir a si próprios a condição de legítimos herdeiros daquelas realizações.
(Luiz Koshiba, História: origens, estruturas e processos)
São exemplos do legado dessas civilizações:
- A) a filosofia grega, o Direito e o conceito de cidadania.
- B) a língua latina, a arquitetura utilitarista e o islamismo.
- C) o sistema sexagesimal, o alfabeto fonético e o cristianismo.
- D) a organização de leis, o calendário lunar e a teocracia.
- E) a valorização do homem, as universidades e o judaísmo.
A resposta certa é a letra A) a filosofia grega, o Direito e o conceito de cidadania.
Isso ocorre porque a Antiguidade Clássica é uma designação valorativa eurocêntrica que confere uma qualificação especial às civilizações grega e romana. Ao adotá-la, os europeus tinham em vista não só exaltar as qualidades das realizações greco-romanas, mas também atribuir a si próprios a condição de legítimos herdeiros daquelas realizações.
Essa visão eurocêntrica se reflete na forma como a História é escrita e ensinada, com uma ênfase maior nos feitos e realizações das civilizações greco-romanas e uma visão mais limitada das contribuições de outras culturas.
Portanto, a filosofia grega, o Direito e o conceito de cidadania são exemplos claros do legado dessas civilizações, que tiveram um impacto profundo na forma como a sociedade ocidental se desenvolveu.
A filosofia grega, por exemplo, forneceu uma base para a filosofia ocidental, com autores como Sócrates, Platão e Aristóteles que ainda influenciam o pensamento filosófico hoje em dia.
O Direito também foi fortemente influenciado pelas leis e instituições romanas, que estabeleceram um modelo para a criação de sistemas jurídicos em muitas sociedades ocidentais.
E o conceito de cidadania, que surgiu na Grécia Antiga, se tornou fundamental para a compreensão da relação entre o indivíduo e o Estado em muitas sociedades ocidentais.
Essas são apenas algumas das muitas contribuições que as civilizações grega e romana fizeram para a sociedade ocidental, e são um testemunho da importância da Antiguidade Clássica como uma fonte de inspiração e conhecimento.
68) A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de partida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância.
O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois
- A) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos.
- B) é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos.
- C) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Filosofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos.
- D) é uma forma de declarar ignorância e permanecer distante dos problemas concretos, preocupando-se apenas com causas abstratas.
A afirmação "sei que nada sei" é um marco fundamental na filosofia, grega, especialmente na obra de Sócrates. Ao responder aos que o consideravam o homem mais sábio, Sócrates demonstrou humildade e reconhecimento de sua própria ignorância. Em vez de se gabar de conhecimentos, ele escolheu questionar artesãos, políticos e poetas, concluindo que sua sabedoria residia em reconhecer o que não sabia.
Essa atitude socrática se tornou um ponto de partida para a filosofia, pois permitiu que os filósofos gregos buscassem conhecimento de forma mais honesta e humilde. Ao reconhecer a própria ignorância, Sócrates mostrou que a verdadeira sabedoria vem da busca por conhecimento, e não da pretensão de já possuí-lo.
A resposta "sei que nada sei" também pode ser vista como um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado. Em vez de se apropriar dos conhecimentos alheios, Sócrates escolheu questionar e aprender, demonstrando que a filosofia é uma busca constante por conhecimento e não uma reprodução de ensinamentos dogmáticos.
Portanto, a alternativa correta é A) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos. Essa resposta destaca a importância de reconhecer a própria ignorância como um passo fundamental para a busca por conhecimento e sabedoria.
69) A cidadania nos Estados nacionais contemporâneos é um fenômeno único na História. Não podemos falar de continuidade do mundo antigo, de repetição de uma experiência passada e nem mesmo de um desenvolvimento progressivo que unisse o mundo contemporâneo ao antigo. São mundos diferentes, com sociedades distintas, nas quais pertencimento, participação e direitos têm sentidos diversos.
(Norberto Luiz Guarinello, Cidades-Estado na Antiguidade Clássica. In PINSKY, Jaime;
PINSKY, Carla Bassanezi (orgs.). História da Cidadania. São Paulo: Contexto, 2008, p. 29.)
