Questões Sobre Movimentos de Reforma Religiosa - História - concurso

O Calvinismo, como uma das vertentes mais influentes da Reforma Protestante, trouxe contribuições significativas para a ruptura com a Igreja Católica no século XVI. Enquanto Martinho Lutero foi o pioneiro ao questionar práticas como a venda de indulgências, João Calvino aprofundou e expandiu essas críticas, formulando uma doutrina distinta que marcou o protestantismo.

A alternativa correta (C) sintetiza os pilares do pensamento calvinista: a defesa da livre interpretação das Escrituras, rejeição ao culto de santos e à autoridade papal, além da valorização de atividades econômicas – princípio que posteriormente se associou ao desenvolvimento do capitalismo. Ao contrário do que sugere a opção A, a tradução da Bíblia para o alemão foi uma iniciativa luterana, não calvinista. Já as alternativas B e D distorcem a relação entre as doutrinas, pois o Calvinismo não combatia o Luteranismo, mas sim o complementava com novas perspectivas teológicas.

A escolha de Calvino por Genebra como centro de sua reforma permitiu que suas ideias ultrapassassem fronteiras, influenciando movimentos como o Puritanismo e o Presbiterianismo. Sua ênfase na predestinação e na ética do trabalho transformou não apenas a religiosidade, mas também as estruturas sociais da Europa moderna, consolidando-se como uma força paralela – não oposta – ao legado de Lutero.

A Reforma Religiosa do século XVI foi um período de profundas transformações no cenário religioso e político da Europa, marcado pela ruptura da unidade cristã sob a Igreja Católica. A Reforma Protestante, liderada por figuras como Martinho Lutero e João Calvino, questionou dogmas e práticas da Igreja, enquanto a Contrarreforma representou a resposta católica a esses movimentos.

Analisando as alternativas apresentadas, a opção D) é a incorreta, pois a Contrarreforma não se baseou em princípios liberais, mas sim na reafirmação da doutrina tradicional católica, com medidas como o Concílio de Trento e a criação da Companhia de Jesus. A Igreja buscou combater o protestantismo e reconquistar fiéis, porém sem adotar posturas liberais, mantendo uma estrutura conservadora.

As demais alternativas estão corretas: Lutero de fato defendia a salvação pela fé e criticava as indulgências (A); a Igreja demonstrava resistência às mudanças econômicas (B); Calvino promovia valores burgueses como o trabalho e a poupança (C); e Lutero contou com o apoio da nobreza alemã (E). A Reforma e a Contrarreforma moldaram o futuro da Europa, consolidando divisões religiosas e influenciando a formação de Estados nacionais.

A citação de João Calvino, presente no texto, revela uma visão teológica que associa a atividade econômica à vocação divina, contrariando a ideia de que a Reforma Protestante condenava o lucro e a usura. Pelo contrário, Calvino via no trabalho e no sucesso material sinais de uma vida abençoada por Deus, desde que orientados por valores como a sobriedade e a ordem. Essa perspectiva foi fundamental para a formação de uma ética protestante que, segundo Max Weber, contribuiu para o desenvolvimento do capitalismo moderno.

A alternativa A) é incorreta porque, longe de combater o lucro e a usura, Calvino os justificava como parte de uma vocação divina, desde que praticados com virtudes cristãs. Sua teologia não estava em descompasso com as transformações econômicas do período, mas sim em sintonia com os interesses da burguesia emergente, que via no calvinismo uma justificativa religiosa para suas atividades.

As demais alternativas apresentam elementos corretos sobre o pensamento de Calvino e sua relação com a Reforma Protestante. A submissão às autoridades políticas condicionada pela lei divina (alternativa B), o exílio em Genebra e o apoio dos comerciantes (alternativa C), a discussão sobre a predestinação e sua posterior associação com valores burgueses (alternativa D) e a valorização do trabalho e da riqueza como sinais da graça divina (alternativa E)) são aspectos históricos que refletem o impacto do calvinismo na sociedade europeia do século XVI.

Portanto, a resposta correta é a alternativa A), pois ela distorce a posição de Calvino em relação ao lucro e à usura, elementos que, em sua teologia, eram vistos como parte de uma vocação divina quando praticados com virtudes cristãs.

A Reforma Protestante foi um período de transformações profundas no cenário religioso e social da Europa, marcado por críticas à Igreja Católica e pela busca de novas interpretações da fé cristã. Dentro desse contexto, surgiram diversas correntes teológicas, cada uma com suas particularidades. Uma delas, associada principalmente à burguesia emergente, defendia a ideia de que o sucesso material e o acúmulo de riquezas poderiam ser sinais da predestinação divina para a salvação.

