Questões Sobre Imperialismo e Colonialismo do século XIX - História - concurso

O colonialismo e o imperialismo do século XIX e início do século XX foram marcados pela disputa entre potências europeias por territórios e influência na África e em outras regiões do globo. A Conferência de Berlim (1884-1885) foi um evento crucial nesse contexto, pois estabeleceu regras para a partilha da África entre as nações europeias, evitando conflitos diretos entre elas.

No entanto, ao contrário do que sugere o item em questão, Portugal não foi forçado a abrir mão de suas principais possessões coloniais na África durante a Conferência de Berlim. Pelo contrário, o país conseguiu manter o controle sobre os territórios que hoje correspondem a Angola e Moçambique, consolidando sua presença colonial nessas regiões. A afirmação apresentada no item é, portanto, ERRADA (E).

Apesar da pressão de outras potências europeias, como a Grã-Bretanha, Portugal conseguiu negociar a manutenção de suas colônias africanas, embora tenha enfrentado desafios posteriores para garantir sua soberania sobre esses territórios. A Conferência de Berlim, longe de enfraquecer a posição portuguesa, acabou por legitimar sua presença colonial na África, ainda que sob certas condições impostas pelas outras potências.

O imperialismo, como conceito político e econômico, consolidou-se no final do século XIX, especialmente entre as potências europeias, que buscavam expandir seus domínios sobre territórios africanos e asiáticos. Uma das justificativas frequentemente utilizadas para legitimar essa expansão era a ideia de uma "missão civilizatória", na qual os europeus se apresentavam como portadores de progresso e desenvolvimento para povos considerados "atrasados".

Dentre as ações empreendidas sob essa alegação, a modernização dos sistemas de circulação destacou-se como uma das principais iniciativas. A construção de ferrovias, portos e estradas não apenas facilitava a exploração de recursos naturais e o controle administrativo, mas também era apresentada como um benefício para as populações locais, supostamente integrando-as à economia global e ao modelo de civilização europeu. No entanto, essa infraestrutura servia, acima de tudo, aos interesses das metrópoles, garantindo o escoamento de matérias-primas e o domínio militar e político sobre as colônias.

Portanto, a alternativa correta é a letra D, pois a modernização dos sistemas de circulação foi uma das ações concretas associadas à retórica da "missão civilizatória", ainda que seu objetivo principal fosse a consolidação do poder imperialista.

O sentido da colonização, conforme analisado por Caio Prado Jr., revela-se como um processo intrínseco à expansão mercantil europeia, especialmente no caso português. A transição da circulação para a produção materializou-se principalmente através da agricultura tropical, mantendo ambas as atividades econômicas em coexistência. Essa dinâmica atrelou a economia colonial aos interesses comerciais europeus, configurando um sistema voltado para o atendimento das demandas externas.

Entre as alternativas apresentadas, a opção B) destaca-se como a correta ao sintetizar o propósito fundamental da colonização: fornecer produtos tropicais e minerais para o mercado externo. Essa interpretação alinha-se com a visão de que as colônias funcionavam como extensões produtivas das metrópoles, integradas a uma rede comercial global que priorizava o abastecimento da Europa.

Embora outras alternativas mencionem elementos relevantes - como os interesses da nobreza (A), o mercantilismo (C) ou a centralização do poder (D) -, nenhuma captura com tanta precisão o caráter complementar da economia colonial em relação ao projeto europeu. A produção de bens demandados no mercado internacional constituía, de fato, a razão de ser do sistema colonial luso-brasileiro.

Nas décadas finais do século XIX, o sistema capitalista conheceu uma fase de expansão marcada pelo imperialismo, período em que as potências industrializadas promoveram a partilha da Ásia e da África. Esse contexto histórico foi caracterizado por transformações econômicas, políticas e sociais, tanto nas metrópoles quanto nas colônias.

