Questões Sobre Movimentos de Reforma Religiosa - História - concurso

O ensaio a seguir analisa a questão apresentada sobre as reformas religiosas da Idade Moderna, com foco na Reforma Anglicana e sua característica distintiva.

A Reforma Anglicana, iniciada no século XVI na Inglaterra, destaca-se entre os movimentos reformistas por seu caráter político-religioso. Enquanto outras reformas, como a Luterana e a Calvinista, centraram-se em questões doutrinárias, a Anglicana teve como principal motivação a disputa entre o rei Henrique VIII e a autoridade papal.

Entre as alternativas apresentadas:

• A afirmação da salvação pela fé (A) é característica da Reforma Luterana
• A criação da Companhia de Jesus (B) foi uma iniciativa da Contrarreforma católica
• A doutrina da predestinação (C) está associada ao Calvinismo
• A Inquisição (E) foi um instrumento da Igreja Católica

A alternativa correta (D) refere-se ao Ato de Supremacia de 1534, que estabeleceu o monarca inglês como chefe supremo da Igreja da Inglaterra. Esta medida singular da Reforma Anglicana reflete sua natureza peculiar, onde fatores políticos se sobrepuseram a questões teológicas, diferenciando-a profundamente de outros movimentos reformistas.

Portanto, o estabelecimento do rei como autoridade máxima da Igreja constitui a marca distintiva da Reforma Anglicana, conforme corretamente indicado no gabarito.

O trecho citado de Max Weber, em A ética protestante e o “espírito” do capitalismo, refere-se ao processo de "desencantamento do mundo", um conceito central em sua análise sobre as transformações religiosas e culturais que moldaram a Idade Moderna europeia. Weber associa esse fenômeno principalmente à Reforma Protestante, que rejeitou práticas mágicas e ritualísticas em favor de uma relação mais racional e individual com a fé. Essa mudança, segundo ele, foi fundamental para o desenvolvimento de uma mentalidade que favoreceu o capitalismo moderno.

Entre as alternativas apresentadas, a que melhor corresponde ao contexto weberiano é C) À Reforma Protestante, pois foi esse movimento que consolidou a ruptura com tradições mágico-religiosas, alinhando-se ao racionalismo emergente e ao "espírito" do capitalismo. As demais opções, embora relevantes para a compreensão da Idade Moderna, não estão diretamente relacionadas ao conceito de "desencantamento" tal como elaborado por Weber.

A relação entre a cultura eclesiástica e letrada, controlada pela Igreja Católica, e as culturas populares na Idade Média é um tema complexo que envolve dinâmicas de poder, resistência e ressignificação. Durante a Baixa Idade Média, a Igreja consolidou seu domínio intelectual e espiritual, mas isso não significou a erradicação completa das tradições pré-cristãs. Ao contrário do que sugere a alternativa A, a cultura popular não foi totalmente sufocada, mas muitas vezes coexistiu, mesmo que de forma tensionada, com o letramento católico.

A alternativa B menciona uma convivência harmônica entre cultura letrada e laica, o que é parcialmente verdadeiro, mas simplifica as relações de poder e assimilação cultural. Já a alternativa C apresenta um equívoco ao sugerir que a cultura popular foi um obstáculo ao humanismo, quando, na realidade, muitos elementos populares foram incorporados ou reinterpretados pelo pensamento medieval. A alternativa D é incorreta, pois a cultura greco-romana nunca foi completamente destruída, sendo, em vez disso, preservada e reinterpretada pela Igreja e por estudiosos medievais.

A alternativa E, correta, destaca um processo histórico mais preciso: após séculos de clericalização, os séculos XII e XIII testemunharam uma reação das culturas populares e pré-cristãs, que ressurgiram de forma adaptada ao contexto medieval. Esse fenômeno não representou um retorno puro às origens, mas uma ressignificação desses elementos dentro de uma sociedade profundamente marcada pelo cristianismo. Assim, a cultura popular medieval não desapareceu, mas se transformou, mantendo traços de suas raízes enquanto dialogava com a hegemonia eclesiástica.

A Reforma Protestante liderada por Martinho Lutero representou um momento crucial na história do cristianismo, marcado pela crítica às práticas da Igreja Católica e pela busca de um retorno às origens do Evangelho. Ao longo de seu conflito com a autoridade romana, Lutero encontrou apoio em diversos setores da sociedade, incluindo os humanistas alemães, que compartilhavam com ele o ideal de resgatar os textos sagrados em sua forma mais pura, livre das interpretações complexas da teologia medieval.

