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Questões Sobre Iluminismo - História - concurso

Questão 31

O desenvolvimento intelectual e social em curso na Europa alcançou seu ápice no século XVIII, com o Iluminismo.
Nesse período,

  • A)Thomas Kuhn afirmou que o avanço científico é determinado pelas mudanças sociais.
  • B)a escola estoica fundada por Zenão tornou-se a versão filosófica dominante.
  • C)Martin Heidegger criticou a cultura de massa por distanciar o homem da natureza.
  • D)as ideias de Platão e Aristóteles foram recuperadas e reverenciadas na nova sociedade.
  • E)Jean-Jacques Rosseau contestou a velha ordem ao declarar que o homem nasce livre.
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A alternativa correta é E)

O Iluminismo, movimento intelectual que atingiu seu auge na Europa do século XVIII, trouxe consigo uma série de transformações no pensamento filosófico, político e social. Entre as alternativas apresentadas, a resposta correta é a letra E), que destaca a contribuição de Jean-Jacques Rousseau ao contestar a velha ordem com a célebre afirmação de que "o homem nasce livre, mas em toda parte está acorrentado". Essa ideia sintetiza o espírito crítico do Iluminismo em relação às estruturas tradicionais de poder e hierarquia.

As demais alternativas não correspondem ao contexto histórico do Iluminismo. Thomas Kuhn (A) é um filósofo da ciência do século XX, cuja teoria sobre paradigmas científicos não se aplica ao século XVIII. A escola estoica (B), fundada por Zenão na Antiguidade, não foi dominante nesse período. Martin Heidegger (C), crítico da modernidade, também pertence ao século XX. Já a recuperação das ideias de Platão e Aristóteles (D) ocorreu principalmente durante o Renascimento, não sendo um traço marcante do Iluminismo, que priorizava a razão e o empirismo em detrimento do pensamento clássico.

Rousseau, portanto, representa a voz de uma época que questionou as bases da sociedade, defendendo a liberdade natural do ser humano e influenciando revoluções como a Francesa. Sua obra é um marco na transição para o pensamento moderno.

Questão 32

Texto 1: “À luz de uma vela de sebo, Morelos escreve as bases da Constituição nacional. Propõe
uma América livre, independente e católica; substitui os tributos dos índios pelo imposto de renda e
aumenta o salário diário do pobre; confisca os bens
do inimigo; estabelece a liberdade de comércio,
mas com barreiras alfandegárias; suprime a escravidão e a tortura e liquida o regime de castas,
que fundamentava as diferenças sociais na cor da
pele, de modo que só distinguirão um americano
de outro, o vício e a virtude
”.

[GALEANO, Eduardo. A Independência é Revolução ou
Mentira. In GALEANO, Eduardo. Memórias de Fogo 2 – As Caras e
as Máscaras. Porto Alegre: L&PM, 1997, p. 157]

Texto 2: “A velha escrava, íntima dos deuses, afunda
o facão na garganta de um javali negro. A terra do
Haiti bebe o sangue, sob a proteção dos deuses
da guerra e do fogo, duzentos negros cantam e
dançam o juramento de liberdade. Na proibida cerimônia do vodu, iluminada por relâmpagos, os
duzentos escravos decidem converter em pátria
essa terra de castigo. É fundada no Haiti a língua
créole. Como o tambor, o créole é o idioma comum que os arrancados da África falam em várias
ilhas antilhanas.[…] Graças ao créole, os haitianos
sentem que se tocam quando se falam”.

[GALEANO, Eduardo. Os Conjurados do Haiti. In GALEANO,
Eduardo. Memórias de Fogo 2 – As Caras e as Máscaras. Porto
Alegre: L&PM, 1997, p. 113]

Ao apresentar aos alunos do 8º ano os textos acima para abordar o processo de independência latino-americano entre fins do séc. XVIII e início do
séc. XIX, o professor destacará como semelhança
na luta pela independência política nos contextos
citados:

  • A)o protagonismo dos escravos
  • B)a influência dos ideais iluministas
  • C)a liderança das elites locais
  • D)o fracasso dos dois movimentos
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é B)

O processo de independência na América Latina, entre os séculos XVIII e XIX, foi marcado por diferentes contextos e protagonistas, mas também por ideais comuns que uniram diversas lutas pela emancipação política. Os textos de Eduardo Galeano apresentam dois momentos distintos: a liderança de Morelos no México e a revolução dos escravos no Haiti. Apesar das diferenças evidentes entre esses movimentos, ambos compartilham uma influência fundamental dos ideais iluministas, que pregavam a liberdade, a igualdade e a ruptura com as estruturas opressoras do colonialismo.

