Questões Sobre Movimentos de Reforma Religiosa - História - concurso

O Ato de Supremacia de 1534 foi um marco fundamental na história da Inglaterra, consolidando a ruptura entre a Igreja Católica e a monarquia inglesa. Ao conceder a Henrique VIII o título de "único chefe supremo da Igreja", o Parlamento não apenas transferiu o poder religioso para a coroa, mas também fortaleceu a autoridade central do rei. Essa medida foi essencial para a Reforma Anglicana, que buscava estabelecer uma igreja nacional sob controle do Estado, distanciando-se da influência papal.

A alternativa correta, C, destaca justamente esse processo de centralização do poder, que permitiu ao monarca controlar tanto as questões políticas quanto religiosas do reino. Ao contrário do que sugerem outras opções, o Ato de Supremacia não promoveu o calvinismo (A), nem foi responsável pelo expansionismo colonial (B) – este último sendo um desenvolvimento posterior. Também não reinstaurou o catolicismo (D), já que seu objetivo era justamente romper com Roma, e tampouco gerou conflitos imediatos com o Parlamento (E), pois foi uma medida aprovada por essa mesma instituição.

Dessa forma, o Ato de Supremacia representou um passo decisivo na formação da identidade nacional inglesa, subordinando a religião ao Estado e consolidando o anglicanismo como expressão dessa nova ordem.

O texto apresentado, extraído da obra A Instituição da Religião Cristã de João Calvino, aborda uma crítica central da Reforma Protestante: a relação entre a autoridade das Escrituras Sagradas e o papel da Igreja. Calvino refuta a ideia de que o valor da Bíblia depende da validação da Igreja, argumentando que essa visão submete a "eterna e inviolável verdade de Deus" ao arbítrio humano. A passagem questiona quem poderia assegurar a origem divina das Escrituras ou sua preservação ao longo do tempo, se não fosse pela própria autoridade intrínseca do texto sagrado.

A resposta correta, conforme indicado no gabarito, é a alternativa D), que aponta para a valorização da verdade contida nas Escrituras e a crítica à intermediação da Igreja como única intérprete válida. Essa posição é característica do pensamento reformista, que defendia a sola Scriptura (somente a Escritura) como fundamento da fé cristã, em oposição à tradição eclesiástica como fonte de autoridade doutrinária.

As demais alternativas não correspondem ao conteúdo do texto. A alternativa A) menciona a salvação pelas obras, um conceito rejeitado pelos reformadores; a B) afirma o papel da Igreja como orientadora, justamente o que Calvino critica; a C) fala sobre livre-arbítrio, tema não abordado no trecho; e a E) menciona o culto aos santos, prática contrária ao pensamento calvinista. Portanto, a análise do texto confirma que a alternativa D) é a única que expressa adequadamente a ideia central da passagem.

A citação de Martinho Lutero, presente em suas obras, destaca a importância da "pessoa interior" como fundamento para a justiça, liberdade e verdadeira espiritualidade cristã. Essa ênfase no indivíduo e em sua relação direta com a divindade, sem a necessidade de intermediários ou práticas externas, reflete um dos pilares da Reforma Protestante: o individualismo. Lutero defendia que a salvação era alcançada pela fé pessoal e não pelas obras ou pela mediação da Igreja, o que representava uma ruptura radical com a doutrina católica vigente.

A alternativa correta, portanto, é a B) A afirmação do individualismo, pois a citação evidencia a valorização da experiência interior e da autonomia espiritual do indivíduo, características centrais do pensamento luterano. Embora outras opções, como a laicização do Estado ou a ética protestante, tenham relação com a Reforma, elas não são o foco principal do trecho citado. A ideia de Lutero sobre a liberdade cristã reforça a noção de que a verdadeira transformação ocorre no âmbito pessoal, independentemente de estruturas externas.

Na Europa do século XVI, período marcado por profundas transformações sociais, políticas e culturais, a Idade Moderna começava a se consolidar. As estruturas feudais eram substituídas por uma nova ordem, impulsionada pelo crescimento da burguesia e pelo humanismo, que colocava o ser humano e sua razão no centro das preocupações intelectuais. Nesse cenário de mudanças, Martinho Lutero emergiu como uma figura crucial, não por inventar a imprensa, criar obras teatrais ou liderar expedições marítimas, mas por desafiar os dogmas da Igreja Católica.

