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“(…) a aldeia é um espaço escolhido e organizado pelo próprio índio, e ‘o aldeamento é resultado de uma política feita por vontade dos europeus para concentrar comunidades indígenas’.”

(Aldeias que não estão no mapa. Entrevista com a Profa. Dra. Nanci Vieira de Oliveira por Maria Alice Cruz. Jornal da Unicamp. 197, novembro de 2002, p.5.).

 

A afirmação acima refere-se aos aldeamentos missionários e às transformações que eles trouxeram à vida dos indígenas no período colonial da América portuguesa. Os objetivos das missões jesuíticas eram

Resposta:

A alternativa correta é letra E) a catequese, a proteção dos indígenas e a assimilação dos nativos ao sistema colonial, o que implicou para os índios a modificação de hábitos, crenças religiosas, sistema de trabalho e organização habitacional.

Gabarito: ALTERNATIVA E

  

“(...) a aldeia é um espaço escolhido e organizado pelo próprio índio, e ‘o aldeamento é resultado de uma política feita por vontade dos europeus para concentrar comunidades indígenas’."

(Aldeias que não estão no mapa. Entrevista com a Profa. Dra. Nanci Vieira de Oliveira por Maria Alice Cruz. Jornal da Unicamp. 197, novembro de 2002, p.5.).

 

A afirmação acima refere-se aos aldeamentos missionários e às transformações que eles trouxeram à vida dos indígenas no período colonial da América portuguesa. Os objetivos das missões jesuíticas eram

  • a)  a catequese e a escravidão dos indígenas como mão-de-obra para a monocultura, o que implicou para os índios a mestiçagem com os escravos negros e a modificação de sistema de trabalho e organização social.

De fato, a conversão dos indígenas ao cristianismo por meio da catequese era o grande eixo motor da formação dos aldeamentos na América Portuguesa, que eram, majoritariamente, comandados por clérigos jesuítas. No entanto, isso não significava o apresamento desses indivíduos como mão-de-obra escrava; pelo contrário, sua conversão ao cristianismo fazia com que a Igreja agisse no sentido de pressionar o governo colonial contra a sua escravização. Já no século XVI, a Companhia de Jesus (ordem dos jesuítas) conseguiu que o rei de Portugal proibisse a escravização de todos os indígenas aldeados nas missões e convertidos ao cristianismo. Esse, inclusive, foi um dos motivos que fortaleceu o comércio de escravos com a costa africana, transformando decisivamente a composição da mão-de-obra na experiência colonial portuguesa na América. Alternativa errada.

 
  • b)  a aculturação, a conversão religiosa e a escravização dos indígenas para extração do pau-brasil, o que implicou para os índios a mestiçagem com os brancos europeus e a modificação da sua organização social.

Novamente, incorre-se no erro de associar as missões jesuíticas à escravização dos indígenas. Além disso, a extração do pau-brasil como grande atividade colonial ficou muito associada à primeira metade do século XVI na faixa leste do litoral brasileiro. As missões, por seu turno, se interiorizaram pelo continente e também pela faixa norte do litoral. Sem propriamente escravizar os aldeados, essas missões desenvolviam atividades comerciais relativamente bem organizadas, como a extração de drogas do sertão e pecuária - ou seja, não se pode reduzi-las ao primeiro ciclo do extrativismo vegetal. Alternativa errada.

 
  • c)  a catequese, o isolamento político e cultural dos jesuítas e o controle das áreas de fronteiras com as colônias espanholas, o que implicou para os índios uma grande mortalidade por conta dos confrontos com os espanhóis.

Não houve conflitos significativos entre as experiências portuguesa e espanhola na América como um todo, muito menos opondo os jesuítas. Ainda que a presença dos jesuítas na região dos Sete Povos das Missões tenha trazido alguns pontos de atrito, isso não implicou em conflitos generalizados. A presença das missões jesuítas na América Portuguesa não estava propriamente na proximidade das áreas fronteiriças mais povoadas da América Espanhola, o que também reduziu expressivamente as possibilidades de atritos mais graves. Alternativa errada.

 
  • d)  a aculturação e a proteção dos indígenas perante os bandeirantes, o que implicou para os índios a conversão religiosa e a formação de clérigos e de noviças para a Companhia de Jesus.

De fato, as ações dos bandeirantes significavam um risco expressivo para os aldeamentos jesuítas, visto que muitos bandeirantes organizavam ataques para capturar indígenas aldeados mesmo existindo a proibição oficial para essa forma de apresamento. Mas, na alternativa, existe uma inversão das relações de causalidade: se os indígenas tinham alguma proteção era porque estavam aldeados e se convertiam ao cristianismo; mas isso não implica dizer que os aldeamentos em si fossem pensados para, em primeiro lugar, proteger os indígenas. Além disso, ainda que a conversão e algumas formas de aculturação fossem parte da rotina dos aldeamentos, não era uma realidade estabelecida o ordenamento clerical entre os indígenas. A conversão religiosa ia no sentido da expansão da fé cristã nas terras da América, e não na formação de novos clérigos entre os nativos na América Portuguesa. Alternativa errada.

 
  • e)  a catequese, a proteção dos indígenas e a assimilação dos nativos ao sistema colonial, o que implicou para os índios a modificação de hábitos, crenças religiosas, sistema de trabalho e organização habitacional.

Ainda que bastante simples, a alternativa é consistente e não deixa muito espaço para dúvidas. A expansão da fé cristã era um motor importantíssimo para a ação dos jesuítas na América, então a conversão por meio da catequese dos indígenas era uma questão central nos aldeamentos. Em segundo lugar, o fortalecimento dessas missões tinha uma função estratégica de dissuadir o assédio dos bandeirantes para apresar os indígenas convertidos, garantindo a continuidade do trabalho jesuítico. Por fim, ainda que não estivessem plenamente integradas à cadeia produtiva da plantation, as missões jesuíticas, por força do aculturamento, forçava os indígenas na direção da assimilação ao sistema colonial, já que fragilizava decisivamente suas estruturas socioculturais tradicionais. ALTERNATIVA CORRETA.

  

Sem mais, está correta a ALTERNATIVA E.

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