Questões Sobre Guerra Fria e as ditaduras militares - História - concurso

O texto apresenta uma questão sobre as ditaduras militares na América Latina durante as décadas de 1960 e 1970, solicitando que se assinale a alternativa que NÃO caracteriza corretamente esses regimes. O gabarito indica que a resposta correta é a alternativa E).

A análise das opções revela que:

• A) Corretamente relaciona o surgimento das ditaduras ao contexto da Guerra Fria e ao temor da expansão comunista após a Revolução Cubana.
• B) Descreve com precisão o apoio de setores da sociedade aos golpes, exemplificando com casos como o Chile e o Brasil.
• C) Aponta de forma adequada a criação da Doutrina de Segurança Nacional e sua ênfase no combate ao "inimigo interno".
• D) Identifica corretamente características comuns aos regimes, como a suspensão de atividades legislativas e a repressão violenta.
• E) Incorreta, pois embora a Operação Condor tenha existido, o México não fez parte desse pacto repressivo, invalidando a afirmação de que todos os países mencionados participaram.

Portanto, a alternativa E) é a que contém a informação equivocada, justificando sua escolha como resposta correta.

O populismo na América Latina, como destacado por José Murilo de Carvalho, estabeleceu uma dinâmica peculiar entre Estado e cidadãos, na qual os direitos sociais eram frequentemente concedidos como uma espécie de "favor" em troca de lealdade política. Essa abordagem contrasta significativamente com o processo de consolidação de direitos na Europa Ocidental, onde a expansão dos direitos sociais ocorreu após a plena garantia dos direitos civis e políticos.

Enquanto no Brasil, Argentina e Peru o populismo criou uma cidadania passiva e dependente da ação estatal, na Europa Ocidental a construção da cidadania seguiu uma trajetória mais orgânica. Primeiro consolidaram-se as liberdades individuais e os mecanismos de participação política, para só então avançar na proteção social. Essa diferença histórica explica por que, em muitos países latino-americanos, os direitos sociais não foram plenamente assimilados como conquistas da cidadania, mas sim como benesses concedidas por governos populistas.

Portanto, a afirmação está correta ao destacar essa distinção fundamental entre os processos de construção da cidadania na Europa Ocidental e na América Latina. A sequência histórica na Europa - primeiro direitos civis e políticos, depois sociais - criou bases mais sólidas para uma cidadania ativa e consciente de seus direitos.

O último regime autoritário vivenciado pela Argentina, que enfrentou diversos golpes de Estado ao longo do século XX, iniciou-se em 1976 e foi marcado, entre outros fatos, pela violenta perseguição a grupos políticos de oposição.

De acordo com o texto de José Murilo de Carvalho, o populismo na América Latina, incluindo a Argentina, criou uma dinâmica em que os direitos sociais eram concedidos como favores pelo governo, gerando uma cidadania passiva e dependente. Esse contexto histórico facilitou o surgimento de regimes autoritários, como o que se instalou na Argentina em 1976, conhecido como "Processo de Reorganização Nacional".

Durante esse período, o governo militar argentino promoveu uma repressão brutal contra opositores políticos, resultando em milhares de desaparecimentos, torturas e execuções extrajudiciais. Essa violência sistemática contra a oposição corrobora a afirmação presente no item, tornando a alternativa C) CERTO a resposta correta.

Portanto, o gabarito está correto ao indicar que a afirmação sobre o regime autoritário argentino iniciado em 1976 é verdadeira, especialmente no que diz respeito à perseguição violenta contra grupos de oposição.

O populismo na América Latina, conforme apontado por José Murilo de Carvalho em Cidadania no Brasil: O longo caminho, estabeleceu uma dinâmica complexa entre governos e cidadãos, marcada pela concessão de direitos sociais como forma de obter lealdade política. Essa relação, no entanto, fragilizou a noção de cidadania ativa, substituindo-a por uma postura passiva e dependente do Estado.