A alternativa correta é C), pois Lutero ficou conhecido por contestar práticas como a venda de indulgências e a corrupção no clero, ações que culminaram na publicação de suas 95 Teses em 1517. Esse ato marcou o início da Reforma Protestante, um movimento que fragmentou a unidade cristã no Ocidente e redefiniu o panorama religioso da Europa. Suas críticas ao catolicismo romano não apenas questionavam a autoridade papal, mas também incentivavam uma relação direta entre o indivíduo e Deus, baseada na fé e nas Escrituras.

As outras alternativas estão incorretas porque atribuem a Lutero feitos históricos realizados por outras personalidades. A invenção dos tipos móveis (A) é creditada a Johannes Gutenberg; o teatro moderno (B) teve em Shakespeare seu maior expoente; a Escola de Sagres (D) está ligada ao Infante Dom Henrique de Portugal; e as Grandes Navegações (E) foram impulsionadas por exploradores como Vasco da Gama e Cristóvão Colombo.

Portanto, a resposta correta destaca o papel central de Lutero na Reforma Protestante, um movimento que alterou não apenas a religiosidade, mas também a política, a educação e a cultura europeia, ecoando até os dias atuais.

As reformas religiosas do século XVI foram um fenômeno profundamente ligado às transformações econômicas e sociais que marcavam a passagem do feudalismo para o capitalismo na Europa. Nesse contexto, surgiram tensões entre os valores tradicionais da Igreja Católica e as novas demandas de uma sociedade em transição, especialmente no que diz respeito às práticas econômicas emergentes.

Entre as alternativas apresentadas, a prática da usura (alternativa E) representa um dos conflitos mais emblemáticos entre a doutrina religiosa medieval e os interesses da nascente burguesia capitalista. A Igreja Católica, baseada em princípios tomistas e na teologia agostiniana, condenava o empréstimo de dinheiro a juros, considerando-o imoral. No entanto, com o crescimento do comércio e das atividades financeiras, a proibição da usura tornou-se um obstáculo para o desenvolvimento econômico.

As reformas protestantes, em especial o calvinismo, reinterpretaram essa questão, flexibilizando a condenação à usura e adaptando a moral religiosa às necessidades do capitalismo nascente. Dessa forma, a alternativa E é a que melhor exemplifica os conflitos entre a antiga ordem feudal e as novas práticas econômicas que caracterizaram esse período de transformação.

As Reformas Religiosas do século XVI representaram um dos momentos mais significativos na transição entre a Idade Média e a Modernidade, marcando profundas mudanças na estrutura religiosa, política e social da Europa. Entre as alternativas apresentadas, a única incorreta é a letra A, pois a Reforma não foi consequência direta do Iluminismo – movimento filosófico que surgiria apenas no século XVIII –, nem se baseou nas ideias de Hegel, filósofo alemão do século XIX.

As demais alternativas estão corretas: a Reforma abalou o poder da Igreja Católica (B), alterou normas de conduta e valores (C), esteve ligada a uma crise moral e religiosa (D) e teve motivações tanto religiosas quanto econômicas (E). A crítica aos abusos da Igreja, como a venda de indulgências, foi um fator central, mas questões como o fortalecimento das monarquias nacionais e os interesses da burguesia também influenciaram o movimento.

Portanto, a alternativa A é a incorreta por apresentar uma relação anacrônica entre a Reforma Protestante e correntes filosóficas posteriores, demonstrando um equívoco histórico quanto às suas verdadeiras origens e influências.

Em um ensaio sobre o trecho da peça Henrique VIII, de William Shakespeare, e o contexto histórico do reinado do monarca inglês, é possível explorar a relação entre poder, religião e moralidade. O desabafo da rainha Catarina revela uma mulher consciente de sua integridade, mas também reflete as tensões de uma corte marcada por intrigas e transformações políticas e religiosas.

Henrique VIII governou a Inglaterra em um período de ruptura com a Igreja Católica, motivado por interesses pessoais e políticos. Sua decisão de romper com Roma e estabelecer a Igreja Anglicana, sob sua autoridade, consolidou uma nova estrutura religiosa subordinada ao Estado. Essa mudança, representada corretamente na alternativa D), alterou profundamente a relação entre religião e poder na Inglaterra, afastando-se do catolicismo sem necessariamente adotar os princípios da Reforma Protestante em sua totalidade.

A fala de Catarina, ao afirmar sua conduta irrepreensível, contrasta com as acusações que levaram à anulação de seu casamento. O rei, por sua vez, usou seu poder para redefinir as normas religiosas e matrimoniais conforme suas conveniências. Assim, o diálogo shakespeariano e o contexto histórico demonstram como a moralidade pública e as instituições religiosas podem ser instrumentalizadas pelo poder monárquico.

