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Questões Sobre Medievalidade Europeia - História - concurso

Questão 1

Até uma data recente – e é esta ainda a visão de numerosos historiadores – os séculos XIV e XV sofreram de
uma desagradável reputação. Para qualificá-los, as expressões ‘acotovelam-se umas às outras’: estagnação,
recessão, série de crises… O grande historiador que foi Jan Huizinga encontra, para designar esta época, uma
belíssima fórmula, com outras cambiantes: a de ‘Outono da Idade Média’ …De tal modo que acabei por me
interrogar se esse Outono não seria na realidade uma Primavera…

(WOLFF, P. Outono da Idade Média ou Primavera dos Novos Tempos? Lisboa: Edições 70, 1988.)

Assinale a alternativa que apresenta essa perspectiva que entende os séculos XIV e XV como um momento de
crise e de retomada, simultaneamente.

  • A)O Estatuto dos Trabalhadores, promulgado em 1351, na Inglaterra, demonstrou tanto a melhoria das condições de trabalho dos camponeses quanto à progressiva implantação do capitalismo no campo.
  • B)A fratura demográfica em decorrência, principalmente, de surtos epidêmicos significou o abandono do cultivo de muitas terras, por outro lado as formas de produção se aperfeiçoaram em termos tecnológicos, além de observar-se a concentração em cultivos de maior rentabilidade.
  • C)A centralização monárquica que formam os Estados Nacionais europeus ao longo do período marcou a crise e decadência da aristocracia, porém criou também as condições políticas para a explosão de criatividade artística e literária que caracterizou o Renascimento.
  • D)A guerra entre os senhores feudais se generalizou em todas as regiões do Ocidente medieval com a utilização cada vez maior de mercenários e de novas tecnologias bélicas que significou maior número de baixas com graves consequências demográficas; essa situação de guerra endêmica fortaleceu o papado, impedindo assim o avanço de propostas de reforma religiosa.
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A alternativa correta é B)

O texto apresentado aborda a visão tradicional dos séculos XIV e XV como períodos de crise e estagnação, contrastando com a perspectiva de que esses séculos podem também ser interpretados como um momento de renovação e transição. A citação de Philippe Wolff questiona se o chamado "Outono da Idade Média" não seria, na verdade, uma "Primavera dos Novos Tempos", sugerindo que, mesmo em meio às adversidades, havia sinais de transformação e progresso.

A alternativa correta, conforme o gabarito, é a letra B, que apresenta uma análise equilibrada do período. Ela reconhece a crise demográfica causada por epidemias, como a Peste Negra, que levou ao abandono de terras cultiváveis, mas também destaca o aperfeiçoamento tecnológico nas formas de produção e a concentração em cultivos mais rentáveis. Essa dualidade entre crise e avanço reflete justamente a ideia de que os séculos XIV e XV foram marcados tanto por dificuldades quanto por inovações que pavimentaram o caminho para a modernidade.

As outras alternativas, embora contenham elementos históricos relevantes, não capturam essa dualidade de forma tão clara. A letra A, por exemplo, menciona o Estatuto dos Trabalhadores e a implantação do capitalismo, mas não explora a relação entre crise e renovação. A letra C aborda a centralização monárquica e o Renascimento, mas não enfatiza os aspectos econômicos e demográficos. Já a letra D foca nos conflitos feudais e no papel do papado, sem destacar os avanços que coexistiram com essas crises.

Portanto, a alternativa B é a que melhor representa a perspectiva de que os séculos XIV e XV foram um período de crise e retomada simultâneas, alinhando-se com a interpretação proposta no texto de Wolff.

Questão 2

Leia o documento de 1346.

    (…) se qualquer pessoa do dito ofício sofrer de pobreza pela idade, ou porque não possa trabalhar terá toda semana 7 dinheiros para seu sustento(…)
    E nenhum estrangeiro trabalhará no dito ofício se não for aprendiz, ou homem admitido à cidadania do dito lugar.
    (…) E se alguém do dito ofício tiver em sua casa trabalho que não possa completar… os demais do mesmo ofício o ajudarão, para que o dito trabalho não se perca.
   (…) Prestando perante eles o juramento de indagar e pesquisar (…) os erros que encontrarem no dito comércio, sem poupar ninguém, por amizade ou ódio.
   Ninguém que não tenha sido aprendiz e não tenha concluído seu termo de aprendizado do dito ofício poderá exercer o mesmo.

