Questões Sobre Imperialismo e Colonialismo do século XIX - História - concurso
Questão 31
A partir de meados do século XIX, muitas nações europeias que se encontravam em processo avançado de industrialização partiram pelo mundo em busca de matéria-prima, novos mercados consumidores de seus produtos e novas regiões para investimento de capitais. Acerca desse contexto histórico, julgue (C ou E) o item que se segue.
A Índia foi o país mais afetado pelo imperialismo britânico,
que procurou impor seu domínio militar e cultural de forma
muito forte, tendo causado levantes como o dos Sipaios, que,
posteriormente, inspiraram Mahatma Gandhi em sua luta pela
independência.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é E)
A partir de meados do século XIX, muitas nações europeias, em processo avançado de industrialização, expandiram sua influência pelo mundo em busca de matéria-prima, mercados consumidores e oportunidades de investimento. Esse movimento, conhecido como imperialismo, teve impactos profundos em diversas regiões, incluindo a Índia, que foi uma das principais colônias britânicas.
O item em questão afirma que a Índia foi o país mais afetado pelo imperialismo britânico, destacando o domínio militar e cultural imposto pela Grã-Bretanha, além de mencionar a Revolta dos Sipaios como um evento que posteriormente inspirou Mahatma Gandhi em sua luta pela independência. No entanto, o gabarito indica que essa afirmação está errada (E).
Embora a Índia tenha sofrido significativamente sob o domínio britânico, a alegação de que foi o país mais afetado pelo imperialismo é questionável. Outras regiões, como a África, também enfrentaram consequências devastadoras, incluindo a exploração extrema de recursos, desestruturação de sociedades locais e imposição de fronteiras arbitrárias que geraram conflitos duradouros. Além disso, a Revolta dos Sipaios (1857) foi um levante importante, mas sua conexão direta com a luta de Gandhi no século XX é mais complexa do que uma simples inspiração.
Portanto, a afirmação contém imprecisões históricas e generalizações que justificam a marcação como ERRADO (E).
Questão 32
Até 1880, em cerca de 80% do seu território, a África era governada por seus próprios reis, rainhas, chefes de clãs e de linhagens, em impérios, reinos, comunidades e unidades políticas de porte e natureza variados. No entanto, nos trinta anos seguintes, assistiu-se a uma transmutação extraordinária, para não dizer radical, dessa situação. Em 1914, com exceção da Etiópia e da Libéria, a África inteira estava submetida à dominação de potências europeias e dividida em colônias de dimensões diversas, mas de modo geral, muito mais extensas do que as formações políticas preexistentes e, muitas vezes, com pouca ou nenhuma relação com elas.
Albert Adu Boahen. A África diante do desafio colonial. In: História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 (editado por Albert Adu Boahen), 2.ª ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010, p. 3 (com adaptações)
Tendo o texto anterior como referência inicial, julgue (C ou E)
o item que se segue.
O imperialismo estabeleceu novo paradigma de exploração
colonial no continente africano, pautado a partir de então
pela noção de ocupação efetiva e formalizado pela
Conferência de Berlim.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é C)
O texto apresentado oferece uma visão clara da transformação radical ocorrida no continente africano entre 1880 e 1914, quando a maior parte de seu território passou de governos locais autônomos para o domínio colonial europeu. Essa mudança foi marcada pelo estabelecimento de um novo paradigma de exploração colonial, caracterizado pela ocupação efetiva e formalizada durante a Conferência de Berlim (1884-1885).
A Conferência de Berlim foi um marco decisivo no processo de partilha da África, pois estabeleceu regras para a ocupação territorial pelas potências europeias, exigindo não apenas reivindicações formais, mas também a presença administrativa e militar no local. Esse princípio da "ocupação efetiva" representou uma ruptura com as formas anteriores de colonialismo, que muitas vezes se limitavam a relações comerciais ou influência indireta.
Portanto, a afirmação de que o imperialismo estabeleceu um novo paradigma de exploração colonial baseado na ocupação efetiva e formalizado pela Conferência de Berlim está correta. Esse processo resultou na divisão arbitrária do continente africano em colônias que frequentemente ignoravam as fronteiras étnicas e políticas pré-existentes, criando um legado de desafios que perduram até os dias atuais.