Entre as principais características desse período, destacam-se:

• Exportação de capitais: Os países industrializados investiram massivamente em infraestrutura e exploração de recursos nas colônias, visando ampliar seus mercados e lucros.
• Confrontos militares: A resistência das populações colonizadas gerou inúmeros conflitos, enquanto as potências europeias disputavam territórios entre si.
• Difusão de técnicas produtivas: Novas tecnologias e métodos de produção foram introduzidos nas colônias para aumentar a extração de riquezas.
• Controle das agitações operárias: A exploração colonial ajudou a reduzir tensões sociais nos países industrializados, canalizando parte dos lucros para amenizar conflitos internos.

No entanto, a alternativa B) – que menciona a "imigração maciça de populações pobres das regiões colonizadas" – não corresponde a uma característica desse período. O fluxo migratório predominante era o inverso: europeus se deslocavam para as colônias, seja como administradores, comerciantes ou colonos, e não o contrário. Portanto, essa é a exceção correta entre as opções apresentadas.

O texto apresentado descreve um importante fenômeno histórico ocorrido no início do século XX: o intercâmbio cultural e intelectual entre africanos e negros da diáspora. Esse movimento teve duas vertentes principais: o retorno de afrodescendentes das Américas para a África e a ida de jovens africanos para estudar em universidades dos Estados Unidos e da Europa. Esse fluxo de pessoas e ideias foi fundamental para o desenvolvimento de correntes de pensamento que buscavam valorizar a cultura africana e combater as ideias racistas então vigentes.

O impacto mais significativo desse fenômeno foi, sem dúvida, o surgimento do Pan-africanismo e do movimento da Negritude, como corretamente indicado na alternativa B. Esses movimentos intelectuais e políticos representaram uma resposta às teorias racistas que pregavam a inferioridade dos povos africanos. Líderes como W.E.B. Du Bois, Marcus Garvey e, posteriormente, Léopold Sédar Senghor e Aimé Césaire, promoveram a ideia de uma identidade africana positiva e da necessidade de união entre os povos negros em todo o mundo.

As outras alternativas apresentam equívocos históricos. O preconceito racial nos Estados Unidos e Europa não terminou com esse movimento (A), muitos governos africanos mantiveram fortes laços culturais com o Ocidente após as independências (C), e a ONU só viria a se posicionar sobre igualdade étnica muito mais tarde (D). Portanto, a alternativa B é de fato a correta, pois reflete com precisão um dos mais importantes resultados desse intercâmbio transatlântico que marcou o século XX.

A respeito da partilha do continente africano no final do século XIX, a alternativa correta é a C), que afirma:

"O conjunto de medidas tomadas pelo rei da Bélgica, Leopoldo II, entre os anos de 1876 e 1885, a exemplo da criação do Estado Livre do Congo, pode ser considerado como o primeiro momento da partilha."

Essa afirmação está correta porque Leopoldo II foi uma figura central no processo de colonização da África, utilizando estratégias como a exploração econômica e a justificativa de missões "humanitárias" para estabelecer seu domínio no Congo. A criação do Estado Livre do Congo em 1885, sob sua administração pessoal, marcou um precedente para a posterior divisão formal do continente durante a Conferência de Berlim (1884-1885).

As demais alternativas apresentam imprecisões históricas:

• A) Incorreta, pois a partilha não visava proteger líderes africanos, mas sim atender aos interesses imperialistas europeus.
• B) Incorreta, pois a Conferência de Berlim buscou organizar a partilha, não sendo causada diretamente por choques entre potências.
• D) Incorreta, pois a Conferência incluiu nações sem possessões africanas prévias, como os EUA e o Império Otomano como observadores.
• E) Incorreta, pois a ilegitimidade derivou principalmente da exclusão dos africanos nas decisões, não da ausência de acordos com protetorados.

Portanto, a ação de Leopoldo II no Congo representa de fato o marco inicial do processo de partilha sistemática da África pelas potências europeias.

Analise as afirmativas sobre as teorias raciais que serviram de justificativa para o tráfico atlântico e marque a opção correta.

I. Narrativas sobre a fauna e a flora do continente africano contribuíram para que fossem atribuídas características antropomórficas aos negros destinados à escravidão.

