Questões Sobre Grécia Antiga - História - concurso
81) Tucídides relata em sua obra “História da Guerra do Peloponeso”, que Péricles teria dito, em um discurso a respeito da Democracia ateniense, o seguinte: “Vivemos sob a forma de governo que não se baseia nas instituições de nossos vizinhos; ao contrário, servimos de modelo a alguns ao invés de imitar os outros. Seu nome, como tudo o que depende não de poucos, mas da maioria, é democracia. Quando se trata de resolver disputas privadas, todos são iguais perante a lei. Ninguém, na medida em que é passível de servir o Estado, é mantido à margem da política por conta da pobreza.”
TUCÍDIDES (c.460-c. 400 a.C.) História da Guerra do Peloponeso, Livro II, 37. Brasília; Editora Universidade de Brasília, 2001. p.109.
Sobre a Democracia ateniense, aclamada por seus contemporâneos e por estudiosos de outras épocas, pode-se afirmar corretamente que
- A) era representativa, uma vez que os cidadãos escolhiam representantes que falavam por eles nas decisões políticas.
- B) não apresentava caráter excludente, pois nenhum habitante de Atenas ficava fora da participação nas decisões políticas.
- C) a representação era direta; cada cidadão se representava independentemente de sua condição econômica.
- D) foi um modelo copiado de Esparta, cidade irmã de Atenas, onde floresciam a filosofia, o conceito de liberdade individual e a participação popular.
A resposta certa é a letra C) a representação era direta; cada cidadão se representava independentemente de sua condição econômica.
Essa afirmação está correta porque,<|begin_of_text|>199a democracia ateniense era baseada em uma forma de governo em que todos os cidadãos tinham direito a participar das decisões políticas. Não havia representantes escolhidos para falar em nome dos demais, mas sim cada cidadão se apresentava e defendia seus próprios interesses.
Isso é confirmado pelo discurso de Péricles, citado na obra "História da Guerra do Peloponeso", de Tucídides. Péricles destaca que a democracia ateniense não se baseava nas instituições de seus vizinhos, mas sim em uma forma de governo em que todos os cidadãos eram iguais perante a lei.
Além disso, a democracia ateniense não apresentava um caráter excludente, pois todos os cidadãos, independentemente de sua condição econômica, participavam das decisões políticas. Isso permitia que os cidadãos sejam tratados de forma igualitária, sem que haja qualquer tipo de discriminação.
Portanto, podemos concluir que a resposta certa é a letra C) a representação era direta; cada cidadão se representava independentemente de sua condição econômica. Essa característica da democracia ateniense era um dos principais pontos fortes desse sistema de governo, permitindo que os cidadãos participassem ativamente das decisões políticas.
82) Na Grécia antiga, entre os séculos VI e VII a.C., verificou-se o declínio dos genos e a expansão de um pequeno grupo de proprietários que dominava as terras mais férteis. Sobre esse período, é correto afirmar-se que nele ocorreu
- A) o nascimento das primeiras cidades-estado e a concentração das atividades agrícolas.
- B) o declínio da sociedade grega e a fragmentação da produção agrícola.
- C) uma ampla distribuição de terras férteis aos pequenos proprietários.
- D) o fortalecimento da pequena produção rural familiar.
A alternativa correta é letra A) o nascimento das primeiras cidades-estado e a concentração das atividades agrícolas.
O período entre os séculos VI e VII a.C. na Grécia Antiga foi marcado pelo declínio dos genos e a expansão de um pequeno grupo de proprietários que dominava as terras mais férteis. Nesse contexto, é correto afirmar que ocorreu o nascimento das primeiras cidades-estado e a concentração das atividades agrícolas.
As cidades-estado, como Atenas e Esparta, começaram a surgir como centros políticos e econômicos, tornando-se importantes polos de desenvolvimento da região. Além disso, a concentração das atividades agrícolas permitiu uma maior eficiência na produção de alimentos, o que contribuiu para o crescimento populacional e o desenvolvimento das cidades.
