Questões Sobre Medievalidade Europeia - História - concurso

O feudalismo foi um sistema que moldou a Europa Medieval, caracterizado por relações de dependência pessoal, economia agrária e uma estrutura social rigidamente estratificada. Analisando as afirmações apresentadas, é possível identificar quais delas representam efetivamente características desse período.

A afirmação I está correta, pois os servos da gleba eram camponeses vinculados à terra, submetidos à autoridade dos senhores feudais. A IV também é verdadeira, já que o poder político era descentralizado, dividido entre a nobreza feudal e a monarquia, muitas vezes em conflito. Por fim, a V reflete a pirâmide social feudal, onde a aristocracia guerreira e o clero detinham privilégios e terras.

Já a afirmação II descreve um processo posterior, o declínio do feudalismo e o surgimento da economia urbana e comercial. A III é incorreta porque a sociedade feudal era imobilista, sem possibilidade de ascensão social.

Portanto, a alternativa C) I, IV e V é a única que lista exclusivamente características do sistema feudal, conforme apontado no gabarito.

O fragmento citado revela uma característica fundamental do poder monárquico durante o Antigo Regime: a construção simbólica dos soberanos como figuras que transcendiam a condição humana comum. A associação com figuras míticas, como Hércules, não era meramente retórica, mas sim parte de uma estratégia de legitimação que os colocava acima dos demais homens, conferindo-lhes uma aura de autoridade quase divina.

Dentre as alternativas apresentadas, a B) é a que melhor reflete essa realidade histórica. O crime de lesa-majestade era uma ferramenta jurídica que protegia a inviolabilidade do monarca, punindo qualquer forma de desafio à sua autoridade. Isso demonstra como o soberano não era visto como um igual, mas sim como uma figura sagrada, cuja vontade não podia ser questionada sem graves consequências.

As demais alternativas não correspondem ao contexto do Antigo Regime:

• A) Incorreta: Os soberanos eram exaltados como seres superiores, não como humanos comuns.
• C) Incorreta: A relação entre Igreja e monarquia era complexa, mas os reis não tinham controle direto sobre assuntos eclesiásticos.
• D) Incorreta: A hierarquia social era rígida, e o trato fraterno com os súditos não era uma característica do período.
• E) Incorreta: O acesso popular ao soberano era extremamente limitado, e a representação política não funcionava como nas democracias modernas.

Portanto, a alternativa B) é a única que reflete adequadamente a natureza absoluta e sacralizada do poder monárquico durante o Antigo Regime, onde a autoridade real era inquestionável e protegida por mecanismos legais e simbólicos.

O trecho apresentado aborda a relação entre os vivos e os mortos na Europa Medieval, destacando a persistência de crenças sobrenaturais, como fantasmas e vampiros, em uma sociedade profundamente religiosa e familiarizada com a morte. A análise das afirmativas permite identificar quais delas estão corretas de acordo com o contexto histórico.

A afirmativa I está incorreta, pois a mística cristã não conseguiu apagar completamente as tradições pagãs relacionadas ao culto aos mortos. Pelo contrário, muitas dessas crenças persistiram e se mesclaram com o imaginário medieval, como evidenciado pela continuidade de histórias sobre castelos mal-assombrados e vampiros.

A afirmativa II está correta, já que a crença no sobrenatural era parte integrante da mentalidade medieval. Após o ano 1000, o clero católico passou a difundir relatos sobre fantasmas, muitas vezes com o objetivo de reforçar a importância da memória dos mortos e da salvação da alma.

A afirmativa III também está correta, pois a lembrança dos mortos servia como um mecanismo para lidar com a dor da perda e reforçar os limites entre o mundo dos vivos e o dos mortos, mantendo viva a noção de que os falecidos ainda existiam em um plano espiritual.

Por fim, a afirmativa IV está incorreta, uma vez que a criação do purgatório no século XII não enfraqueceu as práticas de culto aos mortos. Na verdade, essa doutrina reforçou a ideia de que os vivos podiam interceder pelos mortos, incentivando orações e missas em seu favor.

Portanto, as únicas afirmativas corretas são II e III, correspondendo à alternativa A).

