A primeira imagem abaixo (publicada no século XVI) mostra um ritual antropofágico dos índios do Brasil. A segunda mostra Tiradentes esquartejado por ordem dos representantes da Coroa portuguesa.

A alternativa correta é letra E) I, II e III.

Gabarito da banca: Letra E

Meu gabarito: Poderia ser anulada

Vamos analisar proposição por proposição.

I. Os artistas registraram a antropofagia e o esquartejamento praticados no Brasil.

Conforme observado na primeira imagem, o viajante europeu Theodor de Bry relatou a um gravurista sua expedição ao Brasil e este gravurista desenhou o ritual antropofágico dos Tupinambás para o livro de aventuras de Bry. Na segunda imagem, o pintor brasileiro Pedro Américo, pintou uma tela com a imagem de Tiradentes esquartejado para relembrar o herói “republicano” como uma ferramenta de consolidação do regime republicano, recém-implantado no país.

II. A antropofagia era parte do universo cultural indígena e o esquartejamento era uma forma de se fazer justiça entre luso-brasileiros.

A antropofagia era parte do universo cultural de algumas populações indígenas no século XVI, mas não era de toda a população indígena. O esquartejamento era uma de demonstrar uma punição exemplar a alguém que cometeu algum crime contra a Coroa Portuguesa. Tiradentes, Filipe dos Santos e Zumbi foram assassinados e depois tiveram seus corpos esquartejados e as partes espalhadas em diversos pontos da cidade para que a população visse o exemplo e não se aventurasse em tentar algo parecido.

Essa proposição poderia ser contestada pelo fato de generalizar a antropofagia como se fosse uma prática de todos os indígenas, assim como não leva em conta que o esquartejamento era pensado pelos administradores da Coroa e não pela população da colônia. A proposição dá a entender que o esquartejamento era uma forma da população luso-brasileira fazer justiça, mas era a Coroa e seus administradores que puniam de forma exemplar alguém considerado criminoso.

III. A comparação das imagens faz ver como é relativa a diferença entre “bárbaros” e “civilizados”, indígenas e europeus.

De fato, não haveria uma distinção entre as duas práticas. Podermos nos questionar quem é “bárbaro” e quem é “civilizado”, uma vez que os europeus que retratam um costume indígena considerado por eles como uma barbaridade, por vezes punem de forma semelhante ou pior os seus opositores.