Questões Sobre Imperialismo e Colonialismo do século XIX - História - concurso

O decreto real de abertura dos portos brasileiros às nações amigas, assinado em 28 de janeiro de 1808, representou um marco histórico não apenas para o Brasil, mas também para Portugal. Essa medida, tomada pelo príncipe regente Dom João VI, rompeu com uma estrutura econômica que vigorava há séculos: o pacto colonial.

A alternativa correta é a E), pois a abertura dos portos significou, de fato, o fim do exclusivo colonial, princípio central da política mercantilista portuguesa desde o século XVI. Esse sistema garantia que o comércio da colônia fosse realizado exclusivamente com a metrópole, assegurando lucros e controle sobre a produção colonial.

As demais alternativas apresentam interpretações incorretas ou parciais do contexto. A abertura não visava expandir manufaturas no Brasil (A), nem transferir o controle político para a Inglaterra (B), embora esta tenha se beneficiado economicamente. Também não causou embaraços significativos com outras potências (C), já que muitas já contestavam o pacto colonial. Por fim, a medida não priorizou a expansão comercial com outras economias europeias (D), mas sim atender às necessidades imediatas da Coroa portuguesa, que se instalara no Brasil.

Portanto, o decreto de 1808 simbolizou o colapso de um sistema ultrapassado, abrindo caminho para a independência econômica do Brasil e o declínio do modelo colonial português.

O termo Revolução Industrial, no sentido estrito, corresponde a:

• A) movimento ascendente da capacidade produtiva de bens de consumo industriais na Inglaterra de fins do século XVIII.
• B) aumento da capacidade inglesa, em fins do século XVIII, de produção de equipamentos para a indústria de base do país.
• C) crescimento vertiginoso da capacidade de compra de produtos têxteis por mercadores ingleses em países de outros continentes.
• D) emprego massivo de mão-de-obra assalariada nas manufaturas inglesas, regulado por direitos trabalhistas.
• E) fase complementar da revolução urbana, completada com a evolução da manufatura para a maquinofatura, desde fins da Idade Média.

O gabarito correto é A).

O imperialismo do século XIX foi um fenômeno intrínseco ao desenvolvimento do capitalismo industrial e à expansão da economia de mercado em escala global. Como aponta o texto de referência, esse período foi marcado por profundas transformações no sistema capitalista, que levaram as potências industriais a buscar novos mercados, fontes de matéria-prima e áreas de influência em territórios distantes.

Essa expansão imperialista representou uma fase crucial do processo de globalização econômica, pois:

• Integrou regiões antes periféricas ao sistema capitalista mundial
• Criou redes de comércio e transporte em escala planetária
• Padronizou relações econômicas segundo os moldes das potências industriais
• Estabeleceu uma divisão internacional do trabalho que beneficiava os países centrais

Portanto, a afirmação está correta ao relacionar a expansão imperialista com a globalização da economia de mercado. Esse processo foi fundamental para consolidar o sistema capitalista como hegemônico em escala mundial, criando as bases do mundo contemporâneo.

O período entre a segunda metade do século XIX e a Primeira Guerra Mundial foi marcado por um intenso processo de expansão imperialista, impulsionado pelas transformações no capitalismo e nas relações internacionais. Nesse contexto, as potências industriais desempenharam um papel central na reconfiguração geopolítica e econômica do mundo, especialmente na Ásia, África e América.

O texto de José Geraldo Vinci de Moraes destaca que essas potências eram principalmente os países europeus ocidentais e os Estados Unidos. Essa afirmação está correta, pois essas nações lideraram a industrialização e a expansão colonial durante esse período. A Inglaterra, a França, a Alemanha e os EUA, em particular, buscaram novos mercados, matérias-primas e áreas de influência, consolidando seu domínio sobre vastas regiões do globo.

Portanto, a afirmação de que as potências industriais mencionadas no texto referem-se sobretudo aos países europeus ocidentais e aos Estados Unidos está correta. Essas nações foram as principais protagonistas do imperialismo do século XIX e início do XX, moldando as relações de poder que definiram o mundo contemporâneo.

