Questões Sobre Guerra Fria e as ditaduras militares - História - concurso

A Revolução Cubana de 1959 foi um marco histórico que transformou não apenas Cuba, mas também influenciou profundamente a política latino-americana. O movimento, liderado por Fidel Castro, Che Guevara e outros revolucionários, derrubou o governo de Fulgencio Batista e estabeleceu um novo regime socialista. Entre as alternativas apresentadas, a correta é a letra C, que descreve os primeiros anos da revolução como um período de "república utópica", marcado por uma economia planificada e centralizada.

A alternativa A está incorreta porque Che Guevara nunca assumiu formalmente o governo de Cuba, ocupando cargos como ministro da Indústria e embaixador, mas nunca como presidente. A alternativa B também é falsa, pois Fidel Castro assumiu o poder como líder revolucionário, não por meio de um golpe contra Che Guevara. A alternativa D distorce o significado do "ataque à Baía dos Porcos", que foi uma tentativa frustrada de exilados cubanos, apoiados pelos EUA, de invadir a ilha em 1961. Por fim, a alternativa E apresenta uma narrativa equivocada sobre a "crise dos mísseis", que na realidade foi um confronto entre EUA e URSS devido à instalação de mísseis soviéticos em Cuba em 1962.

Portanto, a alternativa C é a única que reflete corretamente um aspecto da Revolução Cubana, destacando o caráter autoritário e centralizador do novo regime, que buscava implementar um modelo socialista distante dos ideais democráticos. Esse período inicial foi marcado por transformações radicais na economia e na sociedade cubana, consolidando o poder de Fidel Castro e seu projeto revolucionário.

O amistoso entre as seleções masculinas de futebol dos Estados Unidos e Cuba em 2016, após 69 anos sem confrontos, serviu como um marco simbólico das tensas relações entre os dois países ao longo do século XX. A partida em Havana ocorreu em um contexto de gradual reaproximação diplomática, mas também evidenciou décadas de conflitos políticos e ideológicos.

Analisando as afirmações sobre as relações bilaterais, a alternativa correta é a C), que sintetiza três elementos fundamentais: a vitória da Revolução Cubana liderada por Fidel e Raúl Castro com apoio de Che Guevara em 1959; a derrubada do governo pró-EUA de Fulgêncio Batista; e o subsequente alinhamento de Cuba com a União Soviética durante a Guerra Fria. Essa sequência histórica explica a ruptura nas relações esportivas e diplomáticas entre os países.

As demais alternativas apresentam imprecisões: o bloqueio econômico (A) foi instituído antes da Crise dos Mísseis; a Emenda Platt (B) foi revogada em 1934; e a abertura pós-URSS (D) não ocorreu da forma descrita, mantendo Cuba seu sistema político. O amistoso de 2016, portanto, representou mais que um jogo - foi um capítulo nas complexas relações entre duas nações separadas por apenas 150 km de mar, mas por profundas divergências históricas.

O trecho apresentado reflete uma característica marcante do imaginário político dos Estados Unidos, especialmente durante o período da Guerra Fria: a crença em uma missão providencial de difundir a democracia e os valores norte-americanos pelo mundo. Essa mentalidade, que justificou diversas intervenções internacionais, está diretamente associada à Doutrina Truman.

Proposta pelo presidente Harry Truman em 1947, essa doutrina representou uma política externa intervencionista, baseada no combate ao avanço do comunismo e na promoção ativa da democracia liberal. Seu objetivo era conter a influência soviética, especialmente em regiões consideradas estratégicas, como a América Latina. A citação mencionada no texto exemplifica o discurso moralista e redentor que acompanhou essa doutrina, legitimando ações como o apoio a governos aliados e, em alguns casos, o patrocínio de golpes de Estado.

Embora outras políticas, como a Doutrina Monroe ("América para os americanos") e a estratégia do "Big Stick" (associada a Theodore Roosevelt), também tenham influenciado a relação dos EUA com a América Latina, foi a Doutrina Truman que moldou de forma mais direta as intervenções durante a Guerra Fria. Ela consolidou a ideia de que os Estados Unidos tinham não apenas o direito, mas o dever de intervir em nome da liberdade e da democracia – uma visão que ecoa no trecho analisado.

Portanto, a alternativa correta é C) Doutrina Truman, pois melhor representa a justificativa ideológica por trás das ações norte-americanas no período citado.

Sobre o impacto da Revolução Cubana nas relações entre os EUA e a América Latina na década de 1960, a alternativa correta é a letra B). A Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro em 1959, representou um ponto de virada nas relações hemisféricas, desencadeando uma série de mudanças na política externa dos Estados Unidos em relação à América Latina.