A escravidão, também denominada de escravismo, escravagismo ou escravatura, é uma prática social de exploração humana, onde o escravo é considerado uma mercadoria. Sob o ponto de vista histórico, pode-se afirmar que a escravidão se enquadra nos seguintes aspectos, exceto:

• A) Nas sociedades onde o escravo era considerado uma mercadoria, os preços variavam de acordo com as condições físicas, habilidades profissionais, a idade, a procedência e o destino do escravo.
• B) Na Idade Média, os escravos atenienses não podiam ser vendidos, trocados ou comprados, pois eles eram propriedade das cidades gregas que podiam conceder a proprietários o direito definitivo de posse de alguns escravos (os italiotas).
• C) A escravidão nos tempos modernos era baseada num forte preconceito racial em que o grupo étnico ao qual pertencia o comerciante era considerado superior.
• D) Com a exploração do trabalho escravo, tornava-se possível a produção de excedentes e uma enorme acumulação de riquezas, contribuindo assim, para o desenvolvimento econômico e cultural que a humanidade conheceu em alguns momentos históricos e épocas.

O gabarito correto é B).

O período referido no texto, que marca a transição da Alta para a Baixa Idade Média, é caracterizado por transformações profundas na sociedade europeia. A alternativa correta, E), aponta para o crescimento populacional e o florescimento das cidades e do trabalho urbano, elementos centrais desse processo histórico.

O Renascimento Comercial, iniciado no século XI, trouxe consigo uma série de mudanças que impactaram diretamente a estrutura feudal. O aumento da população, impulsionado por avanços agrícolas como o uso de novos instrumentos e técnicas, permitiu um excedente de produção. Esse excedente, por sua vez, estimulou o comércio e a circulação de mercadorias, revitalizando as rotas comerciais e fortalecendo os centros urbanos.

As cidades, ou burgos, tornaram-se polos de atividade econômica e cultural, atraindo camponeses em busca de melhores condições de vida. O trabalho urbano, especialmente o artesanal, ganhou relevância, contrastando com a rigidez do sistema feudal baseado na agricultura. Esse movimento também favoreceu o surgimento de uma nova classe social: a burguesia, formada por comerciantes e artesãos que não se encaixavam na estrutura tradicional de suserania e vassalagem.

Portanto, a alternativa E) é a que melhor sintetiza as características desse período, marcado pelo declínio gradual do feudalismo e pelo surgimento de uma economia mais dinâmica e urbana, que pavimentou o caminho para a modernidade.

Durante muito tempo, sustentou-se equivocadamente que a utilização de especiarias na Europa da Idade Média era determinada pela necessidade de se alterar o sabor de alimentos apodrecidos, ou pela opinião de que tal uso garantiria a conservação das carnes. Essa visão simplista, no entanto, foi amplamente superada por estudos históricos mais recentes, que demonstram a complexidade e a riqueza do comércio e do consumo de especiarias no período medieval.

A utilização de especiarias no período medieval, na verdade, está intimamente ligada à existência de circuitos mercantis entre a Europa, a Ásia e o continente africano. Essas rotas comerciais, que incluíam a famosa Rota da Seda, permitiam o transporte de produtos valiosos como pimenta, cravo, canela e noz-moscada, que eram altamente cobiçados pela elite europeia. O comércio de especiarias não apenas enriquecia mercadores e cidades, mas também servia como um símbolo de status e poder.

Além disso, o consumo de especiarias estava associado a práticas culturais e medicinais da época, sendo utilizadas tanto na culinária quanto em remédios. A ideia de que seu uso estava relacionado à má conservação de alimentos é um mito, já que a sociedade medieval possuía outras técnicas de preservação, como a salga e a defumação. Portanto, a alternativa correta é a letra A, que destaca a importância dos circuitos mercantis na disseminação e valorização das especiarias na Europa medieval.

No trecho apresentado, o historiador Georges Duby aborda a estrutura social da Idade Média, destacando a divisão tripartida defendida pelos clérigos do norte da França no século XI. Segundo essa visão, a sociedade era organizada em três grupos distintos: os que rezam (clero), os que combatem (nobreza) e os que trabalham (servos e camponeses). Essa divisão não apenas refletia a hierarquia social da época, mas também buscava justificá-la como parte de um plano divino, no qual cada grupo desempenhava um papel essencial para a harmonia coletiva.