No contexto histórico das décadas de 1960 e 1970, diversos países latino-americanos vivenciaram o surgimento de regimes ditatoriais. Esses governos autoritários frequentemente se legitimaram alegando a necessidade de prevenir a ascensão de líderes ou movimentos políticos radicais, que supostamente ameaçavam a ordem estabelecida. Tal justificativa, conhecida como "doutrina de segurança nacional", serviu como fundamento ideológico para golpes de Estado e repressão sistemática.

Portanto, a afirmação de que várias ditaduras latino-americanas desse período se apresentaram como reações antecipadas a ameaças radicais está correta, conforme comprovado pelos estudos históricos sobre a região. Esse fenmeno está diretamente relacionado ao quadro de fragilidade institucional e cidadania passiva descrito por Carvalho, que facilitou a ruptura da ordem democrática em nome da suposta proteção contra extremismos.

O texto apresentado aborda o contexto histórico da América Latina entre 1964 e o final dos anos 1970, marcado pelo surgimento de ditaduras militares em diversos países da região. A alternativa correta, conforme o gabarito, é a letra C, que descreve com precisão os eventos ocorridos no Chile durante esse período.

De fato, a eleição de Salvador Allende em 1970 representou um momento singular na história latino-americana, pois seu governo buscava implementar reformas socialistas por meio de vias democráticas. A coalizão de esquerda liderada por Allende – que incluía socialistas, comunistas e setores progressistas – enfrentou forte oposição interna e externa, culminando no golpe militar de 1973, chefiado por Augusto Pinochet com apoio dos Estados Unidos. Esse episódio ilustra como as ditaduras na região frequentemente surgiram como resposta a governos reformistas ou de esquerda, dentro do contexto da Guerra Fria.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou imprecisas. A letra A inverte a lógica da Doutrina da Segurança Nacional, que visava justamente combater a influência socialista. A opção B distorce a realidade ao sugerir que os militares brasileiros colaboraram com a esquerda, quando na verdade perseguiram esses grupos. A alternativa D omite a violência da ditadura argentina, contradizendo o conhecido histórico de repressão no país. Por fim, a letra E mistura elementos históricos de forma equivocada, já que a ALN atuou no Brasil, não no Peru.

Portanto, a alternativa C é a única que apresenta uma descrição factualmente correta sobre o período das ditaduras militares na América Latina, especificamente no caso chileno, onde um governo eleito democraticamente foi derrubado por um golpe militar com claros motivos ideológicos.

Judiciário contribuiu com ditadura no Chile, diz Juiz Guzmán Tapia
As cortes de apelação rejeitaram mais de 10 mil habeas corpus nos casos das pessoas desaparecidas. Nos tribunais militares, todas as causas foram concluídas com suspensões temporárias ou definitivas, e os desaparecimentos políticos tiveram apenas trâmite formal na Justiça. Assim, o Poder Judiciário contribuiu para que os agentes estatais ficassem impunes.

Disponível em: http://www.cartamaior.com.br. Acesso em: 20 jul. 2010 (adaptado)

Segundo o texto, durante a ditadura chilena na década de 1970, a relação entre os poderes Executivo e Judiciário caracterizava-se pela

• A) preservação da autonomia institucional entre os poderes.
• B) valorização da atuação independente de alguns juízes.
• C) manutenção da interferência jurídica nos atos executivos.
• D) transferência das funções dos juízes para o chefe de Estado.
• E) subordinação do poder judiciário aos interesses políticos dominantes.

O gabarito correto é E).

Em 1954, a Guatemala foi palco de um evento marcante na história das relações internacionais da América Latina: a deposição do presidente Jacobo Arbenz por meio de uma intervenção militar orquestrada pela CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos). Esse episódio, conhecido como o Golpe de 1954, teve como pano de fundo a implementação de políticas reformistas por parte do governo de Arbenz, especialmente a reforma agrária de 1952, que expropriou terras da United Fruit Company, uma poderosa corporação norte-americana com interesses na região.

A justificativa ideológica para a intervenção dos EUA foi baseada em doutrinas de caráter anticomunista, que ganhavam força no contexto da Guerra Fria. O governo norte-americano, temendo a expansão de influências socialistas no continente, enxergou as reformas de Arbenz como uma ameaça aos seus interesses econômicos e geopolíticos. Assim, a ação foi apresentada como uma medida necessária para conter o avanço do comunismo na América Central.