Essa transformação foi fundamental para o desenvolvimento da sociedade grega, pois permitiu a criação de uma economia mais complexa e a emergência de uma classe média. Além disso, as cidades-estado passaram a desempenhar um papel importante na política e na cultura grega, tornando-se centros de conhecimento e arte.
Portanto, a alternativa A) é a correta, pois o período entre os séculos VI e VII a.C. na Grécia Antiga foi caracterizado pelo nascimento das primeiras cidades-estado e a concentração das atividades agrícolas.
83) Sobre a educação em Esparta, pode-se afirmar corretamente que
- A) a sociedade espartana estava voltada essencialmente para o desenvolvimento das artes e cultura.
- B) a formação educacional dos espartanos tinha como principio básico o pacifismo.
- C) a educação em Esparta tinha características profundamente militarizadas.
- D) a sociedade espartana adotava a religião como eixo central da sua organização social.
A resposta certa é a letra C) a educação em Esparta tinha características profundamente militarizadas.
Isso porque a sociedade espartana era essencialmente militarista. Desde cedo, os meninos espartanos eram treinados para serem guerreiros, e a educação era voltada para essa finalidade. A Agogê, como era chamado o sistema educacional espartano, tinha como objetivo principal formar soldados fortes e disciplinados.
A educação em Esparta começava aos 7 anos, quando os meninos eram separados de suas famílias e enviados para a Agogê. Lá, eles recebiam treinamento físico rigoroso, aprendiam a lutar e a usar armas, e eram submetidos a testes de resistência e coragem. Além disso, também aprendiam a ler e a escrever, mas apenas o suficiente para que pudessem ler e escrever ordens militares.
O objetivo da educação em Esparta era produzir cidadãos-soldados fortes e leais, capazes de defender a cidade-estado em qualquer momento. Portanto, a educação em Esparta estava profundamente ligada à formação militar, e não havia espaço para artes, cultura ou pacifismo.
É importante notar que a sociedade espartana era muito diferente das demais cidades-estados gregas, como Atenas, que valorizavam a cultura, a filosofia e as artes. Em Esparta, a prioridade era a formação de guerreiros, e tudo era feito com esse objetivo em mente.
Portanto, é correto afirmar que a educação em Esparta tinha características profundamente militarizadas, e que a sociedade espartana estava voltada para a formação de soldados fortes e disciplinados.
84) “Os gregos inventaram a política (palavra que vem de polis, que, em grego, significa cidade organizada por leis e instituições) porque instituíram práticas pelas quais as decisões eram tomadas a partir de discussões e debates públicos e eram adotadas ou revogadas por voto em assembléias públicas; porque estabeleceram instituições públicas (tribunais, assembléias, separação entre autoridade do chefe da família e autoridade pública, entre autoridade político-militar e autoridade religiosa) e sobretudo porque criaram a idéia da lei e da justiça como expressões da vontade coletiva pública e não como imposição da vontade de um só ou de um grupo, em nome de divindades”.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2002. p. 28.
O quadro exposto demonstra que:
- A) As decisões políticas referentes à cidade-estado grega (Atenas) eram tomadas pelos cidadãos.
- B) A democracia ateniense se constituiu no mais perfeito modelo de tomada de decisões políticas.
- C) A ideia de decisão entre os gregos se baseava, sobretudo, no conceito de autoridade.
- D) O poder político confundia-se com duas outras formas tradicionais de autoridade: a do chefe de família e a do sacerdote ou mago.
- E) O conceito de cidadania abrangia todos os grupos sociais, inclusive, sendo extensivo às mulheres, aos metecos e aos escravos.
A) As decisões políticas referentes à cidade-estado grega (Atenas) eram tomadas pelos cidadãos.
Essa afirmação é verdadeira pois, na Grécia Antiga, especialmente em Atenas, as decisões políticas eram tomadas através de discussões e debates públicos, e posteriormente, votadas em assembléias públicas. Os cidadãos atenienses tinham o poder de decidir sobre os assuntos da cidade, o que configurava uma forma de democracia direta.
Além disso, a Grécia Antiga instituiu práticas que permitiam que as decisões fossem tomadas de forma coletiva, e não apenas por meio da vontade de um líder ou grupo. Isso ocorreu por meio da criação de instituições públicas, como tribunais, assembléias e separação entre autoridade do chefe da família e autoridade pública.
