Questões Sobre Medievalidade Europeia - História - concurso

Sobre as cidades europeias na época moderna (séculos XVI a XVIII), é correto afirmar que, em termos gerais,

• A) mantiveram o mesmo grau de autonomia política que haviam gozado durante a Idade Média. (Incorreto)
• B) ganharam autonomia política na mesma proporção em que perderam importância econômica. (Incorreto)
• C) reforçaram sua segurança construindo muralhas cada vez maiores e mais difíceis de serem transpostas. (Incorreto)
• D) perderam, com os reis absolutistas, as imunidades políticas que haviam usufruído na Idade Média. (Correto)
• E) conquistaram um tal grau de auto-suficiência econômica que puderam viver isoladas do entorno rural. (Incorreto)

O gabarito correto é D), pois o fortalecimento do poder central dos monarcas absolutistas durante a época moderna levou à redução das autonomias e privilégios políticos que as cidades detinham na Idade Média. Esse processo foi parte da consolidação do Estado nacional moderno, em que a autoridade real se sobrepôs às antigas liberdades municipais.

Na Baixa Idade Média (séculos XI-XV), o juramento de fidelidade e reciprocidade desempenhava um papel fundamental na estruturação das relações sociais e políticas do período feudal. Esse ritual, conhecido como vassalagem, consistia em um pacto solene entre um senhor e seu vassalo, estabelecendo obrigações mútuas de lealdade, proteção e serviço. A análise das alternativas apresentadas revela que a opção correta é a letra C, pois reflete a essência hierárquica e contratual que definia o sistema feudal.

A alternativa A está incorreta porque o feudalismo não se baseava em uma relação equânime entre senhor e servo, mas sim em uma estrutura vertical de poder, onde o senhor detinha autoridade sobre o vassalo ou servo. A alternativa B também não corresponde à realidade histórica, pois o juramento de fidelidade não estava diretamente ligado à defesa do cristianismo contra ameaças externas, mas sim à organização política e militar da sociedade feudal.

A alternativa D é equivocada ao associar o feudalismo aos princípios do Direito Romano. Embora elementos do direito romano tenham sobrevivido em algumas regiões, o feudalismo era marcado por costumes locais e relações pessoais de dependência, não por laços de parentesco ou herança jurídica romana. Por fim, a alternativa E desvia-se do cerne da questão, já que a proteção aos desvalidos, embora presente em alguns contextos, não era o fundamento do pacto feudal.

Portanto, a alternativa C é a única que expressa corretamente a natureza do acordo feudal: um pacto hierárquico entre membros da nobreza senhorial, no qual o vassalo jurava fidelidade em troca de proteção e benefícios, como terras (o feudo). Essa relação de reciprocidade assimétrica era a base da organização política, econômica e social do mundo medieval, consolidando uma rede de lealdades pessoais que sustentava o poder dos senhores feudais.

A partir do século XII, as corporações de ofício emergiram como uma expressão fundamental da cultura do trabalho no mundo medieval. Essas associações, compostas por artesãos e mestres de um mesmo ofício, desempenharam um papel central na organização da produção e na vida social das cidades. Entre as alternativas apresentadas, a opção C) é a correta, pois as corporações de ofício efetivamente promoviam uma rede de proteção entre seus membros, garantindo apoio mútuo em momentos de dificuldade, como doenças ou falecimento, além de regulamentar as condições de trabalho e os padrões de qualidade dos produtos.

As corporações medievais não apenas asseguravam a transmissão de conhecimentos técnicos, como também criavam um sistema de solidariedade e assistência entre seus integrantes. Essa rede de proteção incluía auxílio financeiro, cuidados com viúvas e órfãos, e até mesmo a organização de cerimônias fúnebres. Dessa forma, as guildas fortaleceram os laços comunitários e garantiram certa estabilidade social em um período marcado por incertezas.

Embora as outras alternativas apresentem elementos relacionados às corporações de ofício, como a troca de conhecimentos (A) ou a divisão do trabalho (B), nenhuma delas captura tão precisamente a essência dessas associações quanto a função protetora descrita na alternativa C). A noção de preço justo (D) e a temporalidade associada à circulação monetária (E) são questões mais ligadas ao desenvolvimento do comércio e da economia urbana, e não representam o cerne da atuação das corporações de ofício.

O feudalismo representou uma transformação significativa nas relações de trabalho após o declínio do escravismo antigo. Ao contrário dos escravos, que eram tratados como propriedade absoluta, os servos ocupavam uma posição intermediária, submetidos a obrigações, mas com certos direitos. A alternativa correta (B) destaca a essência dessa relação: os servos deviam lealdade e tributos ao senhor feudal, mas estavam vinculados à terra, não podendo ser comercializados como mercadorias.