Após a ascensão de um governo socialista em Cuba, alinhado à União Soviética, os EUA passaram a adotar uma abordagem dupla: por um lado, mantiveram a pressão política e econômica contra o regime cubano, enquanto, por outro, buscaram conter a influência comunista na região por meio de iniciativas como a Aliança para o Progresso. Esse programa, lançado em 1961 pelo presidente John F. Kennedy, visava promover o desenvolvimento econômico e social na América Latina como forma de evitar a propagação de revoluções inspiradas no modelo cubano.

As demais alternativas apresentam imprecisões históricas. A invasão da Baía dos Porcos (C) foi um fracasso, a crise dos mísseis (D) envolveu a instalação de armas soviéticas em Cuba, não testes, e os EUA não abandonaram totalmente sua retórica de exportação da democracia (E), ainda que tenham priorizado estratégias mais pragmáticas. Portanto, a resposta correta é B), pois reflete a combinação de medidas coercitivas e diplomáticas adotadas pelos EUA em resposta à Revolução Cubana.

Assinale a alternativa que NÃO caracteriza de modo correto as ditaduras militares instauradas em diferentes países da América Latina nas décadas de 1960 e 1970.

• A) A emergência das ditaduras militares está relacionada ao contexto da Guerra Fria e à ameaça da expansão internacional do comunismo, especialmente após o êxito da Revolução Cubana em 1959 e seu posterior alinhamento ao Bloco Socialista.
• B) Os golpes militares foram apoiados por vários setores sociais como atestam, por exemplo, os boicotes que industriais e comerciantes realizaram no Chile para desgastar a presidência de Salvador Allende e a conhecida “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, contra o governo de João Goulart.
• C) Centros de inteligência militar disseminados nessa época, em diferentes países, passaram a definir os contornos da chamada Doutrina de Segurança Nacional, voltada ao combate de um inimigo interno, propagador de “ideias subversivas” e, portanto, identificado como nocivo aos interesses da “nação”.
• D) Apesar das diferenças, algumas características foram comuns a todos os regimes militares desse período: a suspensão total ou parcial de atividades legislativas, a falência dos regimes e partidos políticos tradicionais, a militarização da vida política e social e a prática das prisões e da tortura.
• E) Os exércitos da Bolívia, Argentina, Chile, Uruguai, Brasil, Paraguai e México estabeleceram um pacto para coordenar operações repressivas, com o objetivo de combater a propagação do comunismo em toda a América Latina, conhecido como Operação Condor.

O gabarito correto é E).

O texto de Antonio Candido sobre os anos 1960 destaca um período marcado por turbulência política e efervescência cultural no Brasil, especialmente durante o governo de João Goulart. Essa década foi profundamente influenciada pelo contexto internacional, em particular pela Revolução Cubana de 1959, que reverberou em todo o continente americano. Entre os efeitos dessa revolução, um dos mais significativos foi a reação dos Estados Unidos, que passou a adotar medidas para conter a expansão do socialismo na região.

A alternativa correta, conforme o gabarito, é a letra A, que menciona a adesão de governos latino-americanos à Doutrina da Contra Insurgência, promovida pelos EUA. Essa doutrina incluía o treinamento de militares latino-americanos na Escola das Américas, localizada no Panamá, com o objetivo de combater movimentos guerrilheiros inspirados no modelo cubano. Essa estratégia fortaleceu regimes autoritários e contribuiu para a repressão política em vários países, incluindo o Brasil, onde o golpe militar de 1964 se inseriu nesse contexto.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou imprecisas. A letra B menciona o "Perigo Vermelho", que, embora tenha sido um elemento da propaganda anticomunista, não foi uma novidade dos anos 1960. A letra C aborda a Crise dos Mísseis, um evento crucial da Guerra Fria, mas que não teve relação direta com a turbulência política interna no Brasil. A letra D fala de revoluções socialistas na América Latina, mas cita exemplos equivocados (Chile, El Salvador e Nicarágua), cujos processos revolucionários ocorreram posteriormente. Por fim, a letra E menciona a Operação Pan-Americana, uma iniciativa de cooperação econômica que não foi alvo de oposição generalizada pelas esquerdas.

Portanto, a resposta correta é A, pois reflete um dos principais impactos da Revolução Cubana na América Latina: a militarização da política regional como resposta ao temor de expansão do socialismo.

O Cone Sul da América Latina foi palco de uma série de golpes militares entre as décadas de 1960 e 1970, período marcado pela instabilidade política e pela ascensão de regimes autoritários na região. Nesse contexto, quatro países se destacam por terem sofrido intervenções militares que derrubaram governos democraticamente eleitos: Brasil, Chile, Uruguai e Argentina.