No primeiro texto, Morelos é retratado como um líder que propõe reformas profundas, como a abolição da escravidão, o fim das castas e a implementação de princípios como a liberdade de comércio e a justiça social. Essas medidas refletem claramente os ideais iluministas, que questionavam as hierarquias coloniais e defendiam direitos universais. A frase destacada — "só distinguirão um americano de outro, o vício e a virtude" — revela uma visão igualitária, alinhada com os valores do Iluminismo.

Já no segundo texto, a revolução haitiana, embora protagonizada por escravos e marcada por elementos culturais como o vodu e o créole, também carrega em seu cerne a busca por liberdade e autodeterminação, princípios iluministas. A cerimônia descrita por Galeano simboliza não apenas uma rebelião contra a escravidão, mas a fundação de uma nova pátria baseada na ideia de emancipação coletiva. A linguagem do créole, como instrumento de união, reforça a noção de identidade e liberdade, valores centrais no pensamento iluminista.

Portanto, embora os contextos sejam distintos — um liderado por uma figura como Morelos e outro por escravos insurgentes —, a semelhança fundamental entre esses movimentos reside na influência dos ideais iluministas, que inspiraram a luta pela independência e a construção de sociedades mais justas e livres. A alternativa correta, assim, é a letra B.

Questão 33

“Esclarecimento [Iluminismo] é a saída do homem de sua
menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade
é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem
a direção de outro indivíduo […] A preguiça e a covardia
são as causas pelas quais uma tão grande parte dos
homens […] continuem […] de bom grado menores
durante toda a vida. São também as causas que explicam
por que é tão fácil que os outros se constituam em tutores
deles. É tão cômodo ser menor […] Que, porém, um
público se esclareça a si mesmo é perfeitamente possível;
mais que isso, se lhe for dada a liberdade, é quase
inevitável. Pois, encontrar-se-ão sempre alguns indivíduos
capazes de pensamento próprio, até entre os tutores
estabelecidos da grande massa, que, depois de terem
sacudido de si mesmos o jugo da menoridade, espalharão
em redor de si o espírito de uma avaliação racional do
próprio valor e da vocação de cada homem em pensar
por si mesmo.”

KANT, Immanuel. Que é esclarecimento? Disponível em: coral.ufsm.br/
gpforma/2senafe/PDF/b47.pdf. Acessado em 02/09/2018.

O trecho acima foi extraído do artigo Que é o Esclarecimento?,
publicado em 1783 pelo filósofo prussiano Immanuel Kant.
Neste texto, Kant apresentou uma explicação sobre o que
caracterizava o Iluminismo. A partir do excerto citado, o
Iluminismo pode ser compreendido como:

  • A)Um conjunto de ideias que estimularia os indivíduos a romperem com a subserviência de regras e condutas impostas por outrem;
  • B)Um movimento intelectual voltado a um número restrito de letrados sem condições de alcançar um amplo público;
  • C)Uma série de preceitos baseados na análise racional das condições de liberdade e sujeição a fim de manter as circunstâncias sociopolíticas;
  • D)A organização de ideias e ações contrárias à formação de indivíduos com autonomia intelectual;
  • E)Um movimento político que não influenciou sublevações sociais, como a Revolução Francesa em 1789.
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A alternativa correta é A)

O texto de Immanuel Kant, retirado de seu artigo "Que é o Esclarecimento?", oferece uma reflexão profunda sobre o Iluminismo como um processo de emancipação intelectual. Kant define o Esclarecimento como a saída do homem de sua "menoridade", termo que ele utiliza para descrever a incapacidade de pensar por si mesmo, submetendo-se a orientações externas. Essa condição, segundo o filósofo, é mantida pela preguiça e pela covardia, que levam os indivíduos a preferir a comodidade da tutela alheia em vez de assumir a responsabilidade pelo próprio pensamento.

