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Questões Sobre Imperialismo e Colonialismo do século XIX - História - concurso

Questão 21

“A ascensão dos movimentos operários e socialistas como movimentos
fundamentais para a emancipação dos desprivilegiados, incontestavelmente
incentivou as mulheres à busca de sua liberdade;” Durante o século XIX,
vários foram os países que assistiram à “emergência da mulher” tanto no
contexto social quanto no mundo do trabalho.
(HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios. 1875-1914. São Paulo: Paz e terra, 1988.)
Sobre isso, analise as alternativas e assinale a resposta correta.
I. Algum grau de emancipação feminina era necessário para as famílias da
classe média porque nem todas eram suficientemente ricas para manter
financeiramente as filhas quando elas não casavam ou trabalhavam.
II. A propaganda de consumo via nas mulheres operárias um potencial
comércio capitalista, já que os artigos de luxo feminino não se
restringiam às mulheres da classe média.
III. Tanto a economia de serviços quanto as ocupações terciárias
proporcionou às mulheres uma maior possibilidade de empregos, por
outro lado, a ascensão da economia de consumo fez delas o alvo
principal do mercado capitalista.
IV. O mercado capitalista de artigos femininos apreciava as propagandas
publicitárias dirigidas às mulheres como consumidoras, sem integrá-las
como realizadoras.

  • A)Somente I e III estão corretas.
  • B)Somente II e III estão corretas.
  • C)Somente I e II estão corretas.
  • D)Somente II e IV estão corretas.
  • E)Somente III e IV estão corretas.
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é A)

O trecho citado de Eric Hobsbawm em "A Era dos Impérios" destaca o papel dos movimentos operários e socialistas no incentivo à emancipação feminina durante o século XIX. Esse período foi marcado pela crescente inserção das mulheres no mercado de trabalho e na vida pública, um fenômeno que se desdobrou em diferentes aspectos sociais e econômicos. A análise das alternativas apresentadas revela que as afirmações I e III são as que melhor se alinham com esse contexto histórico.

A primeira afirmação (I) aponta para a necessidade de emancipação feminina nas famílias de classe média, onde nem todas tinham condições financeiras para sustentar filhas solteiras ou desempregadas. Essa realidade pressionou muitas mulheres a buscar independência econômica, seja através do trabalho ou de outras formas de autonomia. Já a terceira afirmação (III) aborda a expansão da economia de serviços e das ocupações terciárias, que abriram novas oportunidades de emprego para as mulheres, ao mesmo tempo em que o capitalismo as via como consumidoras em potencial. Ambas as afirmações refletem aspectos cruciais da transformação social da época.

Por outro lado, as afirmações II e IV, apesar de tangenciarem questões relevantes sobre o consumo e a publicidade, não capturam com a mesma precisão a complexidade da emancipação feminina no período. A alternativa correta, portanto, é a letra A, que reconhece a pertinência das afirmações I e III no contexto da ascensão da mulher no século XIX.

Questão 22

O imperialismo ou a cultura imperialista inventou uma África. O ocidente
construiu uma nova consciência planetária segundo sua cosmovisão,
propagando estereótipos instituídos através do “olhar imperial”. A Lei N°
10.639/03 foi um marco no Brasil, na tentativa de descolonizar o ensino e criar
outras visões sobre a África por meio do ensino de história. Analise os
enunciados abaixo e assinale entre parênteses a letra “V”, quando se tratar de
afirmativa verdadeira, e a letra “F” quando se tratar de afirmativa falsa acerca
dos impactos culturais do imperialismo nas percepções sobre o continente
africano. Em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) Embora criada de maneira estereotipada, a historiografia europeia,
devido à renovação de seus paradigmas não encontrou no uso da
oralidade um empecilho para escrever a história do continente africano.
( ) O sistema classificatório dos países imperialistas justificou
ideologicamente os genocídios como o praticado pelos Bôeres na
África do Sul.
( ) As obras produzidas sobre o continente africano possuem pré-noções,
pré-conceitos. Os africanos são identificados por aspectos fisiológicos.
O termo “africano”, ganha um significado único: negro, diluindo todas
as diversidades culturais do continente em um único sentido racial.

