Questões Sobre Mundo Árabe: de Maomé ao Império - História - concurso

O texto apresentado retrata um momento histórico significativo no Brasil Imperial, no qual um grupo de africanos muçulmanos em Recife solicitou autorização para exercer seu culto religioso. Esse pedido, fundamentado no artigo 5º da Constituição do Império, revela a complexidade da sociedade brasileira do século XIX, marcada pela diversidade cultural e religiosa trazida pela diáspora africana.

A resposta correta para a questão proposta é a alternativa B) "professar uma fé alternativa", pois o documento demonstra claramente o esforço desses indivíduos em manter suas práticas religiosas islâmicas em um contexto onde o catolicismo era a religião oficial do Estado. O trecho menciona especificamente que se tratava de uma população que "segue o maometismo", diferenciando-se assim da maioria cristã.

Esta solicitação histórica ilustra como as comunidades africanas no Brasil buscaram preservar suas identidades culturais e religiosas mesmo sob o regime escravista. O apelo à Constituição Imperial mostra uma estratégia de resistência cultural através do uso dos instrumentos legais disponíveis, ainda que limitados, para garantir o direito ao exercício de sua fé.

O caso descrito no texto de Reis, Gomes e Carvalho nos permite compreender melhor as dinâmicas de preservação cultural e as lutas por reconhecimento que marcaram a experiência dos africanos e seus descendentes no Brasil oitocentista, destacando a pluralidade religiosa que sempre caracterizou a sociedade brasileira, mesmo quando não oficialmente reconhecida.

A questão apresentada aborda aspectos fundamentais da civilização islâmica, destacando diferenças entre sunitas e xiitas, bem como elementos históricos e doutrinários do Islã. Conforme o gabarito, a alternativa C está incorreta, pois simplifica e distorce as divergências entre esses dois grupos majoritários dentro do islamismo.

Sunitas e xiitas possuem diferenças significativas, principalmente em relação à sucessão de Maomé e à interpretação da liderança religiosa. Enquanto os sunitas seguem tanto o Alcorão quanto a Sunna (tradições baseadas nos atos e ditos do Profeta), os xiitas rejeitam parte dessas tradições e defendem que a liderança espiritual deveria ter permanecido na linhagem de Ali, primo e genro de Maomé. Além disso, nem todos os grupos xiitas são radicalmente contrários à influência ocidental, como sugere a alternativa C.

A afirmação de que não há "muita diferença" entre sunitas e xiitas ignora séculos de conflitos teológicos e políticos, como a divisão após a Batalha de Karbala (680 d.C.) e as disputas contemporâneas no Oriente Médio. Portanto, a alternativa C é de fato a incorreta, pois reduz uma complexa relação histórica e religiosa a uma generalização equivocada.

As pregações de Maomé marcaram um momento de transformação na sociedade árabe do século VII, desafiando estruturas de poder tradicionais e introduzindo uma nova visão religiosa. Sua mensagem monoteísta, centrada na adoração a Alá, contrastava com o politeísmo dominante em Meca, atraindo tanto seguidores quanto a oposição de grupos influentes.

A alternativa correta, A), destaca justamente esse aspecto fundamental da pregação de Maomé: o monoteísmo e suas conexões com tradições abraâmicas, como o cristianismo e o judaísmo. Meca, como importante centro comercial e religioso, recebia peregrinos de diversas regiões, muitos dos quais se identificavam com essas ideias e se convertiam ao islamismo.

As outras alternativas apresentam equívocos históricos. A mensagem de Maomé não era elitista (B), mas sim inclusiva, pregando justiça social e condenando a exploração dos pobres. Também não visava combater cristãos (C), pois o foco inicial era a reforma da sociedade árabe. A existência do Alcorão como livro sagrado (D) é central no islamismo, e não há evidências de influência direta da filosofia grega (E) em suas primeiras pregações.

Portanto, a alternativa A corretamente identifica os elementos que caracterizaram o início do islamismo: monoteísmo radical, conexões com outras tradições monoteístas e capacidade de atrair convertidos em um contexto multicultural como o de Meca.

O papel ideológico e político da religião islâmica nos primeiros séculos da história dos povos árabes foi fundamental para a formação de uma identidade cultural e política unificada. A alternativa correta, A), destaca dois momentos cruciais desse processo: a unificação das tribos da península Arábica após a Hégira e a expansão territorial após a morte de Maomé.

A Hégira, em 622 d.C., marca não apenas a migração de Maomé de Meca para Medina, mas também o início de uma nova era de coesão entre as tribos árabes, antes fragmentadas. Sob a liderança do profeta, o Islã se tornou um elemento unificador, substituindo as antigas divisões tribais por uma identidade religiosa e política comum. Após a morte de Maomé em 632, esse processo se intensificou com as conquistas militares que expandiram o domínio islâmico para além da península Arábica, abrangendo territórios no Norte da África, Oriente Médio e até partes da Europa e Ásia.