A alternativa correta, conforme indicado no gabarito, é a letra A, que sintetiza o cerne do pensamento kantiano: o Iluminismo como um convite à autonomia intelectual. Kant acredita que, embora muitos permaneçam na menoridade por conveniência, a liberdade de pensamento é capaz de gerar uma transformação coletiva. Indivíduos que ousam romper com a dependência intelectual tornam-se exemplos, disseminando um espírito crítico e incentivando outros a fazerem o mesmo. Dessa forma, o Iluminismo não se restringe a uma elite letrada, mas é um movimento que, dada a liberdade, pode alcançar toda a sociedade.

As demais alternativas não capturam a essência do texto de Kant. A letra B contradiz a afirmação do filósofo de que o Esclarecimento pode se espalhar além de um grupo restrito. A letra C, embora mencione a razão, desvia-se do foco principal, que é a ruptura com a submissão intelectual. A letra D vai diretamente contra o pensamento kantiano, ao sugerir que o Iluminismo seria contrário à autonomia. Por fim, a letra E ignora o impacto histórico do Iluminismo, que influenciou movimentos como a Revolução Francesa.

Portanto, o Iluminismo, na visão de Kant, é um chamado à coragem de pensar por si mesmo, rompendo com as amarras da dependência intelectual e abrindo caminho para uma sociedade mais autônoma e crítica.

Questão 34

Considere o excerto abaixo sobre o livro Utopia, do escritor inglês Thomas Morus (1478-1535), lançado entre 1516 e
1518:
[…] Em sua obra Utopia, Morus descreve a vida numa ilha em formato de lua crescente, na qual tudo é dividido de maneira
equânime entre as pessoas, onde não existe injustiça e violência e se vive confortavelmente. […] na ilha de Utopia, o problema
da exclusão social, tema candente de seu tempo, […] seria resolvido de uma vez por todas. E de que maneira? Pela aplicação
de todos ao trabalho […]”.
(LOPES, M. A. Uma História da ideia de utopia: o real e o imaginário no pensamento político de Thomas Morus. História: Questões & Debates,
Curitiba, n. 40, 2004, p. 141-142.)
A partir do trecho acima e dos conhecimentos sobre o início da Idade Moderna (1453-1789), é correto afirmar que a
obra de Morus pertenceu ao:

  • A)Iluminismo europeu e foi publicada no contexto do absolutismo inglês, em que o clero católico possuía privilégios, terras e metais preciosos, ao contrário da maioria da população.
  • B)Renascimento europeu e foi publicada no contexto do republicanismo inglês, em que os parlamentares possuíam terras, títulos de nobreza e isenção de impostos, ao contrário da maioria da população.
  • C)Arcadismo europeu e foi publicada no contexto do protecionismo inglês, em que o clero protestante possuía terras, privilégios e perdão de dívidas, ao contrário da maioria da população.
  • D)Humanismo europeu e foi publicada no contexto do absolutismo inglês, em que a aristocracia possuía privilégios, terras e rendas, ao contrário da maioria da população.
  • E)Romantismo europeu e foi publicada no contexto de expansionismo inglês, em que a monarquia possuía manufaturas, terras e ouro, ao contrário da maioria da população.
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A alternativa correta é D)

A obra Utopia, de Thomas Morus, reflete as inquietações do Humanismo europeu no início da Idade Moderna. Escrita entre 1516 e 1518, a obra dialoga com as transformações políticas, sociais e econômicas de seu tempo, marcado pelo fortalecimento do absolutismo na Inglaterra. Nesse contexto, a aristocracia detinha privilégios, grandes extensões de terra e rendas, enquanto a maioria da população vivia em condições precárias, enfrentando exclusão social e desigualdades.