Essa convergência de interesses entre Lutero e os humanistas se manifestou na valorização da capacidade individual de interpretar as Escrituras, bem como na rejeição ao ritualismo excessivo que caracterizava a vida religiosa da época. Entre os pensadores que inicialmente apoiaram as ideias luteranas, destacou-se Erasmo de Rotterdam, uma das figuras mais influentes do humanismo renascentista. Embora posteriormente tenha se distanciado de Lutero devido a divergências teológicas, Erasmo reconheceu a importância de suas críticas à Igreja e defendeu reformas dentro do cristianismo.

O humanismo de Erasmo, com sua ênfase no estudo direto dos textos bíblicos e na ética cristã, ecoava muitos dos princípios que Lutero defendia. Essa afinidade intelectual explica por que, entre as opções apresentadas, Erasmo de Rotterdam (alternativa C) é a resposta correta para a pergunta sobre quem, entre os humanistas alemães, inicialmente apoiou Lutero em seu movimento reformista.

A Reforma Religiosa do século XVI foi um movimento que marcou profundamente a história do cristianismo no Ocidente, resultando em transformações políticas, sociais e, principalmente, religiosas. Entre as alternativas apresentadas, a correta é a letra B), que afirma que a Reforma levou à "constituição de mais de uma igreja cristã no ocidente".

Antes da Reforma, a Igreja Católica era a única instituição religiosa dominante na Europa Ocidental. No entanto, com as críticas de Martinho Lutero, João Calvino e outros reformadores, surgiram novas interpretações da fé cristã, dando origem a diferentes denominações, como o Luteranismo, o Calvinismo e, posteriormente, o Anglicanismo. Essas novas igrejas contestavam dogmas católicos, como a autoridade papal e a venda de indulgências, e defendiam princípios como a salvação pela fé e o acesso direto às Escrituras.

Embora outras alternativas mencionem consequências relacionadas ao período, como o fortalecimento de príncipes germânicos (A) ou a relação entre Igreja e Estado (D), elas não representam o principal desdobramento da Reforma. Já a divisão entre Igreja Ortodoxa e Romana (C) ocorreu muito antes, no Cisma do Oriente (1054), e não está ligada ao movimento reformista do século XVI.

Portanto, a alternativa B) é a que melhor sintetiza o impacto da Reforma Religiosa: a fragmentação da unidade cristã no Ocidente e o surgimento de múltiplas igrejas protestantes, alterando para sempre o cenário religioso europeu.

O texto de Galileu, em sua carta a Dom Benedetto Castelli, aborda a complexa relação entre ciência e fé no contexto do século XVII, período marcado por tensões entre o avanço científico e os dogmas religiosos. Galileu argumenta que as Escrituras, em diversas passagens, não devem ser interpretadas apenas pelo sentido literal das palavras, mas sim por meio de uma análise mais profunda que considere diferentes camadas de significado. Essa posição reflete sua defesa do sistema copernicano, que contrariava a interpretação literal da Bíblia sustentada pela Igreja.

A alternativa correta, E), afirma que os intérpretes devem buscar sentidos que ultrapassem o significado imediato das palavras bíblicas, o que está em pleno acordo com o pensamento de Galileu. Ele defendia que a Bíblia, embora sagrada, não era um tratado científico e, portanto, sua linguagem muitas vezes simbólica ou metafórica exigia uma hermenêutica mais flexível. Essa abordagem permitiria conciliar a fé com as descobertas da ciência, sem subjugar esta última aos dogmas religiosos.

As demais alternativas não correspondem ao pensamento expresso no texto. A alternativa A) é incorreta porque Galileu não via a Bíblia como um guia literal para a ciência. A B) também está errada, pois ele justamente questiona o significado aparente como referência única. A C) desvia do argumento principal, já que Galileu não propõe evitar confrontos, mas sim uma interpretação mais ampla. Por fim, a D) contradiz diretamente sua defesa de uma leitura não literal das Escrituras.

Assim, a resposta correta reforça a ideia de que Galileu buscava harmonizar ciência e fé por meio de uma interpretação mais sofisticada da Bíblia, reconhecendo que seu texto muitas vezes exige uma compreensão além do sentido superficial.

O ensaio a seguir discute a Reforma Protestante do século XVI, com base nas alternativas apresentadas, destacando a resposta correta conforme o gabarito.

A Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero no século XVI, foi um movimento religioso que rompeu com a autoridade da Igreja Católica e estabeleceu novas bases doutrinárias. Entre as opções apresentadas, a alternativa E) é a correta, pois sintetiza um dos pilares centrais da teologia luterana: a salvação pela fé, em oposição à doutrina católica, que enfatizava a confissão, o arrependimento e a penitência como meios de alcançar a graça divina.

As demais alternativas apresentam imprecisões históricas. A opção A) reduz o sucesso da Reforma a disputas políticas, ignorando seus aspectos teológicos e sociais. A alternativa B) menciona corretamente a criação de igrejas nacionais, mas atribui erroneamente aos príncipes a autoridade teológica, quando na realidade eles detinham poder político, não religioso. A opção C) descreve parcialmente a Contrarreforma, mas a Inquisição já existia antes do século XVI. Por fim, a alternativa D) é incorreta, pois a Igreja Católica enfrentou outras críticas e movimentos dissidentes durante a Idade Média, como os cátaros e os valdenses.

