Considerando os principais motivos das potências europeias invadirem e colonizarem áreas no continente africano e asiático, assinale a alternativa correta.
- A) Visavam desenvolver os países colonizados, inserindo-os, dessa maneira, de forma intensa no mercado econômico.
- B) Visavam impedir a volumosa imigração da população europeia para esses continentes, evitando, assim, a perda de mão de obra.
- C) Buscavam, principalmente, construir nesses lugares novas indústrias, impulsionando tanto a economia das metrópoles quanto das colônias.
- D) O principal objetivo era construir uma maior ligação cultural, econômica e social entre Europa e esses continentes.
- E) Buscavam matérias-primas, além da aplicação de capital excedente e a construção de novos mercados para os manufaturados.
Resposta:
A alternativa correta é letra E) Buscavam matérias-primas, além da aplicação de capital excedente e a construção de novos mercados para os manufaturados.
Gabarito: ALTERNATIVA E
Estamos aqui tratando do ciclo imperialista europeu sobre África e Ásia que se iniciou, grosso modo, no último quarto do século XIX. A "expansão do capitalismo" de meados do século XIX está intimamente ligado com o fenômeno do imperialismo e ao aumento do alcance dos mercados financeiros. Quanto ao imperialismo, nada havia mais óbvio do que a proeminência da ação estatal carregando a reboque a expansão privada. A formação dos impérios coloniais na África e na Ásia seria crucial para a inclusão dessas outras regiões no sistema capitalista europeu, mas isso se deu pela ação direta dos Estados nacionais. Sobre isso, é fundamental que o estudante compreenda que se tratou de uma empresa muito cara e difícil, envolvendo a mobilização de tropas e a formação de novos aparatos burocráticos. Ainda que, de fato, a iniciativa privada tenha estabelecido vínculos comerciais e realizado investimentos nessas regiões, o estudante precisa ter claro de que a ação direta do Estado sempre esteve muito presente. Sobre isso, há de se observar que importantes esforços militares e diplomáticos foram feitos para garantir o controle e a estabilidade sobre essas novas regiões integradas ao capitalismo.
Àquela altura as nascentes ciências sociais entendiam que o processo humano se dava de maneira unidirecional e em etapas inevitáveis e sequenciais. Isto é, toda sociedade humana apresentaria, necessariamente, as mesmas características em cada estágio evolutivo e todas caminhariam para um mesmo formato final. Essa ideia traduzida para a compreensão europeia significava que as sociedades europeias viviam na maturidade da organização humana, sendo o modelo mais avançado do processo civilizatório. Em contrapartida, viam as sociedades africanas e asiáticas como uma espécie de infância da humanidade, devendo, portanto, ser educadas e corrigidas para que se desenvolvessem tendo como espelho o modelo europeu.
Isto implicava numa justificativa moral para o empreendimento imperialista do século XIX: não se tratava de explorar as colônias, mas sim de expandir o processo civilizatório para todas as sociedades, ajudando-as a alcançar a sua fase adulta de maneira adequada. Portanto, para aquele arranjo teórico, haveria um imperativo moral sobre os europeus forçando para que desenvolvessem o imperialismo sobre sociedades, na visão deles, menos desenvolvidas; organizando, portanto, uma espécie de tutela humanitária. Essa noção de dever profundamente incompreendido pelas sociedades subjugadas foi sintetizado por Rudyard Kipling, Nobel de Literatura de 1907, sob a expressão "fardo do homem branco": por ser o mais desenvolvido e o mais avançado, cabia ao homem branco o dever (ou fardo) moral de agir pelo desenvolvimento civilizatório das demais sociedades, impondo, portanto, o seu modelo.
Assim, observemos as alternativas propostas.
- a) Visavam
desenvolver os países colonizados, inserindo-os, dessa maneira, de forma intensa no mercado econômico.
A retórica do desenvolvimento era apenas uma justificativa moral e profundamente racista para a corrida imperialista. A inserção das colônias nos mercados internacionais se dava em termos profundamente assimétricos e exclusivistas sem qualquer perspectiva de transferência das plantas industriais. Alternativa errada.
- b)
Visavam impedir a volumosa imigração da população europeia para esses continentes, evitando, assim, a perda de mão de obra.
A alternativa não faz o menor sentido. Naquele final de século XIX, as potências industriais estavam sofrendo com um excedente de mão de obra ociosa por conta da destruição de empregos em meio à Segunda Revolução Industrial. Países como Itália e Alemanha estavam sofrendo um profundo processo de emigração para a América, que oferecia novas oportunidades e possibilidades de acesso à terra, o que também animou populações de outros países. Além disso, essas regiões colonizadas não ofereciam grandes atrativos econômicos à imigração das classes mais baixas da Europa. Alternativa errada.
- c) Buscavam, principalmente,
construir nesses lugares novas indústrias, impulsionando tanto a economia das metrópoles quanto das colônias.
Ora, não faria sentido a instalação de indústrias nas colônias, uma vez que seriam produtos concorrentes àqueles produzidos nos parques industriais metropolitanos. A colônias, de uma maneira geral, serviam como mercado consumidor para os produtos industrializados oriundos de suas respectivas metrópoles, vivendo sob regime de reserva de mercado para essas indústrias. Alternativa errada.
- d)
O principal objetivoera construir uma maior ligação cultural, econômica e social entre Europa e esses continentes.
Ainda que houvesse, sim, um discurso ético acerca da construção de ligações culturais e da conformação de territórios ultramarinos como parte do Estado-nação continental, não se pode falar que este era o objetivo principal. A formação desta comunidade sempre foi muito frágil e a formação de uma administração colonial verticalizada e excludente foi a regra em todos esses processos coloniais. Não raro, foram processos violentos e deixaram para trás profundas marcas sociais e econômicas de exclusão e atraso. Alternativa errada.
- e) Buscavam matérias-primas, além da aplicação de capital excedente e a construção de novos mercados para os manufaturados.
A Segunda Revolução Industrial demandava novas matérias-primas para explorar as novas possibilidades produtivas, mas isso orbitava, basicamente, o extrativismo vegetal e mineral, o que era muito potente e abundante no universo colonial. Importadores exclusivos, os países metropolitanos também eram exportadores exclusivos para as suas respectivas colônias, inserindo essas regiões no capitalismo industrial em posições assimétricas. Por fim, a reserva de mercado colonial também dava aos capitalistas metropolitanos as possibilidades de investimentos dos excedentes de capital na Europa, que já tinha pouco espaço para novos investimentos. Então, por exemplo, a exploração de ferrovias e de serviços nas colônias eram uma chance de novos lucros para o capital excedente sem grandes riscos por conta da ausência de concorrência internacional e da garantia direta do Estado-nação como vetor de expansão. ALTERNATIVA CORRETA.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.
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