Morus, influenciado pelos ideais humanistas, propõe em Utopia uma sociedade idealizada, onde a distribuição equitativa de recursos e o trabalho coletivo eliminariam as injustiças. Essa visão contrasta diretamente com a realidade do absolutismo inglês, no qual a concentração de poder e riqueza nas mãos de poucos gerava tensões sociais. A crítica implícita à estrutura hierárquica da época revela o caráter humanista da obra, que busca repensar a organização social a partir da razão e da justiça.

A alternativa D) é a correta porque situa a obra no Humanismo europeu, movimento intelectual que valorizava o ser humano e sua capacidade de transformar a realidade, e no contexto do absolutismo inglês, sistema político que consolidou as disparidades sociais criticadas por Morus. As outras alternativas incorrem em erros cronológicos ou de classificação, como associar a obra ao Iluminismo (século XVIII) ou ao Romantismo (século XIX), períodos posteriores à publicação de Utopia.

Questão 35

As ideias iluministas começaram a circular no Brasil na segunda metade do século XVIII. Elas
refletiram-se em vários campos da atividade e do conhecimento humano. Assinale, dentre as
alternativas abaixo, aquela que apresenta um filósofo deste período, cujo pensamento incentivou,
de forma relevante, a Inconfidência Mineira.

  • A)Jean-Jacques Rousseau
  • B)Adam Smith
  • C)François Quesnay
  • D)Vicent de Gournay
  • E)Nicolau Maquiavel
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é A)

O Iluminismo, movimento intelectual que surgiu na Europa no século XVIII, exerceu grande influência em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil. Na segunda metade desse século, as ideias iluministas começaram a circular no território brasileiro, inspirando movimentos que questionavam o sistema colonial e a opressão metropolitana. Um dos exemplos mais emblemáticos dessa influência foi a Inconfidência Mineira (1789), conspiração que buscava a independência de Minas Gerais em relação a Portugal.

Entre os filósofos iluministas que influenciaram os inconfidentes, destaca-se Jean-Jacques Rousseau, cujas ideias sobre soberania popular, contrato social e liberdade inspiraram muitos dos líderes do movimento. Rousseau defendia que o poder emana do povo e criticava os abus do absolutismo, princípios que ecoaram entre os conspiradores mineiros. Sua obra Do Contrato Social foi particularmente relevante para a formação do ideário revolucionário da época.

Embora outros pensadores iluministas, como Adam Smith e François Quesnay, tenham contribuído para o debate econômico e político do período, foi o pensamento de Rousseau que mais diretamente alimentou o desejo de autonomia e justiça social entre os inconfidentes. Portanto, a alternativa correta que aponta o filósofo cujas ideias incentivaram a Inconfidência Mineira é A) Jean-Jacques Rousseau.

Questão 36

O pensamento iluminista, baseado no racionalismo, individualismo
e liberdade absoluta do homem, ao criticar todos
os fundamentos em que se assentava o Antigo Regime, revelava
as suas contradições e as tornava transparentes aos
olhos de um número cada vez maior de pessoas.
(Modesto Florenzano. As revoluções burguesas, 1982. Adaptado.)
Entre as críticas ao Antigo Regime, mencionadas no texto,
podemos citar a rejeição iluminista do

  • A)princípio da igualdade jurídica.
  • B)livre comércio.
  • C)liberalismo econômico.
  • D)republicanismo.
  • E)absolutismo monárquico.
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A alternativa correta é E)

O Iluminismo, como movimento intelectual do século XVIII, trouxe consigo uma série de críticas profundas às estruturas do Antigo Regime. Baseado nos princípios do racionalismo, individualismo e liberdade, ele questionou as bases do poder absolutista, que concentrava autoridade nas mãos do monarca e sustentava uma sociedade hierárquica e desigual. O texto de Modesto Florenzano destaca como o pensamento iluminista expôs as contradições do Antigo Regime, tornando-as evidentes para um público cada vez maior.