Esse movimento, conhecido como Calvinismo, foi desenvolvido por João Calvino e ganhou força especialmente entre comerciantes e empresários, que enxergavam no trabalho árduo e na prosperidade econômica uma forma de glorificar a Deus. Diferentemente do Luteranismo, que focava na salvação pela fé, ou do Anglicanismo, que surgiu de motivações políticas, o Calvinismo estabelecia uma relação direta entre ética protestante e o desenvolvimento do capitalismo moderno.

Portanto, a alternativa correta para o movimento descrito no enunciado é a letra A) Calvinismo, já que as outras opções não representam essa conexão entre riqueza e salvação, característica central da doutrina calvinista.

A Reforma Protestante, iniciada no século XVI, representou um marco na história europeia ao desafiar a hegemonia da Igreja Católica e promover transformações profundas nas estruturas sociais, políticas e religiosas da época. Embora tenha abalado os poderes tradicionais da Igreja, seu impacto vai além da simples contestação ao clero e ao papa. A alternativa correta, A), destaca justamente a importância da Reforma para a modernidade e a renovação de crenças e costumes.

A Reforma não apenas fragmentou a unidade religiosa da Europa, mas também incentivou mudanças que ecoaram em diversas esferas da vida social. Ao questionar a autoridade papal e defender a interpretação individual das escrituras, o movimento reformista abriu caminho para valores como a liberdade de consciência e a crítica às hierarquias estabelecidas. Essas ideias influenciaram o desenvolvimento de políticas modernas, como a separação entre Igreja e Estado e a valorização da educação laica.

Além disso, a Reforma contribuiu para a renovação de crenças e costumes ao incentivar uma religiosidade mais pessoal e menos ritualística. A tradução da Bíblia para línguas vernáculas e a ênfase na fé direta do indivíduo com Deus foram inovações que moldaram novas formas de espiritualidade. Essas transformações não se limitaram ao campo religioso, mas também afetaram a cultura, a economia e a política, ajudando a pavimentar o caminho para a modernidade.

Embora a Reforma tenha sido um movimento complexo e multifacetado, sua relevância histórica está justamente em sua capacidade de inspirar mudanças duradouras, tanto no pensamento quanto nas instituições. Por isso, a alternativa A) é a que melhor sintetiza seu legado, reconhecendo seu papel na formação do mundo moderno e na transformação das mentalidades.

A Igreja Católica desempenhou um papel fundamental na colonização do Brasil, atuando não apenas como instituição religiosa, mas também como agente político e social. Sua presença foi marcante tanto na catequese dos indígenas quanto na organização do poder local, alinhando-se aos interesses da Coroa Portuguesa.

Entre as alternativas apresentadas, a correta é a B), pois a Igreja buscou divulgar os princípios do cristianismo no Novo Mundo, em parte para reforçar seu prestígio, que havia sido abalado na Europa devido à Reforma Protestante. A expansão da fé católica nas colônias era uma forma de reafirmar sua influência e autoridade em um contexto de crise religiosa no continente europeu.

As demais alternativas não correspondem à atuação histórica da Igreja:

• A) A colonização foi marcada por hierarquias rígidas e violência, e a Igreja não se opôs a esse sistema.
• C) A Igreja não se opôs frontalmente aos interesses da nobreza portuguesa, embora pregasse princípios como o "justo-preço".
• D) A Igreja nem sempre apoiou as rebeliões coloniais, muitas vezes mantendo-se alinhada ao governo português.
• E) Houve conflitos entre a Igreja e o Estado português, especialmente em questões como o controle sobre os indígenas.

Portanto, a alternativa B é a que melhor representa o papel da Igreja Católica durante o período colonial brasileiro.

A Reforma Anglicana foi um marco histórico que transformou não apenas a estrutura religiosa da Inglaterra, mas também seu cenário político e social. O rompimento com a Igreja Católica Romana, liderado pelo rei Henrique VIII em 1534, foi formalizado através do Ato de Supremacia, documento que estabeleceu o monarca como a autoridade máxima da Igreja na Inglaterra. Esse ato não apenas consolidou o poder real sobre questões eclesiásticas, mas também criou as bases para o anglicanismo como religião oficial do Estado.

O contexto que levou a essa ruptura foi a recusa do Papa Clemente VII em anular o casamento de Henrique VIII com Catarina de Aragão. Frustrado e determinado a assegurar uma linha sucessória masculina, o rei utilizou o Parlamento para legitimar sua nova posição como "Cabeça Suprema da Igreja da Inglaterra". O Ato de Supremacia, portanto, não foi um movimento teológico como as 95 teses de Lutero (alternativa B), nem um conflito medieval sobre nomeações clericais (alternativa C), tampouco uma definição doutrinária posterior como os 39 Artigos (alternativa D). Foi, acima de tudo, um instrumento político que refletia as ambições de um monarca e as complexas relações entre poder secular e religioso no século XVI.