O texto fornecido aborda um período crucial da história contemporânea, marcado pela expansão imperialista e pelas transformações no sistema capitalista entre o século XIX e a Primeira Guerra Mundial. Nesse contexto, a Revolução Industrial emerge como um dos pilares fundamentais da modernidade, redefinindo as estruturas econômicas, sociais e políticas em escala global.

A afirmação de que a Revolução Industrial é a base material da contemporaneidade está correta, pois ela representou uma ruptura radical com os modelos de produção pré-industriais, baseados no artesanato e na agricultura tradicional. Ao introduzir máquinas, fábricas e a produção em larga escala, a industrialização não apenas acelerou o crescimento econômico, mas também consolidou o capitalismo como o sistema dominante.

Além disso, a Revolução Industrial foi essencial para a expansão imperialista mencionada no texto, pois as potências industriais buscaram novos mercados, matérias-primas e áreas de influência para sustentar sua produção crescente. Dessa forma, a industrialização não apenas transformou as economias nacionais, mas também reconfigurou as relações internacionais, dando origem ao imperialismo moderno.

Portanto, a afirmação está correta (C), já que a Revolução Industrial de fato sepultou os antigos padrões de produção e estabeleceu as bases materiais do mundo contemporâneo, consolidando o capitalismo como o sistema econômico hegemônico.

O novo imperialismo mencionado no texto não pode ser considerado uma simples reiteração ou repetição das formas de dominação e mecanismos de exploração econômica do colonialismo ibérico da Idade Moderna. Embora ambos os processos compartilhem características de expansão territorial e subjugação de povos, existem diferenças fundamentais entre eles.

O colonialismo ibérico, desenvolvido principalmente pelos portugueses e espanhóis entre os séculos XV e XVIII, estava profundamente ligado à busca por metais preciosos, ao comércio de especiarias e à conversão religiosa. Suas estruturas de dominação eram baseadas em sistemas feudais e mercantilistas, com uma exploração centrada na extração de recursos naturais e na mão de obra escrava.

Já o imperialismo do século XIX, impulsionado pela Revolução Industrial, possuía um caráter distinto. As potências industriais, como a Inglaterra, a França e a Alemanha, buscavam não apenas territórios, mas também mercados consumidores para seus produtos industrializados e fontes de matéria-prima. A exploração econômica passou a ser mais complexa, envolvendo investimentos de capital, controle de infraestruturas e uma divisão internacional do trabalho. Além disso, o imperialismo moderno foi justificado por ideologias como o darwinismo social e a missão civilizatória, diferentemente do discurso religioso predominante no colonialismo ibérico.

Portanto, afirmar que o novo imperialismo apenas repetiu as formas de dominação do colonialismo ibérico é incorreto, pois houve uma evolução nas motivações, métodos e justificativas da expansão imperialista no século XIX.

O texto de Franco Moretti, ao analisar a obra de Arthur Conan Doyle, revela uma importante característica da ocupação do espaço urbano no século XIX, especialmente em cidades europeias marcadas pela industrialização. A mudança de cenário nos contos de Sherlock Holmes – das áreas pobres ao sul do Tâmisa para o luxuoso West End e a City – reflete uma divisão socioespacial típica desse período. Essa segregação não era apenas geográfica, mas também simbólica, pois o crime ficcional passou a ser associado aos ambientes ricos, enquanto o crime real permaneceu vinculado à pobreza.

A industrialização acelerada do século XIX transformou radicalmente as cidades europeias, criando bairros operários e áreas nobres. Londres, como centro do capitalismo industrial, exemplificou essa dinâmica. O texto de Moretti sugere que Doyle, ao reposicionar seus enredos nos espaços da elite, capturou não apenas o imaginário do público, mas também uma realidade urbana em que a riqueza e a pobreza coexistiam de forma contrastante. Essa segregação espacial não era exclusiva de Londres, mas uma tendência observável em outras metrópoles europeias em processo de industrialização.

