Até uma data recente – e é esta ainda a visão de numerosos historiadores – os séculos XIV e XV sofreram de uma desagradável reputação. Para qualificá-los, as expressões ‘acotovelam-se umas às outras’: estagnação, recessão, série de crises… O grande historiador que foi Jan Huizinga encontra, para designar esta época, uma belíssima fórmula, com outras cambiantes: a de ‘Outono da Idade Média’ …De tal modo que acabei por me interrogar se esse Outono não seria na realidade uma Primavera… (WOLFF, P. Outono da Idade Média ou Primavera dos Novos Tempos? Lisboa: Edições 70, 1988.) Assinale a alternativa que apresenta essa perspectiva que entende os séculos XIV e XV como um momento de crise e de retomada, simultaneamente.
Até uma data recente – e é esta ainda a visão de numerosos historiadores – os séculos XIV e XV sofreram de
uma desagradável reputação. Para qualificá-los, as expressões ‘acotovelam-se umas às outras’: estagnação,
recessão, série de crises… O grande historiador que foi Jan Huizinga encontra, para designar esta época, uma
belíssima fórmula, com outras cambiantes: a de ‘Outono da Idade Média’ …De tal modo que acabei por me
interrogar se esse Outono não seria na realidade uma Primavera…
(WOLFF, P. Outono da Idade Média ou Primavera dos Novos Tempos? Lisboa: Edições 70, 1988.)
Assinale a alternativa que apresenta essa perspectiva que entende os séculos XIV e XV como um momento de
crise e de retomada, simultaneamente.
- A)O Estatuto dos Trabalhadores, promulgado em 1351, na Inglaterra, demonstrou tanto a melhoria das condições de trabalho dos camponeses quanto à progressiva implantação do capitalismo no campo.
- B)A fratura demográfica em decorrência, principalmente, de surtos epidêmicos significou o abandono do cultivo de muitas terras, por outro lado as formas de produção se aperfeiçoaram em termos tecnológicos, além de observar-se a concentração em cultivos de maior rentabilidade.
- C)A centralização monárquica que formam os Estados Nacionais europeus ao longo do período marcou a crise e decadência da aristocracia, porém criou também as condições políticas para a explosão de criatividade artística e literária que caracterizou o Renascimento.
- D)A guerra entre os senhores feudais se generalizou em todas as regiões do Ocidente medieval com a utilização cada vez maior de mercenários e de novas tecnologias bélicas que significou maior número de baixas com graves consequências demográficas; essa situação de guerra endêmica fortaleceu o papado, impedindo assim o avanço de propostas de reforma religiosa.
Resposta:
A alternativa correta é B)
O texto apresentado aborda a visão tradicional dos séculos XIV e XV como períodos de crise e estagnação, contrastando com a perspectiva de que esses séculos podem também ser interpretados como um momento de renovação e transição. A citação de Philippe Wolff questiona se o chamado "Outono da Idade Média" não seria, na verdade, uma "Primavera dos Novos Tempos", sugerindo que, mesmo em meio às adversidades, havia sinais de transformação e progresso.
A alternativa correta, conforme o gabarito, é a letra B, que apresenta uma análise equilibrada do período. Ela reconhece a crise demográfica causada por epidemias, como a Peste Negra, que levou ao abandono de terras cultiváveis, mas também destaca o aperfeiçoamento tecnológico nas formas de produção e a concentração em cultivos mais rentáveis. Essa dualidade entre crise e avanço reflete justamente a ideia de que os séculos XIV e XV foram marcados tanto por dificuldades quanto por inovações que pavimentaram o caminho para a modernidade.
As outras alternativas, embora contenham elementos históricos relevantes, não capturam essa dualidade de forma tão clara. A letra A, por exemplo, menciona o Estatuto dos Trabalhadores e a implantação do capitalismo, mas não explora a relação entre crise e renovação. A letra C aborda a centralização monárquica e o Renascimento, mas não enfatiza os aspectos econômicos e demográficos. Já a letra D foca nos conflitos feudais e no papel do papado, sem destacar os avanços que coexistiram com essas crises.
Portanto, a alternativa B é a que melhor representa a perspectiva de que os séculos XIV e XV foram um período de crise e retomada simultâneas, alinhando-se com a interpretação proposta no texto de Wolff.
Deixe um comentário