Entre as diferenças que separam o Estado nacional contemporâneo da cidade-estado da Antiguidade, é possível destacar
- A) o aspecto militar, que no passado era considerado parte das responsabilidades particulares de cada cidadão e hoje é um dever do Estado.
- B) a concepção de cidadania, muito mais restrita à época do que hoje, de tal forma que mulheres, estrangeiros e escravos não eram considerados cidadãos.
- C) a política educacional, de caráter público e direcionada a toda a população no mundo antigo, enquanto hoje coexistem instituições públicas e privadas.
- D) a política de reforma agrária, desnecessária no mundo antigo devido à igualdade econômica existente, enquanto hoje é parte importante das políticas sociais.
- E) a questão econômica, àquela época comandada pelo poder público e hoje sob a responsabilidade dos agentes privados, que gozam de grande autonomia.
A alternativa correta é letra B) a concepção de cidadania, muito mais restrita à época do que hoje, de tal forma que mulheres, estrangeiros e escravos não eram considerados cidadãos.
Gabarito: Letra B
A Grécia Antiga deixou como um dos maiores legados para a época contemporânea a experiência democrática e a cidadã.
Daquela época para os dias atuais. o conceito de democracia e cidadania foi se expandindo, incorporando novos atores sociais que fizeram pressão na sociedade a fim de serem reconhecidos como indivíduos de direitos e deveres.
Se na democracia ateniense só eram cidadãos os indivíduos adultos, do sexo masculino, livres e nascidos em Atenas, atualmente, nos estados nacionais dito democráticos, mulheres e estrangeiros, que tinham a participação restringida na democracia daquela época, passaram a ser considerados cidadãos.
Portanto, Atenas reservou o legado da democracia para os nossos dias, mas uma democracia incompleta, com restrições à participação política. Essas restrições foram ao longo do tempo deixando de existir, fruto das lutas dos grupos que eram excluídos nas sociedades.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Em Esparta o aspecto militar era o elemento central da pólis, de inteira responsabilidade da própria cidade-estado, assim como em Roma, pois eram sociedades expansionistas, e bélicas.
Letra C: A política educacional no mundo antigo não era direcionada a toda a população. A maioria dos escravos não tinham acesso à escolarização.
Letra D: A reforma agrária sempre foi necessária em qualquer sociedade para evitar a concentração de terras nas mãos da aristocracia. No mundo antigo não foi diferente. A desigualdade econômica existia, tanto que muitos gregos deixaram pólis para fundar outras pólis em busca de organizar uma nova sociedade. Em Roma, houve diversas tentativas de equalizar a estrutura fundiária.
Letra E: No mundo antigo, algumas atividades eram empreendidas pelo poder público, como, por exemplo, a construção de obras. Mas outras atividades, como o comércio e a agricultura ficavam sob direção de agentes privados. Nos estados nacionais contemporâneos há também setores que ficam sob responsabilidade do estado e outros que são exercidos pela iniciativa privada. Além disso, o estado possui mecanismos de regulação dos agentes econômicos privados.
70) O Regime de governo democrático teve origem em Atenas, na Grécia antiga, conhecendo seu apogeu no século V a.C.. Comparando características desse regime com o sistema político brasileiro, está correto afirmar que, na Atenas da Antiguidade,
- A) o sufrágio era universal e o exercício do voto era direto; no Brasil atual, como o sistema é presidencialista, não há possibilidade de mecanismos de democracia direta.
- B) não havia distinção entre os poderes, e os juízes eram indicados pela aristocracia; no Brasil, essa distinção foi predominante, desde o período colonial.
- C) apenas as mulheres e os escravos estavam impedidos de participar das decisões políticas; no Brasil, as mulheres tiveram direito ao voto, desde o início da República.
- D) a democracia era direta e havia cargos ocupados por sorteio; no Brasil atual, o sistema é representativo, com voto facultativo para algumas parcelas da população.
- E) os conceitos de cidadão e cidadania possuíam significados semelhantes aos atribuídos pelas democracias contemporâneas, dentre as quais se inclui o atual sistema brasileiro.
A alternativa correta é letra D) a democracia era direta e havia cargos ocupados por sorteio; no Brasil atual, o sistema é representativo, com voto facultativo para algumas parcelas da população.
Gabarito: Letra D
A democracia era direta e havia cargos ocupados por sorteio; no Brasil atual, o sistema é representativo, com voto facultativo para algumas parcelas da população.