(Apud Leo Huberman, História da riqueza do homem, 1970, p. 65)

A partir do documento, é possível reconhecer as principais características das corporações de ofícios, a saber:

  • A)solidariedade; defesa do livre mercado para além da cidade; regras flexíveis para seus membros, inclusive estrangeiros, que poderiam exercer vários ofícios.
  • B)defesa do monopólio do mercado da cidade; exclusão de estrangeiros; controle de qualidade do trabalho para evitar práticas desonestas e espírito de fraternidade.
  • C)ausência de controle do trabalho; monopólio do mercado da cidade; admissão de estrangeiros; incentivo à competição e admissão de aprendizes de diferentes ofícios.
  • D)emprego de aprendizes desqualificados; liberdade de preço dos produtos; exclusão de estrangeiros; espírito de fraternidade e produção de vários tipos de produtos.
  • E)produção com controle de qualidade; admissão de artesãos sem aprendizado anterior; defesa da concorrência entre os artesãos e livre mercado de preços dos produtos.
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A alternativa correta é B)

O documento de 1346 apresenta as principais características das corporações de ofício medievais, que desempenhavam um papel central na organização do trabalho e na regulação das atividades artesanais durante a Idade Média. A análise do texto permite identificar elementos fundamentais que definiam o funcionamento dessas associações, conforme a alternativa correta B.

Em primeiro lugar, o trecho menciona a assistência aos membros do ofício que se encontravam em situação de pobreza ou incapacidade de trabalhar, demonstrando um claro espírito de solidariedade e fraternidade entre os artesãos. Essa característica era essencial para manter a coesão do grupo e garantir a sobrevivência de todos os membros da corporação.

Outro aspecto relevante é a exclusão de estrangeiros, como fica evidente na proibição de que pessoas de fora trabalhassem no ofício sem terem passado pelo processo formal de aprendizado ou obtenção da cidadania local. Essa medida reforçava o monopólio do mercado pela corporação, protegendo os interesses dos artesãos locais contra a concorrência externa.

O documento também destaca o controle de qualidade do trabalho, mencionando o juramento de investigar e corrigir erros no comércio sem favorecimentos. Esse mecanismo assegurava padrões de produção e evitava práticas desonestas que pudessem prejudicar a reputação do ofício.

Por fim, a exigência de que todos os profissionais tivessem concluído seu aprendizado antes de exercer o ofício demonstra o caráter restritivo das corporações, que buscavam manter o controle sobre a qualificação dos trabalhadores e a qualidade dos produtos.

Portanto, a alternativa B corretamente sintetiza as principais características das corporações de ofício apresentadas no documento: defesa do monopólio do mercado local, exclusão de estrangeiros, controle de qualidade do trabalho e manutenção de um espírito de fraternidade entre os membros.

Questão 3

A cidade é [desde o ano 1000] o principal lugar das trocas
econômicas que recorrem sempre mais a um meio de troca
essencial: a moeda. […] Centro econômico, a cidade é
também um centro de poder. Ao lado do e, às vezes, contra
o poder tradicional do bispo e do senhor, frequentemente
confundidos numa única pessoa, um grupo de homens
novos, os cidadãos ou burgueses, conquista “liberdades”,
privilégios cada vez mais amplos.

Jacques Le Goff. São Francisco de Assis.
Rio de Janeiro: Record, 2010. Adaptado.

O texto trata de um período em que

  • A)os fundamentos do sistema feudal coexistiam com novas formas de organização política e econômica, que produziam alterações na hierarquia social e nas relações de poder.
  • B)o excesso de metais nobres na Europa provocava abundância de moedas, que circulavam apenas pelas mãos dos grandes banqueiros e dos comerciantes internacionais.
  • C)o anseio popular por liberdade e igualdade social mobilizava e unificava os trabalhadores urbanos e rurais e envolvia ativa participação de membros do baixo clero.
  • D)a Igreja romana, que se opunha ao acúmulo de bens materiais, enfrentava forte oposição da burguesia ascendente e dos grandes proprietários de terras.
  • E)as principais características do feudalismo, sobretudo a valorização da terra, haviam sido completamente superadas e substituídas pela busca incessante do lucro e pela valorização do livre comércio.
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A alternativa correta é A)

O texto de Jacques Le Goff aborda um período de transição na Europa medieval, marcado pela coexistência entre as estruturas feudais tradicionais e o surgimento de novas dinâmicas políticas e econômicas nas cidades. A partir do ano 1000, as cidades tornaram-se centros vitais para as trocas comerciais, com a moeda ganhando importância como meio de circulação de riquezas. Essa transformação econômica foi acompanhada por mudanças no poder, em que a burguesia emergente — os "homens novos" — começou a desafiar a autoridade tradicional dos bispos e senhores feudais, muitas vezes unificados na mesma figura.

