A chamada Guerra dos Mascates, episódio ocorrido em Pernambuco, entre 1710 e 1711, foi um conflito entre diferentes elites político-econômicas, localizadas em Olinda e Recife, resultando na ascensão da elite mercantil de Recife. Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA.
- A) Em 1711, as autoridades coloniais puseram fim ao conflito, reafirmando o status de Recife enquanto vila, o que conferiu à elite dessa povoação os meios para consolidar seu poder político na capitania, mediante cargos na câmara municipal da nova vila.
- B) Os mercadores do Recife foram politicamente apoiados, em sua revolta contra o poderio dos senhores olindenses, por diversos grupos sociais livres de Recife e Olinda assim como por um pequeno número de escravos.
- C) A Guerra dos Mascates foi um conflito político entre senhores de engenho e mercadores de grande porte em Pernambuco do início do século XVIII que se estendeu por outras províncias do atual Nordeste, como o Ceará e o Rio Grande do Norte.
- D) Os mercadores do Recife, em sua ânsia por liberdade, proclamaram a República em 1711, proclamação, entretanto, revogada pelas autoridades coloniais.
- E) Em 1711, as autoridades coloniais puseram fim ao conflito, elevando o Recife à categoria de vila, mas dando à elite olindense a primazia sobre os cargos da nova câmara municipal do Recife.
Resposta:
A alternativa correta é letra A) Em 1711, as autoridades coloniais puseram fim ao conflito, reafirmando o status de Recife enquanto vila, o que conferiu à elite dessa povoação os meios para consolidar seu poder político na capitania, mediante cargos na câmara municipal da nova vila.
Gabarito: ALTERNATIVA A
- A chamada Guerra dos Mascates, episódio ocorrido em Pernambuco, entre 1710 e 1711, foi um conflito entre diferentes elites político-econômicas, localizadas em Olinda e Recife, resultando na ascensão da elite mercantil de Recife. Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA.
No início do século XVIII, Olinda, então capital da capitania de Pernambuco, vivia um delicado declínio de sua produção açucareira e o comprometimento do comércio que sempre sustentou a cidade. Paralelamente, Recife - um subúrbio de Olinda - crescia em importância pela atuação dos comerciantes locais, que praticavam juros abusivos. Em 1710, a Coroa portuguesa autorizou a separação de Recife com a criação de uma Câmara Municipal e de um Pelourinho; provocando a ira dos senhores de engenho, que acabariam invadindo Recife, acusando os comerciantes ("mascates") pela penúria econômica de Olinda. À luz dessas primeiras observações, avancemos sobre as alternativas.
- a) Em 1711, as autoridades coloniais puseram fim ao conflito, reafirmando o status de Recife enquanto vila, o que conferiu à elite dessa povoação os meios para consolidar seu poder político na capitania, mediante cargos na câmara municipal da nova vila.
De fato, em 1711, as autoridades reafirmaram a posição de Recife enquanto vila desmembrada de Olinda, o que garantiu à sua elite (os mascates) a ascensão política regional, mesmo depois da reação dos poderosos senhores de engenho. Em 1712, Recife ainda seria elevada à condição de sede-administrativa da capitania; mas, em troca, os senhores de Olinda receberam o perdão por parte do bispo e ainda teriam suas dívidas perdoadas no ano seguinte. De qualquer maneira, apesar da ação dos nobres da terra, a crise vivida marcou a transição definitiva em favor de Recife, ascendendo sobre a nobreza da terra e abrindo um período de estabilidade em Pernambuco que duraria até o século seguinte. ALTERNATIVA CORRETA.
- b) Os mercadores do Recife foram politicamente apoiados, em sua revolta contra o poderio dos senhores olindenses, por diversos grupos sociais livres de Recife e Olinda assim como por um pequeno número de escravos.
A disputa entre Recife e Olinda acabou por apear do cargo o governador da capitania, Castro e Caldas, depois de um atentado liderado pela nobreza da terra e da intervenção da Coroa. A questão política pendeu para um impasse quando os mascates revidaram com a destruição de algumas plantações em Olinda; fazendo crescer o temor quanto à estabilidade e viabilidade da capitania. A solução encontrada pela governo for expedir autoridades para negociar uma solução duradoura, ainda que a nobreza da terra insistisse em manter Recife sitiada. A situação só foi solucionada com algumas prisões de lideranças da nobreza e com o restabelecimento de Recife. Portanto, não se pode dizer que a Guerra dos Mascates tenha envolvido setores mais amplos da sociedade, tampouco os interesses de escravos. Alternativa errada.
- c) A Guerra dos Mascates foi um conflito político entre senhores de engenho e mercadores de grande porte em Pernambuco do início do século XVIII que se estendeu por outras províncias do atual Nordeste, como o Ceará e o Rio Grande do Norte.
O enunciado em si já é bastante claro que o fulcro do conflito estava nas disputas entre as elites de Olinda e de Recife; além disso, a sua curta duração deveria fazer o candidato supor que não foi capaz de provocar transbordamentos para outras províncias. De todo modo, o deslocamento de autoridades da Bahia para Recife foi suficiente para debelar a revolta após o fim do cerco e começar a restabelecer a normalidade em Pernambuco num processo de paz que duraria o restante do século XVIII. Alternativa errada.
- d) Os mercadores do Recife, em sua ânsia por liberdade, proclamaram a República em 1711, proclamação, entretanto, revogada pelas autoridades coloniais.
Não houve qualquer tipo de movimento republicano durante a Guerra dos Mascates. Pelo contrário, os mercadores do Recife estavam sendo atendidos em suas demandas pelo governo central e pela Coroa portuguesa, e jamais teriam interesse em romper a situação no sentido de uma independência. Por sua vez, os senhores de engenho olindenses se identificavam como sendo uma nobreza da terra; o que nos permite deduzir que jamais teriam interesse numa proclamação republicana. Alternativa errada.
- e) Em 1711, as autoridades coloniais puseram fim ao conflito, elevando o Recife à categoria de vila, mas dando à elite olindense a primazia sobre os cargos da nova câmara municipal do Recife.
A solução indicada na alternativa era politicamente impossível. A Câmara Municipal do Recife foi criada exatamente por conta da ascensão econômica e política da sua elite mercantil (os mascates) frente à decadência relativa dos engenhos de açúcar de Olinda; portanto, seria impensável impor aos novos poderosos o controle exercido pelos decadentes. As reparações concedidas aos olindenses foi o perdão episcopal em 1712 e o perdão das dívidas associado ao restabelecimento das lavouras de cana-de-açúcar em 1714. De todo modo, foi reafirmada, política e administrativamente, a separação de Recife frente a Olinda em 1711. Alternativa errada.
Sem mais, está correta a ALTERNATIVA A.
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