Portanto, a alternativa correta é D) anticomunista, pois reflete o discurso predominante da política externa dos EUA na época, que via qualquer movimento reformista ou progressista como potencialmente alinhado ao bloco soviético.

O período das décadas de 60 e 70 na América Latina foi marcado pelo predomínio de regimes autoritários, com ditaduras militares se estabelecendo em diversos países. Esse contexto histórico deixou cicatrizes profundas, tanto no aspecto político quanto social, com violações sistemáticas de direitos humanos. A redemocratização, iniciada nos anos 80, trouxe esperança, mas também desafios econômicos e políticos.

Entre as alternativas apresentadas, a incorreta é a A), que afirma que Hugo Chávez assumiu a presidência da Venezuela na década de 70 e permanece no poder até os dias atuais. Na realidade, Chávez só chegou ao poder em 1999, após ser eleito democraticamente, e seu governo não pode ser enquadrado no mesmo contexto das ditaduras militares dos anos 60 e 70. Além disso, ele faleceu em 2013, não estando mais no poder atualmente.

As demais alternativas apresentam informações corretas sobre o período. A alternativa B) menciona corretamente a eleição indireta de Tancredo Neves no Brasil em 1985, marcando o fim do regime militar. A alternativa C) aborda a crise econômica dos anos 80, conhecida como "década perdida". A alternativa D) refere-se aos movimentos guerrilheiros na América Central, como os sandinistas na Nicarágua. Por fim, a alternativa E) descreve com precisão as violações de direitos humanos cometidas pelos regimes militares na região.

Portanto, a análise das alternativas demonstra que a única incorreta é a A), que distorce fatos históricos sobre a Venezuela e o governo de Hugo Chávez, não correspondendo ao contexto das ditaduras militares latino-americanas do século XX.

A afirmação sobre a chegada dos sandinistas ao poder na Nicarágua em 1979, com suposto apoio ostensivo de Washington, está incorreta. O gabarito correto é E) ERRADO, pois os Estados Unidos não apoiaram os sandinistas, mas sim se opuseram a eles durante a Revolução Sandinista, que derrubou a ditadura da família Somoza.

O regime de Somoza, uma das ditaduras mais longevas da América Latina, foi derrubado pelo movimento revolucionário liderado pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). A vitória sandinista ocorreu após anos de luta armada e resistência popular, marcando o fim de décadas de governo autoritário e corrupção.

Os Estados Unidos, longe de apoiar os sandinistas, foram historicamente aliados da família Somoza e, após a revolução, financiaram os "contras" (grupos contra-revolucionários) na tentativa de desestabilizar o governo sandinista. Portanto, a afirmação original contém um erro histórico grave ao sugerir que Washington apoiou os sandinistas.

O texto apresentado aborda um período crucial da história política da América Latina, destacando a experiência chilena como um marco no contexto da radicalização ideológica pós-Segunda Guerra Mundial. A afirmação de que o Chile protagonizou a adoção inédita do socialismo pela via eleitoral, com a vitória de Salvador Allende em 1970, e posteriormente sofreu um golpe de Estado em 1973, instaurando uma ditadura violenta, está correta.

A eleição de Allende representou um fenômeno singular na região, pois demonstrou a possibilidade de transformações sociais profundas através do processo democrático, em contraste com as revoluções armadas ou regimes autoritários que caracterizaram outros países. Sua política de nacionalizações e reformas sociais, no entanto, enfrentou forte oposição interna e externa, culminando no golpe liderado por Augusto Pinochet, apoiado pelos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria.

O regime militar chileno (1973-1990) destacou-se pela repressão sistemática, com violações de direitos humanos em larga escala, consolidando-se como um dos mais brutais da história do Cone Sul. Portanto, a afirmação está correta (C), pois sintetiza com precisão esse capítulo complexo da história latino-americana, onde a tentativa democrática de construção do socialismo foi interrompida por uma ditadura de extrema direita.