  • A)V-V-V.
  • B)V - F - V .
  • C)F - V - V .
  • D)F - F - V .
  • E)F - F - F .
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A alternativa correta é C)

O imperialismo europeu construiu uma narrativa distorcida sobre a África, impondo estereótipos que reduziram a complexidade do continente a visões simplistas e racializadas. A Lei 10.639/03 surge como uma tentativa de descolonizar o ensino brasileiro, desconstruindo essas percepções e valorizando outras perspectivas históricas. Analisando as afirmações:

(F) A historiografia europeia, mesmo em sua renovação, frequentemente marginalizou a oralidade africana como fonte histórica, mantendo uma visão eurocêntrica.

(V) O sistema classificatório imperialista serviu como justificativa ideológica para violências, como o genocídio promovido pelos Bôeres na África do Sul, enquadrando povos africanos como inferiores.

(V) As obras ocidentais sobre a África muitas vezes partem de pré-conceitos, reduzindo a diversidade cultural do continente a uma única identidade racial ("negro"), ignorando suas múltiplas realidades.

Portanto, a sequência correta é C) F - V - V, evidenciando como o imperialismo distorceu o conhecimento sobre a África, enquanto a lei brasileira busca reparar essas visões.

Questão 23

As potências europeias utilizaram o sistema de colonização na América
durante séculos. Quase todas essas colônias foram perdidas entre os séculos
XVIII e XIX. A partilha da África, a partir do final do século XIX, passou a
cumprir uma nova etapa no processo de submissão do globo terrestre aos
europeus, agora já numa fase capitalista e imperialista. Assinale a opção que é
representativa do momento histórico em pauta, conhecido como a partilha do
continente africano.

  • A)Uma das motivações mais importantes do processo de partilha da África foi a luta das potências europeias para por fim ao Estado Livre do Congo, transformando-o em uma colônia pertencente a uma nação, a Bélgica, deixando de ser uma possessão de um só indivíduo, o seu rei.
  • B)A enorme resistência do rei Leopoldo II da Bélgica ao processo de partilha da África era o de perder o Estado Livre do Congo para alguma outra potência.
  • C)A reação africana foi contundente e unânime contra o processo de partilha, inexistindo aceitação e assinaturas de tratados entre as potências europeias e chefes locais.
  • D)O domínio direto das potências da Europa sobre o continente africano era uma realidade séculos antes do processo de partilha, constituindo-se este apenas em uma formalidade que iria conferir legitimidade a essas conquistas nos fóruns de representação das nações europeias.
  • E)O domínio de Leopoldo II da Bélgica foi um dos importantes episódios propulsores de uma disputa mais intensa pela África e do consequente processo de partilha do continente pelas potências europeias.
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é E)

A partilha da África, ocorrida no final do século XIX, representa um marco no expansionismo europeu durante a era do imperialismo. Esse processo foi impulsionado por diversos fatores, incluindo rivalidades entre potências, interesses econômicos e a busca por prestígio geopolítico. Entre os episódios mais significativos que aceleraram a corrida pela África está o domínio pessoal de Leopoldo II da Bélgica sobre o Estado Livre do Congo.

A opção E) corretamente identifica este momento histórico ao destacar que o controle de Leopoldo II serviu como catalisador para intensificar a disputa colonial. Seu projeto pessoal no Congo - marcado por exploração brutal - despertou a cobiça de outras nações europeias e evidenciou o potencial econômico do continente, levando à Conferência de Berlim (1884-1885) que formalizou a partilha.

As demais alternativas apresentam imprecisões históricas: a resistência africana não foi unânime (C), o domínio direto prévio era limitado (D), e a questão do Congo relacionava-se mais à pressão internacional contra os abusos de Leopoldo II do que a disputas entre potências (A e B). A partilha africana consolidou assim uma nova fase do colonialismo, agora sob o capitalismo industrial europeu.