A alternativa correta é a E), pois o texto descreve claramente a maneira como as divisões sociais eram legitimadas na Idade Média, atribuindo-lhes um caráter sagrado e funcional. As outras opções estão incorretas porque:

• A) Não há menção à oposição da Igreja à exploração dos servos, mas sim à cooperação entre os grupos.
• B) O trecho não trata de questões econômicas ou produtividade agrícola.
• C) Não há indicação de submissão do clero à nobreza, e sim de uma relação de interdependência.
• D) A divisão descrita não era igualitária, mas hierárquica e funcional.

Portanto, a resposta correta é E) maneira como eram justificadas as divisões sociais na Idade Média, já que o texto ilustra a ideologia medieval que naturalizava a desigualdade como parte de uma ordem divina.

Identifique a afirmação correta sobre a Idade Média Ocidental.

• A) Os “mendicantes” que circulam pelas cidades e pelos campos são sempre religiosos que se dedicam à obtenção de recursos para peregrinações à Terra Santa.
• B) As pessoas que, dada sua origem, ocupam as posições sociais mais elevadas recebem o nome de “senhores”, porque as terras que possuem são designadas “senhorias”.
• C) As relações de vassalagem e de servidão ocorrem no interior da nobreza e definem a submissão hierárquica dos senhores perante os reis.
• D) São vedadas as práticas de escravidão por dívida e guerra, mas os camponeses podem ser considerados propriedade dos senhores.
• E) Os religiosos são os únicos que têm direito de receber rendas e tributos pagos pelos camponeses.

O gabarito correto é B).

O texto de Jacques Le Goff sobre as catedrais medievais destaca seu papel como símbolos da grandiosidade divina e da fé, além de sua função nas rivalidades entre cidades. A altura impressionante dessas construções reflete a grandeza de Deus, enquanto sua localização urbana e imponência arquitetônica serviam também como afirmação de prestígio político e religioso.

A alternativa correta, C), afirma que as catedrais tinham um "importante caráter simbólico na construção e manutenção da fé religiosa e nas disputas políticas entre cidades". Essa interpretação está em perfeita sintonia com o texto, que menciona tanto o aspecto sagrado das catedrais quanto a competição entre cidades para possuir a mais alta e bela construção.

As outras alternativas não correspondem ao conteúdo do texto. A alternativa A) é incorreta porque o texto não menciona supremacia do poder temporal sobre o religioso. A B) é equivocada, pois as catedrais justamente demonstram a capacidade humana de superar limites na adoração a Deus. A D) é falsa, já que as catedrais são descritas como obras de ostentação, não de despojamento. Por fim, a E) é incorreta porque o texto enfatiza o significado religioso das catedrais, não sua destituição desse sentido.

No ano de 800, Carlos Magno foi coroado imperador pelo Papa Leão III, marcando um momento crucial na história medieval europeia. Esse evento simbolizava a restauração do Império Romano no Ocidente e reforçava a aliança entre o reino dos Francos e a Igreja Cristã Romana. A coroação não apenas legitimava o poder de Carlos Magno, mas também consolidava uma parceria estratégica contra ameaças externas, especialmente a expansão islâmica na Europa.

A opção correta para preencher as lacunas do texto é a alternativa C) Francos / Igreja cristã romana / islâmica. Essa escolha reflete o contexto histórico preciso: os Francos, sob o comando de Carlos Magno, eram os principais defensores da cristandade ocidental, aliados à Igreja Romana. Juntos, combatiam o avanço islâmico, que representava uma ameaça tanto política quanto religiosa para a Europa daquele período.

As outras alternativas apresentam combinações incorretas. Por exemplo, os Lombardos (opções B e D) não estavam no centro dessa aliança, e a seita albigense (opções A e D) sequer existia no século IX. Da mesma forma, a expansão bizantina (opções A, D e E) não era o foco principal da resistência liderada por Carlos Magno, cujos esforços militares estavam voltados para conter o avanço islâmico, particularmente na Península Ibérica.

Portanto, a coroação de Carlos Magno representou não apenas a união entre poder temporal e espiritual, mas também a defesa da Europa cristã contra a expansão islâmica, consolidando o papel dos Francos e da Igreja Romana como pilares da civilização ocidental na Idade Média.