Entre as principais críticas iluministas estava a rejeição ao absolutismo monárquico, sistema no qual o rei detinha poder ilimitado, justificado pela teoria do direito divino. Os filósofos iluministas, como Montesquieu, Voltaire e Rousseau, defendiam a separação de poderes, a soberania popular e a limitação da autoridade real, ideias que minavam os alicerces do absolutismo. Portanto, a alternativa correta é a letra E), pois o Iluminismo atacou diretamente essa forma de governo, em contraste com outros princípios que, na verdade, eram defendidos pelos próprios iluministas, como a igualdade jurídica e o liberalismo econômico.

Assim, o Iluminismo não apenas criticou o Antigo Regime, mas também pavimentou o caminho para transformações políticas e sociais, como as revoluções burguesas, que buscavam substituir o absolutismo por sistemas baseados na razão e na participação cidadã.

Questão 37

    O alvo dos ataques extremistas é o Iluminismo. E a
melhor defesa é o próprio Iluminismo. “Por mais que seus
valores estejam sendo atacados por elementos como os
fundamentalistas americanos e o islamismo radical, isto
é, pela religião organizada, o Iluminismo continua sendo a
força intelectual e cultural dominante no Ocidente. O Iluminismo
continua oferecendo uma arma contra o fanatismo”.
Estas palavras do historiador britânico Anthony Pagden
chegam em um momento em que algumas forças insistem
em dinamitar a herança do Século das Luzes. “O Iluminismo
é um projeto importante e em incessante evolução.
Proporciona uma imagem de um mundo capaz tanto de
alcançar certo grau de universalidade quanto de libertar-se das restrições do tipo de normas morais oferecidas
pelas comunidades religiosas e suas análogas ideologias
laicas: o comunismo, o fascismo e, agora, inclusive, o comunitarismo”,
afirma Pagden.

(Winston Manrique Sabogal. “‘O Iluminismo continua oferecendo uma
arma contra o fanatismo’”. www.unisinos.br. Adaptado.)
No texto, o Iluminismo é entendido como

  • A)um impulso intelectual propagador de ideologias políticas e religiosas contrárias à hegemonia do Ocidente.
  • B)um movimento filosófico e intelectual de valorização da razão, da liberdade e da autonomia, restrito ao século XVIII.
  • C)uma tendência de pensamento legitimadora do domínio colonialista e imperialista exercido pelas nações europeias.
  • D)um projeto intelectual eurocêntrico baseado em imagens de mundo dotadas de universalidade teológica.
  • E)uma experiência intelectual racional e emancipadora, de origem europeia, porém passível de universalização.
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A alternativa correta é E)

O texto apresentado aborda o Iluminismo como um movimento intelectual que, apesar dos ataques de grupos extremistas e fundamentalistas, permanece como a força dominante no Ocidente. Segundo Anthony Pagden, o Iluminismo não é apenas um legado histórico do século XVIII, mas um projeto em constante evolução, capaz de promover valores universais e libertar a humanidade de dogmas religiosos e ideologias autoritárias. Sua essência racional e emancipadora, embora de origem europeia, possui um potencial universalizante, conforme destacado na alternativa E.

O Iluminismo, portanto, não se limita a uma defesa de ideologias políticas ou religiosas (alternativa A), nem se restringe ao século XVIII (alternativa B). Também não pode ser reduzido a uma justificativa para o colonialismo (alternativa C) ou a um projeto teológico (alternativa D). Sua verdadeira natureza reside na capacidade de propor um pensamento crítico, baseado na razão e na liberdade, que transcende fronteiras e se opõe ao fanatismo em todas as suas formas.

(Adaptado de Winston Manrique Sabogal)

Questão 38

A filosofia crítica, que é o pano de fundo do Iluminismo,
caracteriza-se por três pressupostos básicos: 1) a liberdade,
exemplificada pela defesa da livre iniciativa no comércio,
segundo o pensamento liberal e opondo-se ao absolutismo
de direito divino; 2) o individualismo, que se baseia
na existência do indivíduo livre e autônomo, consciente e
capaz de se autodeterminar; 3) a igualdade jurídica, que
visa garantir a liberdade do indivíduo contra os privilégios
da nobreza.