Questão 24

O  nascimento  do  Brasil  como  Estado Nacional,  na  primeira 
metade do século XIX, coincide com o esforço das elites locais 
para estabelecer uma identidade nacional brasileira. Com o 
advento  da  República,  em  1889,  vê‐se  a  preocupação  de 
buscar  no  passado  elementos  que  legitimassem  a  nova 
ordem. É na Era Vargas (1930‐1945), especialmente durante 
a  ditadura  do  Estado  Novo  (1937‐1945),  contudo,  que  o 
projeto de afirmação da nacionalidade adquire foros de algo 
sistemático, conduzido pelo governo central.

Tendo as informações acima como referência inicial e considerando a amplitude do tema abordado, julgue o item.


Diferentemente do ocorrido no Brasil, a escravidão
africana praticamente inexistiu nas demais regiões da
América.

  • C) CERTO
  • E) ERRADO
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é E)

O item em questão afirma que, diferentemente do ocorrido no Brasil, a escravidão africana praticamente inexistiu nas demais regiões da América. Essa afirmação está incorreta, conforme indica o gabarito E) ERRADO.

A escravidão africana foi uma instituição central não apenas no Brasil, mas em diversas regiões do continente americano durante o período colonial e mesmo após as independências. Nos Estados Unidos, por exemplo, o sistema escravista foi amplamente utilizado nas colônias do sul, sustentando a economia agrícola baseada em cultivos como o algodão e o tabaco. Da mesma forma, no Caribe, colônias como Haiti, Jamaica e Cuba tiveram sua economia profundamente ligada ao trabalho escravo africano, especialmente nas plantations de açúcar.

Além disso, países como Colômbia, Venezuela, Peru e México também utilizaram mão de obra escrava africana em diferentes setores, seja na mineração, na agricultura ou no serviço doméstico. Portanto, a escravidão africana não foi um fenômeno restrito ao Brasil, mas sim uma prática disseminada em grande parte das Américas, moldando as estruturas sociais e econômicas dessas regiões.

Dessa forma, a afirmação apresentada no item está equivocada ao sugerir que a escravidão africana foi praticamente inexistente em outras partes da América, o que justifica a marcação da alternativa E) ERRADO como resposta correta.

Questão 25

A ocupação do continente africano,
particularmente a parte subsaariana, teve um longo
percurso, a partir de meados do século XI até atingir
o seu ápice na segunda metade do século XIX,
quando ocorreu uma verdadeira partilha da África por
países como França, Inglaterra, Alemanha, Itália,
Bélgica, Espanha, Portugal e Holanda. Esse processo
histórico tem sido interpretado como

  • A)mercantilismo e metalismo.
  • B)colonialismo e imperialismo.
  • C)extrativismo e processo civilizatório.
  • D)neocolonialismo e capitalismo.
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A alternativa correta é B)

A ocupação do continente africano, especialmente na região subsaariana, foi um processo histórico complexo e prolongado, iniciado em meados do século XI e que atingiu seu auge na segunda metade do século XIX. Durante esse período, potências europeias como França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Bélgica, Espanha, Portugal e Holanda dividiram o território africano entre si, em um movimento conhecido como "Partilha da África".

Esse fenômeno histórico é comumente interpretado como:

  • A) mercantilismo e metalismo.
  • B) colonialismo e imperialismo.
  • C) extrativismo e processo civilizatório.
  • D) neocolonialismo e capitalismo.

A alternativa correta é a B) colonialismo e imperialismo, pois esses termos melhor descrevem a dominação política, econômica e territorial exercida pelas potências europeias sobre o continente africano durante esse período.

Questão 26

Os viajantes, missionários, administradores coloniais e
etnógrafos europeus, no passado, tenderam a fundir
múltiplas identidades em um único conceito de tribo. O uso
da palavra tribo para descrever as sociedades africanas
surgiu de um desejo de enaltecer o Estado-nação, ao
mesmo tempo em que sugeria a inferioridade inerente de
outros. Em resumo, conotava políticas primitivas que eram
menos desenvolvidas do que as políticas dos Estadosnação.
(Adaptado de John Parker e Richard Rathbone, “A ideia de África”, em História
da África
. Lisboa: Quimera, 2016, p. 56-58.)
Baseado no texto acima e em seus conhecimentos,
assinale a alternativa correta.