O conceito de lei e justiça também foi estabelecido como expressão da vontade coletiva pública, e não como imposição da vontade de um indivíduo ou grupo, em nome de divindades. Portanto, é correto afirmar que as decisões políticas referentes à cidade-estado grega eram tomadas pelos cidadãos.
85) Desde muito cedo que os escritores e historiadores costumam privilegiar a história da cidade de Atenas em relação à das outras cidades gregas. Muitas vezes, a própria história do povo grego se confunde com a desta cidade. Não sendo senão uma entre as muitas cidades do mundo grego, Atenas é, contudo, aquela em que o gênio grego mais fortemente se fez sentir e, igualmente, aquela de que temos mais testemunhos escritos e arqueológicos.
FERREIRA, Maria Teresa; RODRIGUES, Miguel. História. Perspectivas & realidades. Lisboa. p. 84.
Com relação ao texto apresentado, assinale a alternativa correta.
- A) O período histórico retratado pelo texto refere-se ao processo de centralização política de toda a Grécia com capital em Atenas.
- B) A cidade-estado descrita pelo texto destacou-se por ter desenvolvido um sistema de produção agrícola subsistente que manteve estável a sua política e a sua sociedade.
- C) A democracia desenvolvida pelo aristocrata Clístenes em Atenas tinha como princípio a participação de todas as classes da política da cidade-estado, mas o objetivo implícito era o de garantir benefícios para a aristocracia por meio da demagogia.
- D) O período político mais conflituoso da sociedade ateniense foi o da tirania, quando os então governantes não foram capazes de estruturar uma política de benefícios às classes sociais de Atenas.
- E) Não há fonte histórica suficiente para descrever a evolução política ateniense, o que leva os historiadores a se prenderem a fontes orais e mitológicas para a compreensão de sua história.
A alternativa correta é letra C) A democracia desenvolvida pelo aristocrata Clístenes em Atenas tinha como princípio a participação de todas as classes da política da cidade-estado, mas o objetivo implícito era o de garantir benefícios para a aristocracia por meio da demagogia.
Gabarito: Letra C
Clístenes foi um dos principais responsáveis pela instituição da democracia em Atenas.
Ele ficou no poder entre 510 e 507 a. C. e aprofundou reformas efetuadas anteriormente. Além disso, introduziu o regime democrático, de acordo com o qual, todos os cidadãos tinham o mesmo direito perante as leis. Isso se deu através da separação dos cidadãos em dez tribos e da divisão da Ática (península que abrigava Atenas) em 160 unidades administrativas, os demos, unidades políticas e territoriais que reuniam pessoas de diferentes clãs e classes sociais. Também incluiu no corpo de cidadãos certo número de metecos e libertos (ex-escravos).
Contudo, apesar das reformas de Clístenes terem incentivado a ampliação da cidadania em Atenas, ele também reforçou o poder da Bulé, controlada pelos cidadãos mais ricos e com poder que rivalizava com o da assembleia popular (Éclesia). Assim, a democracia ateniense era uma combinação entre uma democracia direta, da qual participava todos os cidadãos através da Éclesia, e uma democracia representativa, na qual prevalecia o poder dos cidadãos mais ricos através da Bulé.
Dessa forma, apesar da instituição de uma democracia em Atenas, a aristocracia continuou a dominar a vida política durante a maior parte do século V.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: O período histórico retratado pelo texto refere-se ao processo de centralização política de toda a Grécia com capital em Atenas.
Não houve um processo de centralização política na Grécia. A Grécia era formada por diferentes cidades-Estado (ou pólis). Cada uma dessas cidades-Estado era independente e tinha suas próprias instituições. Atenas foi uma das cidades-Estado.
Letra B: A cidade-estado descrita pelo texto destacou-se por ter desenvolvido um sistema de produção agrícola subsistente que manteve estável a sua política e a sua sociedade.