Na democracia ateniense, todos aqueles considerados cidadãos (homens adultos, maiores de 18 anos e filhos de pais e mães atenienses) tinham direito de participar da Assembleia dos cidadãos (Eclésia) e votar diretamente contra ou a favor de diferentes assuntos da vida pública, aprovando ou rejeitando os projetos para a cidade.
Como não havia a eleição de representantes para votar esses projetos, sendo estes votados pelos próprios cidadãos, dizemos que a democracia ateniense era direta. Os projetos votados na Assembleia dos cidadãos eram elaborados pelo Conselho dos Quinhentos, formado por quinhentos cidadãos sorteados anualmente.
Já na atual democracia brasileira, os cidadãos brasileiros elegem representantes políticos (vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores e presidente) para que estes elaborem e executem projetos nos âmbitos municipal, estadual e federal. Como os projetos não são votados pelos próprios cidadãos, e sim pelos representantes eleitos com os votos destes, dizemos que a nossa democracia é representativa. Na atual democracia brasileira o voto para eleger os representantes políticos é obrigatório para maiores de dezoito anos e facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os que possuem entre dezesseis e dezoito anos.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: o sufrágio era universal e o exercício do voto era direto; no Brasil atual, como o sistema é presidencialista, não há possibilidade de mecanismos de democracia direta.
O sufrágio não era universal na democracia ateniense, somente homens adultos, maiores de 18 anos e filhos de pais e mães atenienses tinham direito ao voto, que era exercido de forma direta através da Assembleia dos cidadãos. Estavam excluídos do direito de voto e da vida democrática: as mulheres, os estrangeiros residentes em Atenas (os metecos), os escravos e os jovens menores de 21 anos. No Brasil atual o sistema democrático é representativo e o sistema de governo é presidencialista, mas isso não exclui mecanismos da democracia direta que, no Brasil, são representados pelo plebiscito, pelo referendo e pela iniciativa popular.
Letra B: não havia distinção entre os poderes, e os juízes eram indicados pela aristocracia; no Brasil, essa distinção foi predominante, desde o período colonial.
Em Atenas não existia a separação de poderes tal como conhecemos hoje (divisão em três poderes: legislativo, executivo e judiciário), mas o poder de criar leis, estabelecer a justiça e executar os projetos aprovados estava dividido entre diferentes instituições como a Assembleia dos cidadãos (a Eclésia), a Bulé, entre outros. Além disso, os juízes não eram indicados pela aristocracia, mas sim pela Eclésia, em um primeiro momento, e depois passaram a ser eleitos por sorteio. No Brasil, a divisão entre poderes passa a ocorrer somente a partir do Império, com a divisão do poder em legislativo, judiciário, executivo e moderador.
Letra C: apenas as mulheres e os escravos estavam impedidos de participar das decisões políticas; no Brasil, as mulheres tiveram direito ao voto, desde o início da República.
Em Atenas não eram apenas as mulheres e os escravos que estavam impedidos de participar das decisões políticas. Os estrangeiros residentes em Atenas (os metecos) e os jovens menores de 18 anos também eram excluídos da vida democrática. No Brasil, as mulheres só passam a ter direito ao voto a partir da Era Vargas, mas especificamente com o primeiro Código Eleitoral brasileiro de 1932, depois confirmado pela Constituição de 1934.
Letra E: os conceitos de cidadão e cidadania possuíam significados semelhantes aos atribuídos pelas democracias contemporâneas, dentre as quais se inclui o atual sistema brasileiro.
Os conceitos de cidadão e cidadania da sociedade ateniense não possuíam significados semelhantes aos das democracias contemporâneas, visto que em Atenas esses conceitos diziam respeito aos homens adultos, maiores de 18 anos e filhos de pais e mães atenienses que tinham direitos políticos e participavam do governo da cidade, e nas democracias atuais os conceitos de cidadania e cidadão tornaram-se mais amplos designando todos os indivíduos que participam da vida política do Estado (nação) através do exercício dos seus direitos e deveres.
Referências:
AZEVEDO, Gislane Campos e SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único. São Paulo: Ática, 2005.
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 1. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: das sociedades sem Estado às monarquias absolutistas, volume 1. São Paulo: Saraiva, 2010.