  • A)A formação e a difusão do conceito de tribo no pensamento europeu acompanharam os avanços do colonialismo na África no século XIX, legitimando o domínio de seus povos por agentes oriundos de nações que se consideravam civilizadas e superiores.
  • B)O conceito de tribo ganhou força no pensamento ocidental, porque na África não havia formações políticas que cobriam grandes extensões territoriais como na Europa. Ou seja, os europeus não encontraram estruturas políticas acima das unidades tribais.
  • C)As sociedades africanas eram organizadas a partir de pequenas tribos lideradas por chefes guerreiros, o que gerava fragmentação política e guerras, inviabilizando nesse continente a formação de unidades políticas complexas nos moldes europeus.
  • D)Em razão das tradições milenares e do respeito aos ancestrais, as tribos eram unidades sociais e políticas estáticas assentadas em uma identidade homogênea. Os europeus comumente desrespeitavam todas essas características na colonização.
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A alternativa correta é A)

A formação do conceito de tribo no pensamento europeu está intrinsecamente ligada ao processo de colonização da África no século XIX. Como aponta o texto, viajantes, missionários e administradores coloniais reduziram a complexidade das sociedades africanas a uma noção simplista e homogênea de "tribo", termo carregado de conotações pejorativas. Essa visão serviu como justificativa ideológica para o domínio colonial, ao apresentar os povos africanos como inferiores e menos desenvolvidos politicamente em comparação com os Estados-nação europeus.

A alternativa correta (A) demonstra como esse conceito foi instrumentalizado para legitimar a dominação colonial. Ao desconsiderar a diversidade de organizações políticas africanas e classificá-las genericamente como "tribos", os europeus criaram uma narrativa que reforçava sua suposta superioridade civilizatória. Essa perspectiva ignorava deliberadamente a existência de reinos, impérios e outras formas de organização política complexas que existiam no continente africano antes da colonização.

As demais alternativas apresentam equívocos históricos. A opção B erra ao afirmar que não havia formações políticas extensas na África, quando na verdade existiam vários impérios e reinos de grande dimensão territorial. A alternativa C reproduz o estereótipo colonial ao descrever as sociedades africanas como inevitavelmente fragmentadas e belicosas. Já a opção D comete o erro de considerar as "tribos" como unidades estáticas, quando na realidade as identidades africanas eram dinâmicas e sujeitas a transformações históricas.

Portanto, a alternativa A é a única que corretamente relaciona a construção do conceito de tribo com os interesses colonialistas europeus, demonstrando como essa categoria foi utilizada como ferramenta ideológica de dominação.

Questão 27

O encontro entre o Velho e o Novo Mundo, que a
descoberta de Colombo tornou possível, é de um tipo
muito particular: é uma guerra – ou a Conquista -, como
se dizia então. E um mistério continua: o resultado do
combate. Por que a vitória fulgurante, se os habitantes da
América eram tão superiores em número aos adversários
e lutaram no próprio solo? Se nos limitarmos à conquista
do México – a mais espetacular, já que a civilização
mexicana é a mais brilhante do mundo pré-colombiano
– como explicar que Cortez, liderando centenas de
homens, tenha conseguido tomar o reino de Montezuma,
que dispunha de centenas de milhares de guerreiros?

TODOROV, T. A conquista da América. São Paulo: Martins Fontes, 1991 (adaptado).

No contexto da conquista, conforme análise apresentada
no texto, uma estratégia para superar as disparidades
levantadas foi

  • A)implantar as missões cristãs entre as comunidades submetidas.
  • B)utilizar a superioridade física dos mercenários africanos.
  • C)explorar as rivalidades existentes entre os povos nativos.
  • D)introduzir vetores para a disseminação de doenças epidêmicas.
  • E)comprar terras para o enfraquecimento das teocracias autóctones.
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A alternativa correta é C)

O texto de Todorov sobre a conquista da América levanta uma questão fundamental: como um pequeno grupo de conquistadores, liderados por Hernán Cortez, conseguiu derrotar um império vasto e populoso como o dos astecas, comandado por Montezuma. A resposta está nas estratégias utilizadas pelos espanhóis, que foram além da simples superioridade militar.