No Brasil, o golpe militar ocorreu em 1964, iniciando um regime ditatorial que durou até 1985. O Chile viveu seu golpe em 1973, quando o governo de Salvador Allende foi derrubado, dando início à ditadura de Augusto Pinochet. O Uruguai sofreu seu golpe em 1973, após um período de crescente instabilidade política e econômica. Já a Argentina passou por uma sucessão de golpes, com o mais marcante ocorrendo em 1976, que estabeleceu uma das ditaduras mais violentas da região.

Esses regimes compartilhavam características comuns, como a supressão de liberdades civis, a perseguição política e o uso sistemático da violência contra opositores. O estudo desse período histórico é fundamental para compreender as dinâmicas políticas da América Latina contemporânea e os desafios enfrentados por essas sociedades na construção de suas democracias.

No contexto dos regimes autoritários que dominaram a América Latina nas décadas de 1960 e 1970, a resistência democrática emergiu como uma força fundamental em diversos setores da sociedade. Essa resistência foi crucial não apenas para o enfraquecimento e queda desses regimes, mas também para as transformações políticas que se seguiram. Entre as principais conquistas desse período, destaca-se a pressão civil pela responsabilização dos crimes cometidos durante as ditaduras, incluindo a punição aos militares e o reconhecimento oficial das vítimas de desaparecimento e execução.

A alternativa correta, neste caso, é a D), pois reflete um dos legados mais significativos da luta pela redemocratização: a demanda por justiça e memória. Enquanto outras opções mencionam elementos como indenizações a militares (A), organização de partidos de extrema direita ou movimentos radicais (B), ou a instituição integral da democracia por grupos de esquerda (C), nenhuma delas captura com tanta precisão o papel central da sociedade civil na busca por reparação e verdade histórica. O recrudescimento das pressões por justiça foi um marco essencial na consolidação dos Estados democráticos pós-autoritários.

O estudo da história é frequentemente destacado como fundamental para compreender o passado e, assim, preparar o futuro. No contexto das ditaduras na América Latina em meados do século XX, a alternativa correta é a letra A, que afirma que esses regimes autoritários obtiveram apoio significativo da população civil, diferentemente do Nazismo na Alemanha. Essa perspectiva sugere que, na América Latina, as ditaduras não eram vistas como erros a serem evitados, mas sim como soluções desejadas para os problemas da época.

A alternativa A destaca uma diferença crucial entre os regimes latino-americanos e o Nazismo: enquanto este último foi amplamente rejeitado após a Segunda Guerra Mundial devido aos seus crimes, as ditaduras na América Latina contaram com apoio civil e político, muitas vezes justificadas como medidas necessárias para a "segurança nacional" e a estabilidade econômica. Isso revela uma complexidade na relação entre sociedade e autoritarismo na região, onde parte da população via esses regimes como legítimos, ao contrário da condenação quase universal ao Nazismo.

As outras alternativas apresentam informações relevantes, mas não capturam a essência da questão. A Operação Condor (alternativa B) de fato existiu como uma colaboração entre governos autoritários latino-americanos com apoio dos EUA, mas não explica o apoio civil aos regimes. As alternativas C, D e E trazem elementos históricos válidos, mas não abordam diretamente a ideia de que as ditaduras latino-americanas foram, em certa medida, aceitas pela sociedade, diferentemente do que ocorreu com o Nazismo.

Portanto, a alternativa A é a mais coerente ao destacar que, na América Latina, os regimes autoritários não foram vistos como erros a serem evitados, mas sim como projetos políticos desejados por parte significativa da população, o que contrasta fortemente com a rejeição pós-Segunda Guerra ao fascismo europeu.

A instalação da ditadura militar na Argentina em 1976 marcou um dos períodos mais sombrios da história do país e da América do Sul. O regime, que durou até 1983, ficou conhecido por sua extrema violência e pela sistemática violação dos direitos humanos, com estimativas de até 30 mil desaparecidos políticos. O contexto internacional da Guerra Fria foi crucial para justificar as ações do governo militar, que se apresentava como um baluarte contra o avanço do comunismo no continente.

A alternativa correta (C) aponta precisamente para esse aspecto fundamental: a ditadura argentina se inseriu no cenário global da Guerra Fria, utilizando o anticomunismo como justificativa para suas ações repressivas. Esse discurso encontrou eco não apenas internamente, mas também garantiu certa tolerância internacional, especialmente dos Estados Unidos, que via com preocupação qualquer movimento de esquerda na região.

As outras alternativas apresentam imprecisões históricas: a ditadura argentina durou menos tempo que a brasileira (A); Juan Perón não governou durante a ditadura militar (B); e os EUA mantiveram relações com o regime argentino, apesar das denúncias de violações (D). A resposta correta, portanto, é de fato a alternativa C, que captura a essência do contexto geopolítico que permitiu a ascensão e manutenção desse regime autoritário.