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A dúvida pode significar o fim de uma fé, ou pode significar o começo de outra. Em dose moderada, estimula o pensamento. Em excesso, paralisa-o. A dúvida, como exercício intelectual, proporciona um dos poucos prazeres puros, mas, como experiência moral, ela é uma tortura. Aliada à curiosidade, é o berço da pesquisa e assim de todo conhecimento sistemático. Em estado destilado, mata toda curiosidade e é o fim de todo conhecimento.
O ponto de partida da dúvida é sempre uma fé, uma certeza. A fé é, pois, o estado primordial do espírito. O espírito “ingênuo” e “inocente” crê. Essa ingenuidade e inocência se dissolvem no ácido corrosivo da dúvida, e o clima de autenticidade se perde irrevogavelmente. As tentativas dos espíritos corroídos pela dúvida de reconquistar a autenticidade, a fé original, não passam de nostalgias frustradas em busca da reconquista do paraíso perdido. As certezas originais postas em dúvida nunca mais serão certezas autênticas. Tal dúvida, metodicamente aplicada, produzirá novas certezas, mais refinadas e sofisticadas, mas essas certezas novas não serão autênticas. Conservarão sempre a marca da dúvida que lhes serviu de parteira.
A dúvida, portanto, é absurda, pois substitui a certeza autêntica pela certeza inautêntica. Surge, portanto, a pergunta: “por que duvido?” Essa pergunta é mais fundamental do que a outra: “de que duvido?” Trata-se, portanto, do último passo do método cartesiano: duvidar da dúvida — duvidar da autenticidade da dúvida. A pergunta “por que duvido?” engendra outra: “duvido mesmo?”
Descartes, e com ele todo o pensamento moderno, parece não dar esse último passo. Aceita a dúvida como indubitável.
Vilém Flusser. A dúvida. São Paulo: Editora Annablume, 2011, p. 21-2 (com adaptações).
Com relação às diversas formas de conhecimento, é correto afirmar que
- A) as formações sociais produzem três tipos de conhecimento: o mítico ou místico, o senso comum e o científico.
- B) a ausência da dúvida, do questionamento e da crítica no conhecimento estabelecido pelo senso comum e pelas ideologias laicas e(ou) religiosas propicia o desenvolvimento da tolerância às diferenças.
- C) a escola passou a ser, a partir da civilização helênica, o espaço institucional de difusão do saber racional e especializado, fruto do conhecimento científico.
- D) o desenvolvimento da ciência moderna foi impulsionado a partir da organização do método científico, sendo a dúvida o pilar da investigação e da produção do conhecimento científico.
Resposta:
A resposta certa é a letra D) o desenvolvimento da ciência moderna foi impulsionado a partir da organização do método científico, sendo a dúvida o pilar da investigação e da produção do conhecimento científico.
Essa resposta é correta porque a dúvida é um elemento fundamental no método científico. A ciência moderna se baseia na investigação e na experimentação, e a dúvida é o motor que impulsiona esses processos. Ela é a base para a formulação de hipóteses, para a coleta de dados e para a análise de resultados.
Além disso, a dúvida é essencial para o desenvolvimento da ciência porque permite questionar as teorias e os conhecimentos estabelecidos. Isso leva a uma reflexão crítica e à busca por respostas mais precisas e completas. A dúvida também estimula a criatividade e a inovação, pois é necessário encontrar soluções para os problemas e desafios que surgem durante a investigação.
Portanto, a dúvida é o pilar da investigação e da produção do conhecimento científico. É ela que impulsiona o desenvolvimento da ciência moderna e permite que os científicos avancem em suas pesquisas e descobertas.
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