Atenas não se destacou por desenvolver um sistema de produção agrícola subsistente. Atenas se destacou pela sua organização política, desenvolvimento da democracia, pelas suas atividades comerciais e por ser um centro artístico, intelectual e cultural da Grécia Antiga.
Letra D: O período político mais conflituoso da sociedade ateniense foi o da tirania, quando os então governantes não foram capazes de estruturar uma política de benefícios às classes sociais de Atenas.
Pelo contrário, durante o período em que Atenas foi governada pelo tirano Pisístrato, uma série de reformas acentuaram o enfraquecimento da aristocracia. Pisístrato confiscou grandes propriedades de nobres, realizou uma reforma agrária e a construção de obras públicas que ofertaram trabalho para muitos atenienses. Além disso, estimulou as artes e o comércio, convertendo Atenas em um importante centro comercial, artístico e cultural da Grécia.
Letra E: Não há fonte histórica suficiente para descrever a evolução política ateniense, o que leva os historiadores a se prenderem a fontes orais e mitológicas para a compreensão de sua história.
Pelo contrário, de acordo com o texto indicado pela própria questão, a cidade-Estado Atenas é aquela que possui maior número de testemunhos escritos e arqueológicos.
Referências:
AZEVEDO, Gislane Campos e SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único. São Paulo: Ática, 2005.
CAMPOS, Flavio de. A escrita da história: ensino médio: volume único. 1ª ed. São Paulo: Escala Educacional, 2005.
COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral, volume 1. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
VAINFAS, Ronaldo et ali. História: das sociedades sem Estado às monarquias absolutistas, volume 1. São Paulo: Saraiva, 2010.
86) Considere o texto abaixo:
“O surgimento das moedas liga-se (…) a três transformações culturais notáveis da Grécia nos idos do século VII a.C. (…): o desenvolvimento da pólis (…) e da vida política (…), a complexificação crescente das trocas comerciais (…) [e] a alfabetização.”
FUNARI, Pedro Paulo. Antiguidade Clássica: a História e a cultura a partir dos documentos. Campinas: Editora da Unicamp, 1995, p. 50.
A partir do excerto acima e dos conhecimentos sobre a Grécia antiga, assinale a alternativa que relaciona corretamente a pólis, a expansão grega e o desenvolvimento das moedas.
- A) A pólis desenvolveu-se como uma cidade fortificada, caracterizando a ocupação da Magna Grécia por Esparta. A expansão grega ocorre devido à insuficiência de escravos nas cidades-Estado. Nas guerras realizadas no Mediterrâneo, milhares de prisioneiros foram feitos escravos e vendidos nas colônias gregas, o que intensificou a circulação de moedas.
- B) A pólis era um tipo específico de organização social encontrada em Atenas e Esparta. No período em questão, essas duas cidades-Estado rivalizaram-se na expansão territorial, gerando a Guerra do Peloponeso. Ao final deste conflito, os atenienses derrotados fundaram colônias em regiões do Mediterrâneo e do mar Negro, aumentando a circulação de moedas.
- C) A pólis foi a principal forma de organização social na Grécia, constituindo-se em cidades autônomas com governos e leis próprias. No século VII a.C., com o aumento demográfico e a concentração latifundiária, houve a expansão grega para regiões do Mediterrâneo e do mar Negro, causando intensa circulação de moedas para o comércio marítimo e terrestre.
- D) A pólis surgiu como solução para os conflitos entre Esparta e Atenas pelo domínio do restante da Grécia, constituindo-se como cidade autônoma fortificada, cujo isolamento a protegia de agressões. Isso permitiu a expansão comercial marítima de Atenas pelo Mediterrâneo, levando à formação de colônias e ao aumento da circulação de moedas nas trocas comerciais.
- E) A pólis era um tipo de cidade-Estado que se desenvolveu em decorrência da expansão comercial grega, ocasionando a fundação de colônias na Magna Grécia. Por conta de seu caráter autônomo, algumas cidades-Estado uniram-se na Liga de Delos para conquistar territórios no Mediterrâneo, gerando aumento na atividade comercial grega e o uso de moedas.
