Leia o excerto para responder à questão.
Dado que o Presidente eleito Donald Trump articulou uma visão coerente dos assuntos externos, parece que os Estados Unidos devem rejeitar a maioria das políticas do período pós-1945. Para Trump, a OTAN é um mau negócio, a corrida nuclear é algo bom, o presidente russo Vladimir Putin é um colega admirável, os grandes negócios vantajosos apenas para nós, norte-americanos, devem substituir o livre-comércio.
Com seu estilo peculiar, Trump está forçando uma pergunta que, provavelmente, deveria ter sido levantada há 25 anos: os Estados Unidos devem ser uma potência global, que mantenha a ordem mundial – inclusive com o uso de armas, o que Theodore Roosevelt chamou, como todos sabem, de Big Stick?
Curiosamente, a morte da União Soviética e o fim da Guerra Fria não provocaram imediatamente esse debate. Na década de 1990, manter um papel de liderança global para os Estados Unidos parecia barato – afinal, outras nações pagaram pela Guerra do Golfo Pérsico de 1991. Nesse conflito e nas sucessivas intervenções norte-americanas na antiga Iugoslávia, os custos e as perdas foram baixos. Então, no início dos anos 2000, os americanos foram compreensivelmente absorvidos pelas consequências do 11 de setembro e pelas guerras e ataques terroristas que se seguiram. Agora, para melhor ou para pior, o debate está nas nossas mãos.
(Eliot Cohen. “Should the U.S. still carry a ‘big stick’?”. www.latimes.com, 18.01.2017. Adaptado.)
A chamada “política do Big Stick”, desenvolvida pelo presidente norte-americano Theodore Roosevelt, manifestou-se por meio
- A) do respeito ao princípio da autonomia e da independência dos povos nativos do continente americano.
- B) dos estímulos financeiros à recuperação econômica dos países latino-americanos, após a depressão econômica de 1929.
- C) das contínuas intervenções diretas e indiretas em assuntos internos dos países latino-americanos.
- D) da elevação das taxas alfandegárias na entrada de mercadorias europeias nos Estados Unidos, após a crise de 1929.
- E) da repressão às manifestações por direitos civis nos Estados Unidos da década de 1960.
Resposta:
A alternativa correta é letra C) das contínuas intervenções diretas e indiretas em assuntos internos dos países latino-americanos.
Gabarito: Letra C
das contínuas intervenções diretas e indiretas em assuntos internos dos países latino-americanos.
De acordo com Rubem Aquino, o século XIX assinalou a entrada dos Estados Unidos no cenário das grandes potências internacionais e no século XX o país passou a adotar uma política expansionista na Ásia e, principalmente, na América.
Uma das figuras mais conhecidas dessa política imperialista estadunidense foi o presidente Theodore Roosevelt que elaborou uma ideologia chamada de Corolário Roosevelt, popularmente conhecida como política do Grande Porrete (Big Stick). Pelo Corolário, os EUA seguiam com a política de afastar a presença europeia em solo americano e agora evoluía para um novo nível: ganhar um poder de polícia e com isso poder intervir no continente americano, inclusive nos negócios internos dos países do continente e de manter neles somente governantes “aceitáveis” por Washington.
Assim, o presidente estimulou o movimento de independência do Panamá, que era parte da Colômbia, pois pretendia construir um canal no território panamenho que ligasse o Oceano Atlântico ao Pacífico. Em 1905, praticou a intervenção militar na República Dominicana e no ano seguinte invadiu Cuba.
Conforme Luiz Estevam Fernandes e Marcus Vinícius de Morais apontam, entre 1900 e 1920, os EUA intervieram nos assuntos internos de pelo menos seis países do Hemisfério. Se Roosevelt inaugurou o imperialismo político, sob o governo de William Howard Taft (1909-1913), o intervencionismo norte-americano assumiu uma conotação claramente econômica, a chamada Diplomacia do Dólar. E até mesmo no mandato de Woodrow Wilson (1913-1921), houve a prática do “imperialismo missionário”: os norte-americanos reservavam o direito de “esclarecer e elevar povos”, pela força, se necessário. O presidente Wilson fazia discursos anticolonialistas e, apesar disto, interveio em Cuba, estabeleceu protetorados norte-americanos no Haiti e na República Dominicana e ainda apoiou uma ditadura na Nicarágua.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: do respeito ao princípio da autonomia e da independência dos povos nativos do continente americano.
A política do Big Stick não tinha por princípios o respeito à autonomia e à independência dos povos da América. O Big Stick tratou-se de uma política de intervenção, de agressão e interesses dos EUA em territórios da América.
Letra B: dos estímulos financeiros à recuperação econômica dos países latino-americanos, após a depressão econômica de 1929.
A política do Big Stick é anterior à Crise de 1929 e à Grande Depressão, sendo praticada a partir do início do século XX.
Letra D: da elevação das taxas alfandegárias na entrada de mercadorias europeias nos Estados Unidos, após a crise de 1929.
A política do Big Stick é anterior à Crise de 1929 e à Grande Depressão, sendo praticada a partir do início do século XX.
Letra E: da repressão às manifestações por direitos civis nos Estados Unidos da década de 1960.
A política do Big Stick é anterior à década de 19600, sendo praticada a partir do início do século XX. O Big Stick foi uma política externa imperialista e não uma política de repressão interna às manifestações e protestos por direitos civis.
Referências:
AQUINO, Rubim Santos Leão et al. História das sociedades: das sociedades modernas às sociedades atuais. Rio de Janeiro: Editora ao livro técnico, 1978.
FERNANDES, Luiz Estevam e DE MORAIS, Marcus Vinícius. "Os EUA no século XIX". In: KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo : Contexto, 2007.
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