Questão 33
As primeiras expedições na costa africana a partir da
ocupação de Ceuta em 1415, ainda na terra de povos berberes,
foram registrando a geografia, as condições de navegação e de ancoragem. Nas paradas, os portugueses negociavam
com as populações locais e sequestravam pessoas que
chegavam às praias, levando-as para os navios para serem
vendidas como escravas. Tal ato era justificado pelo fato de
esses povos serem infiéis, seguidores das leis de Maomé,
considerados inimigos, e portanto podiam ser escravizados,
pois acreditavam ser justo guerrear com eles. Mais ao sul,
além do rio Senegal, os povos encontrados não eram islamizados,
portanto não eram inimigos, mas eram pagãos, ignorantes
das leis de Deus, e no entender dos portugueses
da época também podiam ser escravizados, pois ao se converterem
ao cristianismo teriam uma chance de salvar suas
almas na vida além desta.
(Marina de Mello e Souza. África e Brasil africano, 2007.)
- A)o mercado atlântico de africanos escravizados em seu período de maior intensidade e o controle do tráfico pelas Companhias de Comércio.
- B)o avanço gradual da presença europeia na África e a conformação de um modelo de exploração da natureza e do trabalho.
- C)as estratégias da colonização europeia e a sua busca por uma exploração sustentável do continente africano.
- D)o caráter laico do Estado português e as suas ações diplomáticas junto aos reinos e às sociedades organizadas da África.
- E)o pioneirismo português na expansão marítima e a concentração de sua atividade exploradora nas áreas centrais do continente africano.
A alternativa correta é B)
O texto descreve as primeiras expedições portuguesas na costa africana após a ocupação de Ceuta em 1415, destacando o registro geográfico e as condições de navegação. Durante essas expedições, os portugueses não apenas negociavam com as populações locais, mas também sequestravam pessoas para escravizá-las, justificando tal prática com base em argumentos religiosos e ideológicos. No norte da África, os povos berberes eram considerados inimigos por seguirem o islamismo, enquanto, mais ao sul, os não islamizados eram vistos como pagãos ignorantes das leis de Deus, o que, segundo a visão portuguesa, também legitimava sua escravização sob o pretexto de conversão ao cristianismo.
A análise do texto permite identificar que ele caracteriza o avanço gradual da presença europeia na África e a conformação de um modelo de exploração que envolvia tanto a natureza quanto o trabalho humano, especialmente por meio da escravização. Essa exploração foi marcada por uma justificativa religiosa, que servia para legitimar a violência e a dominação sobre os povos africanos. A alternativa B) é a que melhor sintetiza essa interpretação, ao abordar a expansão europeia e a estruturação de um sistema de exploração baseado no trabalho escravo e na apropriação de recursos.
As demais alternativas não correspondem ao conteúdo do texto. A alternativa A) menciona o mercado atlântico em seu auge e as Companhias de Comércio, elementos que não são abordados no excerto. A alternativa C) fala em "exploração sustentável", o que não se aplica ao contexto histórico descrito. A alternativa D) incorre ao sugerir um caráter laico do Estado português, quando o texto evidencia justamente o uso de argumentos religiosos para legitimar a escravidão. Por fim, a alternativa E) menciona uma concentração de atividades nas áreas centrais do continente africano, enquanto o texto se refere principalmente às regiões costeiras.
Portanto, a resposta correta é a alternativa B), que reflete adequadamente o processo de expansão europeia na África e a formação de um sistema de exploração baseado na dominação e na escravidão.
Questão 34
A Inglaterra deve governar o mundo porque é a melhor;
o poder deve ser usado; seus concorrentes imperiais não
são dignos; suas colônias devem crescer, prosperar e
continuar ligadas a ela. Somos dominantes, porque temos
o poder (industrial, tecnológico, militar, moral), e elas não;
elas são inferiores; nós, superiores, e assim por diante.
SAID, E. Cultura e im perialismo. São Paulo: Cia das Letras, 1995 (adaptado).
O texto reproduz argumentos utilizados pelas potências
europeias para dominação de regiões na África e na Ásia,
a partir de 1870. Tais argumentos justificavam suas ações
imperialistas, concebendo-as como parte de uma
- A)cruzada religiosa.
- B)catequese cristã.
- C)missão civilizatória.
- D)expansão comercial ultramarina.