A alternativa correta é letra C) A pólis foi a principal forma de organização social na Grécia, constituindo-se em cidades autônomas com governos e leis próprias. No século VII a.C., com o aumento demográfico e a concentração latifundiária, houve a expansão grega para regiões do Mediterrâneo e do mar Negro, causando intensa circulação de moedas para o comércio marítimo e terrestre.
Gabarito: ALTERNATIVA C
Considere o texto abaixo:
“O surgimento das moedas liga-se (...) a três transformações culturais notáveis da Grécia nos idos do século VII a.C. (...): o desenvolvimento da pólis (...) e da vida política (...), a complexificação crescente das trocas comerciais (...) [e] a alfabetização.”
FUNARI, Pedro Paulo. Antiguidade Clássica: a História e a cultura a partir dos documentos. Campinas: Editora da Unicamp, 1995, p. 50.
- A partir do excerto acima e dos conhecimentos sobre a Grécia antiga, assinale a alternativa que relaciona corretamente a pólis, a expansão grega e o desenvolvimento das moedas.
Todo o esforço da questão gira em torno de correlacionar adequadamente as três variáveis apresentadas no texto ao surgimento das moedas. Isto é, já temos quais são os elementos, mas o avaliador pede que indiquemos a adequada compreensão sobre como esses elementos estão ligados à formação da moeda no mundo grego.
Sem compor um Estado tal como conhecemos, esse mundo grego era organizado, fundamentalmente, em unidades políticas locais: as cidades-Estado; ou pólis. O aumento da complexidade da cidade-Estado e, consequentemente, da sua vida política implicava também em maiores exigências da vida administrativa e na diversificação da vida social. Ou seja, a organização pública não pode depender exclusivamente de formas de trocas para dar respostas muito complexas como a formação de exércitos profissionais e a realização de obras públicas. Concentrando em si a organização das leis e o governo em si, a pólis, com o aumento da complexidade, também precisava de novos meios para liquidar as suas obrigações e de executar as deliberações.
A complexidade das trocas comerciais no mundo grego, além dos contatos entre as cidades-Estado, era impulsionada pela expansão da vida marítima dentro do Mediterrâneo. Consequentemente, o circuito fechado de trocas já não era mais satisfatório para dar conta das possibilidades comerciais que se anunciavam. Mercar exige, necessariamente, unidades de conta mais objetivas e reservas de valor mais sólidas e, para tanto, a moeda tem um papel crucial. Se as sociedades das cidades-Estado grega se complexificavam (o que incluía um aumento da produção agrícola), o comércio terrestre também tinha novas possibilidades, o que, por sua vez, potencializava as trocas de mercadorias no comércio marítimo. São reações em cadeia e múltiplas possibilidades que acabam sendo travadas sem meios mais objetivos e práticos de organizar a vida comercial.
Por fim, a expansão da alfabetização não deixa de ser uma característica operacional importante para viabilizar o uso de moedas. Dominar operações matemáticas e desenvolver adequadamente uma linguagem abstrata para mediar os contatos são passos importantíssimos para se assentar as características fiduciárias da moeda: inconsciente e coletivamente são necessárias ferramentas abstratas para dar ampla circulação à moeda. E a multiplicação de contatos sociais locais e externos sob a mediação de formas abstratas de raciocínio acabam por pavimentar o caminho para a criação de moeda.
Com essa estruturação, observemos as alternativas que seguem.
- a) A pólis desenvolveu-se como uma cidade fortificada, caracterizando a ocupação da Magna Grécia por Esparta. A expansão grega ocorre devido à insuficiência de escravos nas cidades-Estado. Nas guerras realizadas no Mediterrâneo, milhares de prisioneiros foram feitos escravos e vendidos nas colônias gregas, o que intensificou a circulação de moedas.
A Magna Grécia está localizada no Sul da Península Itálica e, até a dominação romana no século III a.C., esteve fraturada entre diversas cidades-Estado sob a liderança de Tarento. No período, não se caracteriza a ocupação espartana na região. Além disso, é muito equivocado se dizer que havia séria escassez de escravos no mundo grego, já que as recorrentes guerras acabavam por produzi-los em decorrência dos prisioneiros de guera. Alternativa errada.