II. O suposto canibalismo e as guerras intertribais foram utilizadas como justificativas para o tráfico atlântico.

III. A conversão à fé católica era uma forma encontrada pelos africanos para escapar da escravidão.

• A) Somente I está correta.
• B) Somente II está correta.
• C) Somente III está correta.
• D) Somente I e II estão corretas.
• E) Somente II e III estão corretas.

O gabarito correto é D).

O processo de colonização das Américas foi marcado por diferentes modelos e características, conforme a potência europeia envolvida e a região colonizada. Analisando as afirmações apresentadas, a alternativa correta é a D, que relaciona corretamente os aspectos históricos com os respectivos contextos coloniais.

A afirmação II refere-se ao sistema de encomienda, adotado pelos espanhóis, no qual colonizadores recebiam o direito de explorar a mão de obra indígena em troca de sua suposta "proteção" e evangelização. Já a afirmação III descreve a plantation, modelo agrícola baseado em monoculturas de exportação (como tabaco, algodão e anil) e no uso de mão de obra escrava, predominante nas colônias do sul dos Estados Unidos e em partes da América Portuguesa. Por fim, a afirmação VI retrata a mentalidade de parte dos colonizadores portugueses no Brasil, que associaram o trabalho manual a grupos subalternos, como indígenas e africanos escravizados.

As demais alternativas apresentam incorreções históricas. A alternativa A mistura características de diferentes contextos coloniais, enquanto a B atribui erroneamente a visão calvinista (IV) e a desvalorização do trabalho (VI) à colonização inglesa. A alternativa C confunde eventos e regiões, como associar o Mayflower ao pluralismo das 13 Colônias ou relacionar o encontro com os astecas (V) ao Peru. Por sua vez, a alternativa E comete equívocos ao vincular a diversidade de colonos (I) exclusivamente a Portugal e ao associar o calvinismo (IV) aos espanhóis.

Portanto, a alternativa D é a única que estabelece relações precisas entre as práticas coloniais e seus respectivos cenários históricos, abarcando as dimensões espanhola, inglesa e portuguesa na América.

Os fragmentos apresentados abordam um momento crucial na história do tráfico transatlântico de escravos, especificamente no contexto das ações britânicas e da resistência portuguesa no início do século XIX. A resposta correta é a alternativa D), que afirma que os textos se referem ao período em que o tráfico de escravos da África foi declarado ilegal.

Em 1807, o Parlamento Britânico aprovou a abolição do tráfico de escravos, marcando uma virada nas políticas europeias em relação à escravidão. Essa decisão não apenas proibiu a participação de súditos britânicos no comércio de escravos, mas também iniciou uma campanha internacional para pressionar outras nações a seguirem o mesmo caminho. No entanto, Portugal, com suas colônias africanas e o lucrativo tráfico para o Brasil, resistiu às pressões britânicas, demonstrando a complexidade das relações diplomáticas e econômicas da época.

Os fragmentos não destacam a participação das colônias americanas nos parlamentos europeus (alternativa A), nem se limitam ao tráfico para as colônias inglesas (alternativa B). Embora a ação britânica possa ser interpretada como humanitária, o texto não demonstra claramente essa preocupação (alternativa C). Além disso, as animosidades mencionadas ocorreram no século XIX, não no XVII (alternativa E).

Portanto, a alternativa D) é a única que sintetiza corretamente o contexto histórico retratado nos fragmentos, evidenciando o período de transição em que o tráfico de escravos começou a ser criminalizado internacionalmente, apesar da resistência de nações como Portugal.

Sobre o Imperialismo ocorrido durante os séculos XIX e XX, é correto afirmar que uma de suas principais características foi:

• A) ser um fenômeno essencialmente econômico que em nada afetou o cotidiano dos povos subjugados.
• B) ficar restrito ao Continente Africano, a partir do advento conhecido como “Partilha da África”.
• C) representar um acordo entre as potências capitalistas, visando dividir, de forma pacífica e ordeira, os mercados mundiais.
• D) permitir a expansão econômica e política em escala mundial das economias capitalistas, assegurando o controle de vastos mercados consumidores.
• E) ser um empreendimento europeu e cristão, procurando levar o processo civilizatório para os povos da África e da América.

O gabarito correto é D).