A alternativa correta, A), destaca justamente essa dualidade: os fundamentos do feudalismo ainda estavam presentes, mas novas formas de organização, como as liberdades urbanas conquistadas pelos burgueses, alteravam a hierarquia social e as relações de poder. Enquanto o sistema feudal se baseava na posse da terra e nas relações de vassalagem, as cidades introduziam uma lógica mais dinâmica, centrada no comércio e na autonomia política. Essa transformação não eliminou imediatamente o feudalismo, mas criou tensões e reconfigurações que pavimentaram o caminho para mudanças mais profundas no futuro.

As demais alternativas não correspondem ao contexto descrito no texto. A opção B) menciona um excesso de metais nobres e uma circulação restrita da moeda, o que não é abordado na passagem. A alternativa C) fala de um movimento popular unificado por liberdade e igualdade, algo que não se encaixa no período retratado, marcado por conflitos entre grupos específicos, como a burguesia e as elites tradicionais. A opção D) incorre ao sugerir que a Igreja se opunha ao acúmulo de bens materiais, quando, na realidade, ela mesma era parte integrante do sistema de poder feudal. Por fim, a alternativa E) exagera ao afirmar que o feudalismo havia sido "completamente superado", ignorando a coexistência de estruturas antigas e novas durante essa fase de transição.

Questão 4

As bases do feudalismo remontam ao
século III, quando o sistema escravista de
produção no Império Romano entrou em
crise. A respeito do Modo de Produção
Feudal, podemos afirmar CORRETAMENTE:

  • A)Com um modelo econômico voltado para o mercado externo, fez surgir uma sociedade fragmentada politicamente e centralizada no campo religioso.
  • B)Por meio do domínio político, exercido com o uso da força, os servos estavam sujeitos a uma série de obrigações em relação aos senhores.
  • C)O trabalho servil constituiu-se como base da produção, o que estimulou a produção de excedentes comerciais e uma forte centralização política.
  • D)Baseou-se em uma sociedade de castas, onde não era permitida a mobilidade social, o que resultou no fim da escravidão.
  • E)A transição da terra era feita por meio da doação aos suseranos que pagavam rendas a seus vassalos.
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A alternativa correta é B)

As bases do feudalismo remontam ao século III, quando o sistema escravista de produção no Império Romano entrou em crise. A respeito do Modo de Produção Feudal, podemos afirmar CORRETAMENTE:

  • B) Por meio do domínio político, exercido com o uso da força, os servos estavam sujeitos a uma série de obrigações em relação aos senhores.

Esta alternativa está correta porque o feudalismo caracterizou-se por relações de dependência pessoal, nas quais os servos, embora não fossem escravos, estavam vinculados à terra e submetidos a obrigações como a corveia (trabalho gratuito nas terras do senhor) e tributos. O poder político era descentralizado, e os senhores feudais exerciam controle sobre seus domínios por meio da força e de laços de vassalagem, consolidando uma estrutura hierárquica e pouco dinâmica.

As demais alternativas apresentam incorreções: a economia feudal era voltada para a subsistência, não para o mercado externo (A); o trabalho servil não gerou excedentes significativos nem centralização política (C); a sociedade feudal não era baseada em castas, embora a mobilidade social fosse limitada (D); e a relação de suserania e vassalagem envolvia lealdade e proteção, não pagamento de rendas (E).

Questão 5

INSTRUÇÃO: Para responder à questão , considere as afirmativas abaixo sobre as origens do feudalismo europeu entre os séculos V e VIII.

I. Os confrontos militares provocados, no século V, pelas invasões sucessivas de povos germânicos, pressionados pelos Hunos desde o oriente, apresentavam características desconhecidas para os exércitos romanos, pois os variados contatos econômicos e culturais anteriores com os ditos bárbaros eram de caráter estritamente pacífico.
II. Os reinos germânicos, até o século VII, em geral foram monarquias bastante frágeis, com regras de sucessão mal definidas e guiadas por dois sistemas legais diferentes: o romano, a que se submetiam os habitantes de origem romana; e o germânico, inicialmente um sistema oral e, depois, escrito.
III. Os primeiros povos germânicos convertidos ao cristianismo eram seguidores da seita de origem oriental conhecida como arianismo, o que manteve sua religião diferente do cristianismo romano e concorreu para tornar mais lento o processo de fusão entre os dois povos até o século VIII.