- E)política exterior multiculturalista.
A alternativa correta é C)
O texto apresentado reflete a retórica imperialista europeia do século XIX, especialmente a britânica, que buscava legitimar a dominação sobre territórios na África e Ásia. Os argumentos expostos revelam uma visão de superioridade civilizatória, na qual a Inglaterra se colocava como detentora de avanços industriais, tecnológicos, militares e morais que justificavam sua expansão imperial.
Essa narrativa, conforme analisado por Edward Said em "Cultura e Imperialismo", sustentava a ideia de que as potências europeias tinham o dever e o direito de governar outros povos, considerados inferiores. A justificativa para essa dominação ia além de interesses econômicos ou religiosos - embora esses também estivessem presentes - e se baseava principalmente no conceito de uma missão civilizatória.
A alternativa correta é a C) missão civilizatória, pois esse conceito encapsula perfeitamente a ideologia descrita no texto: a crença de que a Europa tinha a obrigação moral e cultural de "civilizar" outros povos, impondo seus valores, instituições e modo de vida como superiores. Essa visão foi um dos principais pilares discursivos do imperialismo do século XIX, diferenciando-se claramente de motivações puramente religiosas (como cruzadas ou catequese) ou comerciais.
O chamado "fardo do homem branco", expressão cunhada por Rudyard Kipling, exemplifica bem essa mentalidade que, sob a aparência de benevolência, escondia relações de dominação e exploração. A missão civilizatória servia assim como justificativa ideológica para o projeto imperialista europeu.
Questão 35
Texto I
A escravidão não é algo que permaneça apesar do
sucesso das três revoluções liberais, a inglesa, a nortea-mericana
e a francesa; ao contrário, ela conhece o seu
máximo desenvolvimento em virtude desse sucesso.
O que contribui de forma decisiva para o crescimento
dessa instituição, que é sinônimo de poder absoluto do
homem sobre o homem, é o mundo liberal.
LOSURDO, D. Contra-história do liberalismo. Aparecida: Ideias & Letras, 2006 (adaptado).
Texto II
E, sendo uma economia de exploração do homem,
o capitalismo tanto comercializou escravos para o Brasil,
o Caribe e o sul dos Estados Unidos, nas décadas
de 30, 40, 50 e 60 do século XIX, como estabeleceu o
comércio de trabalhadores chineses para Cuba e o fluxo
de emigrantes europeus para os Estados Unidos e
o Canadá. O tráfico negreiro se manteve para o Brasil
depois de sua proibição, pela lei de 1831, porque ainda
ofereceu respostas ao capitalismo.
TAVARES, L. H. D. Comércio proibido de escravos. São Paulo: Ática, 1988 (adaptado).
Ambos os textos apontam para uma relação entre
escravidão e capitalismo no século XIX. Que relação
é essa?
- A)A imposição da escravidão à América pelo capitalismo.
- B)A escravidão na América levou à superação do capitalismo.
- C)A contribuição da escravidão para o desenvolvimento do sistema capitalista.
- D)A superação do ideário capitalista em razão do regime escravocrata.
- E)A fusão dos sistemas escravocrata e capitalista, originando um novo sistema.
A alternativa correta é C)
A Relação entre Escravidão e Capitalismo no Século XIX
Os textos apresentados demonstram uma relação paradoxal entre o liberalismo, o capitalismo e a escravidão no século XIX. Ao contrário do que se poderia supor, o avanço das revoluções liberais não eliminou a escravidão, mas, em certa medida, contribuiu para seu crescimento. Losurdo argumenta que o mundo liberal foi decisivo para o desenvolvimento dessa instituição, evidenciando como o poder absoluto sobre o homem persistiu mesmo em contextos de suposto progresso político e econômico.
Já Tavares destaca como o capitalismo, em sua busca por lucro e exploração, não apenas manteve o tráfico negreiro para o Brasil após sua proibição em 1831, mas também diversificou suas formas de exploração, incluindo o comércio de trabalhadores chineses e a emigração europeia. Essa dinâmica revela que a escravidão não era um resquício do passado, mas sim um elemento funcional ao sistema capitalista em expansão.