- b) A pólis era um tipo específico de organização social encontrada em Atenas e Esparta. No período em questão, essas duas cidades-Estado rivalizaram-se na expansão territorial, gerando a Guerra do Peloponeso. Ao final deste conflito, os atenienses derrotados fundaram colônias em regiões do Mediterrâneo e do mar Negro, aumentando a circulação de moedas.
A pólis não era uma exclusividade de Atenas e Esparta, sendo a organização social mais característica daquela região na Antiguidade Clássica, configuração que só seria dramaticamente alterada com a ascensão da Macedônia sob Filipe II e Alexandre. Além disso, a formação das moedas, como explicitado no enunciado, é contemporânea à emersão das cidades-Estado mais complexas no século VII a. C.; ao passo que a Guerra do Peloponeso decorre dos grandes atritos de uma fase muito madura dessas organizações cerca de dois séculos mais tarde. Alternativa errada.
- c) A pólis foi a principal forma de organização social na Grécia, constituindo-se em cidades autônomas com governos e leis próprias. No século VII a.C., com o aumento demográfico e a concentração latifundiária, houve a expansão grega para regiões do Mediterrâneo e do mar Negro, causando intensa circulação de moedas para o comércio marítimo e terrestre.
Como se pode constatar nos comentários no início da questão, esta é a única alternativa a estabelecer uma correlação satisfatória entre os elementos destacados. A centralidade dos portos gregos nas linhas de comércio foram fundamentais para o aumento da circulação de moedas e a expansão geral da ideia de uma moeda fiduciária. ALTERNATIVA CORRETA.
- d) A pólis surgiu como solução para os conflitos entre Esparta e Atenas pelo domínio do restante da Grécia, constituindo-se como cidade autônoma fortificada, cujo isolamento a protegia de agressões. Isso permitiu a expansão comercial marítima de Atenas pelo Mediterrâneo, levando à formação de colônias e ao aumento da circulação de moedas nas trocas comerciais.
Esparta e Atenas já eram pólis (cidades-Estado) antes dos conflitos; ou seja, alternativa inverte a ordem em que as coisas ocorreram. Além disso, não se pode dizer que eram unidades soberanas isoladas, já que estavam integradas, em maior ou menor grau, num universo cultural e econômico de relativa intensidade. Por fim, Atenas, apesar da sua destaca importância, não pode ser confundida como um império colonial no Mediterrâneo. Alternativa errada.
- e) A pólis era um tipo de cidade-Estado que se desenvolveu em decorrência da expansão comercial grega, ocasionando a fundação de colônias na Magna Grécia. Por conta de seu caráter autônomo, algumas cidades-Estado uniram-se na Liga de Delos para conquistar territórios no Mediterrâneo, gerando aumento na atividade comercial grega e o uso de moedas.
Novamente, o avaliador inverte a sequência dos acontecimentos: as cidades-Estado são anteriores à expansão comercial grega. E a fundação das colônias na Magna Grécia decorreram de fugas oriundas de Esparta após as Guerras Messênicas, e não de uma ascensão colonial espartana sobre a Península Itálica. Por fim, a Liga de Delos foi um arranjo temporário sob a liderança de Atenas para enfrentar Esparta e sua Liga do Peloponeso no século V a.C. na Guerra do Peloponeso. Alternativa errada.
Note por fim o estudante que a chave de solução da questão estava em compreender bem o texto proposto no enunciado. Com essa preocupação em tela, seria mais difícil se perder entre os detalhes apontados nas alternativas; além de poder avançar diretamente para a única alternativa que apresentava as variáveis de maneira realmente razoável na explicação sobre o surgimento da moeda. Sem mais, está correta a ALTERNATIVA C.
87) Esta cidade não está sob o poder de um só: Atenas é livre. O povo aqui reina em tudo ao redor; os cidadãos, magistrados anuais, administram o Estado. Nenhum privilégio à fortuna, pois o pobre e o rico têm direitos iguais nesse país. […] Sobre a autoridade das leis escritas, […] o fraco pode responder ao insulto do forte, e o pequeno, se tem razão, vence o grande.