Essa estrutura garantia estabilidade ao sistema feudal. Os servos cultivavam os lotes de terra (mansos servis) e entregavam parte da produção (como a talha) ou prestavam serviços (corveia). Em troca, recebiam proteção militar e acesso a recursos básicos. A terra era a base da hierarquia feudal — nem o servo podia abandoná-la, nem o senhor podia expulsá-lo ou vendê-lo separadamente.

As demais alternativas refletem equívocos comuns: a venda de servos (A e C) confunde-os com escravos, enquanto a ideia de assalariamento (D) é anacrônica, já que o trabalho assalariado só surgiria com o capitalismo. O feudalismo, portanto, consolidou uma exploração não mercantil da força de trabalho, onde a relação de dependência pessoal e a terra eram centrais.

Do ponto de vista sócio-político, o Estado predominante durante o Antigo Regime (séculos XVI a XVIII) na Europa continental pode ser caracterizado como aristocrático-absolutista. Essa definição reflete a estrutura de poder centralizada nas mãos da nobreza e do monarca, que governava sem limitações significativas por parte de outras instituições.

A alternativa correta, portanto, é a D) aristocrático-absolutista, pois descreve adequadamente a combinação entre o domínio da aristocracia e o exercício do poder absoluto pelo soberano. As demais opções não correspondem à realidade histórica do período:

• A) Burguês-despótico: Incorreta, pois a burguesia ainda não detinha o poder político central nessa fase.
• B) Nobiliárquico-constitucional: Incorreta, já que o constitucionalismo era ausente ou muito limitado no Antigo Regime.
• C) Oligárquico-tirânico: Incorreta, pois o termo "tirânico" não capta a legitimidade tradicional do absolutismo.
• E) Patrício-republicano: Incorreta, pois não havia um modelo republicano dominante na Europa continental nesse contexto.

O absolutismo monárquico, aliado aos privilégios da aristocracia, formava a base do Estado moderno durante o Antigo Regime, consolidando uma hierarquia social rígida e um poder soberano incontestável.

No Ocidente europeu medieval, a palavra latina "servus" designava a maior parte dos trabalhadores rurais, cuja condição se diferenciava da dos escravos da Antiguidade Romana. Durante o período feudal, esses trabalhadores estavam inseridos em um sistema de relações sociais e econômicas que definia seu papel na sociedade.

A alternativa correta, conforme o gabarito, é a letra D). Isso porque os servos medievais recebiam dos senhores feudais faixas de terras para cultivo, conhecidas como "mansos servis". Em troca, eram obrigados a prestar serviços gratuitos, como as "corveias", além de outras obrigações, como pagamento de tributos e taxas. Essa relação de dependência era a base do sistema feudal, em que a terra era a principal fonte de riqueza e poder.

As outras alternativas não correspondem à realidade histórica. A letra A) está incorreta porque as "cartas de franquia" eram concessões limitadas a algumas cidades e não aboliram as corveias para a maioria dos servos. A letra B) é equivocada, pois os servos não eram propriedade móvel como os escravos da Antiguidade. Já a letra C) desconsidera que a Igreja medieval, apesar de pregar valores cristãos, não promoveu a mobilidade social dos servos, mantendo a estrutura hierárquica feudal.

Portanto, a relação servil no feudalismo era marcada por obrigações recíprocas, mas profundamente desigual, consolidando a estrutura de poder dos senhores feudais sobre a população camponesa.

O texto apresentado aborda a aplicação da pena de morte nos Estados Unidos, destacando as desigualdades sociais, financeiras e raciais que permeiam esse sistema. No entanto, ao analisar a afirmação sobre a Inquisição medieval, é importante considerar as diferenças contextuais entre os dois cenários.

Embora a Inquisição medieval tenha sido um período marcado por perseguições religiosas, incluindo contra judeus, seu propósito não se limitava exclusivamente a essa comunidade. A Inquisição visava combater heresias em geral, muitas vezes associadas a questões de poder e controle da Igreja Católica. Além disso, a pena de morte naquela época não estava diretamente vinculada a um sistema judiciário estruturado como o dos EUA, nem necessariamente refletia as mesmas dinâmicas de desigualdade racial e econômica descritas no texto.

