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[…]. A Igreja recomendava aos pais batizar seus filhos assim que possível. O batismo de crianças livres ou escravas era ministrado por párocos ou capelães, sem delongas, para garantir aos inocentes que morressem a chance de ir direto ao Céu sem passar pelo Purgatório. Escravos adultos eram batizados em ritos extremamente sumários e, na maior parte, coletivos. Na intimidade, a preocupação com o crescimento dos filhos era recorrente. Testamentos feitos entre os séculos XVII e XVIII registram instantâneos de como se concebia a criação da prole: aos machos devia se ensinar a ler, escrever e contar. Às fêmeas, coser, lavar e os bons costumes; ambos deviam sempre ‘apartar-se do mal e chegarse ao bem […].

 

(PRIORE, Mary Del. Ritos da vida privada. p.276-330. In: SOUZA, Laura de Mello. (Orgs.). História da Vida Privada no Brasil – Cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. v.1. p. 311).

 

A privacidade na colônia era realizada mediante diversos ritos cotidianos que

Resposta:

A alternativa correta é letra D) pontuavam o curso regular das coisas cotidianas, o fundo permanente de pequenos e grandes acontecimentos diários, produzindo o tecido mesmo de existência humana daquela sociedade colonial.

Gabarito: Letra D

(pontuavam o curso regular das coisas cotidianas, o fundo permanente de pequenos e grandes acontecimentos diários, produzindo o tecido mesmo de existência humana daquela sociedade colonial.)


 

Trata-se de uma questão que foi elaborada baseando-se no texto da historiadora Mary Del Priore, um dos textos que integram o volume da coleção História da Vida Privada, volume 1.

No texto, Mary Del Priore procura analisar a privacidade na América Portuguesa através de diferentes fontes documentais a fim de revelar como era o cotidiano dos colonos, quais acontecimentos, pequenos ou grandes se desenrolaram na esfera pública e privada e como eram os ritos de passagem da vida, aqueles ligados ao nascimento, casamento e morte, considerados como marcos importantes para a existência dos indivíduos.

Vamos citar a autora para corroborar a resposta:

Entender o que significou o passado é reconhecer nas ações mais insignificantes, no gesto mais comezinho (plantar, colher, parir, despir, lavar, enterrar), na entronização do mundo visível e real, o prazer que é finito e pessoal. Certo, era esse o mundo da necessidade, das preocupações materiais, mas era também o gozo pela existência, pela descoberta de um sentido para a vida (…) É o contraste entre o cotidiano e o excepcional, renúncia de tudo o que, saindo do ordinário, continua inacessível ao comum dos mortais. Os ritos da vida privada pontuavam, assim, o curso regular das coisas cotidianas, o fundo permanente de pequenos e grandes fatos diários, o tecido mesmo de existência humana.”

Por que as demais estão incorretas?

Letra A: seguiam as orientações da metrópole, a exemplo do respeito às tradições da Igreja Católica, que, ao estabelecer o batismo do escravo e sua posterior aceitação da fé, dotava-o de condições diferenciadas no universo colonial.

O mundo colonial possuía regras próprias que às vezes eram contrárias às orientações da metrópole.

Letra B: estão evidenciados no papel atribuído à mulher nesse ambiente, tida como responsável pelo controle do lar, educação dos filhos e auxiliar do cônjuge nas questões de interesse público.

A mulher na sociedade colonial era confinada ao espaço doméstico não tendo nenhuma participação na esfera pública.

Letra C: permitiam aos habitantes da colônia, independente de sexo ou condição jurídica, aprender a ler, escrever e a contar, além de desenvolver bons costumes como rezar antes das refeições, toda manhã e à noite.

Sabemos que na sociedade colonial ler, escrever e contar eram condições diferenciadas e permitidas a poucos habitantes da colônia, principalmente aos membros das elites econômicas e políticas. Alguns escravizados e indígenas sabiam ler, escrever e contar, mas a grande maioria não detinha esse conhecimento, de modo que a condição jurídica do indivíduo nessa sociedade importava bastante.

Letra E: colocavam o batismo como um sacramento que protegia a criança colonial do universo do mal, ou seja, no caso de morte ela era guiada direta ao céu, rito frequente apenas em áreas da grande lavoura.

O rito do batismo era frequente na sociedade colonial, seja em ambiente rural ou urbano.

Referência:

PRIORE, Mary Del. "Ritos da vida privada". In: SOUZA, Laura de Mello. (Orgs.). História da Vida Privada no Brasil – Cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. v.1.

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