Portanto, a resposta correta é a alternativa E), que expressa com precisão um dos princípios fundamentais da Reforma Luterana: a salvação pela fé, sem a mediação das obras ou da hierarquia eclesiástica.

O cristianismo, desde seus primórdios, passou por um longo processo de expansão e consolidação na Europa, marcado por conflitos, alianças políticas e transformações culturais. A questão apresentada aborda aspectos fundamentais desse processo, destacando eventos como as Cruzadas, a cristianização dos povos germânicos e a relação entre poder temporal e religioso durante a Idade Média.

A alternativa correta, conforme o gabarito, é a letra A, que menciona a Cruzada dos Albigenses no século XII. Esse evento histórico foi uma resposta da Igreja Católica ao movimento cátaro, também conhecido como heresia albigense, que floresceu no sul da França. Os cátaros professavam uma visão dualista do mundo, dividido entre o bem e o mal, o que contrastava radicalmente com a doutrina cristã ortodoxa. A Igreja, então, organizou uma cruzada para combater essa heresia, demonstrando sua preocupação em manter a unidade doutrinária e seu controle sobre as práticas religiosas na Europa.

As demais alternativas apresentam imprecisões históricas. A letra B menciona uma cristianização pacífica da Germânia Oriental pelos carolíngios, mas a realidade foi marcada por conversões forçadas e conflitos. A letra C sugere uma harmonia constante entre poder temporal e religioso, o que não corresponde à complexidade das relações entre reis e papas, frequentemente conflituosas. A letra D afirma que a Igreja priorizou a ortodoxia sobre a expansão até o século XII, mas a expansão missionária foi uma constante desde os primeiros séculos. Por fim, a letra E exagera ao afirmar que a cristianização dos bárbaros eliminou rapidamente as antigas crenças, quando na verdade houve um sincretismo gradual.

Portanto, a Cruzada dos Albigenses, mencionada na alternativa A, representa um exemplo claro da atuação da Igreja medieval na defesa de sua ortodoxia e na supressão de dissidências, consolidando seu poder religioso e político na Europa.

No início da Era Moderna, a Igreja Católica enfrentou um período de transformações profundas, marcado pela Reforma Protestante e pela Contrarreforma. Entre as principais ideias que emergiram nesse contexto, algumas estavam diretamente associadas ao calvinismo, corrente protestante fundada por João Calvino. As proposições apresentadas no enunciado refletem tanto as críticas dos reformadores quanto as respostas da Igreja Católica para conter a disseminação das novas doutrinas.

O calvinismo, em particular, defendia a doutrina da predestinação (II), que afirmava que a salvação dos indivíduos já estava determinada por Deus antes mesmo de seu nascimento. Além disso, os calvinistas enfatizavam a Bíblia como única fonte de fé e defendiam o livre exame das Escrituras (V), rejeitando a autoridade exclusiva da Igreja Católica para interpretá-las. Outra característica importante era a simplificação da estrutura eclesiástica, com a extinção da hierarquia clerical tradicional (VI), promovendo uma organização mais igualitária entre os fiéis.

Por outro lado, medidas como a criação do Index (I) e da Companhia de Jesus (III) foram ações da Contrarreforma, lideradas pela Igreja Católica para combater a disseminação do protestantismo. O uso da língua inglesa (IV), embora relevante em outros contextos, não era uma característica central do calvinismo. Portanto, a alternativa correta que reúne as ideias calvinistas é a letra C) II, V e VI, pois sintetiza os princípios teológicos e organizacionais que definiram essa corrente reformista.

Sobre os elementos que caracterizaram a Reforma Católica, também conhecida como Contrarreforma, ocorrida no século XVI, é CORRETO afirmar que:

• B) A criação da Companhia de Jesus, o estabelecimento do Tribunal do Santo Ofício e a criação de uma lista de livros proibidos, chamada de Index Librorum Prohibitorum.

A alternativa B é a correta, pois sintetiza as principais medidas adotadas pela Igreja Católica durante a Contrarreforma. A Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola, teve um papel fundamental na difusão do catolicismo e na educação. O Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) foi reforçado para combater heresias, enquanto o Index serviu para censurar obras consideradas contrárias à doutrina católica.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou imprecisas. A Reforma Católica não buscou aproximação com líderes protestantes como Thomas Muntzer (A), nem abandonou práticas como a Inquisição (D). Além disso, a expansão católica nas Américas e Ásia não ocorreu em aliança com luteranos ou calvinistas (C), e o conceito de predestinação (E) é uma doutrina protestante, não católica.