Está/Estão correta(s) a(s) afirmativa(s):

  • A)I, apenas.
  • B)III, apenas.
  • C)I e II, apenas.
  • D)II e III, apenas.
  • E)I, II e III.
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A alternativa correta é D)

O feudalismo europeu, sistema que marcou a organização social, política e econômica da Idade Média, teve suas origens em um contexto complexo de transformações entre os séculos V e VIII. Analisando as afirmativas apresentadas, é possível identificar os elementos que contribuíram para a formação desse sistema.

A afirmativa I está incorreta ao sugerir que os contatos entre romanos e povos germânicos eram estritamente pacíficos antes das invasões do século V. Na realidade, conflitos e negociações já existiam, mesmo que as invasões tenham intensificado os choques militares. Portanto, essa afirmação não pode ser considerada correta.

Já a afirmativa II está correta ao descrever a fragilidade dos reinos germânicos até o século VII. Essas monarquias enfrentavam problemas de sucessão e operavam sob sistemas legais distintos—o romano para os habitantes de origem romana e o germânico (inicialmente oral) para os próprios germânicos. Essa dualidade jurídica refletia a dificuldade de integração entre as culturas.

A afirmativa III também está correta, pois muitos povos germânicos, como os visigodos e ostrogodos, adotaram inicialmente o arianismo, uma vertente cristã considerada herética pela Igreja Romana. Essa diferença religiosa retardou a fusão entre germânicos e a população romanizada, prolongando tensões até a conversão ao catolicismo romano no século VIII.

Dessa forma, apenas as afirmativas II e III estão corretas, correspondendo à alternativa D) como resposta adequada.

Questão 6

[Na época feudal] o mundo terrestre era visto como palco da luta
entre as forças do Bem e as do Mal, hordas de anjos e demônios.
Disso decorria um dos traços mentais da época: a belicosidade
.

(Hilário Franco Junior. O feudalismo, 1986. Adaptado.)

A belicosidade (disposição para a guerra) mencionada expressava-se,
por exemplo,

  • A)no ingresso de homens de todas as camadas sociais na cavalaria e na sua participação em torneios.
  • B)no pacto que reunia senhores e servos e determinava as chamadas relações vassálicas.
  • C)na ampla rejeição às Cruzadas e às tentativas cristãs de reconquista de Jerusalém.
  • D)no empenho demonstrado nas lutas contra muçulmanos, vikings e diferentes formas de heresias.
  • E)na submissão de senhores e vassalos, reis e súditos, ao Islamismo.
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A alternativa correta é D)

Na época feudal, a mentalidade belicosa era um traço marcante da sociedade, influenciada pela visão dualista do mundo como um campo de batalha entre o Bem e o Mal. Essa disposição para a guerra manifestava-se de diversas formas, conforme destacado no texto de Hilário Franco Junior. Entre as alternativas apresentadas, a opção D) corretamente identifica uma das principais expressões dessa belicosidade: o empenho nas lutas contra muçulmanos, vikings e diferentes formas de heresias.

Esses conflitos refletiam não apenas a defesa territorial, mas também a dimensão religiosa e ideológica que permeava a sociedade feudal. As Cruzadas, por exemplo, eram vistas como uma missão sagrada, enquanto a resistência às invasões vikings e a repressão às heresias reforçavam a unidade cristã e o poder da Igreja. Dessa forma, a alternativa D) sintetiza de maneira precisa como a mentalidade bélica da época se materializava em ações concretas, alinhadas com os valores e as tensões do período feudal.

As demais alternativas apresentam distorções ou generalizações que não correspondem plenamente ao contexto histórico. A cavalaria, por exemplo, era restrita a uma elite (A), enquanto as relações vassálicas (B) eram mais complexas do que um simples "pacto" belicoso. A rejeição às Cruzadas (C) e a submissão ao Islamismo (E) não condizem com a realidade da Europa feudal, marcada pela expansão cristã e pela resistência a influências externas.