                               (Danilo Marcondes, Iniciação à história da filosofia. Adaptado)

De acordo com essa definição, o Iluminismo foi

  • A)um movimento elitista, voltado para a defesa de privilégios sociais e econômicos.
  • B)uma ideologia socialista, defensora da abolição da propriedade privada.
  • C)um pensamento universalista originado na sociedade burguesa no século XVIII.
  • D)uma filosofia de natureza teológica, voltada para a defesa de valores tradicionais.
  • E)um movimento anarquista, contrário à autoridade do Estado sobre o indivíduo.
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A alternativa correta é C)

O Iluminismo, conforme descrito no texto, foi um movimento intelectual que surgiu no século XVIII, fundamentado em princípios como liberdade, individualismo e igualdade jurídica. Esses valores refletem uma visão universalista, pois buscavam questionar estruturas tradicionais de poder, como o absolutismo e os privilégios da nobreza, defendendo, em vez disso, a autonomia do indivíduo e a racionalidade como bases para a organização social.

A alternativa correta, C), afirma que o Iluminismo foi "um pensamento universalista originado na sociedade burguesa no século XVIII". Essa afirmação está em consonância com o texto, já que o movimento iluminista emergiu em um contexto de ascensão da burguesia, classe que buscava romper com os entraves feudais e absolutistas para consolidar uma sociedade baseada no livre comércio, na razão e nos direitos individuais. O universalismo está presente na defesa de ideias que transcendiam particularidades culturais ou sociais, propondo valores como liberdade e igualdade como direitos inerentes a todos os seres humanos.

As demais alternativas não correspondem ao que foi exposto. O Iluminismo não foi elitista (A), pois criticava os privilégios de classe; não foi socialista (B), já que defendia a propriedade privada e a livre iniciativa; não teve natureza teológica (D), pois se opunha ao dogmatismo religioso; e tampouco foi anarquista (E), uma vez que muitos iluministas acreditavam em um Estado racional, como proposto por Locke e Rousseau, e não na sua abolição.

Questão 39

O Iluminismo, como movimento intelectual, reuniu pensadores que abordaram a política, a organização social e a natureza de formas distintas. Podemos, no entanto, encontrar um conjunto de princípios comuns que dão identidade ao pensamento iluminista europeu do século XVIII. Sobre esse movimento, analise as alternativas abaixo:
I. As ideias Iluministas estão associadas às críticas ao Antigo Regime, em particular ao direito divino dos reis e aos privilégios hereditários, entendidos como contrários ao direito natural do homem.
II. Os iluministas defendiam que as sociedades humanas tendiam para um estágio inevitável de progresso material e espiritual que levaria à regeneração do homem e que seria guiada por Deus.
III. A defesa da razão como principal recurso humano para conhecer e explicar os fenômenos sociais e naturais estava no centro da atitude intelectual dos filósofos iluministas.
IV. A igualdade e a liberdade são, para os pensadores do século XVIII, valores fundamentais e naturais, que constituem a base política do nascente Estado Absolutista.
São corretas apenas as afirmativas:

  • A)I e II.
  • B)II e III.
  • C)III e IV.
  • D)I e III.
  • E)I e IV.
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A alternativa correta é D)

O Iluminismo foi um movimento intelectual que marcou profundamente o século XVIII, reunindo pensadores que, apesar de suas diferenças, compartilhavam certos princípios fundamentais. Esses ideais buscavam questionar as estruturas tradicionais do Antigo Regime, promovendo uma visão crítica em relação ao absolutismo e aos privilégios hereditários, que eram vistos como obstáculos ao desenvolvimento humano.

A primeira afirmação (I) está correta, pois os iluministas de fato criticavam o direito divino dos reis e os privilégios baseados no nascimento, defendendo que tais estruturas contrariavam os direitos naturais do homem. Já a segunda afirmação (II) está incorreta, uma vez que o Iluminismo não atribuía o progresso humano à intervenção divina, mas sim à razão e ao esforço humano.