A relação apontada pelos autores, portanto, é a de que a escravidão contribuiu ativamente para o desenvolvimento do capitalismo, fornecendo mão de obra barata e ampliando as possibilidades de acumulação de riqueza. A alternativa correta, C), sintetiza essa ideia ao destacar o papel da escravidão como um mecanismo que favoreceu o crescimento do sistema capitalista, e não como um obstáculo a ele.
Questão 36
causa da acelerada industrialização, os europeus
retalharam entre si a África. Mais do que alegações
econômicas, havia justificativas políticas, científicas,
ideológicas e até filantrópicas. O rei belga Leopoldo II
defendia o trabalho missionário e a civilização dos nativos
do Congo, argumento desmascarado pelas atrocidades
praticadas contra a população.
História da Biblioteca Nacional, ano 7, n. 75, dez. 2011 (adaptado).
África — entre 1880 e 1914 — se transformasse em uma
espécie de grande “colcha de retalhos”. Esse processo foi
motivado pelo(a)
- A)busca de acesso à infraestrutura energética dos países africanos.
- B)tentativa de regulação da atividade comercial com os países africanos.
- C)resgate humanitário das populações africanas em situação de extrema pobreza.
- D)domínio sobre os recursos considerados estratégicos para o fortalecimento das nações europeias.
- E)necessidade de expandir as fronteiras culturais da Europa pelo contato com outras civilizações.
A alternativa correta é D)
A partilha da África, ocorrida entre 1880 e 1914, foi um processo marcado pela divisão territorial do continente africano entre as potências europeias. Motivada pela industrialização acelerada na Europa, essa divisão não se limitou a questões econômicas, mas também envolveu justificativas políticas, científicas e ideológicas. O texto citado destaca como argumentos supostamente humanitários, como a "civilização dos nativos", foram utilizados para mascarar interesses expansionistas e a exploração de recursos.
O domínio sobre matérias-primas e mercados era essencial para o fortalecimento das nações europeias, que buscavam consolidar seu poderio econômico e político. A África, rica em recursos naturais, tornou-se alvo dessa disputa, resultando em uma "colcha de retalhos" de colônias controladas por diferentes potências. A opção correta, portanto, é a D) domínio sobre os recursos considerados estratégicos para o fortalecimento das nações europeias, pois reflete o principal objetivo por trás da partilha.
As outras alternativas não correspondem à realidade histórica. A infraestrutura energética (A) ainda era incipiente na África na época, a regulação comercial (B) não era o foco principal, o resgate humanitário (C) servia como justificativa superficial, e a expansão cultural (E) não era o motor do colonialismo, mas sim uma consequência secundária.
Questão 37
As sociedades africanas passaram por profundas transformações entre os séculos XIX e XX, sobretudo em consequência de dois fenômenos: o colonialismo e a descolonização. A respeito das rupturas e das transformações ocorridas nas sociedades africanas nesse período, julgue o seguinte item.
As sociedades africanas submeteram-se sem resistência ao
avanço e à consolidação do colonialismo europeu na África.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é E)
O colonialismo europeu na África, entre os séculos XIX e XX, não foi um processo pacífico ou aceito passivamente pelas sociedades africanas. Pelo contrário, diversas formas de resistência marcaram esse período, desde levantes armados até estratégias culturais e políticas para preservar a autonomia e identidade dos povos africanos.
A afirmação de que as sociedades africanas se submeteram sem resistência ao colonialismo é equivocada. Exemplos históricos, como a resistência dos Zulus na África do Sul, a Guerra dos Mau-Mau no Quênia e a luta dos povos Ashanti contra os britânicos em Gana, demonstram claramente a oposição ao domínio europeu. Além disso, movimentos religiosos e intelectuais também desempenharam um papel crucial na organização da resistência, como visto na Guerra de Samori Touré na África Ocidental.
Portanto, a resposta correta é E) ERRADO, pois as sociedades africanas não apenas resistiram, mas também desenvolveram estratégias complexas para enfrentar a dominação colonial, deixando um legado de lutas que influenciou posteriormente os processos de descolonização no século XX.
Questão 38
As sociedades africanas passaram por profundas transformações
entre os séculos XIX e XX, sobretudo em consequência de dois
fenômenos: o colonialismo e a descolonização. A respeito das
rupturas e das transformações ocorridas nas sociedades africanas
nesse período, julgue o seguinte item.