As consequências desse ato foram profundas: dissidentes como Thomas More foram executados por traição, mostrando o caráter autoritário da nova ordem. A Igreja Anglicana, embora preservando muitos elementos católicos em sua liturgia, tornou-se um símbolo da identidade nacional inglesa, independente de Roma. Assim, a alternativa correta é A) do Ato de Supremacia, pois este documento foi o alicerce jurídico e político que deu origem à Reforma Inglesa e à formação da Comunhão Anglicana.

O texto apresentado aborda um trecho de um sermão de João Calvino, destacando sua visão sobre a caridade e a responsabilidade dos ricos em relação aos necessitados. Além disso, o contexto histórico menciona a contribuição de Calvino para o movimento reformista no século XVI, especialmente através da doutrina da predestinação absoluta.

A alternativa correta, conforme o gabarito, é a letra B, que afirma que Calvino defendia a ideia de que todas as pessoas estavam submetidas à vontade divina, mas apenas algumas estariam destinadas à salvação eterna. Esses eleitos seriam identificados por uma vida virtuosa, dedicada ao trabalho, moderada e financeiramente equilibrada. Essa concepção reflete o princípio calvinista da predestinação, no qual a salvação é determinada por Deus desde antes da criação, sem depender das obras humanas, embora uma vida reta fosse vista como um sinal dessa eleição.

As outras alternativas apresentam informações incorretas ou imprecisas sobre o pensamento de Calvino. A letra A menciona a confecção de um livro para leigos, o que não está diretamente associado às bases da predestinação. A letra C confunde a influência de Calvino com a de Lutero, já que foram reformistas distintos, com abordagens diferentes. Por fim, a letra D incorre em erro ao associar Calvino aos anabatistas e a uma pregação exclusivamente voltada para os pobres, o que não corresponde à sua teologia ou prática.

A instalação de missões jesuíticas no Brasil Colonial e a atuação da Companhia de Jesus na educação de colonos portugueses e crianças indígenas estão profundamente ligadas aos objetivos da Contra-Reforma católica. Esse movimento, iniciado no século XVI, buscava não apenas conter o avanço do protestantismo, mas também expandir e fortalecer a fé católica em novas terras. A evangelização de povos não cristãos e a consolidação dos dogmas da Igreja entre os fiéis eram prioridades centrais desse projeto.

Os jesuítas, como principais agentes da Contra-Reforma, desempenharam um papel fundamental nesse processo. Suas missões no Brasil não se limitavam à catequese, mas também incluíam a educação formal, adaptando-se às necessidades locais. Ao educar os filhos de colonos e indígenas, os jesuítas garantiam a disseminação dos valores católicos e a formação de uma sociedade alinhada aos princípios da Igreja. Essa estratégia reforçava tanto a fé quanto a autoridade eclesiástica em um território distante da Europa.

Portanto, a alternativa correta é a B), pois reflete a conexão direta entre as missões jesuíticas e os objetivos da Contra-Reforma, que incluíam a expansão da fé católica e o fortalecimento de seus dogmas. As outras opções, embora possam tangenciar aspectos históricos, não capturam a essência desse movimento religioso e educativo liderado pela Companhia de Jesus.

Santo Agostinho, um dos pilares da filosofia e teologia cristã, desenvolveu conceitos fundamentais que moldaram o pensamento ocidental. Sua obra A Cidade de Deus apresenta uma visão profunda sobre a natureza da Igreja e sua relação com o mundo material. Para Agostinho, a "Cidade de Deus" não se confunde com nenhuma estrutura física ou geográfica, mas representa uma realidade espiritual superior, distinta das instituições humanas.

A alternativa correta (B) reflete precisamente o pensamento agostiniano: a Cidade de Deus é uma comunidade espiritual dos eleitos, unidos pelo amor a Deus, em contraste com a cidade terrena, marcada pelo amor próprio. Essa dicotomia não se refere a locais físicos como Jerusalém ou Constantinopla (opções C e D), nem a eventos escatológicos como o Apocalipse (opção A), mas a uma dimensão metafísica da existência cristã.

A doutrina agostiniana sobre a graça divina e o pecado original, mencionada no texto base, está intimamente ligada a essa concepção da Cidade de Deus. Para o santo, somente através da graça os seres humanos podem transcender sua natureza decaída e participar dessa realidade espiritual, que se manifesta na Igreja, mas não se limita a ela. Essa visão revolucionária influenciou profundamente a teologia medieval e continua relevante no pensamento cristão contemporâneo.