Uma das principais táticas empregadas por Cortez foi explorar as divisões internas e as rivalidades entre os povos nativos. Os astecas dominavam várias tribos vizinhas através de um sistema de tributos e opressão, o que gerava ressentimento entre os povos subjugados. Cortez soube identificar e manipular essas tensões, aliando-se a grupos como os tlaxcaltecas, que se tornaram cruciais para a derrota do império asteca.

Essa estratégia permitiu que os espanhóis compensassem sua desvantagem numérica, transformando inimigos em aliados e desestabilizando o poder centralizado de Montezuma. Portanto, a alternativa correta é C) explorar as rivalidades existentes entre os povos nativos, pois essa foi uma das chaves para o sucesso da conquista.

Questão 28

No Segundo Congresso internacional de Ciências
Geográficas, em 1875, a que compareceram o
presidente da República, o governador de Paris e
o presidente da Assembleia, o discurso inaugural
do almirante La Roucière-Le Noury expôs a atitude
predominante no encontro: “Cavalheiros, a Providência
nos ditou a obrigação de conhecer e conquistar a terra.
Essa ordem suprema é um dos deveres imperiosos
inscritos em nossas inteligências e nossas atividades.
A geografia, essa ciência que inspira tão bela devoção
e em cujo nome foram sacrificadas tantas vítimas,
tornou-se a filosofia da terra”.

SAID, E. Cultura e política. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.

No contexto histórico apresentado, a exaltação da ciência
geográfica decorre do seu uso para o(a)

  • A)preservação cultural dos territórios ocupados.
  • B)formação humanitária da sociedade europeia.
  • C)catalogação de dados úteis aos propósitos colonialistas.
  • D)desenvolvimento de técnicas matemáticas de construção de cartas.
  • E)consolidação do conhecimento topográfico como campo acadêmico.
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é C)

O trecho apresentado revela um momento histórico em que a geografia foi instrumentalizada para fins expansionistas e colonialistas, conforme evidenciado no discurso do almirante La Roucière-Le Noury durante o Segundo Congresso Internacional de Ciências Geográficas, em 1875. A fala exalta a geografia como uma "filosofia da terra", associando-a à ideia de conquista e dominação, características marcantes do imperialismo europeu do século XIX.

A alternativa correta, C, aponta para o uso da geografia como ferramenta de catalogação de dados úteis aos propósitos colonialistas. Isso se alinha perfeitamente com o contexto da época, em que as potências europeias buscavam justificar e facilitar a ocupação de territórios estrangeiros através do conhecimento científico. A geografia, nesse sentido, servia para mapear, classificar e controlar os espaços a serem dominados, legitimando a exploração sob o discurso de "conhecer e conquistar a terra".

As demais alternativas não se sustentam diante do contexto apresentado. A preservação cultural (A) e a formação humanitária (B) eram incompatíveis com os objetivos imperialistas. Embora o desenvolvimento de técnicas cartográficas (D) e a consolidação acadêmica da topografia (E) fossem relevantes, não representavam o principal propósito da exaltação da geografia naquele cenário. O texto deixa claro que a ciência geográfica era valorizada principalmente por seu potencial de servir aos interesses colonialistas.

Questão 29

Sobre a sociedade brasileira no século XIX e a
construção do Estado imperial, considere as
seguintes afirmações.

I – O liberalismo, marcado pela defesa da
propriedade privada e livre comércio, foi
uma das correntes de pensamento
adotadas pelas elites escravocratas
brasileiras.

II – A unidade nacional, a integridade territorial
e a escravidão estão entre os principais
pilares da monarquia.

III- A nobreza imperial, definida como uma
classe social distinta, era um segmento
restrito reservado àqueles que possuíam
vínculos de consanguinidade com a
aristocracia europeia.

Quais estão corretas?

  • A)Apenas I.
  • B)Apenas II.
  • C)Apenas III.
  • D)Apenas I e II.
  • E)I, II e III.
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A alternativa correta é D)

A sociedade brasileira no século XIX e a construção do Estado imperial foram marcadas por contradições e complexidades, refletindo as tensões entre ideias liberais e a manutenção de estruturas arcaicas, como a escravidão. As afirmações apresentadas revelam aspectos fundamentais desse período, sendo as alternativas I e II corretas, conforme o gabarito indicado (D).