Portanto, a comparação entre os dois contextos é inadequada, pois as motivações, estruturas e consequências da pena de morte na Inquisição medieval diferem significativamente da realidade atual dos EUA. Dessa forma, o gabarito correto é E) ERRADO, já que a afirmação não representa adequadamente a complexidade histórica da Inquisição nem estabelece uma relação precisa com o caso americano.

Análise das Proposições sobre o Período Medieval

O Período Medieval, também conhecido como Idade Média, é uma época marcada por transformações profundas na sociedade europeia. As proposições apresentadas refletem características fundamentais desse período, e a alternativa correta que as avalia é a C) (V) (V) (V) (V).

1. Ruralização e Reforço da Vida Urbana: A primeira proposição afirma que o período foi inicialmente marcado pelo avanço da ruralização, que se acentuou até o ano 1000, seguido por um tímido renascimento urbano. Essa afirmação é verdadeira, pois a queda do Império Romano e as invasões bárbaras levaram ao declínio das cidades e ao fortalecimento da economia agrária. A partir do século XI, o comércio e as cidades começaram a se reerguer, ainda que lentamente.

2. Autoridade Monárquica na Europa Continental: A segunda proposição destaca a fragilidade da autoridade monárquica na Europa continental, exceto na Inglaterra. Isso também é verdadeiro, pois a descentralização política era uma marca do feudalismo, com os nobres detendo grande poder local. A monarquia inglesa, por sua vez, conseguiu consolidar um controle mais centralizado, especialmente após a conquista normanda em 1066.

3. Dificuldades dos Monarcas em Estabelecer Exércitos Profissionais: A terceira proposição menciona a incapacidade dos reis de instituir impostos e montar exércitos sem o aval da nobreza, tornando-os mais suseranos do que soberanos. Essa afirmação é correta, pois o poder dos monarcas era limitado pela dependência dos vassalos, que controlavam recursos militares e econômicos. A França, por exemplo, só começou a centralizar seu poder tardiamente.

4. Repressão da Igreja aos Movimentos Heréticos: Por fim, a quarta proposição aborda a luta da Igreja contra heresias como os cátaros e valdenses, o que é verdadeiro. A Igreja medieval, buscando manter sua hegemonia espiritual, perseguiu esses grupos através da Inquisição e de cruzadas, como a Cruzada Albigense contra os cátaros no século XIII.

Portanto, todas as proposições estão corretas, confirmando a alternativa C) como a resposta adequada.

Com o desmantelamento do Império Romano do Ocidente, o Norte da África e a Europa Ocidental passaram por uma reconfiguração política, resultando na fundação de diversos reinos bárbaros. Esses reinos emergiram como novas estruturas de poder após o colapso da autoridade romana, marcando o início de uma nova era na história europeia.

Entre os exemplos mais conhecidos desses reinos bárbaros estão:

• A) Reino dos Suevos, Reino dos Visigodos, Reino dos Ostrogodos.
• B) Reino dos Bretões, Reino dos Francos, Reino dos Anglo-Saxões.
• D) Reino da Lombardia, Reino dos Vândalos, Reino dos Alamanos.

No entanto, a alternativa C) (Reino de Castela, Reino de Navarra, Reino de Aragão) não se encaixa nesse contexto histórico. Esses reinos surgiram muito depois, durante a Idade Média, em um período posterior à formação dos reinos bárbaros. Portanto, a resposta correta é C), conforme indicado no gabarito.

Essa distinção é importante para compreender as diferentes fases da história europeia, desde o período de migrações bárbaras até a consolidação dos reinos medievais.

A Idade Média é um período histórico que recebeu essa denominação por estar situado entre duas eras consideradas fundamentais para a civilização ocidental: a Antiguidade Clássica, representada pelo Império Romano, e a Idade Moderna, marcada pelo surgimento dos Estados Nacionais e pelo Renascimento Cultural.

A alternativa correta é a D), pois o termo "Idade Média" foi cunhado por humanistas do Renascimento para designar o período intermediário entre a glória da Antiguidade e o "renascimento" de seu tempo. Essa visão reflete uma perspectiva histórica que valorizava o legado clássico e via a Idade Média como uma fase de transição.

As outras alternativas apresentam equívocos:

• A) Embora a Idade Média tenha sido chamada de "Idade das Trevas" por alguns autores, essa visão é considerada ultrapassada pela historiografia moderna.
• B) O feudalismo é bem definido em seus aspectos políticos e econômicos, não havendo dúvidas sobre sua organização.
• C) A filosofia aristotélica influenciou a escolástica, mas não está relacionada à denominação "Idade Média".

Portanto, a resposta correta é mesmo a D), que explica a origem do termo a partir da posição intermediária desse período histórico.