A opção D) é a que melhor sintetiza essa análise, pois reconhece que o texto apresenta um tipo de ocupação do espaço urbano típico do século XIX, moldado pela industrialização. As outras alternativas ou distorcem o sentido do texto (como a C), que atribui a Doyle uma visão igualitária sobre o crime) ou focam em aspectos secundários (como a B), que menciona uma suposta novidade na determinação de espaços sociais). O texto de Moretti, portanto, oferece uma chave para entender como a literatura refletiu – e em certa medida, naturalizou – as divisões sociais da cidade industrial.

A expansão capitalista do século XIX, embora possa ser vista como uma continuação dos processos coloniais iniciados na Idade Moderna, apresentou características únicas que a distinguem como um fenômeno histórico específico. O texto base corretamente aponta que essa fase do capitalismo introduziu novas motivações, métodos e objetivos, consolidando-se como um marco do imperialismo e do neocolonialismo.

Enquanto a expansão moderna estava ligada à busca por metais preciosos e ao comércio de especiarias, o século XIX trouxe motivações mais complexas, como a necessidade de mercados consumidores para os produtos industrializados e o acesso a matérias-primas essenciais para a produção em larga escala. Além disso, os métodos utilizados passaram a incluir o controle indireto por meio de investimentos econômicos e influência política, em contraste com a ocupação territorial direta predominante nos séculos anteriores.

Os objetivos também se diferenciaram, pois o capitalismo industrial buscava não apenas a acumulação de riquezas, mas a integração global sob sua lógica produtiva. Essa mudança reflete a maturidade do sistema capitalista, que passou a operar em escala mundial, conforme previsto no Manifesto Comunista. Portanto, a afirmação está correta (C), já que a expansão do século XIX de fato assumiu contornos inéditos na história econômica.

O século XIX foi um período de profundas transformações econômicas e sociais, marcado pela expansão do capitalismo industrial e pelo fenômeno do imperialismo. Como apontado no texto, o Manifesto Comunista já previa essa universalização do sistema capitalista, que se estendeu para além da Europa, incorporando regiões como a Índia sob o domínio britânico.

No caso específico da Índia, a dominação britânica teve impactos devastadores em sua estrutura econômica tradicional. Por um lado, ocorreu a desarticulação da economia artesanal, especialmente no meio rural, onde atividades manuais e tradicionais foram suplantadas pela produção industrial britânica. Por outro, a exploração imperialista se consolidou através de práticas sistemáticas de dominação e controle, que incluíam a extração de recursos, a imposição de políticas comerciais desfavoráveis e a subjugação da população local.

Portanto, a afirmação de que o impacto da dominação britânica na Índia pode ser sintetizado nesses dois aspectos essenciais está correta. O gabarito C) CERTO reflete adequadamente a realidade histórica desse período, no qual o imperialismo se manifestou como um instrumento de dominação econômica e política.

O imperialismo do século XIX, como desdobramento da Revolução Industrial e da consolidação capitalista, foi marcado por uma narrativa ideológica que justificava a dominação colonial. O texto apresentado destaca corretamente (C) a existência de um discurso unificado que apresentava a expansão europeia como um projeto civilizatório benéfico para os povos colonizados.

Essa ideologia, sintetizada na expressão "o fardo do homem branco" de Rudyard Kipling, propagava a noção de que as potências europeias tinham o dever moral de levar progresso, tecnologia e valores ocidentais às regiões consideradas "atrasadas". Essa retórica servia para mascarar os reais interesses econômicos por trás do neocolonialismo - acesso a matérias-primas, mercados consumidores e áreas de investimento.

O Manifesto Comunista já antevia essa dinâmica expansionista do capitalismo, que transformaria o mundo inteiro em seu palco de atuação. A contradição entre o discurso humanitário e a prática exploratória do imperialismo revela como a ideologia foi instrumentalizada para legitimar a dominação, tornando o item plenamente correto em sua avaliação.