O texto acima foi escrito por Eurípides e enaltece as qualidades da democracia ateniense em relação às demais formas de governo na Grécia clássica. Assinale a opção correta sobre esta democracia em Atenas:
- A) Em Atenas, as definições de povo, de cidadão e de liberdade eram limitadas. Aos estrangeiros, escravos e às mulheres era negado o direito de participar da administração do Estado.
- B) A liberdade para os atenienses era entendida de forma ampla, sendo que todos aqueles que viviam em Atenas eram cidadãos livres.
- C) Todo o povo tinha o direito à participação política, podendo opinar sobre o destino da cidade; a única restrição era para os estrangeiros, que, por não terem nascido em Atenas, não podiam ser considerados cidadãos.
- D) Os atenienses, durante o século V a.C., dominaram grande parte dos povos que viveram às margens do mar Egeu, estendendo a prática da democracia a esses povos e concedendo liberdade.
Essa alternativa é a mais adequada pois, na democracia ateniense, embora a liberdade e a participação política fossem valores importantes, não eram estendidos a todos os habitantes da cidade. Estrangeiros, escravos e mulheres não tinham o direito de participar da administração do Estado, ou seja, não tinham direito de voto nem podiam exercer cargos públicos.
A democracia ateniense, como descrita por Eurípides, é apresentada como um sistema em que o povo tem o poder e os cidadãos administram o Estado. No entanto, essa definição de povo e cidadão é limitada, excluindo grupos específicos da população. A liberdade e a participação política, portanto, não eram universais, mas sim restritas a uma parcela da população.
É importante notar que a democracia ateniense, apesar de seus limites, foi um sistema inovador para a época e serviu de modelo para outras cidades-estados gregas. No entanto, é fundamental reconhecer as restrições que existiam nesse sistema, especialmente em relação à participação de estrangeiros, escravos e mulheres.
88) O período clássico dos povos helênicos foi o período de consolidação da polis e dos grandes filósofos gregos, como Sócrates, por exemplo. Sobre a Grécia Clássica, assinale a alternativa correta.
- A) O que chamamos de Grécia Antiga não foi nada além de um conjunto de cidades-estados independentes umas das outras, politicamente, e unidas apenas pela mesma cultura.
- B) Os gregos foram um povo que formou um Império na Península Balcânica formando seus grandes domínios comerciais no Mar Egeu. O Império Grego caiu ao ser dominado pelos Macedônicos sob a liderança de Alexandre, o Grande.
- C) O regime democrático surgiu na polis Atenas marcado pelo poder de decisão política de todos os que faziam parte da sociedade ateniense.
- D) O período clássico grego foi marcado pela grande guerra entre gregos e troianos, narrada nos poemas da Ilíada, escritos por Homero.
- E) A mão de obra nas cidades gregas era a servil, ou seja, todos eram servos do senhor da cidade; dessa forma, todos serviam o estado nos períodos fora das colheitas.
Resposta: A) O que chamamos de Grécia Antiga não foi nada além de um conjunto de cidades-estados independentes umas das outras, política e unidas apenas pela mesma cultura.
Essa afirmação é correta porque a Grécia Antiga não foi um Estado unificado como conhecemos hoje. Em vez disso, era composta por várias cidades-estados independentes, como Atenas, Esparta, Corinto, entre outras, que tinham seus próprios governos, leis e sistemas políticos. Embora essas cidades-estados fossem independentes, elas compartilhavam uma cultura comum, que incluía a língua grega, a religião, os costumes e as tradições.
Essa característica de cidade-estado independente foi uma das principais características da Grécia Antiga. Cada cidade-estado tinha sua própria autonomia e poder de decisão, e não havia um governo central que controlasse todas as cidades. Isso permitiu que cada cidade-estado desenvolvesse suas próprias instituições políticas, sociais e culturais, o que contribuiu para a diversidade e a riqueza cultural da Grécia Antiga.
Além disso, a Grécia Antiga também foi caracterizada pela rivalidade e pela cooperação entre as cidades-estados. Em várias ocasiões, as cidades-estados se uniram para enfrentar ameaças comuns, como a invasão persa, mas também houve guerras e conflitos entre elas.