A primeira afirmação (I) destaca o paradoxo do liberalismo entre as elites escravocratas. Embora defendessem princípios como propriedade privada e livre comércio, essas mesmas elites dependiam economicamente do trabalho escravo, demonstrando a adaptação seletiva de ideias liberais aos interesses locais. O liberalismo no Brasil imperial serviu mais aos projetos de centralização política e modernização econômica limitada do que à transformação social.

A segunda afirmação (II) corretamente identifica os pilares da monarquia brasileira. A unidade nacional e a integridade territorial foram obsessões do governo imperial, especialmente após as revoltas regenciais, enquanto a escravidão sustentava a economia agroexportadora. A Coroa equilibrou esses elementos, mantendo a ordem social e garantindo a hegemonia das elites agrárias.

Já a terceira afirmação (III) é incorreta. A nobreza imperial não se restringia a laços de sangue com aristocracias europeias, mas era formada por titulados locais – majoritariamente proprietários rurais e burocratas leais ao regime. O sistema de honrarias foi instrumento político para cooptar elites regionais, fortalecendo o centralismo monárquico.

Portanto, apenas I e II estão corretas, evidenciando como o Império brasileiro combinou modernidade política com conservadorismo social, um legado que influenciou profundamente o desenvolvimento nacional.

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Questão 30

Leia atentamente o texto a seguir:

“Existem hoje, sobre a Terra, dois grandes povos que, tendo partido de pontos diferentes,
parecem adiantar-se para o mesmo fim: são os americanos e os russos (…) Para atingir a
sua meta, o primeiro apoia-se no interesse pessoal e deixa agir, sem dirigi-las, à força e à
razão dos indivíduos. O segundo concentra num homem, de certa forma, todo o poder da
sociedade. Um tem por principal meio a liberdade; o outro, a servidão. O seu ponto de
partida é diferente, os seus caminhos são diversos; não obstante, cada um deles parece
convocado, por um desígnio secreto da Providência, a deter nas mãos, um dia, os
destinos da metade do mundo.”

(Tocqueville, Alexis de. A democracia na América, 1835)

A partir deste trecho, publicado por Tocqueville em 1835, é correto afirmar que o autor: 

  • A)refere-se às políticas imperialistas que, mesmo pautadas em princípios diferentes, podiam ser observadas tanto nos Estados Unidos quanto na Rússia do século XIX.
  • B)refere-se, evidentemente, ao período da Guerra Fria e ao governo de Gorbachev, na Rússia.
  • C)refere-se aos resultados da Primeira Guerra Mundial, ao papel representado por Lenin, no governo da Rússia, e por Roosevelt, no governo norte-americano
  • D)relaciona os princípios básicos da democracia às práticas do governo russo do século XIX.
  • E)analisa os resultados da Revolução Russa e as atitudes de retaliação do governo norte-americano.
FAZER COMENTÁRIO

A alternativa correta é A)

O trecho de Alexis de Tocqueville, escrito em 1835, apresenta uma análise perspicaz sobre as trajetórias distintas dos Estados Unidos e da Rússia, destacando suas diferenças ideológicas e políticas. O autor observa que, embora ambos os povos seguissem caminhos opostos – um baseado na liberdade individual e no interesse pessoal, e o outro na centralização do poder –, pareciam destinados a exercer grande influência global. A alternativa correta, portanto, é a A), pois Tocqueville não se refere a eventos posteriores, como a Guerra Fria ou a Primeira Guerra Mundial, mas sim às tendências expansionistas e imperialistas que já se delineavam no século XIX, mesmo que fundamentadas em princípios distintos.

As demais alternativas estão incorretas por inserirem contextos históricos que ainda não existiam na época da escrita de Tocqueville. A Guerra Fria, a Revolução Russa e o governo de Lenin são eventos do século XX, enquanto o texto é uma reflexão sobre o século XIX. Além disso, Tocqueville não equipara o governo russo à democracia, mas sim contrasta seus sistemas políticos. Assim, a alternativa A) é a única que se alinha corretamente com a análise do autor sobre as ambições geopolíticas das duas nações em seu tempo.

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