Questão 7

As feiras foram muito difundidas pela Europa a partir do
século XI. Entre os motivos que provocaram tal fenômeno,
podemos citar

  • A)a unificação da moeda europeia, que facilitou a atividade dos banqueiros e a aquisição de mercadorias.
  • B)o aumento da produção agrícola, provocado pelos desmatamentos, que ampliavam a quantidade de terras cultiváveis.
  • C)a eliminação das práticas feudais, que prendiam os camponeses à terra e reduziam a monetarização da economia.
  • D)o crescimento urbano, provocado pelas doenças e epidemias que grassavam nas áreas rurais e provocavam êxodo em direção às cidades.
  • E)a regionalização das economias, que limitou significativamente a obtenção de mercadorias provenientes de terras distantes.
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A alternativa correta é B)

As feiras medievais, que se expandiram pela Europa a partir do século XI, representaram um importante marco no desenvolvimento comercial e econômico do período. Entre os fatores que impulsionaram esse fenômeno, destaca-se o aumento da produção agrícola, como aponta a alternativa correta (B).

Esse crescimento na agricultura foi possibilitado pelos desmatamentos e pela ampliação das áreas cultiváveis, que permitiram maior disponibilidade de alimentos e excedentes para comercialização. Com mais produtos circulando, as feiras tornaram-se espaços essenciais para o comércio, estimulando trocas e o desenvolvimento de rotas mercantis.

Embora outras alternativas mencionem elementos relevantes do contexto medieval, como a monetarização (C) ou o crescimento urbano (D), elas não explicam diretamente a difusão das feiras. A regionalização (E) e a unificação monetária (A) são igualmente incorretas, já que a Europa ainda não possuía uma moeda unificada nesse período, e as feiras justamente favoreciam o comércio de longa distância.

Portanto, o aumento da produção agrícola (B) foi um dos principais motivos para o florescimento das feiras, pois gerou excedentes que alimentaram o comércio e impulsionaram a economia medieval.

Questão 8

[Na Idade Média], chamava-se ‘lepra’ a muitas doenças. Toda
erupção pustulenta, a escarlatina, por exemplo, qualquer afec-
ção cutânea passava por lepra. Ora, havia, com relação à lepra,
um terror sagrado: os homens daquele tempo estavam persuadidos
de que no corpo reflete-se a podridão da alma. O leproso
era, só por sua aparência corporal, um pecador. Desagradara a
Deus e seu pecado purgava através dos poros.

(Georges Duby. Ano 1000 Ano 2000. Na pista de nossos medos.

São Paulo: Unesp, 1998.)

O texto mostra a associação entre doença e religião na Idade
Média. Isso ocorre porque os homens do período

  • A)abandonaram o conhecimento científico, acumulado na Antiguidade, sobre saúde e doença; daí a época medieval ser apropriadamente chamada de “era das trevas”.
  • B)recusavam-se a admitir que as condições de higiene então existentes fossem inadequadas e preferiam criar explicações astrológicas para os males que os afligiam.
  • C)estigmatizavam os portadores de doenças e os isolavam, ao contrário do que ocorre hoje, quando todos os doentes são aceitos no convívio social e recebem tratamento adequado.
  • D)eram marcados pelo imaginário cristão, que apresentava o mundo como um espaço de conflito ininterrupto entre forças divinas e forças demoníacas.
  • E)rejeitavam a medicina, pois a associavam a práticas mágicas e a curandeirismo, preferindo recorrer a exorcistas a aceitar os tratamentos prescritos nos hospitais.
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A alternativa correta é D)

O texto apresentado ilustra a profunda relação entre doença e religião na Idade Média, destacando como a lepra e outras afecções cutâneas eram interpretadas à luz de um imaginário cristão que permeava a sociedade da época. A citação de Georges Duby revela que os medos e as crenças medievais transformavam as doenças em sinais de pecado e corrupção espiritual, refletindo uma visão de mundo dualista, onde o corpo e a alma estavam intrinsecamente ligados.

A alternativa correta, D), aponta para o fato de que os homens medievais eram marcados por um imaginário cristão que enxergava o mundo como um campo de batalha entre forças divinas e demoníacas. Essa perspectiva explicava não apenas as doenças, mas também diversos fenômenos naturais e sociais, atribuindo-lhes um significado religioso e moral. A lepra, portanto, não era vista apenas como uma enfermidade física, mas como uma manifestação da "podridão da alma", conforme mencionado no texto.

As outras alternativas apresentam interpretações equivocadas ou anacrônicas sobre o período. A alternativa A) incorre ao sugerir que a Idade Média abandonou completamente o conhecimento científico da Antiguidade, ignorando as contribuições medievais em áreas como a medicina monástica. A alternativa B) atribui uma explicação astrológica às doenças, o que não é corroborado pelo texto. Já a alternativa C) contrasta de forma simplista a estigmatização medieval com uma suposta aceitação universal dos doentes na atualidade, desconsiderando que preconceitos ainda persistem. Por fim, a alternativa E) generaliza uma rejeição à medicina, quando, na realidade, a Igreja medieval mantinha hospitais e práticas de cuidado, mesmo que sob uma ótica religiosa.