A terceira afirmação (III) também está correta, pois a valorização da razão como ferramenta para compreender e transformar o mundo era um dos pilares do pensamento iluminista. Por outro lado, a quarta afirmação (IV) está errada, já que os iluministas defendiam a igualdade e a liberdade como bases para um novo modelo político, opondo-se ao Estado Absolutista e não apoiando-o.

Portanto, as alternativas corretas são I e III, correspondendo à opção D) no gabarito. O Iluminismo representou uma ruptura com as tradições que limitavam o pensamento crítico e a liberdade individual, abrindo caminho para transformações políticas e sociais que moldariam o mundo moderno.

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Questão 40

Uma verdadeira paixão pelos Estados Unidos tomara conta dos franceses nos
anos que precederam a revolução, como testemunham Chateaubriand e o
próprio Franklin, que escrevia de Paris a seus correspondentes americanos: “aqui é comum dizer que nossa causa é a do gênero humano”. Além do mais,
essa república fora fundada por colonos com quem a França tecera contra a
Inglaterra uma aliança vitoriosa: os que tinham se engajado na aventura eram
conhecidos por ter sofrido […] de “inoculação americana”.
OZOUF, Mona. Varennes: a morte da realeza, 21 de junho de 1791. São Paulo: Companhia das
Letras, 2009. p. 175-176 (Adaptado).

A historiografia é consensual em afirmar que o movimento revolucionário francês e os
ideais iluministas foram de grande importância para diversas lutas coloniais ocorridas na
América. Menos estudada é a influência que os norte-americanos exerceram sobre os
revolucionários franceses. Essa influência pode ser explicada, para além dos fatores
mencionados na citação de Mona Ozouf,

  • A)pela forte tradição liberal dos colonos norte-americanos que, durante a luta pela independência, foram contrários a toda forma de exploração do trabalho.
  • B)pelo forte apelo simbólico que exercia o exemplo norte-americano de emancipação colonial, visto como caso modelar de luta contra a opressão dos poderes instituídos.
  • C)pelo desprezo que os colonos norte-americanos tinham em relação à religião, vista por eles como braço aliado do poder da metrópole inglesa, contra a qual deveriam lutar.
  • D)pela defesa da doutrina fisiocrata que, no plano político, se traduzia na permanência de privilégios constitucionais para as camadas senhoriais.
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é B)

O texto apresentado destaca a admiração dos franceses pelos Estados Unidos no período pré-Revolução Francesa, conforme atestado por Mona Ozouf em sua obra. Essa influência norte-americana sobre os revolucionários franceses vai além dos aspectos mencionados, como a aliança franco-americana contra a Inglaterra e o ideal de liberdade associado à causa americana. Entre as alternativas apresentadas, a que melhor explica essa influência é a letra B, que aponta para o forte apelo simbólico do exemplo norte-americano de emancipação colonial, visto como um modelo de luta contra a opressão.

A Revolução Americana (1776) serviu como um farol para os revolucionários franceses, demonstrando que era possível derrubar um regime considerado opressor e estabelecer um novo sistema político baseado em ideais de liberdade e autogoverno. O sucesso da independência das Treze Colônias inspirou os franceses a questionarem seu próprio regime absolutista, alimentando o desejo por mudanças radicais. Esse aspecto simbólico foi fundamental para mobilizar as massas e justificar a luta revolucionária na França.

As demais alternativas não se sustentam como explicações plausíveis para essa influência. A tradição liberal dos colonos (A) não era tão forte a ponto de rejeitar toda forma de exploração do trabalho, já que a escravidão persistiu nos EUA após a independência. O desprezo pela religião (C) também não corresponde à realidade, pois muitos líderes americanos eram religiosos. Por fim, a doutrina fisiocrata (D) não era um elemento central da influência americana, já que os EUA não defendiam privilégios senhoriais.

Portanto, o exemplo norte-americano funcionou como um catalisador para a Revolução Francesa, oferecendo um modelo concreto de ruptura com o antigo regime e reforçando os ideais iluministas que já circulavam na Europa. Essa relação histórica entre os dois movimentos revolucionários destaca o caráter transatlântico das transformações políticas do final do século XVIII.

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