O processo de implementação do colonialismo na África se
deu de forma homogênea, tendo sido definido consensualmente
na Conferência de Berlim pelas potências europeias.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é E)
O processo de colonização da África foi marcado por complexidades e contradições, longe de ser homogêneo ou consensual entre as potências europeias. A Conferência de Berlim (1884-1885), frequentemente citada como um marco na partilha do continente, não estabeleceu um consenso definitivo, mas sim uma série de acordos superficiais que ignoraram as realidades locais e as dinâmicas pré-existentes entre os povos africanos.
As rivalidades entre as nações europeias, os interesses econômicos conflitantes e a resistência africana tornaram a implementação do colonialismo um processo desigual e violento. Além disso, as fronteiras artificiais criadas durante a partilha desconsideraram etnias, culturas e histórias, gerando conflitos que perduram até hoje. Portanto, afirmar que o colonialismo foi implementado de forma homogênea e consensual é um erro histórico.
A descolonização, por sua vez, também seguiu caminhos diversos, com lutas de independência, negociações tensas e, em alguns casos, continuidades neocoloniais. A resposta correta para a afirmação apresentada é, de fato, ERRADO (E), pois ela simplifica um processo histórico extremamente complexo e cheio de nuances.
Questão 39
O período entre 1870 e 1914 caracterizou-se por importantes mudanças na história mundial. A esse respeito, julgue o item a seguir.
Nas últimas três décadas do século XIX, o desenvolvimento do
capitalismo europeu resultou em maior urbanização, no
crescimento do número de trabalhadores fabris e no surgimento
de movimentos políticos favoráveis à classe operária.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é C)
O período entre 1870 e 1914 foi marcado por transformações profundas no cenário global, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento do capitalismo industrial na Europa. Durante as últimas três décadas do século XIX, esse processo acelerou-se, gerando impactos significativos na estrutura social e econômica do continente.
A urbanização cresceu de forma expressiva, impulsionada pela expansão das fábricas e pela migração em massa de trabalhadores rurais para os centros industriais. Esse fenômeno não apenas alterou a paisagem das cidades europeias, mas também consolidou uma nova classe social: o proletariado industrial, cuja presença se tornou cada vez mais relevante.
Paralelamente, o aumento do número de operários nas fábricas trouxe à tona questões relacionadas às condições de trabalho, salários e direitos laborais. Foi nesse contexto que surgiram os primeiros movimentos políticos organizados em defesa da classe operária, incluindo sindicatos e partidos socialistas, que buscavam melhorias nas condições de vida e trabalho.
Portanto, a afirmação de que o desenvolvimento do capitalismo europeu resultou em maior urbanização, crescimento do operariado e surgimento de movimentos políticos favoráveis aos trabalhadores está correta, conforme indicado pelo gabarito (C).
Questão 40
O período entre 1870 e 1914 caracterizou-se por importantes
mudanças na história mundial. A esse respeito, julgue o item a
seguir.
A Encíclica Rerum Novarum apontou como uma das causas
dos conflitos sociais a subjugação de uma multidão de
proletários a um pequeno número de indivíduos ricos.
- C) CERTO
- E) ERRADO
A alternativa correta é C)
O período entre 1870 e 1914 foi marcado por profundas transformações sociais, políticas e econômicas em escala global. Nesse contexto, a Encíclica Rerum Novarum, publicada em 1891 pelo Papa Leão XIII, emergiu como um documento fundamental ao abordar a chamada "questão social" e os conflitos decorrentes da industrialização e da desigualdade.
A afirmação de que a Rerum Novarum identificou a subjugação de uma massa de proletários por uma minoria abastada como uma das causas dos conflitos sociais está correta. O documento papal criticou tanto o capitalismo liberal, que explorava os trabalhadores, quanto o socialismo, que propunha soluções contrárias à doutrina da Igreja. Ao defender direitos trabalhistas, salários justos e a harmonia entre classes, a encíclica reconheceu a disparidade econômica como fonte de tensão, legitimando a intervenção da Igreja nas questões sociais da época.
Portanto, o item está CERTO (C), pois a análise da Rerum Novarum sobre a relação entre a concentração de riqueza e os conflitos sociais reflete um diagnóstico preciso do cenário do final do século XIX, alinhando-se ao papel histórico da Igreja Católica como mediadora nas lutas entre capital e trabalho.