Assim, a resposta correta é a D), pois capta a essência do pensamento medieval, no qual a doença era interpretada como um reflexo da luta entre o bem e o mal, conforme pregava o cristianismo da época.

Questão 9

Com a ruralização, a tendência à autossuficiência de cada latifúndio
e as crescentes dificuldades nas comunicações, os representantes
do poder imperial foram perdendo capacidade de
ação sobre vastos territórios. Mais do que isso, os próprios latifundiários
foram ganhando atribuições anteriormente da alçada
do Estado.

(Hilário Franco Jr. O feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1986. Adaptado.)

A característica do feudalismo mencionada no fragmento é

  • A)o desaparecimento do poder militar, provocado pelas invasões bárbaras.
  • B)a fragmentação do poder político central.
  • C)o aumento da influência política e financeira da Igreja Católica.
  • D)a constituição das relações de escravidão.
  • E)o estabelecimento de laços de servidão e vassalagem.
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A alternativa correta é B)

O fragmento apresentado descreve um processo fundamental do feudalismo: a ruralização e a consequente perda de poder do Estado central em favor dos latifundiários locais. Conforme mencionado no texto, os representantes do poder imperial viram sua capacidade de ação diminuir diante da autossuficiência dos grandes domínios rurais e das dificuldades nas comunicações. Além disso, os próprios latifundiários passaram a assumir funções que antes eram de responsabilidade do Estado.

Essa dinâmica ilustra claramente a fragmentação do poder político central, uma característica essencial do feudalismo. Nesse sistema, a autoridade se descentralizou, e o poder foi transferido para as mãos dos senhores locais, que governavam seus territórios com relativa independência. As outras alternativas, embora relacionadas a aspectos do feudalismo, não correspondem ao fenômeno descrito no texto:

  • A) O desaparecimento do poder militar não é mencionado e, além disso, os senhores feudais mantinham seus próprios exércitos.
  • C) A Igreja Católica teve grande influência, mas o texto não trata desse aspecto.
  • D) A escravidão não era a base das relações feudais, que se baseavam na servidão.
  • E) Embora a servidão e a vassalagem fossem elementos importantes, o texto enfatiza a descentralização política.

Portanto, a alternativa correta é B) a fragmentação do poder político central, que reflete o enfraquecimento do Estado imperial e o fortalecimento dos poderes locais durante o feudalismo.

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Questão 10

O cavaleiro é um dos principais personagens nas narrativas difundidas durante a Idade Média. Esse cavaleiro é principalmente um

  • A)camponês, que usa sua montaria no trabalho cotidiano e participa de combates e guerras.
  • B)nobre, que conta com equipamentos adequados à montaria e participa de treinamentos militares, torneios e jogos.
  • C)camponês, que consegue obter ascensão social por meio da demonstração de coragem e valentia nas guerras.
  • D)nobre, que ocupa todo seu tempo com a preparação militar para as Cruzadas contra os mouros.
  • E)nobre, que conquista novas terras por meio de sua ação em torneios e jogos contra outros nobres.
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A alternativa correta é B)

O cavaleiro medieval é uma figura emblemática que surge no contexto da nobreza feudal, representando muito mais do que um simples guerreiro montado. Sua imagem está associada a um conjunto de valores, treinamentos e equipamentos específicos que o distinguiam dos demais membros da sociedade.

A alternativa correta (B) aponta para o cavaleiro como um nobre, equipado adequadamente para a montaria e engajado em treinamentos militares, torneios e jogos. Essa definição capta a essência do cavaleiro como membro da elite guerreira medieval, cuja formação incluía:

  • O domínio de técnicas de combate desde a juventude
  • O acesso a armaduras e armas de qualidade
  • A participação em eventos que testavam suas habilidades marciais
  • O cultivo de um código de conduta específico

Embora os cavaleiros participassem de guerras e cruzadas, sua identidade não se limitava a esses conflitos. Os torneios e jogos eram igualmente importantes, servindo tanto para demonstrar habilidades quanto para manter o prestígio social. A cavalaria representava, portanto, uma instituição complexa que combinava aspectos militares, sociais e culturais da nobreza medieval.

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