As outras alternativas apresentam equívocos históricos. A proibição do comércio entre Oriente e Ocidente (B) não condiz com a realidade, já que os árabes foram grandes intermediários comerciais. A afirmação sobre o desinteresse pela arte (C) é incorreta, pois a cultura islâmica desenvolveu expressões artísticas e arquitetônicas ricas. A influência árabe foi marcante em regiões como Palestina, Pérsia e Índia (D), contradizendo a alternativa. Por fim, o Islã substituiu os cultos pré-islâmicos (E), e não manteve práticas idolátricas.

Portanto, a alternativa A) é a única que reflete corretamente o papel central do Islã na unificação e expansão árabe durante seus primeiros séculos.

No século VIII, a expansão islâmica atingiu a península Ibérica, marcando um período de transformações culturais, econômicas e intelectuais. Sob o comando do general Tarik, as tropas muçulmanas cruzaram o estreito de Gibraltar e estabeleceram um domínio que perdurou por séculos, deixando um legado significativo na região.

Dentre as alternativas apresentadas, a afirmação correta é a letra B, que destaca o desenvolvimento mercantil e cultural promovido pelos muçulmanos. Cidades como Córdoba e Toledo tornaram-se centros de conhecimento, atraindo intelectuais, artistas e cientistas de diversas partes do mundo. A convivência entre muçulmanos, cristãos e judeus permitiu um florescimento intelectual raro na Europa medieval, com avanços em áreas como matemática, medicina, filosofia e astronomia.

Ao contrário do que sugerem outras alternativas, o domínio muçulmano não isolou a península Ibérica nem suprimiu o comércio ou a cultura. Pelo contrário, integrou a região a uma vasta rede de intercâmbios que se estendia até o Oriente, facilitando a circulação de ideias e mercadorias. A riqueza cultural desse período contrastava com o feudalismo predominante no resto da Europa, demonstrando que o Al-Andalus era uma exceção vibrante e cosmopolita.

Portanto, a resposta correta é B, pois reflete com precisão o caráter progressista e dinâmico do período de dominação muçulmana na península Ibérica, um capítulo fundamental para a história da Europa e do mundo islâmico.

O texto apresentado descreve uma construção de grande importância histórica e religiosa, erguida durante o reinado de Salomão e posteriormente destruída e reconstruída em diferentes períodos. Essa edificação é amplamente reconhecida como o Templo de Jerusalém, também conhecido como o Primeiro Templo, construído para abrigar a Arca da Aliança e servir como centro de adoração do povo israelita.

A descrição do texto, com seu teto coberto de folhas de ouro e sua estrutura de mármore, remete à grandiosidade e ao esplendor atribuídos ao Templo de Jerusalém nas narrativas bíblicas e históricas. Além disso, a menção à destruição pelos babilônios sob Nabucodonosor e posterior reconstrução por Herodes, seguida de sua demolição final no ano 70 d.C. pelas tropas romanas de Tito, confirma a identidade dessa construção como o Templo de Jerusalém.

As outras opções apresentadas não correspondem às características descritas. Os Arcos do Porto de Jaffa, o Santuário de Bahá’í em Haifa, a Fortaleza de São João de Akko e o Grande Templo Dourado de Amritsar são construções de períodos e contextos distintos, sem relação com os eventos mencionados no texto.

Portanto, a alternativa correta é A) O Templo de Jerusalém, pois é a única que se alinha perfeitamente com as informações históricas e descritivas fornecidas.

Sobre o mundo árabe, a alternativa INCORRETA é a D), pois apresenta informações equivocadas em relação aos fatos históricos. A afirmação de que os turcos otomanos se converteram ao cristianismo é falsa, já que, na realidade, eles eram muçulmanos e expandiram o Islã em suas conquistas. Além disso, o domínio seldjúcida não tinha como objetivo garantir peregrinações cristãs à Terra Santa, mas sim consolidar o poder islâmico na região.

As demais alternativas apresentam dados corretos sobre a história árabe e islâmica. A alternativa A) descreve corretamente a organização tribal da Arábia pré-islâmica e a importância de Meca como centro religioso e comercial. A alternativa B) retrata com precisão a trajetória de Maomé, sua conquista de Meca e a unificação árabe sob o Islã, incluindo o conceito de jihad. Já a alternativa C) aborda adequadamente a divisão entre sunitas e xiitas após o declínio do Império Islâmico, destacando suas diferenças teológicas e políticas.