As Reformas Religiosas do século XVI representaram um dos momentos mais significativos da história europeia, marcando uma ruptura com a hegemonia da Igreja Católica e o surgimento de novas correntes cristãs. Entre as alternativas apresentadas, a correta é a letra E, que afirma que, na Inglaterra, as reformas foram promovidas pelo rei Henrique VIII.

Henrique VIII, inicialmente um defensor do catolicismo, rompeu com a Igreja de Roma após o papa Clemente VII se recusar a anular seu casamento com Catarina de Aragão. Essa decisão levou à criação da Igreja Anglicana, subordinada à autoridade do monarca inglês, e consolidou a Reforma na Inglaterra como um movimento tanto político quanto religioso.

As demais alternativas apresentam equívocos históricos. A Reforma não foi motivada por disputas entre jesuítas e o papa (A), já que a Companhia de Jesus foi fundada posteriormente, como parte da Contrarreforma. Também não teve como objetivo estabelecer a venda de indulgências (B), prática criticada por Lutero, e não garantiu hegemonia católica na Alemanha (C), onde o protestantismo se consolidou. Por fim, o Concílio de Trento (D) foi uma resposta da Igreja Católica às Reformas, não sua causa.

Portanto, a alternativa E é a única que reflete corretamente um dos aspectos centrais das Reformas Religiosas do século XVI, destacando o papel ativo de Henrique VIII na transformação religiosa da Inglaterra.

A Reforma Protestante, ocorrida no século XVI, representou um dos maiores cismas na história do cristianismo, marcando a ruptura com a autoridade da Igreja Católica e o surgimento de novas correntes religiosas. Entre os fatores que impulsionaram esse movimento, destaca-se a insatisfação de setores da sociedade e até mesmo de membros da própria Igreja com práticas consideradas corruptas ou abusivas, como a venda de indulgências.

A alternativa correta, B), aponta justamente para essas críticas internas, que questionavam a comercialização do perdão dos pecados e outros abusos de poder. Líderes como Martinho Lutero, um dos principais nomes da Reforma, condenavam veementemente essas práticas, defendendo uma fé mais autêntica e baseada nas Escrituras, sem a mediação de ritos considerados ilegítimos.

As demais alternativas apresentam equívocos históricos. O apoio à usura (A) não era uma posição oficial da Igreja, que tradicionalmente condenava essa prática. A reorganização da Inquisição (C) foi uma resposta à Reforma, não sua causa. O racionalismo e o Iluminismo (D) são movimentos posteriores, do século XVIII, sem relação direta com a Reforma. Por fim, a livre interpretação da Bíblia (E) era justamente uma das bandeiras dos reformadores, mas nunca foi estimulada pelo Vaticano, que mantinha o controle sobre os textos sagrados.

Portanto, a Reforma Protestante foi um movimento complexo, impulsionado por fatores religiosos, políticos e sociais, mas sua centelha inicial veio da crítica às distorções dentro da própria Igreja, como corretamente indicado na alternativa B).

No livro O Queijo e os Vermes, Carlo Ginzburg explora a trajetória do moleiro Menocchio, perseguido pela Inquisição devido às suas ideias consideradas heréticas. A obra se destaca por revelar, através da análise histórica, um universo cultural pouco documentado: o das camadas populares e suas formas de expressão oral. O fragmento citado demonstra como Ginzburg identificou, nos discursos de Menocchio, um "estrato cultural profundo", distinto da cultura letrada dominante.

A primeira afirmativa está correta, pois Ginzburg, ao estudar o "caso Menocchio", valorizou a cultura oral como elemento fundamental para entender a cosmologia peculiar defendida pelo moleiro. Essa abordagem está alinhada com a História Social, que busca recuperar as vozes e experiências de grupos marginalizados, muitas vezes excluídos dos registros tradicionais.

Já a segunda afirmativa é incorreta, uma vez que Ginzburg não se baseou nos métodos da História Quantitativa, que prioriza dados estatísticos e análises numéricas. Sua pesquisa foi qualitativa, centrada na interpretação das falas e concepções de Menocchio.

A terceira afirmativa também está errada, pois o autor não partiu dos pressupostos da demografia, campo que estuda dinâmicas populacionais. Em vez disso, Ginzburg focou na reconstrução das ideias e do imaginário de um indivíduo inserido em um contexto cultural específico.

Portanto, apenas a afirmativa I está correta, conforme indicado no gabarito (alternativa A). A obra de Ginzburg ilustra como a História Social pode iluminar perspectivas subalternas, revelando a complexidade das culturas populares e suas resistências às estruturas de poder dominantes.