A ênfase fortemente regionalista dos inconfidentes inclinava -se, às vezes, para o nacionalismo econômico. Isto era mais explícito nos pronunciamentos do alferes Tiradentes, embora ele não estivesse isolado em tal posição. Silva elogiava a beleza de Minas e apontava seus recursos naturais. Livre, republicano, industrializado, continuava o propagandista, o Brasil não teria necessidade de importar mercadorias estrangeiras.
(Kenneth R. Maxwell. A devassa da devassa:
a Inconfidência Mineira, Brasil – Portugal, 1750-1808, 1978. Adaptado)
Os projetos defendidos pelos inconfidentes podem ser explicados pela conjuntura histórica de
- A) reafirmação da prática econômica mercantilista e de instauração na metrópole portuguesa do absolutismo monárquico.
- B) avanço dos movimentos socialistas de contestação social e de difusão da concepção de igualdade natural dos homens.
- C) consolidação das independências políticas latino-americanas e de retração das riquezas proporcionadas pelas exportações agrícolas brasileiras.
- D) crítica ao Antigo Regime europeu e de aumento do peso da exploração colonial com o declínio da produção aurífera.
- E) disputas econômicas entre metrópoles coloniais e de guerras permanentes entre economias industrializadas europeias.
Resposta:
A alternativa correta é letra D) crítica ao Antigo Regime europeu e de aumento do peso da exploração colonial com o declínio da produção aurífera.
Como eu chego à resposta?
Entendendo qual contexto histórico está por detrás da inconfidência mineira:
- Crise do Antigo Regime europeu e do Sistema Colonial português
A partir desse contexto podemos formular a resposta:
A região das Minas Gerais, palco da inconfidência passava por um período de crises. A arrecadação do ouro não atingiu grandes valores e a Coroa Portuguesa continuava cobrando altos tributos dos colonos para recuperar os prejuízos. Além disso, fornecia produtos importados para a região com maior valor. Acrescenta-se também que havia a proibição das colônias desenvolverem manufaturas, estando sempre atreladas ao comércio com a metrópole.
E para relembrar um pouco das propostas dos inconfidentes:
- Reivindicação de um governo republicano, tomando a Constituição dos Estados Unidos como modelo.
- Transformação de São João del-Rei na capital do novo país,
- Obrigatoriedade do serviço militar e
- O apoio à industrialização.
- Libertação da região das Minas e do Rio de Janeiro.
Fonte: Vicentino, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História geral e do Brasil Volume 2. 2ª ed. – São Paulo: Ed. Scipione, 2013, p.181.
Portanto, justifica-se o discurso de Tiradentes na defesa de uma Minas Gerais livre, republicana, industrial e sem importar mercadorias estrangeiras.
Por que as demais estão incorretas?
Na letra A. O que os rebeldes queriam era distância do exclusivismo colonial, uma das características do mercantilismo. Lembrando que o mercantilismo era a prática econômica adotada pelas monarquias europeias para arrecadação de recursos financeiros. Tinha como pilares, a arrecadação de metais e o comércio exclusivo entre colônia-metrópole. Os colonos não desejavam a instauração na metrópole de uma monarquia absolutista, pois ela já era absolutista.
Na letra B. O socialismo ainda não havia nascido como filosofia e movimento, vindo a aparecer no século XIX.
Na letra C. O movimento da inconfidência é anterior ao período das independências na América Latina. Portanto, estão antes e não nessa conjuntura. A conjuntura da inconfidência mineira é a crise do Antigo Regime e do sistema colonial. No momento em que o Absolutismo começa a ser posto em críticas pelo movimento iluminista, pela Revolução Americana e mais tarde pela Revolução Francesa.
Na letra E. A primeira parte até que está correta, pois é um período de crise política e econômica muito em função da quantidade de guerras entre as metrópoles, porém, não eram guerras entre economias industrializadas, e sim, economias mercantilistas. A industrialização só aparecerá a partir do século XIX e as economias industriais se consolidam no final do mesmo século. Estamos falando com os nossos olhos no século XVIII, dentro de uma lógica de exploração colonial.
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