Mercado de escravos no Recife, de 1637 a 1644.
Sobre a ocupação holandesa em parte da atual Região Nordeste, assinale a afirmativa correta.
- A) Mostrou-se insustentável após a Restauração portuguesa, em função da aliança luso-britânica.
- B) Era o resultado de conflitos de ordem global que envolviam holandeses, espanhóis e portugueses.
- C) Organizou-se de modo a dispensar o trabalho de africanos escravizados e de índios aldeados.
- D) Representou um momento de intolerância religiosa em relação a outras matrizes culturais.
- E) Caracterizou-se pelo aumento dos índices de produção da lavoura a níveis inéditos para os padrões portugueses.
Resposta:
A alternativa correta é letra B) Era o resultado de conflitos de ordem global que envolviam holandeses, espanhóis e portugueses.
Gabarito: Letra B
Contexto:
- Conflitos entre espanhóis e holandeses
- União Ibérica (1580-1640)
- Invasão Holandesa no nordeste
D. Sebastião desapareceu nos combates contra os muçulmanos no norte da África (1578). Seu desaparecimento deixou o trono português vago, uma vez que o rei não tinha herdeiros.
Portugal se viu em uma crise sucessória na dinastia. Com apoio de burgueses e de nobres, a Coroa ficou nas mãos do monarca espanhol Filipe II, que argumentou ser herdeiro do trono por ser neto por parte de mãe de D. Manuel, o Venturoso.
Filipe II uniu as duas coroas na chamada União Ibérica.
Durante esse período, os espanhóis tiveram que lidar com várias guerras na Europa que misturavam os elementos políticos, econômicos e religiosos.
A monarquia espanhola decidida a consolidar o catolicismo em seus territórios como se estivesse em uma cruzada, ocupava regiões que professavam religiões consideradas “heréticas”. Foi assim na Holanda, de credo protestante calvinista. Conforme disse o historiador Manuel Rivero Rodriguez, para esses hereges, a Coroa não estava disposta a dialogar e nem tolerar.
Os holandeses por exemplo, pretendiam lutar pela independência. Não aceitavam o domínio católico em um país protestante que prezava pelas liberdades.
Nesse contexto, o governo espanhol restringiu as trocas comerciais entre holandeses, considerados inimigos do Império. Entretanto, os portugueses dependiam dos holandeses na economia açucareira. Toda a montagem do engenho, bem como transporte e refinamento do açúcar eram feitas por eles.
Assim, a invasão holandesa à América Portuguesa era uma resposta ao conflito com os espanhóis e com os portugueses que foram arrastados por causa da União Ibérica.
Além do mais, a invasão está inserida dentro de uma guerra de maiores proporções: A Guerra dos 30 Anos (1618-1648) que envolveu boa parte dos reinos europeus. Conflito marcado por disputas territoriais, econômicas e religiosas.
Nessa guerra, os holandeses se aproveitaram para ocupar não só nordeste da América Portuguesa, mas também colônias portuguesas na costa da África e no Pacífico.
Por que as demais estão incorretas?
Letra A: Na verdade, não ficou insustentável em função da aliança entre portugueses e ingleses. Primeiro porque os colonos luso-brasileiros foram os principais responsáveis pela expulsão dos holandeses. E além do mais, os holandeses, após a saída do nordeste foram ocupar algumas colônias no caribe, continuando a produzir açúcar concorrendo com o açúcar luso-brasileiro.
Letra C: Os holandeses continuaram a utilizar a mão de obra escrava africana na produção do açúcar. Inclusive, facilitam a importação dos escravos, pois conseguiram dominar Angola, principal centro fornecedor de escravos para o Brasil.
Letra D: O tempo da administração de Nassau (1637-1645) no nordeste é marcado pela tolerância religiosa entre católicos, protestantes e judeus.
Letra E: A produção da lavoura açucareira no Brasil oscilou de acordo com a ocupação holandesa. Num primeiro momento, o da conquista do nordeste, houve retração. No momento da administração de Nassau aumentou e quando Nassau deixou o governo, diminuiu novamente. Com a insurreição dos pernambucanos a produção da lavoura ficou em baixa devido à destruição dos engenhos e equipamentos.
Resposta baseada nas fontes:
DE MELLO, Evaldo Cabral. O Brasil Holandês (1630-1654). São Paulo: Penguin Classics, 2010.
RODRÍGUEZ, Manuel Rivero. A Espanha de D. Quixote - uma viagem ao século do ouro (adaptado). Alianza Editorial, 2005.
VICENTINO, Cláudio. Teláris. História, 7º ano. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2018.
Deixe um comentário