Portanto, a resposta correta é D), por conter erros históricos graves que contradizem o processo de expansão e consolidação do Islã na região.

A expansão do islamismo entre os séculos VII e X foi um processo marcado por características únicas, que contribuíram para sua rápida disseminação. A opção correta, conforme o gabarito, é a alternativa D, que afirma que a conversão ao islamismo não era imposta aos povos conquistados, mas aqueles que aderissem à religião recebiam benefícios sociais e econômicos, como isenção fiscal. Essa política foi fundamental para a consolidação do domínio islâmico sobre vastos territórios, pois permitia a integração gradual das populações subjugadas sem recorrer à coerção religiosa direta.

A abordagem pragmática adotada pelos califados facilitou a expansão islâmica, uma vez que os não-muçulmanos, conhecidos como dhimmis, podiam manter suas crenças mediante o pagamento de um tributo (jizya). No entanto, aqueles que se convertiam ao islamismo eram isentos desse imposto e ganhavam acesso a melhores oportunidades sociais e econômicas. Essa estratégia incentivou muitas conversões voluntárias, fortalecendo a coesão da Umma e permitindo a estabilidade dos territórios conquistados.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou imprecisas. A dinastia Omíada, por exemplo, não dificultou a unificação da Península Arábica, mas sim consolidou e expandiu o domínio islâmico após a morte de Maomé. Além disso, os califados desenvolveram uma forte presença marítima, o que permitiu sua expansão pelo Mediterrâneo, contradizendo a alternativa E. Portanto, a resposta correta é de fato a alternativa D, que reflete uma das estratégias mais eficazes utilizadas durante a expansão islâmica.

O Império Otomano representou um dos mais extensos e duradouros impérios da história, marcando profundamente a geopolítica e a cultura de vastas regiões da Europa, Ásia e África. Seu auge ocorreu durante os séculos XVI e XVII, sob o comando de Solimão, o Magnífico, quando se consolidou como uma potência multiétnica, multicultural e plurilinguística. O território otomano abrangia desde as fronteiras do Sacro Império Romano, próximo a Viena e à Polônia, até o Yemen e a Eritreia no sul, e da Argélia, no oeste, até o Azerbaijão no leste. Essa expansão permitiu o controle de áreas estratégicas como os Balcãs, o Oriente Próximo e o Norte da África, com Constantinopla (atual Istambul) como seu centro político e cultural, exercendo domínio sobre o comércio mediterrâneo.

Além de sua importância geopolítica, o Império Otomano serviu como ponte entre o Ocidente e o Oriente, facilitando trocas comerciais, culturais e científicas por quase cinco séculos. No entanto, sua participação na Primeira Guerra Mundial ao lado das Potências Centrais (Alemanha, Áustria-Hungria e Bulgária) acelerou seu declínio. Derrotado, o império foi desmembrado pelos vencedores, encerrando uma era de influência turca na região. Apesar das diversas civilizações que interagiram com o império, sua administração e identidade estavam profundamente ligadas aos turcos, conforme indicado pela alternativa correta (C).

O Império Islâmico e a Circulação de Conhecimento: O Legado de Avicena

O Cânone de Medicina, escrito pelo médico e filósofo muçulmano Avicena no século XI, é um testemunho eloquente do papel do Império Islâmico como ponte entre diferentes tradições culturais e científicas. Essa obra, que sintetizou conhecimentos médicos siríacos, helenísticos e bizantinos, não apenas ilustra a sofisticação intelectual do mundo islâmico medieval, mas também reflete a capacidade de assimilação e transmissão de saberes que caracterizou esse império.

A alternativa correta, A), destaca precisamente essa dinâmica: o Império Islâmico facilitou um intercâmbio cultural sem precedentes, da Europa à China, graças a sua relativa tolerância religiosa e ao incentivo ativo à tradução e ao estudo de obras de povos conquistados. Centros como a Casa da Sabedoria em Bagdá exemplificam esse esforço sistemático de preservar e expandir o conhecimento, incorporando contribuições gregas, persas, indianas e outras.

As demais alternativas apresentam imprecisões históricas. A expansão islâmica não foi lenta (invalidando B)), nem dependeu de alianças com exércitos cristãos (como sugere C)). Também não houve restrição sistemática a obras europeias (D)), já que textos clássicos gregos, por exemplo, foram traduzidos e estudados. Por fim, embora a Europa medieval tenha tido tensões com o conhecimento islâmico, houve influência mútua, como mostra a adoção do Cânone em universidades ocidentais (contra E)).

Assim, o exemplo de Avicena reforça que o Império Islâmico foi um agente crucial na história do conhecimento, promovendo sínteses culturais que moldaram tanto o Oriente quanto o Ocidente.