Portanto, a afirmação de que a Grécia Antiga foi um conjunto de cidades-estados independentes unidas apenas pela mesma cultura é uma descrição precisa da realidade política e social da época.
89) Quando o rei Felipe II acendeu ao trono da Macedônia, realizou grandes mudanças em sua sociedade. Ele ficou conhecido, entre outros feitos, pela conquista das cidades-estado gregas, unindo a Grécia e assim possibilitando a vitória de seu filho Alexandre, o Grande, sobre o Império Persa. Umas das medidas tomadas por Felipe que teve grande importância para atingir essa unidade na região foi:
- A) a imposição de leis mais rígidas para a população menos favorecida, garantindo o apoio das elites e maior obediência e produtividade da plebe.
- B) o estreitamento dos laços entre a Macedônia e Roma, garantindo o apoio dos exércitos romanos em sua campanha para conquista da Grécia.
- C) o confisco de terras dos grandes proprietários e sua distribuição aos camponeses, enfraquecendo as elites e ganhando apoio entre a população mais humilde.
- D) a submissão aos costumes gregos, adaptando a cultura macedônica de forma a conquistar o respeito das cidades-estado que aceitaram a invasão mais facilmente.
- E) o financiamento persa por trás de seu exército; Felipe convenceu o imperador persa de que sua conquista resolveria seus problemas com gregos.
When King Philip II ascended to the throne of Macedonia, he implemented significant changes in his society. He became known, among other achievements, for conquering the Greek city-states, uniting Greece, and thus enabling his son Alexander the Great's victory over the Persian Empire. One of the measures taken by Philip that had great importance for achieving unity in the region was the confiscation of lands from large landowners and their distribution to peasants, weakening the elites and gaining support among the humble population.
This measure was crucial because it allowed Philip to gain the support of the common people, who were the majority of the population. By redistributing the land, Philip was able to win over the peasants, who were previously oppressed by the large landowners. This move also weakened the power of the elites, who had previously held significant influence over the government.
Moreover, this measure helped to increase Philip's popularity among the people, which was essential for his military campaigns. With the support of the peasants, Philip was able to gather a large and loyal army, which was crucial for his conquests. Additionally, the redistribution of land helped to increase agricultural production, which in turn increased the economy and provided more resources for Philip's military campaigns.
In conclusion, the confiscation of lands from large landowners and their distribution to peasants was a key measure taken by Philip II to achieve unity in Greece and pave the way for his son Alexander's conquests. This move not only helped to weaken the elites but also gained the support of the common people, which was essential for Philip's success.
90) O enunciado moderno de “poder igual para todos” difere do ideal grego de igualdade política pelo critério de
- A) universalidade.
- B) paridade.
- C) liberdade.
- D) constitucionalidade.
- E) autoridade.
A alternativa correta é a letra A) universalidade.
O ideal grego de igualdade política difere do enunciado moderno de "poder igual para todos" pelo critério de universalidade. Isso significa que, para os gregos, a igualdade política era restrita aos cidadãos livres e não abrangia todos os seres humanos, como escravos, estrangeiros e mulheres. Já o conceito moderno de igualdade busca estabelecer direitos iguais para todas as pessoas, independentemente de sua raça, gênero, nacionalidade ou status social.
Nesse sentido, a universalidade é o critério que mais se aproxima do ideal grego de igualdade política, pois ambos buscam estabelecer um padrão de igualdade para todos. No entanto, o ideal grego era mais restrito e não abrangia todos os seres humanos, como o conceito moderno de igualdade.
As outras opções não são corretas porque a paridade se refere à igualdade entre dois ou mais elementos, o que não é o caso da igualdade política grega. A liberdade é um conceito relacionado à falta de restrições ou coerção, mas não se refere diretamente ao ideal grego de igualdade política. A constitucionalidade se refere à obediência às leis e à Constituição, o que não é o caso da igualdade política grega. E a autoridade se refere ao poder ou à influência de uma pessoa ou instituição, o que não é o critério que diferencia o ideal grego de igualdade política do enunciado moderno de "poder igual para todos".